Tire as principais dúvidas sobre o colesterol, saiba
como ele influencia sua saúde e veja como manter bons índices
Quatro em cada dez brasileiros têm as taxas de
colesterol acima do indicado, segundo dados do Ministério da Saúde. Falta
acesso à informação? Há negligência nos cuidados necessários após o
diagnóstico? Seja qual for a razão, é fundamental a compreensão de que o
colesterol elevado no sangue é um dos fatores de risco que mais interferem na
incidência de doenças e eventos que atingem o sistema cardiovascular, como o
infarto do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC).
O que você sabe sobre colesterol? Mesmo sendo um
assunto muito falado, o tema ainda é rodeado de dúvidas e informações
equivocadas. Por isso, vamos começar esclarecendo: trata-se de um tipo de
gordura presente no organismo, não encontrada apenas no sangue, mas em qualquer
tecido do corpo. É produzida naturalmente por nós e adquirida também dos
alimentos. O colesterol é um composto lipossolúvel, ou seja, não se dissolve em
água.
1. O colesterol é um vilão para a saúde.
Mito. O colesterol é fundamental para as funções e o
bom funcionamento do organismo. O perigo está no excesso da substância, em
especial em um de seus tipos. O corpo precisa de colesterol para realizar
trabalhos importantes, como a construção e manutenção das membranas que
envolvem nossas células.
Também é essencial na produção de hormônios: é
utilizado como precursor (substância-base para a síntese de outra). O
colesterol está ainda envolvido no metabolismo das vitaminas lipossolúveis,
como as A, D, E e K, além de participar da fabricação dos ácidos biliares que
atuam na digestão.
2. Os alimentos são a principal fonte de colesterol.
Mito. Apesar dos hábitos alimentares terem influência
direta nos níveis de colesterol, apenas 30% é proveniente dos alimentos. Os
outros 70% são produzidos pelo próprio corpo, mais especificamente pelo fígado.
Aqui, vale destacar que a capacidade do organismo em
absorver colesterol é limitada a 300 miligramas por dia (em adultos). Depois de
passar pela circulação sanguínea e cumprir suas funções, quando em condições
normais, tem seu excesso eliminado. Sendo assim, os níveis de colesterol no
sangue dependem, principalmente, da capacidade do fígado em removê-lo, o que
varia de pessoa para pessoa.
3. Não há só um tipo de colesterol no nosso organismo.
Verdade. Primeiro, vale uma breve explicação sobre
como ele circula no corpo. Para que o colesterol seja transportado pelo sangue
até os tecidos, é fundamental que esteja dissolvido. Como é insolúvel em água,
segue na forma de lipoproteína, isto é, associa-se a um fosfolipídio e a uma
proteína. Por esse motivo, durante a produção do colesterol no fígado, ele
adere a variadas combinações de fosfolipídios e proteínas, o que faz surgir
diferentes tipos de colesterol.
Dois tipos de lipoproteínas transportam o colesterol
por todo o corpo: -O LDL (ou lipoproteína de baixa densidade), chamado de
colesterol "ruim": proteína que se une ao colesterol para levá-lo às
células. Compõe a maior parte do colesterol do corpo. Quanto maior a taxa de
LDL, maior o risco de aparecimento e agravamento de doenças
cardiovasculares.;2. O HDL (ou lipoproteína de alta densidade), o colesterol
"bom": é dele a responsabilidade de remover o excesso de colesterol
dos tecidos e artérias e quem leva a substância de volta ao fígado - para
depois ser eliminado, impedindo assim seu acúmulo. Em outras palavras, o HDL
ajuda a limpar o excedente de gordura dos vasos sanguíneos. Quando essa
proteína está em níveis baixos, as chances de problemas cardiovasculares são
maiores.
4. O colesterol tem relação direta com a saúde
cardiovascular.
