quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Quais alimentos ajudam a vencer a preguiça e encarar o treino no frio


Chamadas de termogênicas, cafeína, canela e outras substâncias dão estímulo extra

Não dá para negar que, durante o inverno, o frio nos pega de jeito e dá uma preguiça de ir na academia, não é mesmo? Por isso, decidi escrever sobre sugestões de substâncias termogênicas, ou seja, aquelas que vão dar um estímulo extra e uma aquecida para te preparar para o treino!

Vou te ajudar a saber mais sobre essas substâncias, onde encontrá-las e como colocar esses alimentos no seu dia a dia para nunca mais faltar a uma sessão de treino.

Cafeína
Está presente em muitos alimentos, como cacau, chás, café, guaraná, bebidas energéticas, refrigerantes de cola e erva-mate, e é um potente estimulante do sistema nervoso central. Seus efeitos podem ser sentidos minutos após a ingestão e podem durar cerca de três horas. A cafeína gera tolerância, ou seja, precisamos aumentar mais a dose para sentir os mesmos efeitos a longo prazo. Mas cuidado: o excesso de cafeína pode causar irritabilidade, dores de cabeça, insônia, diarreia, gastrite e taquicardias. A dose segura dessa substância por dia é de 400mg, e uma xícara de café tem cerca de 100mg. Para dar aquele “up”, tome um chimarrão ou um cafezinho uns 20, 30 minutos antes de treinar.

Capsaicina
Presente nas pimentas do tipo chilli, é a substância que dá o sabor ardido à pimenta. Assim como a cafeína, ela também atua no sistema nervoso central, estimulando a liberação de adrenalina e noradrenalina, e aumenta a temperatura do corpo, por acelerar o metabolismo. Deve ser evitada por pessoas com problemas gastrointestinais como gastrites, úlceras, esofagite, hemorroidas e refluxo gastroesofágico. A dose sugerida por dia é 3g de pimenta vermelha – quanto mais ardida, mais capsaicina! A dica é colocar em preparações como sopas, molhos e refogados. Use essa opção quando for treinar após o almoço, por exemplo.

Gingerol
Um dos componentes do gengibre, o gingerol é outra substância que gera aumento da termogênese no nosso organismo. Além disso, tem potente ação anti-inflamatória e auxilia na digestão dos alimentos. Experimente adicionar pedaços da raiz no chimarrão, além de ficar uma delícia, a combinação associa a termogênese da cafeína com a do gingerol.

Canela
Também uma aliada no aumento da termogênese, a canela pode ser consumida na sua versão em pau ou em pó, polvilhada sobre frutas, legumes e carnes e também pode ser incluída em chás, sucos e mingaus. Todas essas sugestões podem funcionar como seu pré-treino, superversátil. Cerca de uma colher de chá de canela em pó já é o suficiente para sentirmos o efeito dessa substância.

Inclua esses alimentos na sua rotina pré-treino e bom treino!


terça-feira, 27 de agosto de 2019

Musculação pode prevenir câncer de intestino, sugere novo estudo


Embora seja menos pesquisado no combate a tumores, o treino de força também ajudaria a evitá-los (ao menos no cólon, uma parte do intestino)

Fazer exercícios aeróbicos — nadar, correr, pedalar— em intensidade moderada é uma estratégia reconhecida para diminuir o risco de câncer. Mas, conforme a ciência avança, a musculação também parece ganhar reconhecimento nessa área. A mais recente pesquisa sobre o tema mostra que levantar peso pode ajudar a evitar os tumores de cólon, uma parte do intestino.

O levantamento, feito pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, avaliou mais de 200 mil aposentados do país que foram incluídos em um estudo maior, conduzido entre 1995 a 2005. Nesse período, eles responderam periodicamente a questionários com perguntas sobre dieta, saúde e estilo de vida.

Diante dessas informações, os especialistas analisaram a frequência dos dez tumores mais comuns nessa turma. E concluíram que, entre os homens que puxam ferro, o risco de manifestar câncer de cólon era quase 10% menor. Para as mulheres, a diferença não foi relevante do ponto de vista estatístico.

