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terça-feira, 12 de novembro de 2019

Estresse: um gatilho para hábitos que podem levar ao câncer


Uma especialista relaciona a tensão diária a obesidade, sedentarismo e outros fatores por trás de diferentes tipos de tumor

Tenho ouvido de muitas pessoas que o maior obstáculo para se cuidarem é a falta de tempo. E temos mesmo uma agenda estressante, sobrecarregada de atividades. Sem contar que nós, mulheres modernas, estamos sempre atentas às necessidades dos filhos, dos companheiros, dos pais… além de querermos estar bonitas e nos desenvolvermos como pessoas e profissionais.

Nem sempre é fácil gerenciar toda essa demanda. Sem tempo suficiente para se recompor, o corpo e a mente vão gastando seu estoque de energia. Aí passamos a ter hábitos de vida menos saudáveis, como uma dieta rica em produtos processados e carente em alimentos mais naturais. Nós pulamos o horário das refeições, ou vamos ficando compulsivos com doces, álcool, café etc.

O sono também sai prejudicado. Não dormimos horas suficientes para os processos internos do organismo se restabelecerem — ou até descansamos oito horas por noite, mas de maneira superficial, porque a cabeça está sempre ansiosa.

Atividade física então, nem pensar!

Em resumo, a vida estressante gera hábitos de vida que não favorecem a nossa saúde. Ela cria o cenário ideal para o surgimento de uma série de condições: obesidade, sedentarismo, dependência por cigarro, álcool e outras drogas…

E aqui chegamos ao câncer. Já sabemos que todas essas condições favorecem o desenvolvimento de alguns tipos de tumor, entre eles o de mama, o mais comum nas mulheres (com exceção do de pele).

A questão é que dedicar mais tempo para se cuidar não é uma decisão simples. Infelizmente, não é porque você leu sobre esse assunto que tudo estará resolvido. Cultivar o autocuidado é um exercício diário. Significa mudar prioridades e crenças profundamente enraizadas sobre sua identidade.

Daí porque eu digo que não precisamos buscar a perfeição, e sim dar um primeiro passo. Faça pequenas pausas ao longo do dia para perceber as suas necessidades, respire com calma e reserve um tempo diariamente — nem que sejam dois minutos — para pensar em si. Esse já é um excelente começo.

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/estresse-um-gatilho-para-habitos-que-podem-levar-ao-cancer/ - Por Regina Chamon, hematologista - Ilustração: Kate Mcdonnell/SAÚDE é Vital

domingo, 20 de outubro de 2019

Dá para evitar o câncer de pâncreas?


Médico explica o que está ao nosso alcance na prevenção e no tratamento de um dos tumores mais temidos

Volta e meia vemos, na imprensa e na internet, pessoas que descobriram ter câncer de pâncreas e pouco tempo depois vieram a morrer. O ator americano Patrick Swayze, o criador da Apple Steve Jobs, o tenor Luciano Pavarotti e o ator brasileiro Raul Cortez são alguns exemplos. Apesar de não ter uma incidência alta — afeta em torno de 2% da população, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) —, a doença é bastante letal. Chega a matar 95% dos acometidos em até cinco anos.

Um dos grandes desafios é que os sintomas do problema podem ser confundidos com os de outras condições mais simples, o que tende a retardar a detecção precoce. Não raro, quando se faz o diagnóstico, o tumor já se encontra avançado e se espalha para outros locais do corpo.

O câncer de pâncreas costuma ser mais frequente em homens acima dos 50 anos. De acordo com os índices de mortalidade por câncer no Brasil, o tumor de pâncreas figura em quinto lugar em mulheres e em sétimo entre os homens.

Entre os fatores de risco passíveis de intervenção, estão o fumo e o consumo excessivo de bebida alcoólica. Sabemos que o tabagismo é capaz de aumentar em três vezes a probabilidade de ter a doença. Quanto maior o número de cigarros ou o tempo de exposição ao tabaco, maior o risco. Outros fatores que podem elevar a propensão ao tumor são diabetes, pancreatite crônica e história familiar da doença.

Esperar sinais do problema para, então, cuidar da saúde não é algo recomendável nesse caso. O mais importante aqui é manter um acompanhamento médico regular e informar ao profissional a presença dos fatores de risco. Se necessário, serão solicitados exames que investigam a doença — eles podem compreender testes laboratoriais, ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética.

Entre os sintomas mais comuns para o câncer de pâncreas estão a icterícia (quando a pele e os olhos ficam com coloração amarelada), dor abdominal, anemia e perda de peso e de apetite.

Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento vai depender do grau da doença. Entre as opções estão cirurgia aberta ou minimamente invasiva (laparoscopia e robótica), radioterapia e quimioterapia.

Hoje muita atenção se tem dado à terapia neoadjuvante, método no qual se inicia a quimioterapia (associada ou não à radioterapia) com o intuito de diminuir o tumor para depois retirá-lo com cirurgia. Essa conduta vem obtendo bons resultados.

Outro recurso que parece transmissor é a cirurgia robótica, que tem crescido no país para essa finalidade. Nesse procedimento, a visão em 3D, a magnificação da imagem e as pinças cirúrgicas articuladas permitem movimentos similares aos do punho humano, possibilitando a realização de uma cirurgia mais precisa, com menor sangramento e menos dor ao paciente no pós-cirúrgico. O retorno às atividades do dia a dia também é mais rápido.

Recentemente, um estudo apresentado no ASCO, o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica,  mostrou que um medicamento seria capaz de reduzir significativamente a progressão do câncer de pâncreas avançado em pacientes que apresentam mutações no gene BRCA.

Foram avaliados 3 315 pacientes, dos quais 247 tinham essa alteração genética. Esse gene é hereditário e aumenta a possibilidade de se desenvolver cânceres como os de pâncreas, mama, ovário e próstata — o mesmo gene BRCA ficou mais conhecido do público quando a atriz Angelina Jolie fez uma dupla mastectomia preventiva por ter essa mutação para o câncer de mama.

Do grupo que recebeu o medicamento, 47% tiveram redução do risco de progressão da doença em comparação com o grupo de controle. O tumor também ficou controlado por mais que o dobro do tempo em comparação com os pacientes que receberam o placebo.

A mensagem que gostaria de deixar a você é: evite os fatores de risco de origem comportamental, busque um estilo de vida saudável e converse sempre com seu médico para que essa, ou qualquer outra doença, possa ser diagnosticada precocemente e tratada com eficácia.

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/da-para-evitar-o-cancer-de-pancreas/ - Por Dr. Raphael Araujo, cirurgião oncológico - Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Musculação pode prevenir câncer de intestino, sugere novo estudo


Embora seja menos pesquisado no combate a tumores, o treino de força também ajudaria a evitá-los (ao menos no cólon, uma parte do intestino)

Fazer exercícios aeróbicos — nadar, correr, pedalar— em intensidade moderada é uma estratégia reconhecida para diminuir o risco de câncer. Mas, conforme a ciência avança, a musculação também parece ganhar reconhecimento nessa área. A mais recente pesquisa sobre o tema mostra que levantar peso pode ajudar a evitar os tumores de cólon, uma parte do intestino.

O levantamento, feito pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, avaliou mais de 200 mil aposentados do país que foram incluídos em um estudo maior, conduzido entre 1995 a 2005. Nesse período, eles responderam periodicamente a questionários com perguntas sobre dieta, saúde e estilo de vida.

Diante dessas informações, os especialistas analisaram a frequência dos dez tumores mais comuns nessa turma. E concluíram que, entre os homens que puxam ferro, o risco de manifestar câncer de cólon era quase 10% menor. Para as mulheres, a diferença não foi relevante do ponto de vista estatístico.

Treinamento de força versus câncer
Os cientistas americanos destacam no artigo que há poucas evidências sobre os efeitos da musculação na prevenção dos tumores. Assim, não dá para cravar quais tumores ela protegeria e os motivos por trás disso.

No entanto, outras pesquisas exploraram esse elo. Exemplo: um estudo de 2017 da Universidade de Sidney (Austrália), feito com mais de 80 mil homens e mulheres, revelou que os praticantes de atividades de força simples, como flexões e abdominais, possuíam uma probabilidade 31% menor de morrer de câncer.

Para os autores, o achado sugere que exercícios de fortalecimento são tão importantes quanto os aeróbicos para evitar a doença.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/musculacao-pode-prevenir-cancer-de-intestino-sugere-novo-estudo/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: Eduardo Svezia/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O manual anticâncer de dieta e exercício físico


Referências internacionais no combate à doença lançam documento com as recomendações mais importantes para reduzir o risco de encarar um tumor

