sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Uso de máscara não afeta desempenho de atletas velocistas e saltadores

 


Testes foram realizados nos atletas, com e sem o uso de máscara, em treinamentos de “sprints” e saltos com contramovimentos

 

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e ainda em plena pandemia, o uso de máscara facial durante os exercícios físicos ainda suscita controvérsia. No caso dos atletas velocistas e saltadores, não há mais dúvida de que esse item de segurança e proteção contra a covid-19 possa vir a atrapalhar o desempenho dos atletas. Foi o que constatou um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina (FM) da USP e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que avaliou a performance dos atletas, com e sem o uso de máscara, em uma sessão de treinamento de sprints (corrida que exige explosão e é feita o mais rápido possível dentro de um curto espaço de tempo). Os resultados estão em artigo pré-print (em revisão pelos pares) no repositório da revista SportRxiv.

 

“Durante os treinos, o desempenho dos atletas não ficou comprometido, mas eles se sentiram desconfortáveis e tiveram maior percepção de esforço”, explica ao Jornal da USP Bryan Saunders, orientador do estudo e pesquisador em Fisiologia do Esporte e do Exercício da FM. Segundo o pesquisador, “diante da pandemia ainda sem controle, o benefício de se proteger contra o sars-cov-2 é maior do que qualquer desconforto causado pelo uso da máscara”, ressalta.

 

“diante da pandemia ainda sem controle, o benefício de se proteger contra o sars-cov-2 é maior do que qualquer desconforto causado pelo uso da máscara”

 

A pesquisa

Matheus Dantas e Rui Barboza Neto, ambos pesquisadores da UFRN, acompanharam os treinos dos atletas durante parte da temporada competitiva. Ao todo, foram dez participantes (seis velocistas, três saltadores em distância e um atleta de 110 metros com barreiras), com idade média de 23 anos, sendo sete homens e três mulheres. A avaliação consistiu em duas sessões de treinamento de sprints curtos (cinco sprints de 30 metros, com intervalo de quatro minutos). A máscara utilizada foi a de tecido, com três camadas, o tipo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso no dia a dia para o público em geral.

 

Antes dos sprints, todos os atletas realizaram aquecimento com corrida de moderada intensidade, seguida de exercícios de mobilidade e educativos de corrida. Todos os participantes realizaram a sessão de treino duas vezes em dias separados, sendo uma sessão com uso da máscara e outra sessão sem o uso da máscara. “Verificamos o desempenho de sprint ao longo da sessão e avaliamos o desempenho de salto antes e após a sessão de treinamento”, relata Dantas.

 

Como resultado, os pesquisadores observaram que não houve nenhuma diferença entre usar ou não usar a máscara na performance de sprint e do salto. “A diferença entre os dias em que os atletas estavam usando ou não máscara nos treinos de tiros de 30 metros foi de apenas 0,2%”, disse Bryan. Já com relação à percepção de esforço, foi demonstrado para ambos os grupos comportamento similar e foi aumentando de acordo com a quantidade de sprints.

 

Provas do atletismo

O atletismo é um conjunto de atividades esportivas formado por corridas, lançamentos e saltos, que por sua vez estão subdivididas em provas da modalidade. As corridas são de curta distância (ou de velocidade), média distância (ou meio fundo) e longa distância (ou de fundo). As provas oficiais de arremesso e lançamentos incluem arremesso de peso, lançamentos de martelo, disco e dardo. E as provas de saltos abrangem provas de salto horizontal (salto em distância e salto triplo) e de salto vertical, sendo salto em altura e salto com vara.

 

Nas provas de corridas, alguns nomes fizeram a história nesta categoria: Usain Bolt, Shellu Ann Franser-Pryce e os brasileiros Joaquim Cruz, ex-meio fundista, campeão olímpico dos 800 metros, e Wanderlei Cordeiro de Lima, ex-maratonista brasileiro, bicampeão dos Jogos Pan-americanos. Wanderlei foi o único brasileiro a ser agraciado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) com a medalha Pierre de Coubertin pelo fato de ter mantido o espírito esportivo e continuado a corrida mesmo após ter sido atacado por um ex-padre irlandês, que o jogou fora da pista, durante a maratona olímpica de Atenas, em 2004.

 

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, o atletismo brasileiro levou 52 atletas, incluindo Alison dos Santos (400 metros com barreiras), Rosângela Cristina Santos (100 metros rasos) e Ana Carolina (200 metros rasos e revezamento), que estarão juntos disputando medalhas olímpicas.

 

Percepção de esforço - adaptação ao uso da máscara

Segundo os treinadores, o aumento de percepção de esforço e o desconforto pelo uso da máscara, provavelmente, estavam relacionados à adaptação da proteção durante o exercício físico.

 

Foi perguntado aos atletas qual era a sensação de esforço no pós-sprint, que respondiam olhando uma tabela de escala linear de 100 pontos, na qual o “0” correspondia a nenhum esforço e “100” ao esforço máximo. Segundo os pesquisadores, a máscara fornece uma barreira mecânica para a respiração, que pode prejudicar a percepção de esforço e de prazer dos atletas. “Baseado nesta tabela, durante a coleta de dados, percebemos relatos individuais e espontâneos de que havia uma sensação de sufocamento e dificuldade em respirar com o uso da máscara”, disse Barboza Neto.

 

“A partir do terceiro sprint foi verificado maior percepção de esforço para o grupo que treinou com a máscara. No final da sessão de treino, o uso de máscara promoveu uma percepção de esforço aproximadamente 45% maior do que o treino sem máscara. Com relação à percepção de prazer, verificamos que o treino com máscara pode prejudicar a percepção de prazer ao exercício. Por exemplo, em média os participantes perceberam o treino como bom e razoavelmente bom quando performaram sem máscara. Quando fizeram uso da máscara, o treino foi percebido como ruim e razoavelmente ruim”, explica Dantas.

 

Dessa forma, os pesquisadores afirmam que por mais que o treino com máscara prejudique as respostas psicológicas dos atletas, o seu uso não é capaz de prejudicar o desempenho físico. “Os achados da pesquisa trazem mais tranquilidade para atletas e treinadores quanto ao uso da máscara durante os treinamentos de sprints e saltos com pausa longa, dado que a performance não será afetada”, diz Saunders.

 

Perguntado se os resultados do estudo poderiam ser extrapolados para outras modalidades esportivas, Barboza Neto salienta que é válido para atividades que exijam potência e/ou velocidade com períodos de recuperação consideravelmente grandes. Essas demandas são diferentes em esportes como o futebol ou a maratona, onde o primeiro requer sprints curtos com pausas pequenas e no segundo há corridas mais longas e raramente há sprints nas sessões de treino.

