Muita gente ainda busca uma resposta em exames para justificar o diagnóstico da enxaqueca, mas o que pouca gente sabe é que a enxaqueca é uma doença do cérebro, adquirida de forma genética, quando a pessoa nasce com um desequilíbrio bioquímico nos neurotransmissores que trabalham no sistema controlador da dor. “Podemos dizer que o alarme cerebral do portador de enxaqueca veio com “defeito” e por isso ele dispara sem motivo, permitindo que a pessoa tenha dores de cabeça desnecessariamente”, explica a neurologista Elza Magalhães, especialista em dores de cabeça. De acordo com a médica, o sistema modulador da dor funciona como um alarme que deve disparar apenas quando algo de errado acontece com nosso corpo.
Atinge mais as mulheres
A enxaqueca é uma condição predominantemente
feminina, chegando a uma proporção de 5 mulheres para 1 homem. A neurologista
explica que o desequilíbrio hormonal que ocorre na fisiologia feminina deixa as
mulheres mais suscetíveis à doença, e esse desequilíbrio já se manifesta na
puberdade onde tem início as flutuações dos hormônios sexuais (estrogênios, ou
estrógenos).
Geralmente a enxaqueca inicia junto com a TPM,
melhora na gravidez, e pode até dimunir na menopausa, embora mulheres que fazem
Terapia de Reposição Hormonal (TRH) costumam piorar da enxaqueca, e aquelas que
deixaram a enxaqueca ficar crônica antes de entrar na menopausa podem não ter o
benefício da melhora. “Por isso, é importante estimular o tratamento adequado e
precoce dessa doença, que muitas vezes é negligenciada”, reforça a
neurologista.
Os gatilhos
Quando exposto a alguns estímulos externos, ou
mudanças metabólicas ou hormonais, o cérebro portador de enxaqueca é mais
suscetível a manifestar crises:
• Preocupações excessivas, ansiedade, tensão,
estresse
• Ficar sem comer por muito tempo
• Insônia ou noite mal dormida
• Irritação e alterações de humor
• Excesso de cafeína
• Falta de atividade física
• Uso excessivo de analgésicos
• Alguns alimentos também podem agravar: excesso de
chocolate, frutas cítricas, alimentos muito gelados, gordurosos, condimentados
e ricos em glutamato monossódico (salgadinhos, molhos, adoçantes)
Sintomas da dor da enxaqueca
• É latejante, e predomina mais de um lado da cabeça
• Vem associada a náuseas ou vômitos
• Provoca aversão à luz (fotofobia), ao som
(fonofobia) e a odores (osmofobia)
• Piora com esforço físico mínimo, como, por
exemplo, subir alguns lances de escada
Dicas para evitar as crises
Além do tratamento farmacológico orientado pelo
médico, é importante que o portador de enxaqueca identifique quais são seus
gatilhos para evitar e reduzir o número de crises. Embora seja uma doença
benigna, a enxaqueca traz muito desconforto para quem convive com ela,
principalmente quando fica crônica e não é tratada adequadamente.
Veja algumas dicas que podem ajudar:
• Ingerir pelo menos 2 litros de água por dia
• Ter uma boa qualidade de sono
• Praticar exercício físico
• Fazer meditação, em busca de mais tranquilidade
• Evitar jejum prolongado
• Se alimentar de forma saudável, evitando alimentos
embutidos, industrializados, frituras, condimentos prontos
Para melhorar uma dor já instalada
• Colocar uma bolsa de gelo na testa, e ao mesmo
tempo fazer um escalda pés
• Ficar no escuro e com o ambiente silencioso
• Usar o medicamento para dor e para enjoo orientado
pelo médico
O abuso de analgésicos
A enxaqueca é considerada crônica quando acontece
pelo menos 15 dias por mês, por pelo menos 3 meses consecutivos. Existem alguns
fatores que transformam uma enxaqueca episódica em crônica, e o mais
preocupante é o uso abusivo de analgésicos. “É importante que as pessoas que
sofrem de enxaqueca procurem tratamento, e que o uso de analgésicos seja
evitado”, alerta a neurologista.
De acordo a médica, a pessoa que faz uso de 15
comprimidos ou mais de analgésicos simples para tratar enxaqueca, ou 10
comprimidos de analgésicos mais complexos por mês, já é considerado usuário
abusivo e isso pode transformar a dor em uma condição crônica e de difícil
tratamento.
O diagnóstico é simples
O diagnóstico é baseado nos critérios clínicos
definidos pela Sociedade Internacional de Cefaleia que, junto com os sintomas
associados, são suficientes para confirmar, não sendo necessário realizar
exames complementares, como tomografia ou ressonância magnética. “Estes exames
só oneram o tratamento e expõe a riscos desnecessários”, orienta a
neurologista.
Fonte: https://revistaabm.com.br/blog/enxaqueca-nao-e-sintoma-e-doenca-veja-as-causas-e-como-prevenir