Existem muitas questões em torno do videogame, como,
por exemplo, se jogos violentos podem influenciar as mentes de crianças a se
tornarem violentas também. Várias pesquisas foram realizadas para tentar
entender o alcance do videogame, e o que os cientistas descobriram foi que ele
afeta nossos cérebros e novas vidas de muitas maneiras, como:
10. Pode fortalecer os relacionamentos entre irmãos
Em 2015, a Universidade Brigham Young (EUA) realizou
um estudo para determinar como jogar videogame em conjunto afetava os
relacionamentos entre irmãos. Eles pediram que irmãos e irmãs relatassem
quantas vezes jogavam videogame, quantas vezes faziam isso junto com seus
irmãos, quantas vezes tiveram conflitos com seus irmãos, e como avaliariam seus
relacionamentos com seus irmãos. Em seguida, os pesquisadores pediram aos
participantes para citar os três games que mais gostavam de jogar com seus
irmãos.
Os resultados foram surpreendentes. Irmãos que
jogavam games violentos juntos tinham menos conflitos. Isso vai contra a
maioria das pesquisas que diz que os jogos violentos aumentam a agressão. Mas é
preciso considerar o contexto: na maioria das vezes, os irmãos estavam
defendendo uns aos outros contra adversários violentos. É meio difícil ficar
com raiva de seu irmão mais novo quando você lembra que ele salvou sua vida em
Halo.
Os pesquisadores também descobriram que os
videogames aumentavam a afeição entre irmãos devido a experiências
compartilhadas. “Por imersão no mundo do videogame, os irmãos podem
compartilhar experiências, brincar juntos e fortalecer seus laços”, explicou
Sarah Coyne, uma das autoras do estudo.
9. Pode despertar o efeito espectador
O “efeito espectador” é uma das coisas mais obscuras
da psicologia humana: quando há muitas pessoas em uma determinada área, é menos
provável que uma delas ajude alguém em apuros. Por quê? A maioria assume que
outra pessoa vai cuidar do problema. Por exemplo, quando uma multidão
testemunha um crime, é comum que ninguém interfira ou ligue para a polícia
porque todos pensam que alguém já está fazendo ou vai fazer isso.
Um estudo da Universidade de Innsbruck (Áustria)
descobriu que o efeito espectador também acontece em jogos de videogame – e,
pior, o efeito pode durar após o jogo acabar.
Os participantes foram convidados a jogar
“Counter-Strike: Condition Zero” em um de dois grupos: um no qual faziam parte
de uma equipe policial contra um time terrorista, e outro no qual jogavam como
um único policial tentando parar um terrorista. Pessoas que jogaram em grupo
foram menos propensas a ajudar os personagens não jogáveis do game.
Depois do jogo acabar, os participantes foram
convidados a ajudar um estudante tentando completar seu próprio projeto. Quando
os pesquisadores perguntaram quanto tempo eles estavam dispostos a gastar
ajudando o aluno, os participantes que jogaram sozinhos disseram estar
dispostos a dedicar mais tempo do que aqueles que jogaram em equipes. Os
cientistas concluíram que a equipe imaginária persistiu na mente dos jogadores,
apesar do fato do jogo ter terminado.
8. Pode aumentar seu senso de moral
Games de “moralidade” são uma ideia relativamente
nova. Nesses jogos, você pode escolher se quer ser bom ou mau, e suas escolhas
afetam o final da história. A ideia de que o game vai mudar com cada decisão é
atraente para os jogadores. Mas como isso afeta seu comportamento?
Um estudo conduzido pela Universidade de Buffalo
(EUA) examinou os efeitos de ser bom ou mau em um jogo de videogame. Eles
pediram aos participantes para jogar um jogo em primeira pessoa como um
policial ou como um terrorista. Eles também informaram as motivações e
objetivos dos personagens aos participantes.
Após o jogo, os jogadores preencheram um
questionário sobre moralidade e foram convidados a classificar sua culpa e
vergonha sobre o que tinham feito. Participantes que jogaram como o terrorista
demonstraram mais culpa e vergonha. Isso surpreendeu os pesquisadores, porque
eles esperavam que os jogadores se tornassem insensíveis à violência e a
violações. No entanto, jogar com más intenções no videogame na verdade tornou
as pessoas mais sensíveis ao mal no mundo. Vale notar, porém, que isso só
aconteceu se os jogadores originalmente sentiram culpa. Os que jogaram sem
culpa… Bom, os sinais são preocupantes.
7. Pode te tornar mais confortável com a ideia da
morte
Nos games, podemos fazer coisas incríveis, como
salvar mundos e morrer e voltar à vida repetidamente.
