Neurocirurgião esclarece os principais mitos sobre a
saúde e o envelhecimento do cérebro. Entenda o que impacta o funcionamento do
órgão
Como qualquer órgão do corpo humano, o cérebro também
passa por alterações e mudanças ao longo dos anos, características do seu
envelhecimento. Essas alterações não ocorrem apenas nas estruturas do órgão,
mas também na execução das suas funções. Nos cérebros idosos, por exemplo, há
uma perda de sintonia entre as regiões, o que impacta diretamente no
funcionamento do cérebro.
O Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião do
Hospital Albert Einstein e pesquisador da Unicamp, esclarece as principais
curiosidades sobre a saúde e o envelhecimento cerebral. Confira!
1 – O tamanho do cérebro pode diminuir com a idade
Verdade. De acordo com o médico, a redução do volume
do cérebro é comum durante o envelhecimento. Isso se deve à diminuição no
número de células, entre elas, os neurônios, que são os principais responsáveis
pelo funcionamento do órgão.
“Além disso, acontece também uma diminuição das
conexões entre os neurônios. Esta alteração do volume cerebral também é chamada
de atrofia e pode ser maior ou menor, de acordo com outras condições de saúde,
que variam para cada pessoa”, explica o especialista.
2 – Exames preventivos podem contribuir para evitar o
envelhecimento do cérebro
Mito. Até o momento, não existem exames que possam
prevenir o envelhecimento do cérebro, como aponta o Dr. Marcelo. “As
recomendações são relacionadas à prevenção de problemas de saúde. Exames podem
ser úteis quando existem alterações neurológicas perceptíveis, como problemas
de memória e de atenção”, justifica.
3 – Os neurotransmissores também sofrem com mudanças
durante o envelhecimento
Verdade. Essas substâncias que levam a informação de
um neurônio ao outro ou a um tecido específico também podem sofrer alterações
com o passar do tempo. “Hoje conhecemos mais de 60 tipos de neurotransmissores
e, com a idade, a concentração de cada um pode variar; isso pode estar
associado a problemas de saúde”, ressalta o neurocirurgião.
4 – Já existem formas de frear o desenvolvimento das
doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson
Mito. Infelizmente, ainda não existe uma maneira
eficaz de impedir processos degenerativos no cérebro, principalmente quando
doenças como Alzheimer e Parkinson já foram identificadas. Porém, segundo o
neurocirurgião, existem condições de saúde que podem reduzir as chances do
desenvolvimento destas doenças.
“Adotar um estilo de vida mais saudável desde cedo,
com alimentação balanceada, prática de atividades físicas e evitando o excesso
de bebidas alcoólicas, por exemplo, pode reduzir o risco de doenças
neurodegenerativas”, destaca.
5 – O estilo de vida de um jovem pode influenciar no
envelhecimento do seu cérebro
Verdade. Um cérebro jovem deve ser estimulado e bem
cuidado, e isso não deve mudar com o passar do tempo. “A forma como se estimula
o cérebro hoje, impacta diretamente no amanhã. O cuidado deve ser físico,
mental e emocional, uma vez que as emoções e a cognição estão ligadas às
conexões entre os neurônios. Hábitos de vida saudáveis associados a um sono
regular, evitando estresse e ansiedade, são cuidados essenciais”, afirma o
médico.
6 – Pessoas que mantêm hábitos relacionados à
atividade intelectual têm uma menor predisposição a desenvolver demência
Verdade. Hábitos simples como ler e estudar podem
reduzir os impactos do tempo na saúde do seu cérebro. Conforme o especialista,
essas práticas parecem estar relacionadas a um menor risco de desenvolver
demências. Ele explica que a principal hipótese que justifica esse mecanismo é
chamada de reserva cognitiva.
“Estudos indicam que, quem estimula o cérebro, teria
mais conexões entre seus neurônios e maior capacidade de processamento da
informação. Essa reserva seria fundamental diante da morte de neurônios ligada
ao envelhecimento ou a doenças, suprindo a função que seria perdida
normalmente”, esclarece.
7 – A qualidade do sono é importante porque o cérebro
desliga e, assim, estaremos descansados para o próximo dia
Mito. Segundo o Dr. Marcelo, o sono de qualidade é um
dos principais elementos para manter a saúde do cérebro em dia, mas não porque
é um momento do órgão descansar, ao contrário. Isso porque, enquanto dormimos,
em vez de ‘desligar’, nosso cérebro inicia um dos seus momentos de maior
atividade.
“Enquanto nossa consciência está ausente e sonhamos,
os neurônios processam e arquivam as informações recebidas durante o dia. Além
disso, acreditamos que boa parte da ‘limpeza’ de resíduos de atividade cerebral
ocorra durante o sono. Esse trabalho noturno é o que garante a qualidade e a
limpeza, garantindo que o órgão esteja apto às atividades no próximo dia”,
explica.
8 – A prática de atividades físicas que desenvolvam a
musculatura corporal também pode contribuir para o cérebro
Verdade, por mais estranho que possa parecer. Diversas
pesquisas apontam que a atividade física moderada está associada com menores
índices de atrofia do cérebro. Isso significa que o cérebro de quem faz
exercício físico pode ser maior do que o daqueles que não fazem. Pesquisadores
também acreditam que isso também signifique um risco menor de doenças
neurodegenerativas, como acrescenta o neurocirurgião.
9 – Alimentação desregulada e excesso de álcool podem
influenciar diretamente no envelhecimento do cérebro
Tanto o consumo excessivo de álcool, quanto de
açúcares e alimentos processados podem influenciar o envelhecimento do cérebro.
Entre as principais mudanças possíveis estão:
Alterações na capacidade cognitiva em qualquer idade;
Aumento na atividade inflamatória, afetando
especialmente pessoas idosas.
No caso do álcool, especificamente, podem ocorrer
alterações profundas nos neurotransmissores. De acordo com o médico, pesquisas
apontam que evitar o consumo em excesso de alimentos do tipo pode preservar a
estrutura e as funções cerebrais.
10 – Suplementação com DHA é essencial para prevenção
do envelhecimento cerebral
Mito. O DHA é um ácido-graxo que faz parte do chamado
ômega 3, complexo de 3 tipos diferentes de substâncias muito importantes para o
organismo, como explica o especialista. É possível obter o nutriente por meio
do leite materno e através do consumo de alimentos como óleos de peixes. Porém,
é preciso avaliar caso a caso a necessidade de suplementar ou não o DHA , com
orientação médica e nutricional.
“O DHA está presente em nosso corpo e é parte
essencial de nosso cérebro, mas ainda não está claro se consumi-lo pode ajudar
no funcionamento do organismo. Como dito anteriormente, é importante ressaltar que
também não existe, até o momento, uma forma de prevenir o envelhecimento do
cérebro”, finaliza o Dr. Marcelo.
Fonte: https://www.saudeemdia.com.br/noticias/envelhecimento-do-cerebro-entenda-10-mitos-e-verdades.phtml
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2 Coríntios 3:17