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domingo, 27 de novembro de 2022

Insuficiência cardíaca: 9 dicas de prevenção durante o treino


A insuficiência cardíaca é uma síndrome que pode ser amenizada com o condicionamento respiratório gerado pela prática de atividade física

 

Você sabia que a insuficiência cardíaca (IC) afeta mais de 4% da população acima dos 25 anos, o equivalente a 260 mil doentes com IC nesta faixa etária? Ficou preocupado? Mas não precisa se desesperar. De acordo com o professor de educação física, Gustavo Galhardo, qualquer pessoa consegue ganhar esse condicionamento para melhorar sua resistência cardiorrespiratória.

 

No entanto, a paciência costuma ser fundamental. A dica de como melhorar a resistência é começar a praticar os exercícios de forma leve e aumentar aos poucos. “Conforme a pessoa observar que a primeira intensidade escolhida já foi alcançada sem muitos esforços, é possível aumentar o ritmo e seguir assim sucessivamente”, explica o educador físico.

 

Mas para conseguir a melhora é preciso ter frequência nos treinos e até descansos. “O nosso corpo precisa de adaptações para adquirir condicionamento cardiorrespiratório. Para isso, intervalos de estímulo e descanso são necessários”, comenta Gustavo. “Se o praticante treina apenas uma vez na semana, por exemplo, o intervalo entre seus treinos serão muito espaçados, impedindo a criação do ciclo de estímulo e recuperação”, esclarece. Para os iniciantes, o ganho de resistência é obtido com uma frequência de pelo menos três vezes na semana.

 

A IC tem como principais sintomas o cansaço, a falta de ar e os pés inchados. “Estes sintomas são muitas vezes confundidos com os de outras patologias, pelo que as pessoas devem estar atentas e consultar o médico para que a IC seja detectada o mais precocemente possível, porque uma intervenção precoce pode alterar o curso desta síndrome”, explica Brenda Moura, coordenadora do Grupo de Estudo de Insuficiência Cardíaca.

 

Como driblar a insuficiência cardíaca e melhorar a resistência respiratória

Pegue mais leve. Diminua o gasto de energia em uma atividade, faça as repetições com mais frequência e menor distância.

Não compense. Se você perdeu um treino, não aumente no próximo. O melhor é se organizar e manter a consistência.

Varie o local de treinamento. Diferentes estímulos fora da atividade irão te motivar, além de aumentar o gasto energético.

Faça intervalos. Se o ritmo estiver muito pesado, duas ou três pausas no treino podem te ajudar a manter uma boa intensidade.

Não pare. O ‘destreinamento’ pode acontecer muito rápido. Somente 15 dias parados são suficientes para que você perca sua condição física.

Teste da conversa. Os treinos de intensidade média (65 – 75% da FC máx) permitem que você converse normalmente. Ou seja, isso é um referencial para que você meça seu esforço.

Compre um frequencímetro: O aparelho monitora os batimentos cardíacos e te ajuda a estabelecer limites seguros.

Atenção às lesões: Infelizmente, elas sempre podem acontecer. Fique ligado aos sinais dados pelo seu corpo e procure sempre um médico.

Sem excessos. O overtraining acontece com quem não respeita os tempos de repouso. Ele pode levar as lesões, a irritabilidade e até mesmo a uma queda de rendimento.

 

Fonte: https://sportlife.com.br/9-dicas-para-melhorar-sua-frequencia-cardiaca-e-evitar-insuficiencia/ - By Redação - Foto: Shutterstock


Ouve, Senhor, e tem misericórdia de mim; Senhor, ajuda-me.” Você transformou meu lamento em dança; você removeu meu saco e me vestiu de alegria. (Salmos 30: 10-11)


sexta-feira, 13 de maio de 2022

Beber água ajuda a diminuir o risco de insuficiência cardíaca, diz estudo


Pesquisadores recomendam uma ingestão diária de líquidos de 1,5 a 2,1 litros para mulheres e 2 a 3 litros para homens

 

Uma hidratação adequada ajuda a manter um bom nível de sódio no sangue, o que contribui para redução do problema cardíaco.          

