Preparamos dicas e orientações muito importantes
sobre os cuidados essenciais que as mulheres precisam ter com a sua saúde ao
longo da vida, para evitar e prevenir doenças e outros problemas que podem
afetar sua qualidade de vida.
A saúde da mulher, dentre outras coisas, significa
manter hábitos de vida saudáveis, cuidar dos fatores emocionais, fugir dos
fatores de risco, ter uma vida sexual segura e satisfatória, planejar se vai querer,
ou não, ter filhos, fazer os exames médicos e de rastreamento de câncer, assim
como ter um bom acompanhamento médico para orientar na menopausa e ficar
preparada para um envelhecimento com saúde!
Convidamos a ginecologista e obstetra Sandra Serapião
Schindler, vice-presidente da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia
(Sogiba), e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da
Bahia (UFBA), para dar algumas dicas e orientações sobre os cuidados essenciais
que as mulheres precisam ter com sua saúde ao longo da vida.
E a primeira dica da médica é que não existe idade
para fazermos escolhas saudáveis, e nunca é tarde também para mudar e começar.
Mas quando se trata de saúde, é preciso ter muito cuidado ao procurar as
escolhas certas e não se deixar enganar pelas muitas ofertas de informações que
hoje estão ao acesso de todos. "Neste mundo globalizado somos bombardeados
todos os dias com uma enorme quantidade de informações, o que torna fundamental
a presença do profissional da saúde para orientar nossas escolhas”.
Outra dica importante que Dra. Sandra faz questão de
ressaltar é que a saúde deve ser definida de forma ampla e não apenas como a
ausência de doença. Sendo assim, todos devemos começar a cuidar da saúde desde
o nascimento.
"Na infância, a criança depende da parceria
entre os pais e a escola para promover a sua saúde e o seu desenvolvimento
integral, e com a chegada da adolescência começamos a ter consciência do
próprio corpo e nos tornamos, pouco a pouco, os responsáveis pelas nossas
escolhas".
Exames essenciais para a mulher ao longo da vida
Todos já nascemos realizando exames, como o teste do
pezinho e o tipo sanguíneo na maternidade.
Mas com o passar dos anos as mulheres devem realizar outros exames, que
serão solicitados com periodicidade variável, levando em conta o histórico
familiar, os hábitos de vida e a avaliação do profissional de saúde.
Os exames são: hemograma, colesterol, glicemia, ultrassom,
raio-X, e o eletrocardiograma.
Além desses exames, todas as mulheres após os 65
anos de idade, e mulheres mais jovens com fatores de riscos associados, devem
fazer o exame de densitometria óssea utilizado para a identificação da
osteoporose. “Esse exame é fundamental para a prevenção de fraturas e
preservação da qualidade de vida da mulher”, esclarece Dra. Sandra.
Para prevenção do câncer
Alguns exames são importantes na prevenção ou
detecção precoce do câncer, e podem ser realizados de uma forma geral, conforme
a orientação do Ministério da Saúde:
• O exame papanicolau, para rastreio do câncer de
colo de útero, deve ser iniciado aos 25 anos de idade para as mulheres que já
tiveram atividade sexual, e devem seguir até os 64 anos, e serem interrompidos
quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos
consecutivos nos últimos cinco anos.
• A mamografia de rastreamento, exame de rotina em
mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama, é recomendada na faixa etária
de 50 a 69 anos, a cada dois anos.
• A pesquisa de sangue oculto nas fezes, para
mulheres com mais de 50 anos de idade, e a colonoscopia devem ser solicitados
para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer colorretal.
“Embora existam inúmeros exames disponíveis, é
responsabilidade do profissional de saúde decidir, após avaliação do
risco/benefício, qual o melhor exame, e quando solicitar”, orienta a médica.
Cuidados ao iniciar a vida sexual
Dra. Sandra alerta para dois pontos fundamentais ao
iniciar a vida sexual: o uso regular de preservativo feminino ou masculino, que
é fundamental na prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), e a
escolha de métodos contraceptivos, possibilitando à mulher planejar quando,
como, e se vai querer ter filhos.
Os exames de rotina são os mesmos já citados acima,
mas caso ocorra sexo sem preservativo, a orientação é procurar atendimento
médico o mais breve possível para obter orientações e fazer exames
laboratoriais específicos.
Dra. Sandra também destaca que é importante alertar
para a importância da vacinação contra o HPV, vírus adquirido através do
contato sexual e associado ao câncer do colo do útero. O Sistema Único de Saúde
(SUS) disponibiliza a vacina gratuitamente para meninas de 9 a 14 anos de
idade.
Principais problemas ginecológicos, e como se
prevenir
Corrimentos vaginais: responsáveis por até 1/3 das
consultas ginecológicas, podendo ser causado por infecção de bactérias,
protozoários e fungos, ou por alteração da própria flora da mulher.
Síndrome dos ovários policístico (SOP): em geral
começa na adolescência e causa alterações de pele, como acne e aumento da
pilificação, irregularidade menstrual, infertilidade e microcistos nos ovários
ao exame de ultrassom. A SOP também
possui relação com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e
obesidade.
Mioma: é um tumor benigno localizado no útero e que
acomete, geralmente, mulheres de 30 a 50 anos de idade. De origem genética, o
mioma pode ser assintomático em ate 75% das mulheres, ou pode apresentar
crescimento excessivo e causar hemorragias, cólicas intensas, aumento do útero
e infertilidade.