Há mais ou menos quatro décadas — praticamente “ontem” no universo da ciência —, a alimentação começou a angariar atenção como fator de influência no surgimento de um câncer. Em pouquíssimo tempo, apareceram evidências robustas de que nossos hábitos, incluindo aí a prática de exercícios físicos, são, sim, determinantes nesse sentido. Hoje, sabe-se que 30 a 50% de todos os tumores podem ser evitados com ajustes no estilo de vida. É muita coisa.
Não à toa, o Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer e o Instituto Americano para Pesquisa em Câncer, entidades de peso dedicadas ao enfrentamento da doença, criaram o Relatório de Especialistas, um compilado que reúne comportamentos eficazes contra tumores. A primeira edição do documento é de 2007, a segunda veio dez anos depois e a terceira acaba de ser publicada — as orientações estão nos tópicos abaixo.
Para o farmacêutico e bioquímico Thomas Ong, do Centro de Pesquisa em Alimentos, o FoRC, da Universidade de São Paulo (USP), muitas pessoas ainda têm a impressão de que o câncer é uma doença essencialmente hereditária. No entanto, isso só é verdade em 10% dos casos. “Em 90%, têm tudo a ver com estilo de vida, e como esses fatores chamados de ambientais interagem com o nosso genoma”, esclarece o professor.
Na visão da oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora do corpo clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), um dos grandes desafios para a adesão a uma rotina equilibrada é o reconhecimento de que o câncer pode bater à porta em algum momento. “Há uma tendência em não se pensar nisso”, avalia.
Um segundo obstáculo é que mudar hábitos não é tão simples. Longe disso. “Muitos deles vêm lá da infância”, observa a médica.
Mesmo que o indivíduo tope rever seu dia a dia, a realidade à sua volta às vezes dificulta o processo. “Hoje a legislação trabalhista não colabora para que toda mãe amamente o bebê até os 6 meses de idade”, lembra a nutricionista Luciana Grucci, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), citando uma das medidas para barrar o câncer de mama nas mulheres e seus filhos. Contar com alimentação saudável a preço justo, dados nutricionais claros nos rótulos e espaços urbanos para a prática de exercícios são outros desafios.
Ainda assim, vale a pena fazer o que estiver a seu alcance. “Para ter ideia, de 15 a 20% dos cânceres hoje são atribuídos à obesidade”, exemplifica o oncologista Gilberto de Castro Junior, do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.
No laboratório do professor Ong, está cada vez mais claro que renovar os hábitos agora pode blindar até as próximas gerações contra a doença. “Seria muito melhor se seus pais tivessem pensado em prevenção antes de você nascer”, diz. Mas nunca é tarde para começar. Vamos lá?

1. Aposte em grãos, verduras e feijões
Esses alimentos têm, em comum, o fato de exibirem um conteúdo invejável de fibras. De acordo com o documento americano, o ideal é consumir 30 gramas delas por dia.
“As fibras facilitam o funcionamento do intestino. Isso é ótimo porque, quando as fezes ficam paradas, elas começam a fermentar e liberar substâncias carcinogênicas”, esclarece a nutricionista Thaís Manfrinato Miola, do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Além disso, essas substâncias ajudam a fortalecer a barreira intestinal. Daí por que são associadas sobretudo à prevenção do câncer colorretal. Mas não é só. O combo de vegetais aí de cima fornece uma porção de antioxidantes, como betacaroteno, luteína e vitamina C. “São compostos capazes de proteger nossas células de agressões do meio externo”, diz Thaís.
Aí, falamos de uma blindagem contra vários tipos de tumor. A nutricionista Luciana, do Inca, acrescenta que uma dieta focada em vegetais deixa menos espaço para tranqueiras. Isso contribui para a manutenção do peso, outro fator que conta no aparecimento do problema.
Destaques no menu anticâncer
Grãos integrais: é o caso do arroz. Mas a ideia é trocar o branco pelo integral. Mesmo raciocínio com as massas, para aproveitar o trigo. Aveia e centeio participam do time.
Frutas: faça um rodízio, intercalando cores diferentes — cada tom denota a presença de substâncias específicas. Se der, mantenha a casca, parte cheia de fibras.
Verduras e tubérculos: não abuse de batata, inhame e afins, pouco fibrosos. Prefira cenoura, nabo, berinjela, folhas verde-escuras, couve, entre outros.
Leguminosas: o time conta com feijão, item valiosíssimo no cardápio brasileiro. Nada de desprezá-lo, tá? Ervilha, grão-de-bico e lentilha são alternativas legais.