 

Beber água pode reduzir o risco de insuficiência cardíaca. De acordo com um estudo recente publicado na revista European Heart Journal, um bom nível de hidratação ajuda a manter um nível saudável de sódio na corrente sanguínea, o que por sua vez, contribui para afastar a condição, caracterizada pela dificuldade do coração bombear o sangue para atender às necessidades do corpo.

 

Pesquisadores do National Heart, Lung, and Blood Institute, nos Estados Unidos, chegaram a essa conclusão após analisar dados do estudo Atherosclerosis Risk in Communities, que acompanha aproximadamente 16 mil adultos há mais de trinta anos para entender melhor a aterosclerose e as doenças cardíacas.

 

A análise se concentrou nos participantes com níveis normais de sódio, que não tinham diabetes, obesidade ou insuficiência cardíaca no início do estudo, totalizando 11.814 participantes. No final, 11,56% desenvolveram insuficiência cardíaca.

 

O sódio foi utilizado como um marcador de risco no estudo porque a quantidade do nutriente no sangue está diretamente associada ao nível de hidratação. De acordo com a Mayo Clinic, pessoas saudáveis mantêm um nível de sódio na corrente sanguínea entre 135 e 145 mmol/L. À medida que o sódio aumenta, os níveis de fluidos do corpo diminuem.

 

Os resultados mostraram que o risco da doença aumentou em 39% se o nível de sódio na meia-idade excedesse 143 mmol/L, correspondendo a 1% de déficit de água do peso corporal.

 

Além disso, níveis de sódio entre 142,5–143 mmol/L na meia-idade foi associado a um aumento de 62% nas chances de desenvolver hipertrofia ventricular esquerda, quando a principal câmara de bombeamento do coração, o ventrículo esquerdo, engrossa, levando a uma possível redução de bombeamento do coração e aumento do risco de insuficiência cardíaca.

 

Para reduzir o risco do problema e manter o nível de sódio no sangue dentro do normal, os pesquisadores recomendam uma ingestão diária de líquidos de 1,5 a 2,1 litros para mulheres e 2 a 3 litros para homens. Essa recomendação é particularmente importante para pessoas mais velhas, que não costumam sentir muita sede.

 

"Semelhante à redução da ingestão de sal, beber bastante água e manter-se hidratado são maneiras de ajudar nossos corações e podem ajudar a reduzir os riscos de doenças cardíacas a longo prazo", disse Natalia Dmitrieva, principal autora do estudo e pesquisadora do National Heart, Lung, and Blood Institute.

 

Vale ressaltar que como esse foi apenas um estudo observacional, não é possível estabelecer uma relação de causa e consequência entre o aumento do nível de sódio no sangue e a insuficiência cardíaca.

 

Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/medicina/noticia/2022/04/beber-agua-ajuda-diminuir-risco-de-insuficiencia-cardiaca-diz-estudo-25478049.ghtml - Freepik — Foto: 


Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento.

Provérbios 2:6    

domingo, 29 de novembro de 2020

Hábitos de sono saudáveis ​​ajudam a diminuir o risco de insuficiência cardíaca


Hábitos saudáveis ​​de sono estão associados a um menor risco de insuficiência cardíaca. Os adultos com os padrões de sono mais saudáveis ​​(que levanta manhãs, dormindo 7-8 horas por dia e sem insônia frequente, ronco ou sonolência diurna excessiva) experimentaram uma redução de 42% no risco de insuficiência cardíaca em comparação com aqueles com padrões de sono não saudáveis.

 

Adultos com padrões de sono mais saudáveis ​​tiveram um risco 42% menor de insuficiência cardíaca, independentemente de outros fatores de risco, em comparação com adultos com padrões de sono prejudiciais à saúde, de acordo com uma nova pesquisa publicada hoje na revista Circulation, da American Heart Association . Os padrões de sono saudáveis ​​aumentam pela manhã, dormindo 7 a 8 horas por dia e não apresentando insônia frequente, ronco ou sonolência diurna excessiva.

 

A insuficiência cardíaca afeta mais de 26 milhões de pessoas, e as evidências indicam que problemas de sono podem desempenhar um papel no desenvolvimento da insuficiência cardíaca.