Endometriose: é uma doença caracterizada pela
presença do tecido do endométrio (camada que reveste o interior do útero), fora
de seu local habitual. Causa cólicas menstruais fortes, diarréia, dor pélvica
crônica, dor nas relações sexuais e até infertilidade.
Doença inflamatória pélvica: acomete principalmente
mulheres dos 20 aos 30 anos. Os fatores de risco são: múltiplos parceiros, usuárias de DIU
(dispositivo intrauterino) e histórico
de episódios anteriores. Os principais sintomas são febre, dor no baixo ventre
e corrimento com odor fétido.
De acordo com a médica, também é aconselhável que a
mulher mantenha uma alimentação saudável, evite o fumo, o álcool, o uso de
alimentos processados, assim como procurar combater o estresse, o sedentarismo
e a obesidade pois são fatores de risco que prejudicam a saúde. “Muitas das
patologias ginecológicas possuem etiologia desconhecida e, portanto, não são
passíveis de prevenção. Por isso, a adoção
de um modo de vida saudável é fundamental “.
Mais qualidade de vida
Independente da idade, a mulher precisa ter cuidados
para garantir, também, sua qualidade de vida e isso inclui estar vigilante para
identificar hábitos nocivos, sintomas físicos e psíquicos, e aderir a hábitos
saudáveis.
Em seu blog da saúde, o Ministério de Saúde elaborou
alguns aspectos considerados primordiais para a saúde da mulher nesse sentido:
Saúde mental em mulheres jovens – procurar
acolhimento no setor de saúde para identificar prejuízos físicos e psíquicos
causados por fatores extremamente estressantes como dupla jornada de trabalho,
violência doméstica, violência sexual e psicológica, além de negligência e
abandono.
Saúde mental na terceira idade – que envolve
questões como isolamento social e transtornos emocionais causados poela
aposentadora, viuvez e alterações fisiológicas.
Sexualidade – que engloba um conjunto de aspectos
psíquicos, biológicos, sociais, históricos e culturais que envolvem o prazer, o
desejo, a ternura e o amor. Portanto, conhecer o próprio corpo é fundamental, e
a mulher ao longo da vida passa por vivências e experiências da sua sexualidade
que mudam com o passar dos anos: adolescência, juventude, maturidade,
menopausa, terceira idade, e todos os tabus que dificultam a busca por
informação e a superação de obstáculos.
Realizar exames de rastreamento – o SUS oferece
exames para rastreio do câncer de colo de útero e câncer de mama.
Proteger- se contra IST/HIV - as IST são causadas
por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas,
principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de
camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A
transmissão de uma IST pode acontecer também da mãe para a criança durante a
gestação, o parto ou a amamentação. O uso de preservativos feminino ou
masculino é a forma de vivenciar a sexualidade de forma segura. Vale lembrar
que o uso do preservativo não serve somente para evitar gravidez, mas é
fundamental utilizá-lo para prevenção das IST, HIV/Aids.
Fazer escolhas conscientes sobre métodos
contraceptivos – o SUS disponibiliza diversos métodos contraceptivos para que
adolescentes e mulheres possam escolher a maneira mais confortável para
planejar a gravidez, caso queira ter filhos. A mulher pode escolher entre os
métodos: injetável mensal, injetável trimestral, minipílula, pílula combinada,
diafragma, DIU, além dos preservativos feminino e masculino.
Buscar ajuda em caso de violência – a violência
contra as mulheres é uma das principais formas de violação dos direitos
humanos, pois atinge as mulheres no seu direito à vida, à saúde e à integridade
física. As mulheres agredidas vivenciam situações de medo, pânico, baixa
autoestima, ansiedade, angústia, humilhação, vergonha e culpa, perda da
autonomia e, muitas vezes, fragilidade emocional. Situações que abrem margem para quadros clínicos como
depressão, síndrome do pânico, ansiedade, distúrbios psicossomáticos, dentre
outros. Se está passando por alguma situação que lhe incomoda converse com
pessoas de sua confiança e vá até um serviço de saúde mais próximo para pedir
ajuda e tirar dúvidas.
Utilize práticas saudáveis para os sintomas comuns
durante os ciclos menstruais, e no climatério/menopausa - medicar o corpo das
mulheres, em nome da ciência e de um suposto bem-estar, sempre foi uma prática
da medicina, que só será modificada quando as mulheres tiverem consciência de
seus direitos, das possibilidades preventivas e terapêuticas e das implicações
das distintas práticas médicas sobre o seu corpo. A medicalização do corpo das
mulheres com uso de hormônios durante o climatério/menopausa, por exemplo,
encontra um campo fértil no imaginário feminino pelas falsas expectativas como
a eterna juventude e beleza. Converse abertamente com seu médico sobre isso e
esclareça todas as duvidas.
Planeje e vivencie uma gestação saudável - o planejamento reprodutivo é um importante
recurso para a saúde das mulheres. Ele contribui para uma prática sexual mais
saudável, possibilita o espaçamento dos nascimentos e a recuperação do
organismo da mulher após o parto, melhorando as condições que ela tem para
cuidar dos filhos e para realizar outras atividades. O acompanhamento pré-natal
assegura o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido
saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos
psicossociais e as atividades educativas e preventivas. A opção por não ter
filhos também deve ser assegurada, e a abordagem nessa situação deve ser livre
de preconceitos e crenças por parte dos profissionais de saúde.
Fonte: https://revistaabm.com.br/blog/saude-da-mulher-dicas-e-orientacoes-para-uma-vida-saudavel