A doença do refluxo gastresofágico (DRGE) é a
condição que se desenvolve quando o conteúdo do estômago retorna ao esôfago e
provoca sintomas desagradáveis e complicações. Afeta cerca de 12% a 20% da
população brasileira, de acordo com a Sociedade Brasileira de Motilidade
Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN). Dentre os principais fatores de
risco está a obesidade, e a grande maioria dos pacientes se beneficia quando
emagrece. O tratamento consiste em uso de medicação para diminuir a produção de
ácido pelo estômago.
Mas de acordo com o cirurgião oncológico Robson de
Freitas Moura, diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), é fundamental
que o tratamento esteja associado a um estilo de vida mais saudável. “É preciso promover mudanças nos hábitos,
como evitar alimentos muito condimentados, evitar pimenta, evitar comer e
deitar para dormir de imediato, evitar cigarro e, e sobretudo, perder peso,
caso seja obeso. Tudo isso é parte fundamental para o sucesso do tratamento”,
esclarece o médico.
Caso o tratamento clínico não traga resultado, podem
surgir complicações, como úlceras e o desenvolvimento de uma doença chamada
esôfago de Barrett. Por isso, além do tratamento clínico pode ser necessário o
tratamento cirúrgico através de laparascopia com anestesia geral.
Causas
Além da obesidade, alimentação muito condimentada e
uso de bebida alcoólica, outros fatores estão associados às causas da DRGE:
• Alterações no esfíncter que separa o esôfago do
estômago (que deveria funcionar como uma válvula para impedir o retorno dos
alimentos)
• Hérnia de hiato provocada pelo deslocamento da
transição entre o esôfago e o estômago, que se projeta para dentro da cavidade
torácica
• Fragilidade das estruturas musculares existentes
na região
Fatores de risco:
De acordo com os especialistas, a obesidade é um
forte fator de risco para a DRGE e os episódios de refluxo tendem a diminuir
quando a pessoa emagrece. Outros fatores de risco são:
• Refeições volumosas antes de se deitar
• Comer e deitar imediatamente
• Aumento da pressão intra-abdominal
• Ingestão de alimentos como café, chá preto, chá
mate, chocolate, molho de tomate, comidas ácidas, bebidas alcoólicas e gasosas
Sintomas
• Azia ou queimação que se origina na boca do
estômago, mas pode atingir a garganta
• Dor torácica intensa, que pode ser confundida com
a dor da angina e do infarto do miocárdio
• Tosse seca
• Doenças pulmonares de repetição, como pneumonias,
bronquites e asma
Diagnóstico:
O diagnóstico da DRGE se inicia com uma consulta
para identificar os sintomas característicos baseado no histórico clínico do
paciente, bem como definir sua intensidade, duração e frequência. O médico pode
solicitar alguns exames, como endoscopia digestiva alta e a pHmetria, que são
importantes para estabelecer o diagnóstico definitivo
Esôfago de Barrett e o risco de câncer
De acordo com a SBMDN, estimativas sugerem que mais
de 95% dos pacientes com esôfago de Barrett também têm DRGE. E Dr. Robson chama
a atenção para a essa doença, por ser grave risco para desenvolvimento de
câncer, e costuma surgir quando a doença do refluxo não é devidamente tratada e
se torna uma inflamação crônica. “O esôfago de Barrett é a causa mais comum do
câncer de esôfago, por isso é muito importante que o paciente com DRGE faça o
tratamento adequado para evitar mais essa complicação”, alerta o oncologista.
Prevenção e recomendações
• Não se automedique se tiver episódios repetidos de
azia ou queimação. Procure um médico
• Evite alimentos muito condimentados, ricos em
gorduras, e também cítricos, café, chá, chocolate
• Evite bebidas alcoólicas, e as que possuem gás
• Evite cigarro
• Se tiver com sobrepeso ou obesidade, procure
emagrecer
• Não use cintos ou roupas apertadas na região do
abdome
• Não se deite logo após as refeições
• Faça refeições mais leves e coma em pequenas
quantidades por várias refeições (café da manhã, almoço, lanche da tarde e
jantar)
• Sente-se e coma sem pressa, mastigando bem os
alimentos
Fontes consultadas: Ministério da Saúde, e Sociedade
Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN).
Fonte: https://revistaabm.com.br/blog/tem-refluxo-entenda-as-causas-os-fatores-de-risco-e-os-cuidados