 

Este estudo observacional examinou a relação entre padrões de sono saudáveis ​​e insuficiência cardíaca e incluiu dados de 408.802 participantes do UK Biobank, com idades entre 37 e 73 anos no momento do recrutamento (2006-2010). A incidência de insuficiência cardíaca foi coletada até 1º de abril de 2019. Os pesquisadores registraram 5.221 casos de insuficiência cardíaca durante um acompanhamento médio de 10 anos.

 

Os pesquisadores analisaram a qualidade do sono, bem como os padrões gerais do sono. As medidas de qualidade do sono incluíram a duração do sono, insônia e ronco e outras características relacionadas ao sono, como se o participante era madrugador ou coruja da noite e se tinha alguma sonolência diurna (probabilidade de cochilar involuntariamente ou adormecer durante o dia )

 

"A pontuação de sono saudável que criamos foi baseada na pontuação desses cinco comportamentos de sono", disse Lu Qi, MD, Ph.D., autor correspondente e professor de epidemiologia e diretor do Centro de Pesquisa de Obesidade da Tulane University em Nova Orleans. "Nossas descobertas destacam a importância de melhorar os padrões gerais de sono para ajudar a prevenir a insuficiência cardíaca."

 

Os comportamentos de sono foram coletados por meio de questionários touchscreen. A duração do sono foi definida em três grupos: curto ou menos de 7 horas por dia; recomendado, ou 7 a 8 horas por dia; e prolongado, ou 9 horas ou mais por dia.

 

Depois de ajustar para diabetes, hipertensão, uso de medicamentos, variações genéticas e outras covariáveis, os participantes com o padrão de sono mais saudável tiveram uma redução de 42% no risco de insuficiência cardíaca em comparação com pessoas com um padrão de sono não saudável.

 

Eles também descobriram que o risco de insuficiência cardíaca estava independentemente associado e:

 

8% mais baixo em madrugadores;

12% menor naqueles que dormiam 7 a 8 horas diárias;

17% menor naqueles que não tinham insônia frequente; e

34% menor naqueles que não relataram sonolência diurna.

 

Os comportamentos de sono dos participantes foram autorrelatados, e as informações sobre mudanças nos comportamentos de sono durante o acompanhamento não estavam disponíveis. Os pesquisadores observaram que outros ajustes não medidos ou desconhecidos também podem ter influenciado os resultados.

 

Qi também observou que os pontos fortes do estudo incluem sua novidade, desenho de estudo prospectivo e grande tamanho da amostra.

 

O primeiro autor é Xiang Li, Ph.D .; outros co-autores são Qiaochu Xue, MPH; Mengying Wang, MPH; Tao Zhou, Ph.D.; Hao Ma, Ph.D.; e Yoriko Heianza, Ph.D. As divulgações do autor são detalhadas no manuscrito.

 

Fonte da história: Materiais fornecidos pela American Heart Association

 

Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2020/11/201116075728.htm - Mulher acordando no |  Crédito: © oatawa / stock.adobe.com

sábado, 30 de março de 2019

Um tratamento inovador contra a insuficiência cardíaca


Médico explica o impacto e as vantagens de um remédio aprovado recentemente para evitar o colapso do coração

Ao longo dos anos, estamos avançando no entendimento e no tratamento da insuficiência cardíaca, uma doença não tão conhecida da população, mas que afeta aproximadamente 3 milhões de pessoas somente no Brasil. Trata-se de um dos principais problemas que atingem o coração, muitas vezes consequência de outras condições, como pressão alta e infarto. A insuficiência cardíaca é responsável por duas a três vezes mais mortes que cânceres como os de mama e intestino.

A enfermidade tem um peso importante e crescente do ponto de vista econômico. Gera uma perda de 22 bilhões de reais para os cofres do país se levarmos em conta os custos com internações no sistema de saúde e a redução da produtividade dos pacientes. Pessoas com insuficiência cardíaca enfrentam repetidas hospitalizações e sintomas que atrapalham a realização de atividades cotidianas.

Por mais de uma década médicos e pacientes conviveram com a falta de novos tratamentos para a doença. Felizmente, em 2017, vivenciamos a chegada de uma classe diferente de remédios, que trouxe um novo rumo para o controle da insuficiência cardíaca. A medicação, que combina os princípios ativos sacubitril e valsartana, reduz o risco de morte, diminui as hospitalizações e melhora a qualidade de vida.