 

Os autores ainda destacam uma possível limitação da análise, visto que não foi possível realizar cegamento dos participantes, que é impedir que os participantes saibam em qual condição eles estão alocados. “Isso seria importante pois os atletas podem apresentar uma tendência de reportar piores sensações de prazer e maiores esforços percebidos simplesmente por fazerem uso da máscara”, diz Dantas.

 

O artigo pré-print A cloth facemask increased ratings of perceived exertion and reduced affect, but did not affect sprint or muscular performance during training in athletes, tem autoria de Matheus Dantas, Rui Barboza Neto, Natália Mendes Guardieiro, Ana Lucia de Sá Pinto, Bruno Gualano e Bryan Saunders.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/uso-de-mascara-nao-afeta-desempenho-de-atletas-velocistas-e-saltadores/ - Por Ivanir Ferreira - Imagem cedida pelo pesquisador

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Uma dose de AAS a cada três dias é suficiente para prevenção de infarto e AVC

 


Em artigo no “The Journal of Clinical Pharmacology”, pesquisadores brasileiros mostram que benefício do novo esquema terapêutico é equivalente ao da dose diária e tem menor risco gastrointestinal

 

Para pacientes de risco, a ingestão de uma dose de ácido acetilsalicílico (AAS) a cada três dias pode ser tão eficiente na prevenção de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e doença vascular periférica quanto consumir o medicamento diariamente. E com uma vantagem: a probabilidade de complicação gastrointestinal diminui.

 

A conclusão é de um estudo brasileiro apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Biolab Farmacêutica. Os resultados foram publicados no The Journal of Clinical Pharmacology e o artigo foi destacado como “escolha do editor”.

 

“Há 50 anos o AAS tem sido adotado na prevenção de eventos cardiovasculares, mas seu uso constante pode causar irritação e sangramento gástrico – muitas vezes sem sintomas prévios. Por isso, nos últimos anos, vem se tentando reduzir a dose. Neste estudo, propomos um esquema terapêutico diferente”, disse Gilberto De Nucci, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, coordenador do Projeto Temático ao qual está vinculado o estudo.

 

Conforme explicou De Nucci, o ácido acetilsalicílico inibe a ação da enzima cicloxigenase (COX). Nas plaquetas, isso diminui a produção de tromboxano, um tipo de lipídeo que favorece a agregação plaquetária. Por essa razão, na linguagem popular, costuma-se dizer que o AAS “afina” o sangue, ou seja, diminui a probabilidade de formação de coágulos que podem obstruir o fluxo sanguíneo.

 

Por outro lado, na mucosa gástrica, a inibição da enzima COX diminui a produção de prostaglandinas – substâncias lipídicas que protegem o estômago e o intestino.

 

“Originalmente, o AAS americano tinha 325 miligramas (mg) do princípio ativo. Na tentativa de diminuir os efeitos adversos, a dose foi reduzida para 162 mg e, depois, para 81 mg. Também há comprimidos de 75 mg. Mas a verdade é que, até hoje, ainda não se sabe ao certo qual é a dose necessária para obter o benefício cardiovascular”, comentou De Nucci.

 

No ensaio clínico realizado durante o doutorado de Plinio Minghin Freitas Ferreira, na USP, sob orientação de De Nucci, foi adotada a dose de 81 mg. Vinte e quatro voluntários sadios foram divididos em dois grupos. Metade recebeu AAS todos os dias durante um mês. Os demais receberam o fármaco a cada três dias e, no intervalo, apenas placebo.

 

Antes e ao final do tratamento, todos os voluntários passaram por diversos exames, entre eles endoscopia, biópsia gástrica e teste de agregação plaquetária. Também foi medido no sangue o nível de tromboxano e, no estômago, o de prostaglandina do tipo 2 (PGE2).

 

“No grupo que tomou AAS todos os dias, houve uma redução de 50% na síntese de PGE2, enquanto nos voluntários que tomaram a cada três dias não foi observada diferença em relação aos níveis basais. Por outro lado, em ambos os grupos, a inibição de tromboxano foi superior a 95% e o resultado no teste de agregação plaquetária foi equivalente”, contou De Nucci.

 

Na avaliação de Ferreira, os dados permitem concluir que o uso de AAS a cada 72 horas é tão eficaz – e mais seguro – quanto seu uso diário. Essa descoberta, segundo o pesquisador, abre a possibilidade de adotar o fármaco também na prevenção primária de eventos cardiovasculares.

 

Atualmente, o Food and Drug Administration (FDA) – órgão que regulamenta o consumo de alimentos e de medicamentos nos Estados Unidos – recomenda que o AAS seja usado apenas na prevenção secundária de doenças cardiovasculares, ou seja, em pacientes diagnosticados com doença vascular periférica e os que já tiveram algum episódio de infarto ou AVC e correm risco de um segundo evento. Somente nessa situação, segundo o FDA, os benefícios da terapia suplantariam os riscos de efeitos adversos.

 

“Com esse novo esquema terapêutico, o AAS também poderia ser usado no tratamento de pacientes que nunca tiveram um evento cardiovascular, mas apresentam alto risco, como os diabéticos”, disse Ferreira.

 

Os dois grupos de voluntários que participaram do ensaio clínico receberam, além de AAS, o anti-hipertensivo losartan. Conforme explicou De Nucci, o objetivo foi mostrar que uma droga não influencia a ação da outra.

 

Em um estudo anterior, publicado no Journal of Bioequivalence & Bioavailability, o grupo já havia mostrado que o AAS não diminui a biodisponibilidade do losartan. As duas drogas são frequentemente associadas no tratamento de pessoas com insuficiência cardíaca, hipertensão e doenças isquêmicas.

 

“Em parceria com a Biolab, nós solicitamos nos Estados Unidos a patente do esquema terapêutico adotado no estudo. Umas das possibilidades em estudo é lançar um produto que associe, na mesma cartela, o AAS e o losartan ou algum outro medicamento. No primeiro dia, o paciente tomaria os dois fármacos, no segundo e no terceiro, apenas o anti-hipertensivo e placebo e assim por diante. Isso ajudaria as pessoas a tomar os medicamentos corretamente”, afirmou De Nucci.

