Hábitos saudáveis são essenciais para diminuir a
probabilidade de tumores malignos aparecerem. Saiba o que fazer para afastar os
principais tipos de câncer
Em 2017, a estimativa é que 58 mil mulheres serão
diagnosticadas com câncer de mama no Brasil. Felizmente, a grande maioria delas
será curada – boa parte, graças à conscientização promovida pelo Outubro Rosa.
Conheça as atitudes que podem fazer toda a diferença na luta contra esse e
outros tipos da doença.
Câncer de mama
2017: estimativa de 57 960 novos casos em mulheres.
Em 2014: 14 622 brasileiras perderam a vida.
Principais vilões:
Ser mulher não é fácil: filhos, depilação, trabalho…
E estrogênio! Além de influenciar nosso humor, ele está fortemente ligado ao
câncer de mama, principalmente no caso de quem tem a primeira menstruação muito
cedo ou entra no período pós-menopausa tardiamente. “A reposição hormonal não
deve durar mais que cinco anos”, diz Arn Migowski, médico sanitarista e
epidemiologista do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Alguns estudos também
apontam uma relação com bebida alcoólica, sedentarismo e obesidade.
Suas estratégias:
– A dica agora é ir ao médico caso perceba algum
nódulo duro nos seios, ainda mais se ele for fixo ou persistir por mais que um
ciclo menstrual. Outro sinal de alerta: mamilo retraído ou secreção clara
saindo dele. Já a partir dos 50 anos, a mamografia tem que ser realizada a cada
dois anos (alguns especialistas indicam a partir dos 40).
– Há alguns anos, Angelina Jolie causou polêmica ao
divulgar que havia retirado os seios para se prevenir do câncer de mama. Ela
estava correta. A mastectomia pode ser indicada para quem tem histórico
familiar da doença (a mãe da atriz faleceu em 2007). “De 5 a 10% dos casos
possuem origem hereditária. Essas mulheres devem seguir um acompanhamento
especial: exames intercalados de mamografia e ressonância a cada seis meses”,
destaca Maria Del Pilar, do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maiores as chances de cura (que
podem chegar a 90% quando o câncer é descoberto logo no início).
Câncer de pulmão
2017: estimativa de 10 890 novos casos em mulheres.
Em 2014: 10 299 brasileiras perderam a vida.
Principais vilões:
Já é de se imaginar que o cigarro é responsável por
quase todos os casos – são mais de 500 substâncias cancerígenas jogadas dentro
do nosso corpo a cada tragada. E não existe uma quantidade segura para o vício.
Suas estratégias:
– Pare de fumar agora! “Os benefícios começam logo
nos primeiros minutos, quando a pressão arterial se normaliza. E, após dez
anos, o risco de câncer de pulmão passa a ser igual ao de uma pessoa que nunca
colocou um cigarro na boca”, diz Gilberto Castro, médico-chefe do grupo de
pulmão do Icesp.
– Mesmo que apenas seu marido mantenha esse péssimo
hábito em casa, todas as pessoas ao redor correm o risco de desenvolver a
doença (5% dos pacientes não fumam!). “Leva até oito horas para a poluição do
cigarro sair de um ambiente fechado”, diz Teresa Yae Takagaki, coordenadora da
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
– E agora? Já está decidida a parar de fumar? É para
ter medo mesmo: entre todos os tipos de câncer, o de pulmão apresenta maior
taxa de mortalidade. “Quando os sintomas aparecem, o estágio costuma já estar
bem avançado”, alerta Teresa. A tomografia de rastreamento só deve ser feita a
partir dos 55 anos para casos específicos (pessoas que tenham fumado dois maços
por dia durante 20 anos). Esperamos que você não chegue a essa quantidade.
Câncer colorretal
2017: estimativa de 17 620 novos casos em mulheres.
Em 2014: 8 457 brasileiras perderam a vida.
Principais vilões:
Pode se despedir do cachorro-quente: a cada 50
gramas de carne processada consumidos por dia, você eleva em 18% o risco de
desenvolver câncer de intestino, segundo a Iarc. “Eles são preparados com
substâncias de alto potencial cancerígeno, além de sódio e gordura”, alerta a
nutricionista Maria Eduarda. Tire do carrinho o macarrão instantâneo, os sucos
artificiais e as refeições prontas. Já a carne vermelha deve ser limitada a
dois filés por semana. “Algumas de suas proteínas se degradam durante o
processo de digestão, gerando substâncias que favorecem danos celulares”,
explica Samuel Aguiar Junior, diretor do Núcleo de Tumores Colorretais do
A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Suas estratégias:
– As dicas de nutrição da BF não são importantes só
para afinar a cintura. “Esse tipo de câncer vem crescendo entre os brasileiros
por causa da dieta repleta de gordura animal e frituras que, de maneira geral,
está mais pobre em nutrientes”, diz Fábio Guilherme Campos, presidente da
Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
– Apesar de a colonoscopia só ser indicada após os
50 anos, vale ficar de olho no funcionamento do seu intestino e observar se há
mudança de ritmo ou sangue nas fezes. No caso da doença de Chron, da síndrome
de Lynch e da polipose intestinal, o acompanhamento começa a partir dos 20
anos. E, diferentemente do que muitos pensam, não existe um exame de sangue que
faça o diagnóstico, viu?
Câncer de colo de útero
2017: estimativa de 16 340 novos casos em mulheres.
Em 2014: 5 448 brasileiras perderam a vida.
Principais vilões:
Não, você não precisa parar de transar para evitar o
HPV (principal precursor desse tipo de câncer). Mas vamos pedir que se proteja.
“Como essas lesões – que podem se formar nas regiões íntimas da mulher (e do
homem) – têm uma evolução bem lenta, conseguimos tratá-las antes que se tornem
um câncer”, diz Rafael Schmerling, oncologista do Hospital São José, em São
Paulo.
Suas estratégias:
– É muito simples: basta fazer o papanicolau a cada
três anos (se os dois últimos exames deram negativo). Já em consultas
particulares, os médicos solicitam anualmente.
– Sabe as preliminares? O vírus pode estar presente
na lubrificação. “A camisinha protege, mas sexo é muito mais do que a
penetração. Por isso, o papanicolau se torna indispensável”, alerta o
oncologista Cláudio Ferrari.
– Em qual gaveta está sua carteira de vacinação?
Trate de separá-la para a próxima ida ao ginecologista. Mesmo que o Sistema
Único de Saúde (SUS) só forneça a dose contra o HPV a meninas de 9 a 13 anos, é
possível recorrer à rede particular. “Estudos mostram que não há risco de
doenças induzidas pela vacina e que, no resto do mundo, os casos de lesões
malignas foram reduzidas a quase zero”, diz Maria Del Pilar. Ah! Só para
avisar: a injeção dói um pouquinho.