Segundo o estudo batizado de PARADIGM, a nova droga se mostrou capaz de baixar o risco de morte por uma causa cardiovascular em 20% e reduziu a taxa de hospitalizações em 21% na comparação com o tratamento padrão anterior (um medicamento chamado enalapril). Essa análise contempla mais de 8 mil pacientes e é decisiva pois avalia a superioridade do novo remédio comparando-o com a terapia já estabelecida — é diferente, portanto, de pesquisas que testam a medicação contra um placebo, comprimido sem princípio ativo.

Dois novos estudos, o TRANSITION e o PIONEER, confirmam os benefícios e a segurança da medicação para uma ampla variedade de pacientes internados com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, condição em que os ventrículos do coração não se contraem adequadamente.

Durante as investigações do TRANSITION, envolvendo 1 002 pacientes em 156 centros médicos ao redor do mundo, também foi observado que o período de hospitalização oferece uma boa oportunidade para os médicos otimizarem o tratamento da insuficiência, reduzindo, assim, a probabilidade de readmissão do paciente no ambiente hospitalar e o risco de morte atrelado a essa reinternação.

No estudo PIONEER, por sua vez, os pesquisadores avaliaram a segurança, a tolerabilidade e a eficácia do medicamento à base de sacubitril/ valsartana em comparação com o enalapril em 881 pacientes hospitalizados, com uma média de idade de 61 anos. E concluíram que o primeiro trouxe vantagens não só nos exames como na redução do risco de morte.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. No ano passado, 17 milhões de pessoas foram vítimas de problemas do coração. A chegada de remédios inovadores para insuficiência cardíaca representa um impacto muito positivo no futuro e no presente da medicina — especialmente para as pessoas que sofrem ou poderão sofrer do problema.

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/um-tratamento-inovador-contra-a-insuficiencia-cardiaca/ - Por Dr. Dirceu Rodrigues Almeida, cardiologista - Foto: Alex Silva/A2 Estúdio

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Insuficiência cardíaca: quando a máquina quer pifar


Levantamento sobre a doença entre os brasileiros aponta os desafios para prevenir e remediar esse problema tão ligado ao estilo de vida

O que é insuficiência cardíaca
Após décadas de trabalho estressante, no limite da capacidade, o coração pediu arrego. Ele fez tudo o que podia para garantir que o sangue fosse distribuído pelo organismo: acelerou as batidas, ficou mais forte, ganhou até volume… Mas nada trouxe resultado. Todas essas mudanças de padrão, pelo contrário, só pioraram as coisas. Até que o músculo cardíaco já não pena sozinho. O corpo inteiro padece. Na prática, isso significa que o fôlego acaba em uma caminhada mais intensa até a esquina. Literalmente.

Essa novela, que pode terminar no colapso do órgão, se desenrola todos os dias no peito de 6 milhões de brasileiros. Eles sofrem de insuficiência cardíaca. “Nessa situação, o coração não consegue bombear o sangue direito”, resume a cardiologista Sabrina Bernardez Pereira, do Hospital do Coração, na capital paulista.

Apesar de tão séria e comum, não existia um balanço das características desse problema em nosso país. Para suprir a lacuna, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) fez um levantamento focado na insuficiência cardíaca. Os médicos acompanharam 1 263 pacientes com a enfermidade espalhados por 51 hospitais das cinco regiões do território. O objetivo era conferir como andam o diagnóstico, o tratamento e a evolução do quadro ao longo dos anos — e quais condições e hábitos estão associados ao seu aparecimento.

O cenário que os especialistas desvendaram não é nada animador. “O número de indivíduos que morrem de insuficiência quando chegam ao hospital é duas vezes mais alto do que nos Estados Unidos e três vezes mais elevado em relação à Europa”, calcula o cardiologista Fernando Bacal, diretor da Unidade Clínica de Transplante Cardíaco do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, e um dos autores do estudo.

Como se não bastasse, quase 30% dos doentes que tiveram alta voltam a ser internados após alguns meses, um reflexo da falha no acesso a medicamentos e na escassez de informações sobre como se cuidar. “O paciente só chega ao médico quando o problema já está avançado e difícil de tratar”, lamenta Bacal. Já está ruim? Pois pode piorar: com o envelhecimento da população, nos próximos 15 anos a turma dos corações cansados ganhará a companhia de 2 milhões de brasileiros — afinal, a idade é um fator de risco para a complicação.

