“Por que eu?” é certamente um questionamento comum
para pessoas diagnosticadas com câncer. Além desse sentimento individual, há
uma ideia geral de que cada vez mais pessoas são abatidas com a doença, o que não
parece fazer sentido considerando os avanços na prevenção e no tratamento da
condição.
A boa notícia é que hoje nós temos de fato mais
chance de sobreviver a um diagnóstico de câncer do que em qualquer outro
momento da história. No entanto, os casos da doença parecem aumentar devido
principalmente a esses três fatores, conforme explica o Dr. Bhavesh Balar,
hematologista e oncologista do CentraState Medical Center em Freehold, Nova
Jersey (EUA).
1. Pessoas mais velhas têm mais câncer, e estamos
ficando mais velhos
Como as doenças cardíacas, o câncer afeta
principalmente a população mais velha. Cerca de 77% de todos os cânceres são
diagnosticados em pessoas com mais de 55 anos de idade, um segmento da
população que deve dobrar até 2060, só nos EUA. No Brasil, segundo dados do
IBGE de 2010, pouco mais de 15% da população têm mais que 55 anos.
A probabilidade é que a expectativa de vida continue
crescendo, e mais idosos significa mais casos de câncer. Hoje, as pessoas vivem
décadas mais do que apenas um século atrás, quando não costumavam passar dos
50, por isso é normal que os casos de câncer tenham aumentado.
2. A obesidade abre a porta para vários tipos de
câncer
Um segundo fator-chave para o aumento das taxas de
câncer é a epidemia de obesidade e a contínua falta de uma dieta adequada,
exercício e controle de peso. Dados de agosto de 2010 da Pesquisa de Orçamentos
Familiares mostram que o Brasil está ficando mais gordinho. O excesso de peso
em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% nos últimos anos, enquanto em
mulheres saltou de 28,7% para 48%.
Em 2014, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica
divulgou um relatório alertando que a obesidade deve ultrapassar o tabaco como
o fator de risco número 1 para o câncer. A condição está associada a uma maior probabilidade
dos seguintes tipos de câncer: de mama (após a menopausa), do cólon e do reto,
do esôfago, do endométrio, do pâncreas, do rim, da tiroide e da vesícula
biliar.
3. Certos tipos de câncer estão em ascensão
Como já falamos, fatores como a obesidade causam um
aumento de cânceres como os gastrointestinais, que afetam o sistema digestivo –
estômago, vesícula biliar, fígado, pâncreas e intestino (intestino delgado,
intestino grosso ou cólon, e reto). Além disso, cerca de metade dos cânceres de
fígado nos Estados Unidos ocorrem em pessoas com hepatite C crônica, e o
aumento da incidência da doença é consistente com o envelhecimento da população
com hepatite C. Cânceres nessa região do corpo podem ser particularmente
difíceis de diagnosticar, já que os sintomas imitam outras doenças menos
graves, como síndrome do intestino irritável ou refluxo ácido, o que permite
que o câncer se espalhe sem ser tratado.
Outra coisa que tem aumentado o número de pessoas
com câncer é o vírus HPV. Sexualmente transmissível, ele tem 40 mutações
diferentes e milhões de pessoas infectadas não têm sintomas externos, de forma
que continuam passando o vírus adiante. Geralmente, ele não causa muitos
problemas, mas quando o organismo não consegue combatê-lo, o HPV pode causar alterações
celulares com o potencial de transformarem-se em câncer. Os tipos mais comuns
associados com o HPV são o de cabeça e pescoço, incluindo a base da língua e as
amígdalas. Os mais graves são câncer do colo do útero, vagina, vulva, ânus e
pênis.
Por fim, a incidência de câncer de pele – que já é o
mais comum entre todos – tem aumentado, apesar de ser uma doença bastante
evitável. A falta de proteção solar e comportamentos intencionais de
bronzeamento são alguns dos fatores que aumentam as taxas de câncer de pele,
mas a consciência disso não parece ser suficiente para as pessoas se
protegerem. Os dois tipos mais comuns de câncer de pele são nas células basais
e nas células escamosas, geralmente na cabeça, face, pescoço, mãos e braços. O
melanoma representa menos de 2% dos casos de câncer de pele, mas é o tipo que
resulta em mais mortes. [LiveScience, InfoEscola, GovBR]