Treinamento de força versus câncer
Os cientistas americanos destacam no artigo que há poucas evidências sobre os efeitos da musculação na prevenção dos tumores. Assim, não dá para cravar quais tumores ela protegeria e os motivos por trás disso.

No entanto, outras pesquisas exploraram esse elo. Exemplo: um estudo de 2017 da Universidade de Sidney (Austrália), feito com mais de 80 mil homens e mulheres, revelou que os praticantes de atividades de força simples, como flexões e abdominais, possuíam uma probabilidade 31% menor de morrer de câncer.

Para os autores, o achado sugere que exercícios de fortalecimento são tão importantes quanto os aeróbicos para evitar a doença.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/musculacao-pode-prevenir-cancer-de-intestino-sugere-novo-estudo/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: Eduardo Svezia/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Personal responde: qual a proporção ideal de massa magra x gorda no corpo?


E como descobrir as minhas porcentagens?

Antes de tudo vale lembrar: o que chamamos de massa magra é uma combinação de músculos, ossos, tecidos moles e vísceras. ‟Isto é, tudo o que não é gordura. A gordura, por sua vez, é o que consideramos massa gorda”, explica o professor de educação física Cacá Ferreira, gerente técnico corporativo da Cia Athletica, em São Paulo.

Segundo Cacá, apesar dos números poderem variar conforme sexo e idade, o ideal é que tenhamos 30% mais massa muscular do que massa gorda. E que a nossa gordura não ultrapasse 30% do nosso peso total. Caso contrário, há um maior risco de desenvolver obesidade, ‟um dos fatores de risco mais importantes para outras doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e diabetes”, afirma o portal do Ministério da Saúde.

Mas ser magra também não significa que você esteja fora do perigo, viu? ‟É possível uma pessoa magra uma porcentagem alta de gordura, pois ela pode ter baixa massa muscular também”, diz Cacá Ferreira.

Mas como saber a minha proporção?
É preciso fazer uma avaliação física completa para saber os números exatos. Sabe aqueles testes iniciais que geralmente são feitos quando você começa uma academia nova? É importante não fugir deles. Com algumas técnicas, como a bioimpedância, é possível avaliar quais partes do corpo precisam de uma forcinha extra. ‟Também ajuda a personalizar melhor o treino. E também que nutricionistas possam passar orientações baseadas nos resultados”, explica o professor de educação física.

O personal explica, então, que as aulas que trabalham resistência, como ginástica localizada, CrossFit, Body Pump, e musculação, são ótimas para o ganho de massa magra. Já as mais aeróbicas, como spinning, corrida, GRIIT e natação, são ideais para quem quer perder massa gorda.

E ganhar mais massa muscular também garante que você perca gordura. Isso porque nossos músculos são grandes consumidores de energia, e fazem com que a queima de calorias seja maior por dois principais motivos: aumentando o metabolismo basal, isto é, a quantidade de combustível que nosso corpo precisa para manter as funções vitais, como respirar; ou então aumentando a capacidade de resistência do corpo, fazendo com que você aguente os exercícios por mais tempo, e consequentemente queime mais calorias.


domingo, 25 de agosto de 2019

Exercício como tratamento de 6 doenças neurológicas


A atividade física virou remédio contra Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, depressão e até enxaqueca. Mas como fazer com segurança?

Em 2050, as pessoas acima dos 65 anos representarão um terço da população do planeta. E esse é o grupo mais suscetível a males marcados pela destruição dos neurônios, como o Alzheimer. A projeção é que ele afete 135 milhões de indivíduos daqui a três décadas. Alguns problemas, por outro lado, afligem o cérebro independentemente da idade. É o caso da depressão, que faz 322 milhões de vítimas pelo mundo hoje e deve ser o transtorno mais incapacitante do globo em 2020. Os números assustam e pedem que não fiquemos parados. De verdade: exercitar-se com regularidade já configura uma medida cientificamente comprovada para prevenir e controlar doenças que consomem a massa cinzenta. É bom que os brasileiros levem essa história a sério. Por aqui, 47% dos cidadãos são sedentários.