 

O artigo Acetylsalicylic Acid Daily vs Acetylsalicylic Acid Every 3 Days in Healthy Volunteers: Effect on Platelet Aggregation, Gastric Mucosa, and Prostaglandin E2 Synthesis (doi: 10.1002/jcph.685) pode ser acessado no seguinte link.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/uma-dose-de-aas-a-cada-tres-dias-e-suficiente-para-prevencao-de-infarto-e-avc/ - Karina Toledo/Agência Fapesp - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Saiba diferenciar os tipos mais comuns de dor de cabeça

 

Conheça os sintomas dos principais tipos do mal-estar que atinge mais de 70% dos brasileiros

 

As dores de cabeça atingem mais de 70% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC), que estima existirem mais de 200 tipos da dor, entre enxaqueca e cefaleias.

 

O desconforto causado pelas dores afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas, por isso é importante saber identificar seus tipos e sintomas. Pensando nisso, a rede de farmácias Extrafarma preparou um guia para orientar sobre as diferenças entre as dores de cabeça mais comuns.

 

“Além de conhecer as características de cada dor, é importante seguir as orientações de um farmacêutico ou médico para combatê-las de forma eficaz e segura. Na Extrafarma, há uma seção de farmácia em casa, com diversas opções de medicamentos isentos de prescrição para dor de cabeça. O recomendado é consultar um médico para identificar as causas e saber qual é o tratamento mais adequado para tratar o problema”, afirma Adriano Heleno Ribeiro, farmacêutico da Extrafarma.

 

Descubra 8 possíveis causas para acordar com dor de cabeça.

 

Enxaqueca

 

Caracterizada por dores que geralmente acometem um dos lados da cabeça e podem durar de quatro até 72 horas. As dores são crônicas (ocorrem mais de 15 vezes em um mês), e as crises podem ser desencadeadas por alterações hormonais, alimentação desequilibrada ou ingestão de um determinado tipo de bebida ou alimento, entre outros fatores. O distúrbio ocorre em pessoas geneticamente suscetíveis e, eventualmente, as dores são associadas a náusea, tontura, vômito, fotofobia (intolerância à luz) e fonofobia (intolerância a ruídos).

 

Cefaleia Tensional

 

Esse tipo de desconforto é caracterizado por uma sensação de aperto ou pressão, como se a cabeça estivesse envolvida por uma faixa compressora. Pode ser desencadeada por episódios de estresse ou ansiedade ou ocorrer por alterações na atividade química cerebral, nos nervos ou vasos sanguíneos do crânio, ou tensões nos músculos do pescoço.

 

Cefaleia em Salvas

 

Diferentemente da cefaleia tensional, a cefaleia em salvas é caracterizada por dor intensa e unilateral, geralmente em torno da órbita ocular. Pode ser acompanhada por vermelhidão nos olhos, lacrimejamento, congestão nasal e queda da pálpebra no mesmo lado da dor. As crises duram entre 15 e 180 minutos e podem ocorrer mais de uma vez por dia, geralmente se repetindo por períodos de quatro a seis semanas.

 

Cefaleia Hípnica

 

São crises de dor de cabeça que ocorrem no meio do sono, despertando a pessoa. Costuma ocorrer pela primeira vez após os 50 anos. Esse tipo de mal-estar geralmente é caracterizado por dores de intensidade fraca a moderada, mas um a cada cinco pacientes relata a ocorrência de dores fortes. Na maior parte dos casos, a dor atinge os dois lados da cabeça, e a crise dura de 15 a 180 minutos.

 

Cefaleia Primária em Facada

 

Caracteriza-se por dores de curta duração (cerca de três segundos), sentidas em pontadas. Sua ocorrência é comum em pacientes que sofrem de enxaqueca ou cefaleia em salvas

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/1837545/saiba-diferenciar-os-tipos-mais-comuns-de-dor-de-cabeca - Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Sabe quais são as gorduras alimentares que deve ingerir?


As gorduras são importantes e necessárias numa alimentação saudável. Mas nem todas...

 

As gorduras alimentares estão, há muitos anos, diariamente presentes na confecção dos alimentos, na cozinha de todo o mundo. Fazem parte de hábitos alimentares de muitos, que passam entre gerações, e difíceis de alterar. E estamos falando das gorduras mais simples, como o azeite para o refogado, o óleo para fritar as batatas, a margarina ou a banha para cozinhar um bife e a manteiga para passar no pão.

 

No entanto, os jovens de hoje já têm uma visão diferente da utilização deste tipo de gorduras e, por essa razão, na sua grande maioria, utilizam apenas o azeite para temperar e para cozinhar e, cremes vegetais para passar em pães, em detrimento da manteiga ou da margarina.

 

Atualmente, as questões que se impõem são: Mas afinal, que gorduras alimentares devem ser escolhidas para temperar e cozinhar? Quais as escolhas mais indicadas para uma alimentação equilibrada e saudável? Por mais que se fale em alimentação equilibrada e baixa em gorduras saturadas, a realidade é que os óleos alimentares ainda representam um papel relevante.

 

Por exemplo, o azeite extra virgem tem menor acidez, geralmente até 0,8 por cento, e é considerado o mais saudável e benéfico no combate ao colesterol LDL (mau colesterol), e na prevenção da doença cardíaca e da diabetes. O azeite virgem, contém uma acidez entre os 0,8 por cento e os 2,0 por cento, e é extraído por processos mecânicos. É considerado uma gordura de boa qualidade, mas pode apresentar características inferiores em relação ao cheiro e ao sabor, quando comparado com o azeite extra virgem. Por último, o azeite refinado apresenta um índice de acidez superior a 2 por cento e é considerado menos apelativo no que respeita à cor, cheiro e sabor.

 

As “gorduras” que nos tornam mais saudáveis

 

Além da questão geracional, a pandemia é outro fator que veio desencadear alterações na ingestão de gorduras alimentares, uma vez que o “home made” se tornou importante e, em alguns casos, até moda.

 

As gorduras alimentares boas e preferenciais são as insaturadas, que podem ser encontradas no azeite, na castanha, nas nozes, nas amêndoas, na linhaça, na chia e no abacate. Além destes alimentos, estão também presentes em peixes do mar, como o salmão, o atum e a sardinha. Neste grupo de gorduras, incluem-se os ómega-3 e os ómega-6, que são gorduras essenciais para a manutenção das células e transporte das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K).

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/1825156/sabe-quais-sao-as-gorduras-alimentares-que-deve-ingerir - Notícias ao Minuto Brasil - © iStock


segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Como o número de horas que dorme afeta a saúde do seu cérebro


Estudo indica que a quantidade de horas de sono pode impactar significativamente nas funções cognitivas de idosos

 

Em adultos com mais de 70 anos, o número de horas dormidas pode influenciar a saúde e operacionalidade do cérebro, segundo uma pesquisa publicada na revista JAMA Neurology e citada pela CNN.