O que está por trás da insuficiência cardíaca
Apesar de insidiosa, a insuficiência cardíaca tem um ponto vulnerável: sua evolução é lenta. Ela demora décadas para alcançar o estágio gravíssimo. Portanto, o sonho dos cardiologistas é flagrá-la em uma fase em que o órgão ainda não teve avarias e cortar os elementos de agressão. E é aí que entra o estilo de vida. Hoje a principal condição que patrocina a insuficiência é a pressão alta. O levantamento acusa que ela afeta sete em cada dez pessoas com o coração doente.

Na hipertensão, as artérias ficam mais estreitas, o que dificulta a passagem de sangue. “Para vencer a resistência, o coração começa a bater com força e se sobrecarrega”, ensina o cardiologista Denilson Albuquerque, coordenador do trabalho da SBC e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Se a pressão não for controlada, o órgão trabalha feito louco por anos e anos. E o que acontece com ele? Pense numa academia de ginástica: se você exigir muito dos seus músculos, eles vão crescer. O mesmo vale para o coração. Ele se avoluma, o que prejudica o baticum e a função de ejetar o sangue para a circulação.

Outras duas condições que botam fichas a favor da insuficiência cardíaca são o colesterol alto e o diabetes, comuns em 35% dos participantes da pesquisa. Mas seu papel nesse desfecho é mais indireto. “O excesso de gordura e glicose nos vasos propicia infartos”, aponta Sabrina. Quando se escapa ao ataque cardíaco, o coração fica com uma cicatriz, o que limita os movimentos de contração e relaxamento. Com o tempo, ele tende a entrar naquele estado de fadiga. Dê uma olhada no infográfico abaixo:

A investigação da SBC também foi capaz de mostrar as particularidades do problema em terras brasileiras. O melhor exemplo disso é o impacto da doença de Chagas no desenvolvimento da insuficiência cardíaca. Enquanto nos Estados Unidos e na Europa praticamente não há relação entre as duas condições, no Brasil 10% dos corações cansados são consequência de uma picada do inseto barbeiro, que transmite o protozoário Trypanosoma cruzi.

O parasita pode se instalar no músculo cardíaco e viver lá durante anos sem dar nenhum sinal. “Depois de algumas décadas, ele dá início a um processo de inflamação ali, que resulta na dilatação do órgão”, aponta o médico Ricardo Pavanello, diretor de pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. É por isso que a gente ouve falar que o Chagas deixa o coração inchado. A miocardite, nome científico desse quadro, é bem comum no Centro-Oeste e no Sudeste.

Também chama atenção no levantamento o elo entre outro distúrbio, este bem mais comum nas cidades grandes, com a fadiga no peito: a apneia do sono. Marcada por roncos e interrupções no fluxo respiratório durante o repouso, ela incide em até 60% dos portadores de insuficiência. “Sabemos que a falta de oxigênio provoca a liberação de substâncias inflamatórias que afetam o coração”, diz o cardiologista Dirceu Rodrigues Almeida, da Universidade Federal de São Paulo. Considere que essa descarga de estresse é despejada no peito noite por noite, anos a fio. Uma hora isso rende algum chabu.

Já a depressão aparece em 13% dos que tinham insuficiência. Por ora, os médicos não sabem dizer se ela é causa ou consequência da pane cardíaca. O fato é que não conseguir realizar tarefas cotidianas, que exijam um pouquinho de esforço, é uma das características mais angustiantes da doença. “Imagine pessoas que caminhavam por quilômetros e agora sofrem para ir ao banheiro”, relata Sabrina. O impacto na autoestima e na rotina requer muitas vezes o apoio de um psicólogo, a fim de precaver que a tristeza conquiste terreno demais.

Uma questão de atitude
A regra número 1 para tratar (ou prevenir) a insuficiência cardíaca é mudar o estilo de vida. Ao adotar hábitos saudáveis nos primeiros estágios, dá para evitar que a enfermidade ganhe traços dramáticos. “É essencial emagrecer e restringir o consumo de gordura e açúcar”, exemplifica Almeida. Isso vai ajudar a evitar que o colesterol alto e o diabetes, dois gatilhos para o colapso cardíaco, se instalem de vez.