Quem se perde no conforto do sofá é o cérebro. Além de melhorar o abastecimento de sangue, oxigênio e nutrientes, a atividade física pode fazer a cabeça trabalhar de forma mais ágil e prepará-la para enfrentar tanto doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkinson…) como psiquiátricas (depressão, ansiedade etc).

Os cientistas já decifraram que o suor da camisa induz um fenômeno chamado neurogênese, a formação de novos neurônios. Parece mágico, mas é pura bioquímica: durante a atividade, há um aumento na liberação da substância BDNF (sigla em inglês para fator neurotrófico derivado do cérebro), envolvida na produção, conservação e funcionamento das células nervosas.

Níveis mais altos de BDNF, que podem se manter elevados até oito horas depois do exercício, estão associados à proteção contra diversos perrengues. “Sua presença diminui a inflamação local, melhora as conexões entre os neurônios e preserva o córtex pré-frontal, essencial para as tarefas que exigem planejamento e organização”, expõe a educadora física Andréa Camaz Deslandes, coordenadora do Laboratório de Neurociência do Exercício da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os cariocas, aliás, descobriram recentemente que um hormônio fabricado pelos músculos durante o exercício tem potencial para reverter a perda de memória característica do Alzheimer – feito que nenhum medicamento alcançou até o momento. Batizado de irisina, ele foi identificado pela primeira vez em 2012 e atua na regulação do metabolismo corporal.

Agora é alvo de estudos por seu papel de socorro ao cérebro. Pode estar aí uma das chaves moleculares que explicam o poder da malhação não só para a prevenção como para o tratamento dessa e de outras doenças.

Exercício vira remédio
As evidências do impacto positivo da atividade física no controle de problemas neurológicos não se resumem a Alzheimer. Pessoas com condições crônicas como epilepsia, esclerose múltipla e enxaqueca também têm a ganhar com um treino prescrito e supervisionado.
Aí que está: as indicações estão cada vez menos genéricas, do tipo “você precisa se exercitar”. A tendência é traçar as modalidades mais compatíveis e personalizar o treinamento. Em geral, o benefício vem na esteira do tempo de prática e da constância – não adianta malhar umas semanas e depois parar – e do respeito a possíveis limitações.
Manter uma vida ativa antes de qualquer desordem cerebral se manifestar é o melhor dos cenários. Assim se cria uma reserva cognitiva, nome para a capacidade de a massa cinzenta lidar com eventuais danos e se adaptar a eles.
Provavelmente há uma razão evolutiva para isso. Nossos ancestrais precisavam se movimentar e pensar mais do que seus pares para sobreviver. Esse é um elo forjado há milênios”, teoriza Michael Wheeler, pesquisador da Universidade Baker, na Austrália, que estuda os efeitos do sedentarismo na cachola.
Em pleno século 21, nunca foi tão importante se mexer pelo bem da cabeça – inclusive se ela já é alvo de uma doença, como você verá a seguir.

1) Alzheimer
Muito ligado à perda da memória, é o tipo mais comum de demência no Brasil, onde afeta 1,2 milhão de pessoas. A atividade física já é associada à diminuição do risco de desenvolver a doença, mas pode ajudar também a desacelerar sua progressão.
Isso porque induz transformações no cérebro para compensar a devastação de neurônios – fenômeno que, entre outras áreas, afeta o hipocampo, responsável pelas memórias recentes. Os exercícios aeróbicos (caminhada, trote…) parecem ser os mais indicados.
Um experimento com roedores feito na UFRJ desvendou que a irisina, aquele hormônio produzido pelos músculos com o exercício, chega a reverter a perda de memória. O achado precisa ser confirmado em gente como a gente, mas abre uma esperança para o tratamento do problema.
Já se sabe que pessoas com Alzheimer em estágio moderado ou grave têm menores níveis de irisina no cérebro. “Os mecanismos de ação ainda não estão totalmente elucidados, mas nosso trabalho demonstrou que ela protege as sinapses, as conexões entre os neurônios”, diz a bióloga Fernanda Felice, uma das autoras da pesquisa.

