Tabagismo, obesidade e diabetes são alguns dos
principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
As doenças cardiovasculares representam a principal
causa de mortes no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, são
mais de 11 mil mortes por dia, cerca de 46 por hora, 1 morte a cada 90
segundos. O consumo em excesso de álcool, obesidade, diabetes, hipertensão
arterial e tabagismo são alguns dos principais fatores de risco para o
desenvolvimento de cardiopatias.
Segundo Manfredo Kenji Naritomi, cardiologista do
Hospital Nipo-Brasileiro, na maioria dos casos, a doença evolui no decorrer dos
anos sem apresentar sintomas. Portanto, é de grande importância uma avaliação
para detecção de possíveis problemas cardíacos já existentes e identificar
fatores de risco que contribuem para o surgimento de doenças futuras.
Os exames preventivos do coração compreendem uma lista
de testes que podem detectar anormalidades no coração, a redução de fluxo
sanguíneo para o órgão, a pressão arterial, a presença de placas de gordura nos
vasos sanguíneos e outras alterações.
O MinhaVida listou nove desses exames e como são
feitos. Confira!
1. Ecocardiograma
O ecocardiograma, também conhecido como
ecocardiografia, é um dos procedimentos mais usados para o diagnóstico de
doenças cardíacas. Ele usa ondas de alta frequência (ultrassom) emitidas por
todas as partes do coração para produzir uma imagem em movimento. Os resultados
são mais detalhados do que os obtidos em um raio X, além de não expor o
paciente à radiação.
Durante a realização do exame, as ondas de ultrassom
são emitidas por um transdutor, que pode ser colocado sobre o tórax
(transtorácico) ou esôfago (transexôfago) do paciente sob um gel, para ajudar a
transmitir as ondas. Em alguns casos, ele é colocado sobre um cateter no
interior do coração.
O exame pode ser usado para detectar anormalidades no
coração (como válvulas defeituosas e defeitos congênitos) e alargamento das
paredes ou câmaras do coração, como ocorre em pacientes com hipertensão
arterial, insuficiência cardíaca ou cardiomiopatia. Além disso, ele também pode
identificar e monitorar a redução de fluxo sanguíneo para o coração, condição que
é mais aparente quando o coração está trabalhando mais intensamente.
2. Eletrocardiograma
O eletrocardiograma, ou eletrocardiografia, é um exame
capaz de verificar a existência de problemas cardíacos a partir do dos impulsos
elétricos do coração, que são registrados em um papel através do
eletrocardiógrafo. Ele pode ser usado para detectar ou acompanhar:
Irregularidades no ritmo cardíaco
Problemas com válvulas do coração
Doença arterial coronariana
Inflamação da membrana que envolve o coração
Hipertrofia das câmaras cardíacas
Doenças genéticas
Defeitos cardíacos
Durante a realização do exame, os eletrodos (ligados
ao eletrocardiógrafo) são fixados na parte frontal do peito, nos tornozelos e
nos pulsos do paciente, com o auxílio de um gel que facilita a medição. É
importante que a região esteja limpa e, caso necessário, pode ser indicada a
depilação na área. O exame leva de cinco a dez minutos para ser concluído.
3. Radiografia do tórax
A radiografia de tórax, também chamado de raio X de tórax,
é um exame que utiliza radiação ionizante, em doses baixas, para registrar
imagens que mostram a forma e o tamanho do coração e o contorno dos grandes
vasos sanguíneos nos pulmões e no tórax.
Normalmente o exame é feito com o paciente em pé,
ereto, mas as radiografias torácicas podem ser feitas com a pessoa deitada na
maca se ela não consegue se manter de pé. Em seguida, um aparelho é utilizado
para enviar feixes de raios X através do corpo e registrar as imagens.
As radiografias podem detectar o crescimento do
coração que, em muitos casos, é consequência de insuficiência cardíaca ou de
uma valvulopatia. Alterações no fluxo sanguíneo para o coração também podem ser
vistas em exames de raio X.
4. Teste ergométrico
Também conhecido como teste de esforço, o teste
ergométrico é um exame que avalia as respostas clínica, cardiovascular,
anatômica, eletrocardiografia e metabólica do corpo ao exercício físico — uma
vez que doenças cardíacas só se manifestam quando o coração está trabalhando
com mais intensidade.
O exame permite avaliar a resposta da pressão arterial
ao exercício, além de diagnosticar doenças cardiovasculares, sendo a principal
delas a doença arterial coronariana. Ele pode ser realizado em uma esteira ergométrica
ou na bicicleta ergométrica. O paciente estará com monitorização do
eletrocardiograma e da pressão arterial enquanto realiza um exercício físico
que começa com baixa intensidade e vai aumentando progressivamente.
5. Cateterismo cardíaco
O cateterismo é um procedimento que utiliza um fino
cateter inserido na corrente sanguínea até o coração para examinar a circulação
das coronárias ou avaliar arritmias cardíacas.
Na maioria dos casos, ele é recomendado para pacientes com sintoma de
angina (dor torácica provocada pelo estreitamento das veias que transportam
sangue para o coração) ou infarto.