Boa parte das pessoas também tem de abandonar o álcool, pois ele pode lesar as células do coração. Os médicos liberam uma ou duas doses apenas em ocasiões especiais. “Também é preciso maneirar no sal e na ingestão de água e outras bebidas”, completa o cardiologista Alexandre Soeiro, supervisor da Unidade de Emergência do InCor. É que essa dupla é capaz de piorar a retenção de líquidos, o que acaba em inchaço nas pernas e na barriga — um traço típico da insuficiência.

Enquanto algumas práticas estão banidas, outras são incentivadas. Por muito tempo, o exercício físico foi proibido para quem tinha o coração fatigado. Se a pessoa mal caminha sem perder o fôlego, que dirá se aderir a um treino de ginástica… Mas esse pensamento caiu por terra. Hoje, praticar um esporte é um recurso valioso (e obrigatório) no controle da doença. “Exercícios relaxam os vasos, oxigenam os músculos e favorecem a capacidade de bombeamento do órgão”, enumera Almeida. Sem contar que dão aquele ânimo.

As sessões, que envolvem caminhada e musculação, devem ser feitas em clínicas de reabilitação especializadas, acompanhadas de um profissional de educação física. Tudo para que não se ultrapassem os limites seguros. Normalmente, a carga de treinamento é leve e a intensidade sobe de acordo com a melhora. Hidroterapia, ioga e tai chi são outras modalidades prescritas nesses casos.

Apesar de ajustes na rotina serem tão importantes para pessoas com insuficiência cardíaca, a pesquisa da SBC constatou que uma das principais falhas está na comunicação entre médico e paciente. Apenas 16% dos portadores foram informados sobre o papel da atividade física, enquanto só 34% receberam orientações de mudar a dieta, com a redução no consumo de sódio e de gordura.

“A ausência desse diálogo culmina no abandono das mudanças no estilo de vida e na falta de adesão à medicação”, analisa Bacal. Para reverter essas estatísticas, os experts apostam em mais tempo de consulta e nas equipes multiprofissionais, atentas a todos os detalhes do paciente.

Soluções na farmácia
Só que nem sempre basta mexer na alimentação e suar a camisa. Se a insuficiência progride e já há danos, medicamentos são mais que necessários. Os primeiros são os diuréticos, que incentivam a eliminação de líquidos pela urina e reduzem os inchaços pelo corpo.

Uma segunda classe de drogas tem ação vasodilatadora, ou seja, amplia o calibre de veias e artérias para facilitar a passagem do sangue e, assim, aliviar o trabalho do músculo cardíaco. Em terceiro lugar vêm os chamados betabloqueadores, que brecam a ação da adrenalina, hormônio que intensifica o ritmo cardíaco.

Por último, e não menos importante, estão os inibidores da enzima conversora de angiotensina, ou simplesmente IECA. Sua missão é impedir que moléculas estreitem os tubos sanguíneos. Quais o indivíduo terá de tomar ou quais as combinações ideais? Só o médico, após avaliar direitinho, poderá dizer.

Mas (e sempre tem um “mas”) existem pessoas que não obtêm bons resultados com esse quarteto farmacológico. Aí entram alternativas, como a droga ivabradina, que diminui a cadência dos batimentos. E há novidades promissoras por vir. Talvez a mais esperada seja um comprimido ainda em es-tudo da farmacêutica suíça Novartis.

Seu nome provisório é LCZ696 e seu potencial terapêutico foi apresentado e debatido no congresso da Associação Americana do Coração de 2014. Os pesquisadores compararam sua eficácia com o principal representante da classe dos IECA em 8 mil voluntários. Em relação ao medicamento já no mercado, o produto da Novartis reduziu em 20% as taxas de mortalidade e hospitalização, bem como o tempo de UTI e a necessidade de visitas ao pronto-socorro. “Achados tão expressivos vão antecipar a aprovação da droga nos Estados Unidos para o segundo semestre deste ano”, conta o médico Felix Ramires, coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca do Hospital do Coração. A expectativa é que ele ganhe o ok das agências regulatórias brasileiras em 2017.

