A testosterona e os esteroides anabólicos foram
descobertos em 1935. Desde então, eles têm circulado entre praticantes de
exercícios e em academias, trazendo perigos e danos à saúde. Tome cuidado!
Vivemos uma epidemia no consumo de esteroides
anabólicos no Brasil e no mundo.” Professor de uma rede de academias em
São Paulo, Carlos Alberto Lima dos Santos, é categórico ao afirmar que o uso de
anabolizantes só aumentou, nos últimos anos, entre praticantes de exercícios,
esportistas e frequentadores de espaços de musculação. Embora se constate uma
popularização no uso de esteroides, atualmente, faltam dados precisos sobre os
números que indicam esse crescimento. “Infelizmente não sabemos ao certo o
quanto isso cresce, por não haver pesquisas sérias que tragam indicadores
precisos, deixando assim uma percepção geral do problema, sem informar a real
situação”, lamenta Lima dos Santos. No entanto, ele relata que os instrutores
das academias são constantemente abordados com dúvidas dos praticantes,
sinalizando o desejo pelo consumo, ou com queixas sobre sintomas por parte
daqueles que já estão sofrendo com o mal uso. O site da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM) também confirma: “O uso de anabolizantes
vem se tornando, a cada dia, um hábito comum”.
Conhecimento é tudo
Diante do cenário apresentado, a empresa onde atua
Lima dos Santos, decidiu implantar uma campanha com o objetivo de gerar
conhecimento sobre o tema para a sua base de colaboradores, com a
responsabilidade de orientar de forma segura sobre todos os riscos a que o
usuário se expõe com a utilização desses artifícios. Optar pelo caminho do
esclarecimento é a aposta da organização em que o especialista trabalha na
defesa de uma prática de exercícios saudável e sem riscos. Entende-se que,
quanto mais se sabe sobre essas drogas, maior será a possibilidade de se
prevenir seus efeitos danosos. Confira a seguir como os esteroides
anabolizantes funcionam, e saiba como preservar a sua saúde .
O que são exatamente
O esteroide anabólico é uma droga formada por
testosterona ou que produz os hormônios por ela fabricados. São chamados
de “esteroides” por conta de sua formação química: eles são ésteres, onde o
radical primário é uma molécula de colesterol. “Anabolizante” é um termo
popular e genérico que designa essas drogas. Porém, em vocabulário científico,
qualquer substância que aumente a incorporação de massa no corpo pode ser
considerada um “anabolizante”. “Nosso organismo é regido tanto pelo
anabolismo (ganho de massa), quanto pelo catabolismo (perda de massa)”, explica
Paulo Zogaib, médico do esporte e fisiologista do exercício da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp).
Onde tudo começou
Por volta de 1935, descobriu-se o efeito da
testosterona no corpo humano. Como primeira consequência, as pesquisas
apontavam o hormônio masculino como responsável pelas características sexuais
secundárias no homem, a produção de espermatozoide, entre outros fatores, como
explica o médico Paulo Zogaib. Resultados posteriores da presença da
testosterona também foram constatados, como melhora na disposição e
favorecimento na recuperação da atividade física. Bem próximo dessa descoberta,
ocorreu o anúncio das drogas esteroides anabolizantes e já em 1938 já se tinha
a produção delas.
Injeção ou via oral
Há uma série de drogas esteroides anabolizantes
fabricadas, nos dias de hoje – o médico Zogaib fala em “centenas ou milhares”.
A apresentação mais comum é em ampolas para injeção intramuscular em estado
aquoso ou oleoso. Alguns deles também são produzidos para uso via oral. O
médico diz ainda de apresentações como pomadas, cremes cicatrizantes e
adesivos. “Há uma série de veículos para administração das drogas, dose e
concentração do princípio ativo. Porém, a base dos medicamentos é sempre a
mesma: uma modificação da testosterona” esclarece.
Reais indicações
As drogas anabolizantes têm um papel
importante no tratamento de doenças. Homens que não produzem testosterona, por
exemplo, precisam realizar aplicações. Indivíduos (do sexo masculino e também
feminino) em situação catabólica, em que o organismo vai perdendo gordura,
também podem fazer uso dos medicamentos – apenas com orientação médica, mesmo
nessa situação. É o caso de portadores de HIV ou de alguns casos de câncer, por
exemplo; anorexia e depressão também podem estimular a necessidade de
introduzir hormônios no corpo. Em todos os casos clínicos, as doses são muito
pequenas e não trazem consequências negativas.
Efeitos colaterais
Por trás dos aparentes resultados desejáveis, os
anabolizantes provocam uma série de comprometimentos à saúde daqueles que os
usam sem indicação clínica. O médico Paulo Zogaib aponta que entre eles está o
aumento do colesterol ruim (LDL) e diminuição do colesterol bom (HDL),
sobrecarga hepática que gera infecções e até câncer no fígado, hepatite
medicamentosa, alterações do tecido cardíaco que podem levar a arritmias. Acne,
mudanças de comportamento e aumento de agressividade também são consequências
do uso de anabolizantes. Queda de cabelos e diminuição da produção de
espermatozoides são outras alterações que acometem os homens, assim como o
aparecimento de mamas e redução dos testículos.
Em mulheres
Por incrível que pareça, mulheres também estão
fazendo uso de anabolizantes, nos dias atuais. Nelas, as “bombas”, além dos
danos aos órgãos do corpo, têm efeito de virilização, com crescimento de pelos
e engrossamento da voz, por exemplo. Involução da mama, alterações menstruais,
parada da ovulação e aumento do clitóris também são resultados possíveis. Paulo
Zogaib diz, no entanto, que os efeitos dos esteroides são variáveis e dependem
de “individualidade biológica”, além do tempo de uso e das doses utilizadas.
Mercado negro
Mesmo em casos de reais indicações farmacológicas,
apenas um médico pode prescrever os anabolizantes. Isso dificulta o acesso dos
demais possíveis usuários, já que a venda é controlada pelos órgãos
reguladores, fazendo que muitas vezes se recorra a formas paralelas de obter o
produto. Nesses casos, os riscos são ainda maiores, pois não há garantias de
que o medicamento adquirido atenda às condições adequadas de segurança e
higiene. E o pior: não há como se comprovar que o medicamento adquirido tenha
mesmo os esteroides prometidos em sua composição.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/veja-quais-sao-os-perigos-do-uso-em-excesso/2188/
- Texto: Douglas Galan/ Ilustração: Sueli Mendes/ Adaptação: Letícia Maciel