2. Evite fast-food e ultraprocessados
Aqui entram batata frita, hambúrgueres e aqueles industrializados que passam por diversos processos, ganhando uma listona de ingredientes. Segundo Thomas Ong, o principal dilema é que tais itens são abastecidos de gorduras, carboidratos simples e sódio — conjunto que, em excesso, pavimenta o caminho para o ganho de peso, fator de risco para o câncer.
Embora não haja comprovação definitiva, Thaís acredita que aditivos como aromatizantes e conservantes, comuns nesses pacotes, tenham papel no desenvolvimento de tumores. Logo, maneire em salgadinhos, bolachas, molhos prontos, sopas em pó, congelados, macarrão instantâneo etc.

3. Coma menos carne vermelha
Suas vantagens são indiscutíveis: é rica em proteína, vitamina B12, zinco e ferro. Mas comer sempre não é bacana, já que, ao ir para o fogo, o alimento libera aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos, substâncias de potencial cancerígeno.
“O ideal é limitar o consumo a três vezes por semana”, aponta o oncologista Frederico Muller, do Hospital Fundação do Câncer, no Rio de Janeiro.
Para minimizar a formação dos elementos perigosos, são indicados preparos que não tostem demais a carne, como cozido e ensopado.
Já os embutidos reúnem naturalmente substâncias nocivas e muito sódio. O recado do documento é passar longe de salame, salsicha, mortadela e presunto.

4. Pegue leve no álcool
Os motivos são inúmeros. Segundo a nutricionista Paula do Carmo, do Hospital de Amor, em Barretos, no interior paulista, eles envolvem conversão do álcool em elementos tóxicos, aumento na produção de radicais livres (moléculas que danificam nossas células), prejuízos em mecanismos de reparo do DNA e atuação como solvente, o que facilita a entrada de substâncias carcinogênicas nas células.
Não vá achando que o vinho tem passe livre, já que esbanja antioxidantes poderosos. “Os estudos mostram que todos os tipos de bebida alcoólica têm impacto semelhante no risco da doença”, afirma Paula. O documento relata que não existe nível prudente de ingestão. “Pensando em câncer, zero álcool é mais seguro”, crava Pilar.
Se for beber, a orientação é não extrapolar uma dose.

5. É mãe? Se puder, amamente
A gestação e a amamentação impõem alterações hormonais à mulher. “E, quando as células estão expostas a esse ambiente, elas tendem a se proliferar menos”, nota a oncologista Débora Gagliato, da BP — A Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Com essa replicação controlada, o risco de câncer, especialmente de mama, cai.
Ela avisa, porém, que tal vantagem é mais nítida se a gravidez acontecer antes dos 35 anos. Para a criança, também há ganhos em termos de prevenção. “Há menor possibilidade de sobrepeso na fase adulta”, justifica Débora.
Fora isso, o aleitamento garante o desenvolvimento pleno da imunidade do pequeno.

6. Limite bebidas açucaradas
Isso inclui refrigerantes, néctares, refrescos e até sucos de frutas. “As pesquisas apontam de forma convincente que o consumo de bebidas açucaradas é causa de ganho de peso, sobrepeso e obesidade em crianças e adultos”, resume Paula. E você já sabe: ponteiro da balança em ritmo crescente é sinal de maior risco de câncer.
O oncologista Castro Junior pontua que o excesso de açúcar é temerário também porque, nessas circunstâncias, há maior liberação de insulina. “E esse hormônio é fator de crescimento para alguns tumores”, ensina.
Ao tomar suco natural — que, dentre as opções, pelo menos é nutritivo —, a dica é diluir em água, não adoçar e, claro, maneirar.
Vale ressaltar que bebidas adoçadas artificialmente não entram no combo. Isso porque não há consenso que adoçantes podem contribuir para o câncer.
Os líquidos mais indicados para o dia a dia
Água: é a melhor fonte de hidratação. Se quiser dar sabor, aromatize com frutas picadas e especiarias.
Chás: a recomendação é apostar nos naturais, provenientes de ervas. Os de lata e garrafa costumam ter açúcar demais.
Café: segundo Paula, ele provavelmente protege contra os cânceres de fígado e endométrio. Mas sem açúcar, por favor.