Mas o que essa droga tão aguardada tem de especial? Logo de cara, ela reduz os níveis de angiotensina, elemento que, em excesso, faz os vasos sanguíneos ficarem no sufoco. “Além disso, estimula a liberação de uma proteína que protege especialmente o coração”, destaca Ramires. Essa dupla ação, inédita, é o que confere ao remédio o status de um dos maiores avanços na cardiologia desde os anos 1980.

Nos casos avançados da insuficiência, em que comprimidos não dão mais conta do recado, o jeito é recorrer a cirurgias de revascularização, que desobstruem as artérias, marca-passos para acertar as batidas e até mesmo ao coração artificial, um dispositivo que substitui a peça original. “Também há a opção do transplante cardíaco, mas esbarramos no número reduzido de doadores no país”, lembra Fernando Bacal. Em 2014, foram 311 operações dessa natureza por aqui, a maioria esmagadora para sanar a insuficiência cardíaca. Muito antes de chegar a esse ponto, porém, você já sabe que é possível adotar atitudes preventivas, investindo em um estilo de vida saudável. É o roteiro mais seguro para evitar que a máquina que abrigamos no peito dê sinal de cansaço.

Para deixar o coração tinindo
O flagra precoce e a terapia adequada permitem que o músculo continue trabalhando direito

O diagnóstico
A detecção da insuficiência cardíaca se dá no consultório. Se o indivíduo está com hipertensão, diabetes, falta de ar e pernas inchadas, há uma boa probabilidade de ter a doença. “Aí pedimos exames como o ecocardiograma para confirmar a suspeita”, explica o cardiologista Marcelo Sobral, do Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista.

O tratamento
Além de cuidados como uma alimentação regrada e a prática de atividade física orientada de perto, o controle da insuficiência cardíaca depende de uma série de medicamentos. E um novo fármaco, previsto para 2017, deve revolucionar a luta contra a doença.

Estatísticas alarmantes
Os números da insuficiência cardíaca em nosso país

6 milhões de pessoas têm insuficiência cardíaca no Brasil, segundo as últimas projeções
10% dos brasileiros acima de 80 anos possuem o problema — entre os 40 e os 59 anos, a incidência cai para 1%
70% dos indivíduos com a doença também convivem com a hipertensão
A previsão é um aumento de 40% nos casos de insuficiência cardíaca no país até 2030
A média de idade dos participantes do levantamento brasileiro foi de 64 anos
34% deles foram orientados sobre o papel de uma boa alimentação, sem abuso de sal e de líquidos
16% dos pacientes recebiam conselhos para fazer uma atividade física
67% daqueles que têm insuficiência cardíaca declararam se lembrar de recomendações sobre o jeito certo de usar os remédios
29% das complicações da doença acontecem justamente por causa da baixa adesão ao tratamento e de equívocos na hora de tomar os remédios
A média de sobrevivência após o diagnóstico da insuficiência cardíaca no Brasil é de 5 anos

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/insuficiencia-cardiaca-quando-a-maquina-quer-pifar/ - Por André Biernath - Ilustração: Marcus Penna/SAÚDE é Vital

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Frio aumenta o risco de problemas cardíacos


Quando as temperaturas despencam, a probabilidade de internação por insuficiência cardíaca e infarto sobe 30%

Entre junho e agosto, meses marcados por temperaturas mais frias, as internações nos hospitais públicos da cidade de São Paulo por insuficiência cardíaca e infarto chegam a ser 30% maiores do que no verão. É o que mostra estudo inédito realizado por médicos da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

A pesquisa, liderada pelo cardiologista Eduardo Pesaro considerou todas as internações por insuficiência cardíaca (76 474 casos) e infarto agudo do miocárdio (54 561 casos) registradas em 61 hospitais públicos da capital paulista entre janeiro de 2008 e abril de 2015.

Os dados fazem parte do Cadastro Nacional de Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS). Foram consideradas também as temperaturas mínima, máxima e média em cada período ao longo desses sete anos, registradas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). “Provavelmente isso se dá por fenômenos múltiplos, como o frio e a qualidade de ar como principais aspectos de risco. As pessoas que estão em maior risco e que já são doentes, com pressão alta, diabetes, devem ter uma atenção especial nesse período e maior controle como tomar corretamente o remédio e medir a pressão”, aconselhou o cardiologista.