 

Os investigadores, explicam que o sono interrompido é um elemento comum que afeta pessoas de idade mais avançada e está diretamente ligado a alterações na função cognitiva, como no que se refere à capacidade mental de aprender, pensar, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, recordar e prestar atenção.

 

De acordo com o estudo, explica a CNN, mudanças no sono associadas à faixa etária foram igualmente relacionadas com sinais prematuros de demência e de doença de Alzheimer, depressão e patologias cardíacas. Como tal, os investigadores analisaram potenciais ligações entre a duração do sono, fatores demográficos e de estilo de vida, função cognitiva subjetiva e objetiva e níveis de beta amiloide, aquele que é um marcador da doença de Alzheimer.

 

Os voluntários que reportaram experienciar constantemente um período de sono breve, entre seis horas ou menos, apresentavam índices superiores de beta amiloide, o que "aumenta bastante" o risco de demência, disse por e-mail à CNN Joe Winer, o principal autor do trabalho, investigador de pós-doutorado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Comparativamente a voluntários que relataram dormir entre sete a oito horas de sono por noite.

 

Adicionalmente, os idosos com défice de sono também registaram um desempenho moderado a notoriamente pior em testes utilizados nessa faixa etária para avaliar habilidades cognitivas.

 

Por outro lado, dormir muito, de nove a mais horas, também foi associado a funções executivas mais fracas, apesar desses indivíduos não apresentarem níveis superiores de beta amiloide.

 

"A principal lição é que é importante manter um sono saudável no final da vida", explicou Winer.

 

"Além disso, tanto as pessoas que dormem muito pouco quanto as que dormem demais tiveram maior índice de massa corporal e mais sintomas depressivos".

 

Ou seja, de acordo com o investigador descobertas indicam que poucas ou demasiadas horas de repouso podem propiciar o desenvolvimento de processos de doenças subjacentes.

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/1838860/como-o-numero-de-horas-que-dorme-afeta-a-saude-do-seu-cerebro - Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock

domingo, 19 de setembro de 2021

Automedicação traz riscos à saúde e pode agravar sintomas

A automedicação pode até agravar o problema que deveria resolver

 

Uma caixinha de remédios é item que não falta na maioria das casas brasileiras, mas enquanto alguns profissionais acreditam que a automedicação seja importante, em casos menos graves, para aliviar a pressão sobre os serviços de saúde, ela também pode virar uma armadilha.

 

"É um problema de saúde pública", diz Abrão Cury, clínico geral e líder da Clínica Médica do Hcor. "Pessoas muitas vezes fazem uso inadequado de medicamentos não só em relação ao problema que elas têm, mas também à quantidade".

 

Ele explica que, além de provocar danos ainda mais graves à saúde, o uso não controlado de remédios pode também silenciar sintomas que estão alertando sobre problemas maiores.

 

Cury ainda cita o uso de antibióticos sem recomendação médica, "podendo causar uma piora do quadro infeccioso, se presente, e gerar resistência": "Esse é um dos motivos pelos quais temos um aumento progressivo da resistência a antibióticos".

 

O neurocirurgião Ygor Peçanha Alexim, do ICNE-SP (Instituto de Ciências Neurológicas de São Paulo), chama atenção aos medicamentos vendidos sem receita e, assim, mais acessíveis à população. "Os antiinflamatórios [como ibuprofeno e nimesulida] e corticosteróides [como prednisona e dexametasona] causam efeitos colaterais como insuficiência renal aguda, e úlcera gástrica", alerta.

 

A ivermectina, utilizada para tratar doenças causadas por vermes, pode levar a "uma hepatite medicamentosa fulminante", enquanto a cloroquina altera o funcionamento do coração.

 

A automedicação pode até agravar o problema que deveria resolver. "Uma das causas mais comuns de cefaleia crônica é o abuso de analgésicos. O diagnóstico ocorre quando o paciente tem dor de cabeça por ao menos 15 dias no mês, e usa analgésicos simples ou múltiplos por ao menos 10 dias".

 

Uso consciente "O paciente pode decidir pelo uso de medicamentos que ele já sabe que são adequados para o problema, e já tenham sido recomendados por médicos", orienta Abrão Cury, clínico geral e líder da Clínica Médica do Hcor.

 

Ele admite que, às vezes, escolher as combinações mais efetivas e seguras de remédios pode ser difícil até para profissionais da saúde.

 

E, mesmo com orientação, o paciente ainda pode extrapolar a dose. Páblius Staduto Braga é reumatologista e médico do esporte, e recorda um caso em que prescreveu a um paciente com osteoartrite o uso de um medicamento por cinco dias. No entanto, a pessoa continuou usando o remédio por conta própria, sem contactar o médico –dias depois, voltou ao hospital com dores abdominais e sangramento.

 

Existem ainda as medicações de uso controlado, como psicofármacos e opióides, que mesmo com exigência de receita médica podem ser abusados por quem os usa.

 

Apesar dos riscos existirem para todos, alguns grupos são mais frágeis aos efeitos da automedicação.

 

A dica, em todos os casos, é "sempre fazer contato com um médico quando a dúvida for medicamentos", segundo Braga. "Desta forma, sentirá mais segurança no momento de tomá-lo, e terá garantias maiores de estar utilizado o que for mais correto e seguro".

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1837338/automedicacao-traz-riscos-a-saude-e-pode-agravar-sintomas - Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Pessoas ativas respondem melhor à vacina contra covid-19


A pesquisa foi feita com 1.095 voluntários e os que se mantiveram ativos fisicamente apresentaram melhor resposta ao imunizante

 

Manter-se fisicamente ativo pode ser uma estratégia para turbinar a resposta imune induzida por vacinas contra a covid-19. Essa é a conclusão de um estudo feito com 1.095 voluntários por pesquisadores da USP e colaboradores. Os dados foram divulgados segunda-feira, dia 09 de agosto, na plataforma Research Square, ainda sem revisão por pares.

 

O benefício proporcionado pela atividade física foi observado principalmente entre os participantes que se mantinham ativos ao menos 150 minutos por semana e não apresentavam comportamento sedentário, ou seja, não passavam mais de oito horas diárias sentados ou deitados. Considerou-se como “tempo ativo” tanto aquele dedicado aos exercícios e outras atividades de lazer (caminhada, corrida, dança, natação, passear com o cachorro etc.), como também às atividades domésticas (limpar a casa, cuidar do jardim, lavar a roupa na mão), ao trabalho (carregar pesos, realizar consertos) e aos deslocamentos de rotina (andar a pé ou de bicicleta até o trabalho, o supermercado ou a escola, por exemplo). O nível de atividade física foi mensurado por meio de entrevistas telefônicas. Foram considerados “ativos” os voluntários que relataram ao menos 150 minutos de atividades semanais, somando os vários domínios analisados.