Verdade. Quando o colesterol ruim gera acumulação de
placa de gordura nas artérias é que é considerado um fator de risco importante
para ataques cardíacos, doenças que atingem o coração e acidentes vasculares
cerebrais. Portanto, é o excesso de LDL que está associado aos problemas no
sistema cardiovascular.
Caso seus níveis estejam altos, a gordura pode se
acumular e ficar depositada na parede das artérias (aterosclerose), o que,
gradualmente, evolui e forma uma placa que chamamos de ateroma. Esses ateromas
obstruem os vasos dificultando ou bloqueando a passagem do sangue. Com o tempo,
isso pode resultar em falta de ar e dor no peito (angina), na doença arterial
coronária (DAC), em um infarto ou AVC. Leva anos para uma placa de ateroma se
desenvolver, no entanto, quanto mais avançada a idade, maior o risco.
5. Pessoas magras também podem ter taxas de colesterol
elevadas.
Verdade. Pessoas com qualquer tipo corporal podem ter
o colesterol alto. Estar acima do peso ou ser obeso aumentam as chances, mas
ser magro não exclui o risco de apresentar descontrole nos níveis de gordura no
sangue.
Primeiro, porque alguns indivíduos exageram exageram
em alimentos gordurosos, industrializados e ultraprocessados apesar de estarem
no peso considerado ideal. Depois, por um componente genético que interfere na
capacidade de remoção de colesterol pelo fígado. Histórico familiar de algumas
doenças, como diabetes, hipotireoidismo e síndrome de Cushing, também aumentam
a probabilidade de níveis elevados de colesterol no organismo, independente de
ter o corpo magro ou gordo.
6. Problema com os níveis de colesterol podem ser
hereditários.
Verdade. Colesterol alto também tem o fator genético
como causa. Um parente de primeiro grau com a condição torna maiores as chances
de ter o colesterol elevado, independente de outros fatores. E isso tem nome:
hipercolesterolemia familiar (HF), problema que impede a remoção dos excessos
de colesterol do corpo. Como consequência, o risco de desenvolver complicações
cardiovasculares não só aumenta como elas aparecem ainda mais cedo. Seus
portadores têm níveis até quatro vezes maiores de LDL do que o apresentado por
pessoas sem a disfunção genética.
Grande parte dos portadores de HF não sabe que tem a
condição, o que acaba retardando o início dos cuidados e tratamento. A
disfunção que origina a HF é de transmissão autossômica dominante, o que
significa que a metade dos descendentes em primeiro grau de um indivíduo
afetado vão ser portadores do problema e irão apresentar níveis elevados de LDL
desde o nascimento.
7. Apenas adultos têm colesterol.
Mito. Crianças têm níveis elevados de colesterol,
assim como os adultos. Como vimos o problema pode ser genético. Assim, aqueles
que herdam níveis altos de colesterol de um ou ambos os pais, correm mais risco
de ataque cardíaco prematuro ou derrame.
Portanto, é importante que todos por volta dos 10 anos
façam a dosagem do colesterol e suas frações, mesmo sem nenhum indício ou
histórico familiar, repetindo os testes entre 17 e 21 anos. Nos indivíduos que
têm pais ou parentes próximos com colesterol elevado e que tiveram doenças
cardiovasculares jovens, a recomendação é que a dosagem seja feita a partir do
segundo ano de vida.
Vale destacar ainda que as crianças hoje tendem ao
ganho de peso e à obesidade, questão no qual o colesterol está presente. Dados
do Ministério da Saúde apontam que 20% dos adolescentes, de 12 a 17 anos, têm
índices altos de colesterol ruim.
8. Ovo é o maior inimigo do colesterol.
Mito. Tido como o grande vilão do colesterol no
passado, o ovo não deve ser deixado de fora do cardápio, uma vez que é uma das
fontes de proteína mais completas e contém diversas vitaminas e nutrientes. As
recomendações atuais, porém, indicam a ingestão de um ovo ao dia - se outros
alimentos ricos em colesterol forem limitados na dieta.