A pesquisa mostrou ainda que o número médio de internações por insuficiência cardíaca no inverno foi maior em pacientes com mais de 40 anos. Já as hospitalizações por infarto foram registradas em maior número em pacientes com idade superior a 50 anos. De acordo com o cardiologista, as causas do aumento do risco cardiovascular no inverno não estão diretamente ligadas à queda do ponteiro do termômetro, mas às condições ambientais e socioeconômicas de São Paulo.

“Inverno não significa só frio, mesmo porque em São Paulo ele é ameno, com temperatura média de 18 graus e variação de apenas 5 graus. Ele também significa poluição aumentada, crescimento de epidemias provocadas pelo vírus da gripe, o Influenza, além do tempo seco”, diz Pesaro.

Poluição
Com uma população de quase 12 milhões de habitantes e uma frota de 8,64 milhões de veículos (incluindo caminhões e ônibus), São Paulo fica mais poluída no inverno. A baixa umidade, chuva reduzida e as frequentes inversões térmicas (quando o ar frio é bloqueado por uma camada de ar quente e fica preso perto da superfície) são condições que impedem a dispersão de poluentes como monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e material particulável inalável.

 “Temperatura baixa, pouca umidade e alta poluição contribuem para uma maior incidência de doenças respiratórias e gripe, com o consequente aumento do risco cardiovascular”, explica Pesaro.

Uma das hipóteses levantada no estudo é de que o aumento da probabilidade de infarto e de insuficiência cardíaca no inverno está relacionado às condições socioeconômicas da população. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na região metropolitana de São Paulo, 596 479 casas são consideradas subnormais, como assentamentos irregulares, favelas, invasões, palafitas, comunidades com deficiência na oferta de serviços públicos básicos, como rede de esgoto e tratamento de água, coleta de lixo e energia elétrica. A capital paulista concentra dois terços desse total ou 397 652 lares.

“Em São Paulo, uma população mais desamparada, com casas improvisadas ou sem aquecimento, mais exposta à poluição e ao frio pode apresentar mais risco de ter doenças cardíacas no inverno que uma pessoa que mora em um país de clima temperado, mas está mais protegida por ter calefação na residência e roupas melhores”, diz Pesaro.

Para se proteger, ele recomenda que as pessoas que têm condições, aqueçam bem a casa. “Um aquecedor portátil ajuda em semanas mais extremas de frio. Outra coisa é tratar do vazamento de ar frio por janelas, portas e telhado. E também se agasalhar melhor, pois tudo isso contribui com a proteção, a ideia é não expor ao frio as pessoas que têm maior risco, como idosos e doentes cardiovasculares”.

Ele ainda ressalta a importância da vacinação. “As epidemias virais e as gripes aumentam o risco cardíaco. Vacinar-se especialmente nas vésperas do outono e inverno é importante também”.

O que acontece com o coração
O frio faz os vasos sanguíneos se contraírem e eleva a liberação de adrenalina, o que culmina na subida da pressão arterial. Além disso, o aumento da poluição contribui para doenças respiratórias que sobrecarregam o coração. Já o Influenza (vírus da gripe) é capaz de causar inchaço ou inflamação das coronárias, com a possibilidade de liberar as placas de colesterol nela depositadas. As placas, por sua vez, podem causar bloqueios e interromper o fluxo sanguíneo.

Para Pesaro, o governo precisa investir em políticas públicas que melhorem a qualidade de vida da população. “As pessoas e os governos têm que cuidar melhor daqueles indivíduos em maior risco durante o inverno. Quem tem risco deve regularizar o controle das suas próprias doenças, como por exemplo, pressão alta, que sabemos que aumenta no inverno, lembrar de tomar os remédios, fazer a medida da pressão com periodicidade e tentar não passar frio mesmo dentro de casa”, aconselha.

Esse texto foi publicado originalmente no site da Agência Brasil.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/frio-aumenta-o-risco-de-problemas-cardiacos/ - Por Ludmilla Souza - Ilustração: Rodrigo Damati/SAÚDE é Vital