 

“Uma pessoa que corre durante uma hora todos os dias e passa o resto do tempo sentada em frente a uma tela é considerada ativa e sedentária ao mesmo tempo. Nós combinamos esses dois conceitos diferentes em nossa análise”, explica Bruno Gualano, professor da Faculdade de Medicina (FM) da USP e primeiro autor do artigo. “Quando olhamos para os dados, percebemos claramente que eles formam uma ‘escadinha’: no alto, com a melhor resposta vacinal, estão os ativos não sedentários. Na sequência, vêm os indivíduos ativos e sedentários. Por último, os inativos e também sedentários”, conta.

 

Todos os participantes da pesquisa foram imunizados com a CoronaVac entre fevereiro e março de 2021. Amostras de sangue para análise foram coletadas logo após a aplicação da segunda dose, bem como 28 e 69 dias depois. A qualidade da resposta vacinal foi avaliada por meio de diversos testes laboratoriais, sendo os principais aqueles que mensuram a produção total de anticorpos contra o sars-cov-2 (IgG total) e a quantidade específica de anticorpos neutralizantes (NAb) – aqueles capazes de impedir a entrada do vírus na célula humana.

 

De acordo com o critério adotado pelos pesquisadores, atingiram a chamada “soroconversão” os voluntários que no exame de IgG total apresentaram pelo menos 15 unidades arbitrárias (UA) de anticorpos por mililitro (mL) de sangue. No caso dos anticorpos neutralizantes, considerou-se uma resposta positiva quando, no ensaio in vitro feito com o plasma sanguíneo, observou-se ao menos 30% de inibição da ligação entre o sars-cov-2 e o receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2, na sigla em inglês) – proteína existente na superfície de algumas células humanas à qual o vírus se conecta para viabilizar a infecção.

 

Análise dos dados

Como informa Gualano, o objetivo primordial do projeto de pesquisa de qual seu artigo é fruto era avaliar a segurança e a efetividade da CoronaVac em portadores de doenças reumáticas autoimunes, entre elas artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriática, vasculite primária e esclerose sistêmica. Grande parte desses pacientes faz uso de medicações que reduzem a atividade do sistema imune e, portanto, uma resposta vacinal mais fraca era esperada.

 

Um primeiro trabalho publicado na Nature Medicine, sob a coordenação da professora  Eloísa Bonfá, da FM, confirmou a segurança da vacina e mostrou que ela induzia uma resposta aceitável, ainda que reduzida, nesse grupo de pacientes (leia mais matéria agência Fapesp).

 

“Neste segundo estudo, buscamos avaliar a hipótese de que um estilo de vida ativo poderia fortalecer a resposta vacinal tanto na população de imunossuprimidos quanto em indivíduos sem doença autoimune. E de fato é isso que nossos dados indicam”, diz Gualano, que coordena um projeto temático financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) relacionado ao tema.

 

Foram incluídos na análise final 898 pacientes imunossuprimidos. Desses, 494 foram classificados como ativos e 404 como inativos. Além disso, como uma espécie de grupo controle, participaram 197 voluntários sem doença autoimune – 128 ativos e 69 inativos.

 

Um modelo matemático foi usado pelos pesquisadores para compensar possíveis distorções que variáveis como idade, sexo, índice de massa corporal (IMC) e uso de imunossupressores poderiam causar. Isso porque, sabidamente, o funcionamento do sistema imune é diminuído em indivíduos idosos e em usuários de corticoides e outros moduladores imunológicos, assim como possivelmente em obesos.

 

Na comparação ajustada, os pacientes imunossuprimidos fisicamente ativos apresentaram uma chance 1,4 vez maior de atingir a soroconversão.

 

“Dizendo isso de outra forma: para cada dez pacientes inativos que soroconverteram após a segunda dose da vacina, há 14 pacientes fisicamente ativos que atingiram o mesmo resultado”, compara Gualano.

 

“A promoção da atividade física pelos gestores e formuladores de políticas públicas é algo fundamental. É uma intervenção barata, fácil de escalar para toda a população e pode fazer ainda mais diferença no caso de pessoas com sistema imune menos eficiente, como pacientes com doenças autoimunes e idosos”, opina Gualano.

 

O fato de ser fisicamente ativo também foi associado a um aumento de 32% na quantidade de anticorpos contra as regiões “S1” e “S2” da proteína spike (S) – usada pelo vírus para se conectar ao receptor ACE2 e entrar na célula humana.

 

“A atividade neutralizante [NAb] foi, em média, 4,5% maior nos pacientes ativos, mas essa diferença não foi estatisticamente significante”, explica o pesquisador.

 

Já entre os voluntários sem doença autoimune, a chance de soroconversão foi 9,9 vezes maior entre os fisicamente ativos e observou-se um aumento de 26% na quantidade de anticorpos contra a proteína spike. Como o número de voluntários era menor nesse subgrupo, os dados referentes aos anticorpos neutralizantes também não apresentaram significância estatística.

 

“Os resultados nos permitem concluir que a atividade física potencializa a resposta vacinal contra a covid-19 independentemente de fatores como idade, sexo e uso de imunossupressores. Realizar o mínimo de atividade física já produz uma resposta positiva, porém, observamos que quanto mais movimento, melhor. As respostas mais consistentes foram vistas entre os pacientes que realizavam 50 minutos ou mais de atividade física diariamente”, conta Gualano.

 

Estudos anteriores também mostraram que um estilo de vida ativo protege contra o agravamento da Covid-19 e, de modo geral, reduz internações (leia mais em agência Fapesp).

 

“A promoção da atividade física pelos gestores e formuladores de políticas públicas é algo fundamental. É uma intervenção barata, fácil de escalar para toda a população e pode fazer ainda mais diferença no caso de pessoas com sistema imune menos eficiente, como pacientes com doenças autoimunes e idosos”, opina Gualano.

 

Embora só tenham sido avaliados indivíduos imunizados com a CoronaVac, o pesquisador considera “plausível” que o mesmo efeito seja observado com todas as vacinas contra a covid-19 e também contra outras doenças.