2) Parkinson
Nada melhor do que o exercício para estimular a produção natural de dopamina, neurotransmissor em falta no cérebro de quem tem Parkinson, desordem caracterizada por rigidez, tremores e outras alterações motoras.
Uma revisão de estudos assinada pela Clínica Mayo, nos Estados Unidos, indica que as modalidades intensas podem ser particularmente úteis. “Recomendo a prática de atividades vigorosas mesmo a pacientes com Parkinson em estágio avançado”, relata o neurologista Eric Ahlskog, autor do levantamento.
É evidente que tudo precisa ser feito sob orientação médica e supervisão de um profissional. “Treinos complexos, com múltiplos estímulos ou que trabalhem o equilíbrio, como a dança, são bem-vindos porque atuam na região do cérebro que coordena e automatiza os movimentos”, aponta a educadora física Carla da Silva Batista, que investiga o tema em seu pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP).
Também são importantes o alongamento e o fortalecimento muscular, assim como não deixar de tomar os remédios prescritos pelo especialista.

3) Esclerose múltipla
Essa doença autoimune corrói a bainha de mielina, camada que protege os nervos para que se mantenha a condução dos impulsos elétricos – com os fios desencapados, por assim dizer, há prejuízos para se movimentar, enxergar… De acordo com o fisioterapeuta Mark Manago, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, pessoas com a condição podem obter melhoras na força, no equilíbrio e na capacidade aeróbica ao fazer um treino supervisionado.
Ele constatou em seus estudos que exercícios de força, em especial os que ativam a panturrilha, são essenciais para aprimorar a marcha. Práticas como caminhada e corrida, aliás, colaboram bastante para aliviar uma das queixas mais recorrentes dos pacientes, a fadiga.
Outra vantagem do exercício na esclerose múltipla é seu efeito anti-inflamatório, aliado inclusive na prevenção de males que podem se aproveitar do transtorno, caso de osteoporose, obesidade e doenças cardiovasculares. Déficits cognitivos e quadros depressivos também são menos comuns ou amenizados na rotina de quem leva uma vida ativa.

4) Epilepsia
Há até pouco tempo – e muita gente ainda pensa assim -, a atividade física era contraindicada a portadores do problema, mais conhecido pelas convulsões. Temia-se que ela fosse gatilho para as crises.
“Uma série de estudos foi feita desde então e sabemos agora que o exercício é seguro e mesmo treinos exaustivos não desencadeiam esses episódios”, conta o neurologista Ricardo Arida, da Universidade Federal de São Paulo.
Pelo contrário: a prática regular e orientada parece reduzir o número de ataques e equilibrar o cérebro. “Ela aumenta os níveis de noradrenalina e endorfina, neurotransmissores com efeito protetor, e ativa o sistema opioide, que age como um inibidor das crises”, explica Arida.
Atividades aeróbicas de baixa intensidade são as mais estudadas, mas mesmo musculação e natação podem ser realizadas – só é preciso que as crises estejam controladas e haja supervisão durante a prática.
As vantagens do esporte se aplicam a quase todos os tipos de epilepsia. A exceção fica por conta da epilepsia reflexa, que ocorre durante a exposição a luzes ou a outros estímulos, como o movimento corporal.

5) Enxaqueca
Essa dor de cabeça é mais um exemplo de problema para o qual a sabedoria popular prescrevia distância da academia ou das quadras. Outro engano!
“Ainda há poucos estudos disponíveis, mas alguns já demonstram que a atividade física aeróbica, combinada com o medicamento, melhora a resposta ao tratamento”, contextualiza o neurologista Fernando Kowacs, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
Os mecanismos protetores ainda não foram confirmados, mas a principal aposta está na liberação de endorfina e serotonina, neurotransmissores que atuam como analgésicos naturais. Outro ponto é que se exercitar alivia a tensão e promove uma rotina mais regular de sono.
“E sabemos que isso pode diminuir a frequência das crises”, diz o médico. A melhor modalidade é a que faz a camisa suar mesmo, como caminhadas rápidas e corrida.
Quando a crise é leve, sem náuseas ou intolerância à luz, a prática está liberada e até ameniza o incômodo. Agora, se o episódio é incapacitante, que piora com qualquer estímulo, o ideal é repousar e só voltar à ativa quando passar. A hidratação é decisiva aqui: qualquer desequilíbrio no corpo é gatilho para a dor.