Quando o cateterismo é utilizado como um teste para
doenças cardíacas, o especialista é capaz de:
Localizar estreitamento ou bloqueios nos vasos
sanguíneos que possam causar dor no peito (angiograma)
Medir os níveis de pressão e oxigênio em diferentes
partes do coração (avaliação hemodinâmica)
Verificar a função de bombeamento do coração
(ventriculograma direito ou esquerdo)
Pegar uma amostra de tecido do coração (biópsia)
Diagnosticar defeitos cardíacos presentes desde o
nascimento (defeitos cardíacos congênitos)
Procurar problemas nas válvulas do coração.
O procedimento é feito com o paciente acordado. Após a
aplicação da anestesia local, é inserido um cateter através de um pequeno
corte, que pode ser no punho, no pescoço, na virilha ou na perna, para acessar
uma artéria. Durante o procedimento, o paciente tem uma agulha intravenosa
colocada na mão ou braço para administrar qualquer medicamento necessário, além
de eletrodos no peito para acompanhar os batimentos cardíacos.
6. Holter 24 horas
O holter 24 horas é definido como um eletrocardiograma
com duração de 24 horas. Para ser feito, são colocados eletrodos no tórax do
paciente, conectados em um monitor que fica preso à cintura. Ela é capaz de
registrar, detectar e quantificar a variação do ritmo cardíaco durante a
prática de atividades diárias.
“A pessoa deve manter a rotina do dia-a-dia, fazer as
atividades que geralmente faz e se possível, reproduzir as ocasiões que
provocam os sintomas. A ideia é fazer um eletrocardiograma durante o dia todo,
em busca de arritmias”, explicou o cardiologista Bruno Valdigem previamente ao
MinhaVida.
7. MAPA
O exame MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão
Arterial) é um exame que mede a pressão arterial a cada 20 minutos, durante 24
horas, enquanto o paciente realiza suas atividades diárias e durante o sono.
Para realizá-lo, é colocada uma braçadeira (como aquelas dos aparelhos de medir
pressão) no braço ligada a um monitor que fica preso na cintura. Ele é capaz de
detectar e registrar alterações na pressão arterial durante a prática de
atividades rotineiras.
8. Cintilografia
A cintilografia é um exame de imagem da medicina
nuclear que utiliza doses mínimas de substâncias radioativas e é capaz de
avaliar a circulação sanguínea nas artérias coronárias. O material radioativo é
injetado em repouso ou durante esforço físico — em esteira, bicicleta ou com
medicação. Ele é útil especialmente para verificar isquemia cardíaca.
"Assim, o material radioativo 'pinta' as áreas
com fluxo normal de sangue e deixa 'não pintada' qualquer área onde o fluxo
seja insuficiente - e podemos ver onde o miocárdio está em sofrimento
(isquemia). Podemos ver se isso acontece só no esforço físico ou se acontece,
também, sem fazer esforço. Costuma durar pelo menos 6 horas", explicou o
cardiologista Bruno Valdigem previamente ao MinhaVida.
9. Tomografia e ressonância do coração
A tomografia computadorizada e a ressonância magnética
são exames de imagem que permitem avaliar a forma e as funções do coração. Para
isso, a tomografia utiliza raio X com soluções de contraste de iodo para
analisar o funcionamento do músculo cardíaco. Já a ressonância utiliza um campo
magnético e ondas de rádio para criar imagens detalhadas do coração. Ambos são
úteis para o diagnóstico e para o acompanhamento de cardiopatias.
Quando os exames cardíacos são indicados?
Os exames cardíacos geralmente são indicados para o
acompanhamento de doenças cardiovasculares, para pessoas sedentárias que
pretendem iniciar atividades físicas e para pacientes que apresentam algum
sinal de alerta, como dor ou desconforto torácico, tontura, desmaio,
palpitações, falta de ar ou cansaço sem causa aparente. Além disso, alguns
podem ser importantes para a identificação precoce de fatores de risco, como
hipertensão arterial.
“Sabe-se que cerca de 50% dos pacientes portadores de
hipertensão arterial ou diabetes mellitus desconhecem ter a doença. E no caso
da dislipidemia, hipertensão arterial e diabetes existe um componente
hereditário — o que significa que mesmo que tenha hábitos saudáveis, peso e
dieta adequados, com prática regular de atividade física, por conta do
histórico familiar o indivíduo poderá ter algum fator de risco”, explica
Manfredo.
Por esse motivo, é recomendado, aos 20 anos de idade,
realizar uma avaliação clínica com eletrocardiograma, dosagem de glicemia,
colesterol total e triglicerídeos. Caso o paciente não apresente alterações,
deve ser feita uma nova avaliação em três anos, até os 40 anos de idade. A
partir dessa idade, recomenda-se uma avaliação anual.
“Estima-se que cerca de 80% dos óbitos decorrentes de
doença cardiovascular possam ser evitados com um bom controle dos fatores de
risco, daí a importância da identificação precoce destes fatores”, finaliza o
especialista.
Referências
Sociedade Brasileira de Cardiologia - Manual MSD -
Versão Saúde para a Família - Ministério da Saúde
Fonte: https://www.minhavida.com.br/materias/materia-23521
- Susana Targino - Assistente Editorial - Dr. Manfredo Kenji Naritomi - andresr/GettyImages
"Deem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu
amor dura para sempre!" (Salmos 136:1)