O uso indevido da máscara pode aumentar os riscos de contaminação do novo coronavírus
Com o avanço no número de casos do novo coronavírus
em todo o mundo, o governo brasileiro tornou obrigatório o uso de máscaras em
ambientes públicos, estabelecimentos em geral e meios de transporte.
A principal forma de transmissão do vírus ocorre
pelo contato direto com gotículas respiratórias expelidas pela boca e nariz,
que são emitidas através de espirros, tosse e fala. Dessa forma, o uso de
aparelhos de proteção facial ajuda a diminuir as chances de contaminação em até
50%, segundo estudos.
Tipos de máscara
Nem todo tipo de máscara possui o mesmo objetivo e
eficácia. Entre as opções disponíveis no mercado, o uso de máscaras caseiras se
tornou a alternativa mais utilizada pela população, de modo que os modelos
profissionais foram direcionados especificamente para trabalhadores da área da
saúde.
Segundo Hyun Seung Yoon, gerente médico do
ClubSaúde, em alguns países da Europa afetados pela segunda onda da COVID-19,
somente as máscaras profissionais, como as cirúrgicas ou PFF-2/N95, são
permitidas.
Porém, devido à dificuldade de acesso e seus preços
elevados, a OMS autoriza o uso de máscaras caseiras em países de baixa renda,
recomendando que elas possuam pelo menos três camadas de pano e sejam
confeccionadas com materiais como polipropileno e algodão.
"A preocupação com as novas variantes do
coronavírus é decorrente de sua maior transmissibilidade, pois necessitam menor
carga viral para causar o contágio. Independentemente do tipo de máscara, é
fundamental ajustá-la bem ao rosto para não permitir vãos por onde as
partículas possam ser expelidas ou inaladas. Do ponto de vista de bloquear a
transmissão do vírus por partículas de saliva, quanto maior a barreira, melhor
a proteção", diz o médico.
Para entender melhor como cada tipo de máscara deve
ser utilizada e quais modelos não são recomendados durante a pandemia, Jane
Teixeira, gerente médica da Sharecare, explicou o nível de proteção de cada
produto. Confira:
Máscara de tecido: a máscara de tecido e a cirúrgica
não possuem o objetivo de proteger o próprio usuário, mas sim outras pessoas ao
seu redor. É útil como forma de proteção se usada de maneira generalizada pelos
indivíduos no mesmo ambiente e ajustada bem ao rosto. O tecido mais indicado é
o de algodão, que tem boa resistência ao uso e à lavagem, causando menos
alergias. Não se deve usar máscaras de renda, tricot, crochê etc.
Máscara cirúrgica: assim como a máscara de tecido,
ela confere proteção se utilizada corretamente e de forma generalizada pelos
indivíduos, pois impede a disseminação de gotículas e aerossóis produzidos pelo
usuário. No entanto, ao contrário das máscaras de tecido, não são
reutilizáveis. Logo, devem ser descartadas após o uso.
Máscara com válvula: as máscaras com válvulas deixam
escapar vírus disseminados pelo usuário se este estiver contaminado, e não são
indicadas no contexto atual de pandemia.
Máscara de acrílico: as máscaras de acrílico não
oferecem a vedação adequada e não são indicadas no atual contexto.
Máscaras profissionais PFF2 e N95: como equipamento
de proteção individual, as máscaras N95 e PPF2 são as mais eficazes, pois
protegem o usuário de aspirar aerossóis que podem transmitir o vírus. São as
máscaras obrigatoriamente indicadas para os profissionais sob risco
ocupacional, como os trabalhadores da linha de frente.
Esses modelos são reutilizáveis se forem bem
conservados, ou seja, com aparência limpa, sem amassos e íntegros. Se há perda
da integridade, devem ser descartados no lixo. Não devem ser lavados e
higienizados com qualquer tipo de produto químico.
Face shield: o face shield é uma espécie de escudo
para o rosto, com um dispositivo circular para fixação ao redor da cabeça e uma
parte protetora transparente, em geral de acetato, que fica à frente da face e
que evita o contato de objetos, detritos, materiais e respingos no rosto.
Ele não é mais eficiente que a máscara facial, mas
pode ser considerado um complemento, pois oferece um tipo diferente de
proteção. Além de não oferecer vedação adequada à região das vias aéreas, o
face shield não filtra o ar, logo, é preciso sempre usá-lo com máscara.
Partículas mais leves que penetrem na região entre a face e o equipamento podem
ser inaladas se não houver o uso concomitante da máscara. Ele serve como uma
proteção adicional.
"O face shield é especificamente indicado para
trabalhadores da área de saúde pelo risco de respingos durante procedimentos em
pacientes e como alternativa para outros tipos de profissão que não possam
manter uma distância mínima entre as pessoas", finaliza a médica.
Tipo de máscara É
eficaz?
Tecido Sim, se
usada corretamente
Cirúrgica Sim,
se usada corretamente
Com válvula Não
Acrílico Não
PFF2 e N95 Sim
Face shield Não,
apenas como uma proteção adicional
Tecido antiviral funciona?
"Os fabricantes destes tecidos com propriedades
antibacterianas ou antivirais alegam que a tecnologia empregada em sua
confecção - lenços umedecidos com múltiplas camadas, contendo surfactantes
comumente encontrados em detergentes, como ácido cítrico ou lauril sulfato de
sódio, ou tecidos impregnados com partículas de prata, reconhecidos por suas
qualidades antissépticas - são capazes de eliminar mais de 90% das partículas
bacterianas ou virais em contato com estes agentes", explica Hyun Seung
Yoon.
Entretanto, o médico conta que, apesar de realmente
possuírem ação antiviral ou antibacteriana, não há garantias de que a trama dos
tecidos não deixe passar partículas virais por suas frestas ao inspirar, tossir
ou espirrar.
"Também não há como descartar que somente as
camadas mais profundas de uma gota de secreção em contato com o agente do
tecido sejam desinfetadas, enquanto a superfície permanece contaminante",
diz.
Ainda segundo o especialista, estes tecidos podem
sim aumentar a eficácia da proteção de máscaras, roupas e lenços, mas não
garantem imunidade contra o vírus. Por isso, é de extrema importância que se
mantenham as demais medidas de proteção: distanciamento social, higienização
das mãos e do ambiente, além do uso de máscaras adequadas.
Qual a forma certa de usar máscaras?
Para que as máscaras não tenham o efeito oposto ao
desejado e acabem aumentando os riscos de contaminação, é preciso seguir
algumas instruções para o uso correto do equipamento. O Hospital Albert
Einstein, referência no atendimento aos pacientes com COVID-19 em São Paulo,
compartilhou algumas dicas de uso:
Antes de colocar a máscara, higienize adequadamente
as mãos
Coloque a máscara sobre o nariz e a boca, tomando
cuidado para não deixar espaços entre a pele e a máscara
Mesmo com a máscara, cubra o rosto ao tossir ou
espirrar
Mantenha as mãos higienizados e evite tocar na
máscara
Troque a máscara quando ela estiver úmida
Nunca reutilize uma máscara descartável
Sempre remova a máscara pelas cordinhas e nunca
toque na parte da frente
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/37455-tipos-de-mascara-descubra-quais-protegem-de-verdade
- Escrito por Paula Santos
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