6) Depressão, ansiedade e cia.
Já existe uma farta documentação sobre o benefício da atividade física para a saúde mental. Na depressão, ela ajuda a encolher a dose dos medicamentos e até suprime a necessidade deles em casos mais leves – isso só com aval médico, vale frisar.
“Alterações fisiológicas provocadas pela doença, como aumento da inflamação, redução dos níveis de BDNF e elevação do cortisol, o hormônio do estresse, podem ser revertidas com a prática de exercícios”, explica o médico Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria da USP.
Vencer o sedentarismo também auxilia na prevenção e no controle da ansiedade. “Estudos em jovens mostram que o exercício pode reduzir o risco de transtornos psiquiátricos no geral, especialmente os de humor”, destaca Fernandes.
Uma dica para quem sofre com um problema do tipo é malhar durante o dia, de preferência pela manhã. Como exercitar-se deixa a cabeça mais ligada, há risco de o sono demorar para chegar se o treino for noturno.
Outras doenças psiquiátricas estão na mira da atividade física, como indicam pesquisas recentes. Em experimentos com portadores de esquizofrenia, por exemplo, os exercícios supervisionados parecem controlar repercussões cognitivas como perda de memória e podem até refrear episódios de psicose.

A cabeça de todos sai ganhando
O desempenho na escola ou no trabalho e o raciocínio na hora de tomar uma decisão agradecem. Aumento no fluxo sanguíneo e de certas substâncias no cérebro estão por trás dos ganhos.
Um estudo australiano mostrou que idosos saudáveis que andam 30 minutos toda manhã e fazem pequenas caminhadas durante o dia conservavam melhor os neurônios e apresentavam funções como memória de trabalho mais eficientes. Mentes jovens se beneficiam igualmente.
O conselho da Organização Mundial da Saúde é fazer pelo menos 150 minutos de exercícios por semana ou três sessões semanais de quase uma hora.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/exercicio-como-tratamento-de-6-doencas-neurologicas/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: George Doyle (Getty Images) / Ilustração: Thiago Almeida/SAÚDE é Vital

sábado, 24 de agosto de 2019

Doenças do coração são associadas ao gene da insônia


Uma revisão de estudos indica que a influência das más noites de sono no surgimento de problemas cardiovasculares é explicada por uma alteração genética


Não deve ser a primeira vez que você lê que deixar de dormir prejudica a saúde cardiovascular. Mas, agora, uma revisão de pesquisas publicada no periódico científico Circulation indica que uma variação genética que torna as pessoas suscetíveis à insônia também eleva o risco de problemas cardíacos.

De acordo com a epidemiologista Susanna Larsson, professora do Instituto Karolinska, na Suécia, e líder do levantamento, estudos anteriores já revelaram a relação entre sono e problemas do coração. No entanto, eles não determinavam se a insônia era a causa, a consequência — ou apenas uma coincidência.

Nesse estudo, foram utilizados dados de 1,3 milhão de indivíduos de quatro grandes pesquisas e grupos públicos. Os voluntários poderiam ou não ter enfermidades cardíacas ou sofrido um acidente vascular cerebral (AVC).

Os cientistas utilizaram um método que considera apenas o código genético. Dessa maneira, foi possível investigar a origem da pane no peito sem a interferência de outras variantes, como classe socioeconômica, enfermidades crônicas e estilo de vida.

Após a análise, os experts constataram que as alterações no DNA ligadas ao distúrbio do sono também estavam associadas a um risco significativamente maior de desenvolver doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca — e mesmo de sofrer um AVC isquêmico.

No entanto, o trabalho tem uma limitação. Os pesquisadores observaram só a presença do gene da insônia — e não se os portadores dessa alteração de fato possuíam dificuldades para dormir. Isso significa que não foi possível determinar quais participantes realmente passam noites em claro.

De qualquer forma, outras investigações já mostraram a importância do descanso diário. E não é só o coração que agradece!

“É importante identificar a raiz da insônia e tratá-la. Dormir é um comportamento que pode ser mudado por novos hábitos e manutenção do estresse”, recomenda Susanna.