Mudanças evitam doenças graves, como câncer de cólon e reto
O
câncer de cólon e reto, que também pode ser chamado de
câncer de intestino, é um dos mais incidentes do Brasil, com 30 mil novos casos
estimados por ano pelo Institui Nacional do Câncer (Inca). Esse tipo de câncer
fica atrás apenas dos de pele não melanoma, próstata e mama feminina. O
principal fator de risco para esse tipo de câncer é o histórico familiar.
Segundo a proctologista Daniele Franco, do Hospital Santa Luzia, em Salvador, a
genética atua um papel primordial da gênese do câncer e ainda tem uma força
maior que fatores externos. No entanto, qualquer um pode se beneficiar dessa
lista de bons hábitos para manter o intestino sempre em ordem, afastando o
câncer de cólon e reto ou mesmo outros problemas relacionados ao órgão, como a
presença de pólipos - pequenos acúmulos de pele que podem, inclusive, ser um
sinal de alerta para o
câncer.
Confira:
Faça os exames regularmente
O teste mais específico para avaliação direta do
intestino grosso e reto é a
colonoscopia. "Trata-se de uma endoscopia feita pelo
ânus que permite a visualização direta de toda a mucosa intestinal em sua
circunferência, desde o reto até o íleo terminal (fim do intestino delgado) e
possibilitando coleta de material para análise", afirma a proctologia
Daniele Franco, do Hospital Santa Luzia, em Salvador. "A cápsula
endoscópica é um exame que também permite a visualização da luz intestinal, mas
não permite biópsias, e é utilizado quando existem lesões obstrutivas que
impossibilitam a passagem do colonoscópio ou quando quer se avaliar o intestino
delgado, segmento de difícil acesso pelos endoscópios", completa. Existem
também testes indiretos radiológicos dos cólons, que são o clister opaco e a
colonoscopia virtual. Esses exames desenham a luz intestinal e pode encontrar
lesões de mucosa maiores que
6
mm.
Um estudo feito por pesquisadores do Massachusetts General Hospital
Gastrointestinal Unitdescobriu que fazer uma colonoscopia a cada 10 anos a
partir dos 50 anos de idade poderia evitar 40% dos casos de câncer colorretal.
O estudo acompanhou mais de 89 mil profissionais de saúde durante um período de
20 anos e foi publicado no New England Journal of Medicine. A colonoscopia
se tornou exame de rotina como prevenção de câncer colorretal, e deve começar a
ser feito a partir dos 50 anos de idade para pessoa sem histórico familiar da
doença. Aqueles que possuem fatores de risco devem incluir o exame na rotina
após os 40 anos ou 10 anos antes da idade do caso mais precoce na família.
"A colonoscopia também pode ser indicada em investigação de dores
abdominais, alteração do hábito intestinal, hemorragias pelo ânus, diarreias e
outras queixas relacionadas", explica a especialista. Se os exames forem
normais, devem ser repetidos a cada cinco ou dez anos. Já o resultado alterado
deve ser repetido conforme orientação do médico.
Cuide de doenças do cólon e reto
Além da história genética, a presença de doenças
inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn e a retrocolite
ulcerativa, aumenta o risco de câncer de cólon e reto. "Isso acontece
devido ao estímulo inflamatório constante, que culmina acelerando a
multiplicação celular", afirma a proctologista Daniele. Portanto,
pacientes portadores dessas doenças devem manter uma regularidade maior do
exame: de um modo geral, anualmente após oito anos de doença se portador de
colites ou uma vez a cada dois anos se tiver uma doença que afeta um segmento
específico do intestino, como diverticulite.
Evite alguns alimentos
Hábitos alimentares nocivos, como o consumo excessivo de
carne vermelha, embutidos, enlatados e defumados excessivamente não são
saudáveis para o intestino. "A digestão desses alimentos resulta na
produção de metabólitos, substâncias tóxicas que podem ser o estopim para
transformação genética das células da mucosa no intestino grosso, se muito
tempo em contato com a mucosa intestinal", afirma a proctologista Daniele.
Segundo a proctologista Gilmara da Silva Aguiar, do Hospital Santa Cruz de São
Paulo, o consumo de carne vermelha deve ser limitado a 200g por semana - entre
uma a duas vezes por semana - para aqueles em grupo de risco para doenças do
intestino, enquanto os outros tipos de alimento devem ser evitados ao máximo.