 

Booster natural

Evidências da literatura científica dão conta de que uma única sessão de exercícios físicos pode mobilizar bilhões de células responsáveis por fazer a imunovigilância do organismo, “acordando” o sistema imune. São células que percorrem os locais usados como porta de entrada pelos patógenos e, ao detectar uma ameaça, recrutam outras células de defesa para que ataquem o invasor. Quem se exercita regularmente também apresenta níveis mais baixos de inflamação sistêmica e de cortisol (o hormônio do estresse), o que contribui para uma resposta imune adequada.

 

Como relatam os autores no artigo, há estudos associando a prática de exercícios a uma melhor resposta à vacina contra gripe (vírus H1N1, H3N2 e influenza tipo B), contra o vírus da varicela-zoster e contra a doença pneumocócica.

 

“Nossos achados já eram esperados, pois a atividade física sabidamente fortalece o sistema imune. De qualquer forma, seria importante confirmá-los em um estudo controlado e randomizado, no qual um grupo de voluntários seria submetido a um protocolo de exercícios antes do período de vacinação, enquanto outro grupo-controle, composto por indivíduos com características semelhantes, permaneceria inativo”, conta o pesquisador.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/pessoas-ativas-respondem-melhor-a-vacina-contra-a-covid-19/ - Por Karina Toledo/ Agência Fapesp - Arte: Jornal da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Entenda como o diabetes afeta a saúde do seu coração


Condição crônica está relacionada a diversas doenças cardiovasculares, como infarto e AVC

 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), pessoas com diabetes têm o dobro de risco de sofrer um infarto agudo do miocárdio. Estimativas da International Diabetes Federation revelam que até 80% dos pacientes com diabetes ou diabetes melito (tipo 2) morrem justamente em decorrência de complicações relacionadas a problemas cardíacos.

 

Quando trazemos isso para a quantidade de pessoas atingidas, os números assustam e nos ajudam a ter uma dimensão do tamanho do desafio. Uma declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS), em abril deste ano, revela que o número de indivíduos com diabetes quadruplicou nos últimos 40 anos. Hoje, acredita-se que a doença afete cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo. Só no Brasil, segundo a SBD, mais de 13 milhões vivem com esse diagnóstico.

 

O principal alerta aqui é que há grande potencial de crescimento dessas taxas. Projeções da OMS revelam que pode ocorrer aumento da prevalência mundial na ordem de 114% nos próximos 20 anos, levando ao surgimento de 330 milhões novos casos. O Brasil segue essa tendência, figurando entre os dez países com maior número absoluto de indivíduos portadores de diabetes tipo 2.

 

O crescimento acelerado é resultado, em parte, do envelhecimento da população, mas, principalmente, das modificações nos hábitos de vida, além do acesso a tratamentos e medicamentos. O diabetes é uma doença silenciosa que, sem o controle adequado, pode acarretar em uma série de problemas e danos à saúde, entre elas as doenças cardíacas, cegueira, doenças renais, amputações e até a morte. É uma condição pré-existente que aumenta também o risco de infecções oportunistas, como a COVID-19.

 

O que é diabetes?

Para começar, vamos entender, então, do que estamos falando. O diabetes é classificado como uma doença crônica não transmissível (DCNT). Trata-se de uma condição causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio controlado pelo pâncreas que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) - e, assim, regular sua quantidade no sangue, garantindo a manutenção das células do organismo.

 

Em condições normais, quando o nível de glicose no sangue sobe, células especiais liberam a insulina de acordo com as necessidades do momento. A glicose pode ser utilizada como combustível para as atividades do corpo ou fica armazenada como reserva, em forma de gordura. Esse controle mantém em níveis normais a taxa de glicemia no sangue.

 

Para o coração, o aumento desta taxa acarreta em complicações que, em casos mais graves, pode levar à morte. O diabetes é capaz de desencadear infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e entupimentos das artérias, além de formação de aneurismas (dilatação de um vaso sanguíneo). Quando a doença se instala, potencializa ainda outras condições de risco, como a pressão alta e o colesterol elevado.

 

Diabetes e doenças cardiovasculares

Quando o organismo apresenta níveis elevados de glicose no sangue, várias alterações que interferem no sistema cardiovascular podem ocorrer. O principal comprometimento é a doença arterial coronária, que surge em decorrência do processo precoce e acelerado de aterosclerose - formação de placas de gordura na parede das artérias do coração.

 

Isso porque o diabetes traz mudanças para a função de vários tipos de células, como as endoteliais, as musculares e as plaquetas, além de favorecer a produção de coágulos e elevar o nível de colesterol, formando um número maior de placas de gordura nas artérias coronárias (as responsáveis por irrigar o coração).

 

A hiperglicemia crônica, a dislipidemia (presença de níveis elevados de gordura no sangue) e a resistência à insulina, somados, favorecem a progressão aterosclerótica, elevando o risco de entupimento dos vasos.

 

Para manter-se em pleno funcionamento, o músculo cardíaco necessita de uma demanda constante de sangue. Assim, a obstrução parcial ou total das coronárias pode acarretar no surgimento ou agravamento de fatores de risco ou doenças cardíacas.

 

Entre elas, estão a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial, o aneurisma da aorta (quando a maior artéria do corpo fica enfraquecida, levando a dilatação acentuada deste vaso sanguíneo) e o infarto do miocárdio (a interrupção do fluxo sanguíneo desencadeia o infarto e o processo de necrose da musculatura do coração).

 

Existe ainda a possibilidade de que o mesmo processo que acontece com as coronárias ocorra em outras artérias do corpo. O resultado pode ser a falta de sangue no cérebro, que provoca o AVC, ou a ausência de sangue suficiente nos pés, mãos ou braços, causando a doença vascular periférica.

 

Tipos mais comuns de diabetes

Entre os tipos mais comuns da doença estão o 1 e o 2. Segundo a SBD, o tipo 1 concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença e é causado pela falta ou perda da capacidade do pâncreas em produzir insulina suficiente. É um tipo caracterizado por ser autoimune e genético (uma mutação nos genes). Geralmente, aparece na infância ou adolescência. Pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue.

 

Já o tipo 2 é frequentemente adquirido com o passar dos anos, no geral na fase adulta. Cerca de 90% das pessoas com diabetes apresentam o tipo 2 e é nele que está o maior perigo para os problemas cardiovasculares. Nesses casos, as células adiposas e musculares não conseguem aproveitar completamente o hormônio liberado pelo pâncreas e a glicose passa a ser utilizada de modo ineficaz pelo organismo.

