Pacientes covid-19 de longa duração enfrentam muitos riscos à saúde — incluindo uma maior risco de morte — até 6 meses depois de contraírem o vírus, de acordo com um enorme estudo publicado na revista Nature.
Um segundo estudo, divulgado pelo CDC (algo como a
Anvisa dos EUA) na sexta-feira, também descobriu sintomas persistentes meses
depois entre pacientes COVID-19 que originalmente apresentavam sintomas leves.
Para o estudo Nature, os pesquisadores examinaram mais
de 87 mil pacientes COVID-19 e quase 5 milhões de pacientes de controle em um
banco de dados federal dos EUA. Eles descobriram que os pacientes COVID-19
tinham um risco 59% maior de morte até 6 meses após a infecção, em comparação
com pessoas não infectadas.
Essas descobertas se traduzem em cerca de oito mortes
a mais por mil pacientes durante 6 meses, porque muitas mortes causadas por complicações
de COVID de longo prazo não são registradas como mortes de COVID-19, disseram
os pesquisadores. Entre os pacientes internados que morreram depois de mais de
30 dias, houve 29 mortes a mais por cada mil pacientes ao longo de 6 meses.
“Quanto ao número total de mortes por pandemia, esses
números sugerem que as mortes que estamos contando devido à infecção viral
imediata são apenas a ponta do iceberg”, disse Ziyad Al-Aly, MD, autor sênior
do estudo e diretor do Centro de Epidemiologia Clínica do Veterans Affairs St.
Louis Health Care System, em um comunicado a imprensa da Faculdade de Medicina
da Universidade de Washington, em St. Louis, EUA.
Os pacientes apresentaram alta taxa de AVC e outras
doenças do sistema nervoso; problemas de saúde mental, como a depressão;
surgimento de diabetes; doenças cardíacas e outros problemas coronários;
diarreia e distúrbios digestivos; doença renal; coágulos sanguíneos; dor nas
articulações; queda de cabelo; e fadiga geral.
Os pacientes frequentemente tinham conjuntos dessas
doenças. E quanto mais grave for o caso do COVID-19, maior a chance de
problemas de saúde a longo prazo, disse o estudo.
Os pesquisadores basearam seu estudo em bancos de
dados de saúde do Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA. Além dos 87
mil pacientes de Covid, o banco de dados incluiu cerca de 5 milhões de
pacientes que não pegaram COVID. Os veteranos do estudo eram aproximadamente
88% homens, mas a amostra também incluía 8.880 mulheres com casos confirmados,
segundo o comunicado de imprensa.
Al-Aly, professor assistente da Faculdade de Medicina
da Universidade de Washington, disse que o estudo mostra que o COVID-19 de
longa duração pode ser “a próxima grande crise de saúde da América”.
“Nosso estudo demonstra que até 6 meses depois do
diagnóstico, o risco de morte após mesmo um caso leve de COVID-19 não é trivial
e aumenta com a gravidade da doença”, disse. “…Os efeitos persistentes desta
doença reverberarão por muitos anos e até décadas.”
Enquanto isso, o CDC divulgou na sexta-feira um novo
estudo de pessoas que tiveram casos mais leves de COVID-19. Descobriu-se que
quase dois terços deles retornaram ao médico dentro de 6 meses de suas
infecções iniciais com novos sintomas.
O estudo valida os relatos de muitos que sofrem de COVID-19
de longa duração que dizem que ainda estão doentes meses depois, embora suas
infecções iniciais tenham sido leves.
Mais de 3.100 casos foram revisados para o estudo.
Nenhum dos pacientes tinha sido hospitalizado por suas infecções iniciais. O estudo
constatou que cerca de 70%, ou 2.100 pessoas, com infecções leves tratadas pelo
sistema de saúde retornaram ao médico 1 a 6 meses após esse diagnóstico
inicial, e quase 40% precisavam consultar um especialista.
Em comparação com as pessoas que não voltaram ao
médico depois de se recuperarem de suas infecções iniciais, as pessoas com
Covid de longa duração eram mais propensas a serem afrodescendentes, mulheres e
pessoas com mais de 50 anos. Cerca de 10% deles receberam um segundo
diagnóstico de infecção ativa de COVID.
“Os profissionais de saúde usaram o diagnóstico de
infecção ativa para indicar que os efeitos do COVID-19 estavam afetando o
atendimento médico no momento da visita”, disse o autor do estudo, Dr. Alfonso
Hernandez-Romieu. “Portanto, não se pode determinar se os pacientes podem estar
experimentando sintomas de reinfecção com SARS-CoV-2 ou sintomas Covid-19
contínuos”, disse Hernandez-Romieu, que faz parte da equipe clínica do CDC que
estuda as complicações a longo prazo do COVID-19.
Pneumologistas, cardiologistas, neurologistas e
profissionais de saúde mental foram algumas das especialidades mais
consultadas.
Os autores do estudo dizem que os médicos devem estar
cientes de que os pacientes que chegam a eles podem ter novos sintomas relacionados
a um diagnóstico anterior do COVID. [WebMD]
Fonte: https://hypescience.com/covid-19-pode-matar-meses-apos-infeccao/
- Por Marcelo Ribeiro
Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
João 16:33