Um especialista aborda as notícias falsas do momento
sobre doenças cardiovasculares. O colesterol e os remédios contra ele são um
alvo preferencial
A informação correta é uma das mais importantes
aliadas da medicina, contribuindo para a orientação das pessoas e as ações
preventivas. Em sentido contrário, as numerosas fake news veiculadas livremente
prestam um desserviço à saúde. Na área cardiovascular, as notícias falsas são
ainda mais graves, dada a letalidade dessas enfermidades.
Um desses mitos danosos refere-se às estatinas,
comprovadamente os medicamentos mais eficazes para a redução das taxas de LDL
(liproteína de baixa densidade), o colesterol ruim — uma das principais causas
das doenças cardiovasculares. Segundo essas notícias falsas, as estatinas
representariam um enorme risco à saúde. Isso é falso e coloca em risco a vida
de pacientes que não podem ficar sem o remédio.
Há pessoas que, ao lerem esses conteúdos
inverídicos, não iniciam ou até mesmo paralisam o tratamento, o que aumenta o
risco de sofrerem um infarto ou derrame. É imprescindível que os pacientes com
colesterol ruim acima dos níveis normais sejam devidamente tratados.
As estatinas, como todo remédio, podem apresentar
efeitos colaterais em algumas pessoas. No caso, principalmente uma sensação de
desconforto muscular. Quando ocorrer, o médico presta orientação e adota as
medidas necessárias. Porém, a relação custo-benefício é imensa, pois elas ainda
são os únicos fármacos eficazes contra o colesterol ruim mais acessíveis à
população.
Outra fake news perigosa relacionada ao mesmo tema
afirma que o colesterol ruim não faz mal. Isso simplesmente contraria o que já
está comprovado há muito tempo por inúmeras pesquisas sérias. A elevação no LDL
é uma das principais causas de graves doenças cardiovasculares, devido ao seu efeito
no entupimento de veias e artérias.
E parece que o colesterol realmente é um alvo
preferencial dos divulgadores de notícias falsas. Como se as outras mentiras
não fossem o suficiente, foi disseminado que o óleo de coco diminui o LDL e
auxilia no emagrecimento. Porém, não há quaisquer evidências científicas
contundentes sobre isso.
Infelizmente, pessoas com colesterol alto que
acreditam nesse mito acabam não adotando a alimentação correta e os
procedimentos médicos adequados para resolver o problema. Quanto mais tempo
permanecerem sem o tratamento certo, mais expostas estarão aos riscos.
Algo que também pode prejudicar as pessoas é o falso
conceito de que apenas os obesos apresentam alto risco cardiovascular. É
verdade, sim, que o excesso de peso favorece a ocorrência da hipertensão,
diabetes e colesterolemia. No entanto, magros fumantes, sedentários,
consumidores de álcool de modo inadequado e com hábitos alimentícios errados
também apresentam alto risco de manifestarem uma cardiopatia. Ou seja, quem não
é gordo também precisa se cuidar.
Em meio a essas desinformações, há verdades que se
aplicam a todas as pessoas. É crucial pensar em check-ups e em um periódico
controle dos níveis sanguíneos de colesterol. Também precisamos comer de
maneira saudável, fazer exercícios físicos (sempre com orientação), não fumar e
manter bons hábitos cotidianos. É assim que, responsavelmente, se preserva a
vida.
Em caso de dúvida sobre qualquer assunto ligado à
saúde, procure um médico. A melhor resposta encontra-se na ciência!
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/guenta-coracao/mitos-que-matam-do-coracao/
- Por José Luiz Aziz - Foto: Alex Silva/A2 Estúdio