 

Este tipo não apenas potencializa as chances de complicações cardíacas, mas também costuma vir associado aos principais fatores de risco para as doenças que acometem o coração, como obesidade, pressão e colesterol altos.

 

A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionada a hábitos e estilo de vida, envolvendo má alimentação, falta de atividade física regular, sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão arterial e hábitos alimentares inadequados. Seu agravamento pode acarretar no diabetes latente autoimune do adulto (LADA), caracterizado, basicamente, pelo desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, que começa a atacar as células do pâncreas.

 

Diabetes gestacional

Na gravidez, o corpo da mãe e o do bebê precisam garantir suas necessidades: o organismo da criança exige uma demanda alta de açúcar para seu desenvolvimento e o corpo da mãe responde com insulina, na tentativa de controlar o excesso da substância no organismo.

 

Além desta batalha, na gestação, outros hormônios são liberados pela placenta e acabam atrapalhando o processo de controle da taxa de glicemia no sangue. Eles forçam o pâncreas materno a trabalhar mais para manter os níveis da substância equilibrados. O problema é que, muitas vezes, nem todo esse esforço é suficiente. O resultado é a sobra de açúcar na corrente sanguínea, a hiperglicemia. É daí que surge o diabetes gestacional.

 

Mesmo sem nunca ter apresentado qualquer tendência ao diabetes, é possível que a mulher veja suas taxas de açúcar subirem durante a gravidez. E se não for devidamente diagnosticado e tratado, o diabetes gestacional pode trazer complicações à saúde da mãe e do bebê, como o ganho de peso excessivo (para ambos), aumento no líquido amniótico, malformações fetais e parto prematuro.

 

Seus desdobramentos servem ainda como precursores de fatores de risco e doenças que afetam o coração, inclusive o surgimento de pré-diabetes ou diabetes tipo 2 depois da gravidez ou do nascimento.

 

Pré-diabetes

O pré-diabetes se caracteriza quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não tão elevados para caracterizar os tipos 1 ou 2. É um alerta do corpo, que geralmente aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos lipídios. É um sinal importante por ser a única etapa do diabetes que pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença e o aparecimento de outras questões associadas.

 

Prevenção e cuidados

Assim como outras doenças crônicas, é possível conviver com o diabetes por meses ou anos até que os sintomas se tornem evidentes ou que as alterações nos níveis de glicose sejam detectadas em um exame de rotina. Porém, a demora no diagnóstico, além de ser perigosa, é uma oportunidade perdida para iniciar os cuidados antes de o problema se agravar. Isso porque, logo no início, as chances de monitorar e reverter ou retardar a evolução do quadro é muito maior.

 

Uma vez com o diagnóstico da doença, o controle glicêmico passa a ser fundamental. E aqui vale um alerta: ter ou não sintomas não deve ser um indicador. Muitos diabéticos acreditam que a falta de sinais indicam que o problema está sob controle. Creem que podem continuar a comer o que quiserem, seguir sem praticar atividades físicas e até mesmo descuidar da medicação, com a possibilidade de aderir ao tratamento e aos cuidados depois. A negligência ou esta demora podem ter desfechos graves, muitas vezes com danos irreversíveis.

 

Assim, seguir as recomendações médicas e realizar a automonitorização desde o início são essenciais para prevenir o surgimento de doenças cardíacas e outras complicações. É importante adotar um estilo de vida com hábitos saudáveis, incluindo alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, controle da pressão e do colesterol, controle de peso e da gordura abdominal, não fumar e reduzir o estresse diário. Em muitos casos, é necessário também o uso de medicamentos, como a metformina e as sulfonilureias, além da utilização da insulina.

 

O fato é que as pessoas não morrem de diabetes, mas sim da falta de controle e por consequências da enfermidade. É possível conviver com a doença, transformando a condição em um motivo extra para cuidar da saúde. Comportamentos saudáveis evitam e ajudam no controle não apenas do diabetes, mas de outras doenças crônicas e fatores de risco para o coração.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/37947-entenda-como-o-diabetes-afeta-a-saude-do-seu-coracao - Escrito por Paulo Chaccur

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Uso excessivo do celular prejudica as relações e a concentração


Em tempos de pandemia e isolamento social, parece que fica ainda mais difícil se distanciar do aparelho celular

 

Estamos cada vez mais conectados. Nosso tempo offline é cada vez menor, seja por necessidades do trabalho, seja porque nos sentimos atraídos pelas redes sociais. E em tempos de pandemia e isolamento social, parece que fica ainda mais difícil se distanciar do aparelho celular.

 

Essa relação, no entanto, pode acabar se tornando prejudicial, e um "detox digital" pode trazer benefícios. Nos últimos tempos, celebridades como as cantoras Lorde, 24, Luísa Sonza, 23, e Karol Conká, 35, contaram que se afastaram do telefone por um período, para fugir dos haters ou simplesmente para retomar o controle do tempo e construir uma relação mais saudável com a internet.

 

Foi mais ou menos isso que buscou a consultora de imagem Mayumi Ichiura: retomar o controle do próprio tempo. Aos 25 anos, ela conta que não estava conseguindo separar a vida pessoal do trabalho e, por isso, resolveu que desligaria o celular e o notebook aos sábados e domingos, durante três meses.

 

"Percebi que mesmo no final de semana eu estava trabalhando", diz. "Minha solução foi desligar o celular, porque eu estava no automático." Ela lembra que, de tão conectada, acabou se distanciando da própria família. "Não percebi tantas coisas que estavam acontecendo ao meu redor, como o crescimento da minha filha", diz ela sobre a criança, de 1 ano e dois meses.

 

Mayumi diz que, após se submeter ao detox digital, até sua performance no trabalho melhorou. "Me ajudou a estabelecer metas", afirma. E conta que aprendeu a aproveitar melhor cada momento. "Lembrei que eu gostava de ver séries, ler livros e ficar com a minha família."

 

Segundo uma pesquisa realizada pela Kantar, o Brasil é um dos países em que as pessoas mais passam tempo no celular. De acordo com o levantamento, os brasileiros gastam 4,2 horas por dia no aparelho, em média.

 

A estudante Caroline Coelho, 22, diz que já costumava ficar um ou dois dias sem mexer no aparelho, mas decidiu que faria um detox mais significativo, de um mês, durante o isolamento social. "Eu estava me sentindo cansada de ficar me comunicando com as pessoas através da internet."

 

Caroline conta que no início se sentiu deslocada e chegou a pensar se valeria a pena insistir no detox, mas hoje reconhece os benefícios -ela diz, por exemplo, que se sentiu até mais disposta para fazer outras atividades. "Foi um momento em que comecei a me aproximar mais das artes, uma coisa que sempre gostei muito de fazer", pontua, sobre ter voltado a desenhar.