7. Não tome cápsulas por conta
Você lê que fibras e vitaminas são cruciais, assim como outros tantos compostos detectados naturalmente em alimentos. Aí, investir em suplementos com altas concentrações desses ingredientes parece mais fácil e eficiente para prevenir tumores, certo? Errado.
Na prática, isso pode abrir as portas para a doença. Um exemplo documentado: cápsulas de betacaroteno, antioxidante da cenoura e de outros itens alaranjados, elevam o risco de câncer de pulmão entre ex-fumantes e adeptos do hábito. É que as doses elevadas do composto oferecidas pelas cápsulas fazem com que ele adquira um perfil propício para danificar o DNA das células — o primeiro passo para o surgimento do câncer.
Agora, se o betacaroteno vier da comida, tranquilo. “A recomendação é justamente ter acesso a essas substâncias por meio da dieta”, reforça Luciana. Até porque o alimento fornece ao organismo um verdadeiro mix nutritivo.
Se você desconfia de que está com um déficit de vitaminas e minerais, busque um especialista.
Durante o tratamento
Nessa hora, utilizar suplementos por conta própria é mais delicado. De acordo com Thaís, do A.C.Camargo, os concentrados de antioxidantes podem blindar as células saudáveis e também as tumorais, já que não sabem diferenciar umas das outras. Daí o tratamento, como a quimioterapia, acaba prejudicado.
Mas há suplementos aliados, que auxiliam o paciente a suportar essa etapa, como whey protein, creatina e ômega-3. “Temos segurança e respaldo científico para usá-los”, afirma o médico Frederico Muller.
Acontece que a escolha e a forma de administração devem ser definidas pela equipe que cuida do paciente. Por mais inofensivos que cápsulas e pós pareçam, não é o momento para apostar no incerto.

8. Faça atividade física
Não importa o peso, ser ativo defende o organismo contra tumores. “O exercício influencia em múltiplos mecanismos biológicos envolvidos com a doença”, conta Daniel Galvão, diretor do Instituto de Pesquisa em Medicina do Exercício da Universidade Edith Cowan, na Austrália.
Entre eles estão redução de resistência à ação da insulina, diminuição dos níveis de hormônios circulantes, alívio da inflamação e melhora do sistema imune. Sem falar na forcinha ao emagrecimento, um extra de enorme utilidade.
No guia anticâncer, não é definida uma quantidade exata de exercício para afastar a doença. “Porém, existem recomendações genéricas de 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana. Ou de 75 minutos da versão vigorosa”, diz Galvão. Vale caminhar, pedalar ou nadar.
“Além de mais duas sessões semanais de treinamento de força”, observa o estudioso. Aqui, falamos de modalidades como musculação e pilates.
O documento também pede atenção ao tempo que passamos sentados. “Mas só ficar em pé não resolve. É essencial aliar isso a exercícios”, frisa Galvão.
O inimigo número 1 do exercício
É o sedentarismo, claro. E o documento ressalta que, hoje, as telas (ou seja, computador, tablet, televisão e celular) são as grandes promotoras desse comportamento.
Para piorar, o tempo passado em frente a esses dispositivos está ligado a um maior consumo de guloseimas e bebidas engordativas.

9. Mantenha um peso saudável
Se reparar bem, as medidas citadas até aqui são imprescindíveis para o peso não decolar. Isso é muito valorizado na guerra contra o câncer. “Recentemente, uma pesquisa associou a obesidade a 13 tipos de tumor”, lembra Débora. “Por isso o quadro é encarado hoje como um importantíssimo fator de risco”, destaca.
Razões não faltam. Segundo Pilar, pessoas obesas apresentam um estado de inflamação sistêmica, têm alterações em células de defesa e convivem com altos níveis de insulina em circulação. São condições apropriadas para incitar a proliferação celular e o aparecimento de um tumor.
No documento, os autores pedem, inclusive, que o peso seja alvo de atenção desde a infância — afinal, já está claro que crianças com sobrepeso ou obesidade têm tudo para manter esse padrão na fase adulta.
“É preciso considerar que a exposição a um fator de risco não leva ao câncer num curto intervalo. Falamos de décadas. Logo, a prevenção deve começar desde cedo”, raciocina Pilar.
10. Continue se cuidando

Para quem está lutando contra o câncer, o conselho é se manter fiel a esse estilo de vida saudável — na medida do possível. “O exercício traz benefícios, como redução de fadiga”, aponta Thaís. “E a dieta equilibrada ajuda a manter o estado nutricional do paciente”, declara.
Para orientações adequadas, nutricionista e educador físico devem trabalhar em aliança com o oncologista. E eles podem ajustar o cardápio e os treinos conforme os sintomas. Após o tratamento, nada de se descuidar à mesa nem ficar paradão. Até porque há risco de volta do tumor.
No seu ritmo
Há dias em que o paciente não se sentirá tão disposto para mexer o corpo. Mas acredite: é melhor render bem menos do que ficar largado no sofá. “Mesmo indivíduos acamados podem se exercitar”, defende Pilar.
“O melhor remédio contra a falta de energia é a atividade física”, enfatiza Débora. Basta respeitar os limites do corpo.