"Na verdade, muitos estudos demonstraram que as carnes processadas
aumentam o risco de câncer mais do que o consumo de carne não processada",
alerta o cirurgião oncologista Samuel Aguiar Junior, diretor de tumores
colorretais do A.C.Camargo Cancer Center. O motivo é o mesmo: substâncias
cancerígenas que são formadas a partir do método de processamento da carne.
Coma mais fibras
O consumo de frutas, legumes, verduras e grãos integrais
aumenta a quantidade de bactérias do intestino, ajudando no seu pleno
funcionamento. Com a microbiota (flora intestinal) funcionando a todo vapor, é
mais fácil para o órgão suprimir a atividade de outras bactérias que são
nocivas e podem formar substancias tóxicas. "Além disso, um intestino
saudável ajuda a eliminar com regularidade os metabólitos tóxicos do organismo
na evacuação", lembra a proctologista Daniele. Segundo o oncologista
Samuel, as fibras das frutas, verduras e cereais regularizam o trânsito,
diminuindo o tempo de exposição da mucosa intestinal a substâncias
potencialmente cancerígenas.
Controle o peso
Estar com o peso acima do que é considerado saudável também
pode ser um fator de risco para o câncer de intestino. Um estudo publicado
no American Journal of Epidemiology revelou que a obesidade e acúmulo
de gordura abdominal aumentam a probabilidade de uma pessoa desenvolver câncer
de cólon e reto. A análise foi liderada por uma especialista da Maastricht
University, na Holanda e contou com a participação de 120 mil adultos
holandeses com idade entre 55 e 69 anos. Após avaliar cada um dos indivíduos,
os cientistas constataram que homens com sobrepeso significativo ou em início
de obesidade tinham um risco 25% maior de ter câncer colorretal. Além disso,
aqueles cujo tamanho da cintura era significativamente maior apresentaram um
risco 63% maior de ter esse tipo de câncer. "O desequilíbrio metabólico,
que inclui sobrepeso, obesidade e diabetes, aumenta o risco de câncer de
intestino", explica o cirurgião oncologista Samuel. E a diminuição da circunferência
abdominal interfere nos níveis de insulina e glicose, contribuindo para uma
melhor regularização do metaboslismo. O papel da atividade física regular é
fundamental para esse equilíbrio.
Faça exercícios
Segundo o oncologista Rui Fernando Weschenfelder, do Grupo
de Trabalho e Estudos do Câncer Gastro-Intestinal da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica, a prática de
exercícios físicos
regularmente reduz em 24% a incidência de câncer de intestino. "Um
conjunto de 52 estudos científicos demonstrou que pessoas que se exercitam de
forma regular têm menos chance de desenvolver este tipo de câncer quando
comparados a pessoas sedentárias", diz. Inclua pelo menos 30 minutos de
atividade física moderada em cinco dias da semana ? isso ajudará seu intestino
a funcionar melhor, estimulando a movimentação do órgão, além de contribuir
para diminuição do estresse e controle do peso, ambos fatores conhecidos para
aumentar o risco de câncer.
Modere no álcool
"A relação direta entre
álcool e
câncer de intestino não está completamente estabelecida, como acontece com
carne vermelha, frutas e verduras e exercício físico", explica o
oncologista Samuel. Entretanto, é sabido que pessoas que ingerem grandes
quantidades de álcool estão em maior risco para desenvolver a doença.
"Este risco é maior para pessoas que ingerem mais de
45 g de álcool por dia
(equivalente a aproximadamente três latas de cerveja de 350 mL, três taças de
vinho de 150 mL ou três doses de uísque de 40 mL)", explica o oncologista
Rui Fernando. Entretanto, o especialista afirma que é importante lembrar que
pequenas quantidades de álcool podem ter efeitos benéficos para a saúde, mas
por outro lado mesmo pequenas doses podem ser problemáticas para pessoas com
risco para alcoolismo. Dessa forma, é importante ficar atento para o histórico
familiar do problema e conversar com seu médico, verificando se é adequado
manter o consumo moderado da bebida.
Pare de fumar
Hoje existem mais de 100 estudos científicos comprovando que
o
cigarro é
causa de câncer de intestino, aponta o oncologista Rui Fernando. "De forma
global, quem fuma tem 18% mais chance de desenvolver câncer de cólon e reto
quando comparado ao não-fumante", completa o especialista. Isso acontece
porque as substâncias tóxicas do cigarro estimulam mutações genéticas em todo o
organismo, podendo favorecer uma série de cânceres.