Quando o assunto é alimentação, em resumo, a ideia é
ter atenção ao consumo de gorduras saturadas e trans presentes em alimentos de
origem animal, como carnes vermelhas e derivados do leite, além de frituras,
produtos industrializados e ultraprocessados. Ao invés disso, procure incluir
nas refeições, por exemplo, muita fibra, castanhas, nozes, amêndoas, azeite de
oliva, abacate, carnes brancas, queijos magros, frutas e vegetais.
9. Quando meu colesterol está alto, os sintomas são
evidentes.
Mito. O colesterol alto, no geral, não apresenta
sinais ou sintomas, o que pode revelar um inimigo silencioso. O fato é que a
situação piora lentamente. Quando o corpo dá algum sinal, provavelmente, já é
reflexo de um evento grave: está prestes ou efetivamente no meio de um infarto
do miocárdio ou acidente vascular cerebral.
Um dado interessante para entender a gravidade da
questão é que somente uma em cada três pessoas com colesterol LDL alto tem a
condição sob controle. É por isso que é tão importante verificar os níveis de
colesterol rotineiramente? a partir dos 20 anos deve ser feito pelo menos a
cada 5 anos ou de acordo com a orientação do seu médico. Isso nos dá a chance
de intervir mais cedo se os números começarem a subir.
10. O colesterol não tem cura.
Verdade. Muitos acreditam que ao fazerem mudanças nos
hábitos e, especialmente, ao tomarem o medicamento indicado, os níveis de
colesterol baixam e o problema desaparece. Estão enganados! O colesterol não
tem cura e precisa de atenção e cuidados por toda a vida.
O que é preciso ficar claro é que não se busca a cura
e sim um controle. O tratamento envolve a prática de exercícios físicos,
ajustes e cuidados com a alimentação, controle do peso e de outros fatores de
risco para o coração (como diabetes e pressão arterial), além da adoção de um
estilo de vida saudável, a exemplo de não fumar e abusar do consumo de álcool.
Quando necessário, também pode ser indicado o uso de
medicamentos. Porém, não adianta tratar por um período e depois abandonar. Se
parar, o colesterol sobe de novo. E quanto mais alto o colesterol, mais indispensável
é o tratamento.
Entenda a sua taxa de colesterol
Por meio de um exame de sangue é possível verificar
níveis totais de colesterol, bem como do HDL e do LDL. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), a recomendação é manter os níveis de
colesterol total, HDL e LDL da seguinte forma:
- Colesterol total (medida sem distinção entre HDL e
LDL): em adultos, abaixo de 200 mg de colesterol por decilitro de sangue (200
mg/dl) e, em crianças, abaixo de 170 mg/dl;
- HDL: acima de 35 mg por decilitro (35 mg/dl);
- LDL: abaixo de 130 mg por decilitro (130 mg/dl).
Entretanto, os limites são mais restritos para quem já
apresenta fatores de risco para doenças cardiovasculares. Em pessoas com risco
intermediário, o objetivo é ter menos de 100 miligramas por decilitro (mg/dl)
de sangue de LDL. Para quem têm um risco alto, os valores ideais do LDL são de
70 mg/dl; e para aqueles com um risco muito alto, é de 50 mg/dl. Por fim, é
importante reforçar um aspecto quanto a taxa de colesterol total: se ela
estiver abaixo do esperado, em torno de 30mg/dl a 40mg/dl, as chances de lesão
nas membranas celulares aumentam, uma vez que elas necessitam do colesterol.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/38452-10-mitos-e-verdades-sobre-o-colesterol?utm_source=news_mv&utm_medium=MS&utm_campaign=9586858
- Escrito por Paulo Chaccur - Cardiologia - CRM 22868/SP
Dá vigor ao cansado e multiplica as forças ao que não
tem nenhum vigor.
Isaías 40:29