 

Não existem fórmulas prontas no processo de reeducação digital, e cada um deve buscar os meios que melhor atendam às suas necessidades. A professora e estudante de psicologia Glaucia Sena, 29, por exemplo, dividiu seu detox em duas etapas. Na primeira, que durou 15 dias, ela manteve apenas os aplicativos essenciais em seu aparelho. "Exclui as redes sociais e fiquei apenas com o WhatsApp, porque preciso para trabalhar", conta.

 

Já na segunda etapa, ela agora tenta reduzir o uso do aparelho no dia a dia, deixando o celular fisicamente longe. E conta também com o auxílio de aplicativos que regulam o tempo de uso.

 

A professora usa a expressão "sobrecarga digital" para resumir o cansaço que sentia por passar muito tempo conectada a aparelhos eletrônicos. "O tempo que eu tinha para fazer coisas legais eu ficava na frente do celular", relembra. "Comecei a me sentir preguiçosa e com a vista mais cansada."

Glaucia conta que hoje tenta não mexer no celular nos períodos da tarde e da noite, e aos finais de semana também evita o aparelho, principalmente na sexta e no sábado. Para reduzir o uso, ela também foca em outras atividades, como passear com sua cadela, praticar meditação e exercício físico e cuidar de seu jardim vertical. "A questão do cuidado com as plantas me ajudou."

 

Além disso, a professora diz que voltou a pintar. "Fiz aula de pintura de tecido ainda criança, lá pelos 10, 12 anos. Nessa faixa etária mudei de escola e as dificuldades aumentaram, então precisei priorizar os estudos 'obrigatórios' ,mas a pintura era algo que eu gostava de fazer", relembra.

 

Ela conta ainda que, antes do detox, buscava no celular algo que a preenchesse, e escrever seus sentimentos em um papel também ajudou. "Às vezes não sabemos o que estamos procurando, então escrever colaborou neste sentido."

 

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

O psicólogo e psicanalista Francisco Nogueira, 42, afirma que os aparelhos celulares são desenvolvidos de forma a prender a atenção do usuário. "Existe o termo nomofobia, que é o medo de ficar sem o celular. Uma fobia que acomete aqueles que desenvolvem uma relação de adição com o eletrônico."

 

Pesquisadora de educação digital, Denise Lourenço, 41, acrescenta que as redes sociais e demais aplicativos são "repletos de reforços positivos sutis que desencadeiam liberação de dopamina", neurotransmissor ligado à motivação e ao prazer.

 

Segundo ela, o "viciante" é o inesperado -por exemplo, quando alguém publica uma foto em uma rede social e fica na expectativa de que uma pessoa especial possa deixar uma curtida ou um comentário. "É saber que algo pode acontecer, sem saber quando ou se, de fato, vai acontecer", completa Denise.

 

Nogueira afirma que o vício em celular pode prejudicar a qualidade das relações sociais, bem como a capacidade de concentração e o desenvolvimento de pensamentos complexos. "Tudo vai sendo minado por recursos que são imediatos de estímulo de respostas. As pessoas começam a ficar presas nesse tipo de interação", diz.

 

E lembra, ainda, que usar o celular durante a noite prejudica a produção de melatonina, substância ligada ao ciclo biológico de sono e vigília, que no organismo é produzida na ausência de estímulos luminosos. "Há uma piora do sono quando usamos telas à noite, próximo [do horário] de dormir", diz Nogueira.

 

O psicólogo afirma que, em momentos de estresse, algumas pessoas recorrem ao aparelho em busca de uma descarga de tensão imediata. "Quando você fica sem o celular, a dificuldade é aguentar o acúmulo de tensões e problemas complexos. Precisamos ter a capacidade psíquica para suportar [os desafios], e desenvolvemos isso na vida real mesmo." Segundo ele, é necessário avaliar se o uso do aparelho traz algo significativo. "Precisamos realmente não ficar dependentes de nada, seja do que for. A vida é dura, não há existência sem sofrimento."

 

Uma relação positiva com a internet requer reeducação. É o que sugere a pesquisadora Denise. "É urgente repensar a relação que temos com os aplicativos e estabelecer não apenas jejuns regulares, mas estratégias para evitar o vício."

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1841766/uso-excessivo-do-celular-prejudica-as-relacoes-e-a-concentracao - MARIANA ARRUDAS - Notícias ao Minuto Brasil - © istock

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Quantas horas preciso de dormir? Depende da idade, dizem especialistas


“As necessidades de sono variam ao longo da vida”, sugere psiquiatra

 

Quantas horas preciso de dormir? A resposta não é simples, de acordo com Raj Dasgupta, professor assistente de medicina clínica na divisão de medicina pulmonar, cuidados intensivos e medicina do sono na Keck School of Medicine da University of Southern California, nos Estados Unidos.

 

Em declarações à CNN, o especialista explicou que as necessidades de sono são bastante individualizadas, mas que a recomendação geral, ou seja o ideal,  é dormir entre sete a nove horas por noite.

 

Todavia, essas diretrizes mudam à medida que as pessoas envelhecem. "As necessidades de sono variam ao longo da vida", afirmou também à CNN Christina Chick, pós-doutorada em psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade de Stanford.

 

Adultos

 

A população adulta deve dormir pelo menos sete horas por noite, contudo uma em cada 3 pessoas não o faz, segundo a agência reguladora dos Estados Unidos Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

 

O sono insatisfatório tem sido associado a consequências para a saúde a longo prazo, como maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, demência, ansiedade, depressão e transtorno bipolar, referiu Dasgupta.

 

Crianças e adolescentes

 

No primeiro ano de vida, pode ler-se na CNN, os bebês podem dormir de 17 a 20 horas por dia, de acordo com Dasgupta. Entretanto, bebês entre os 4 e 12 meses precisam pelo menos de 12 a 16 horas de sono.

 

Já as crianças entre 1 e 3 anos devem dormir de 11 a 14 horas, destaca Bhanu Kolla, professor associado de psiquiatria e psicologia da Clínica Mayo. Crianças de 3 a 5 anos necessitam 10 a 13 horas de sono e as de 6 a 12 anos devem dormir de 9 a 12 horas.

 

Os adolescentes devem dormir de oito a 10 horas, mencionou Kolla.

 

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/1840592/quantas-horas-preciso-de-dormir-depende-da-idade-dizem-especialistas - Notícias ao Minuto Brasil - © Shutterstock