Por isso, pesquisadores da Universidade de Auburn
(EUA) queriam examinar a correlação entre jogos violentos e capacidade de
suicídio. A capacidade de suicídio é definida como “a capacidade de superar o
medo da morte e uma tolerância à dor para cometer suicídio”.
A teoria por trás do estudo era de que jogos
violentos dessensibilizavam jogadores à morte e aumentavam a sua capacidade de
cometer suicídio como resultado. Os participantes responderam questionários
sobre a frequência com que jogavam games violentos e a classificação média
desses jogos (livre, para maiores de 10, etc). Em seguida, preencheram
questionários sobre o destemor da morte e tolerância a dor.
A frequência com que jogavam jogos violentos teve
pouco efeito sobre o destemor da morte. As pessoas que jogavam games mais
violentos de fato tinham menos medo da morte, mas não um aumento na tolerância
a dor. O estudo não está dizendo que as pessoas que jogam jogos violentos vão
cometer suicídio: os resultados significam simplesmente que essas pessoas podem
ser mais confortáveis com a ideia de morte e morrer do que outras.
6. Pode aumentar a agressividade, mas depende do
contexto
Embora vários estudos tenham mostrado que os jogos
violentos podem aumentar a agressão, isso depende do contexto: se você estiver
jogando como um herói, é provável de ser menos agressivo do que alguém personificando
um vilão, por exemplo.
Uma pesquisa conduzida pela Fundação Nacional da
Ciência americana descobriu que jogadores de games violentos num contexto
pró-social (como ajudando um personagem companheiro) eram menos agressivos do
que os jogadores em um contexto moralmente ambíguo.
Os participantes jogaram um de três jogos: um de
zumbi no qual o personagem protegia um personagem companheiro, um de zumbi em
que o personagem caçava zumbis por esporte, e um jogo de quebra-cabeça parecido
com Tetris.
Os participantes foram informados de que estavam
jogando contra outro participante, mas estavam na verdade jogando contra um
computador. O “perdedor” de cada rodada ouvia um barulho desagradável através
de seus fones. A intensidade e volume do ruído eram definidos pelo “vencedor”.
O computador estava programado para vencer 12 vezes e deixar os participantes
ganharem 13 vezes.
Embora ambos fossem agressivos, os participantes que
jogaram o jogo de zumbi no contexto pró-social eram muito mais “bonzinhos” do
que os jogadores em um contexto moralmente ambíguo ao decidir a intensidade do
ruído que o perdedor iria ouvir. Os jogadores mais benevolentes foram os
participantes do game de quebra-cabeça.
5. Pode ajudar a controlar impulsos e servir como
terapia
Pesquisadores do Hospital Bellvitge em Barcelona, na
Espanha, queriam descobrir se uma terapia com videogame ajudaria meninas a
superarem distúrbios alimentares. Eles focaram na bulimia nervosa, um
transtorno alimentar no qual as pacientes comem demais para em seguida vomitar
tudo.
Surpreendentemente, a terapia se mostrou eficiente.
PlayMancer é uma nova plataforma que usa uma máquina de feedback biológico. Os
objetivos do jogo são projetados para ajudar os participantes a controlarem
impulsos e aprenderem a relaxar. O game fica mais difícil conforme o jogador
fica mais nervoso e estressado. Em alguns casos, o personagem não se move até a
respiração do jogador ficar lenta e constante, ou o seu batimento cardíaco
diminuir.
Os pesquisadores descobriram que as meninas que
jogaram tais games tinham ansiedade reduzida e maior controle de impulso no
final do tratamento. O uso de situações simuladas por meio de games provou ser
um tratamento eficaz, porque “89% das pacientes estavam abstinentes de comer
compulsivamente e 100% estavam abstinentes de vomitar”, sendo que esses ganhos
foram mantidos ao final da terapia.
4. Pode afetar sua autoestima se você se tornar
obcecado
Todo mundo tem um personagem favorito, seja de um
livro, filme ou videogame. Mas quais são os efeitos de se tornar muito ligado a
alguém que não é nem mesmo real?
Pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan e
da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, nos EUA, decidiram explorar o
assunto. Eles pediram a participantes para avaliar o quanto concordavam com
afirmações do tipo “Eu considero o meu personagem [favorito] um amigo meu” e
“Eu me vejo em um relacionamento com o meu personagem [favorito]”.
Em seguida, pediram aos participantes para avaliar o
quanto eles gostavam de jogos com bons personagens, quantas vezes jogavam
videogame, e quão alta era sua autoestima.
Participantes com maior apego a personagens muitas
vezes tinham baixa autoestima. Isso porque pode ser extremamente decepcionante
encontrar a “pessoa perfeita” apenas para perceber que ela não é real. Isso não
significa que gostar de personagens é uma coisa ruim, apenas que a obsessão é
indesejável e pode ter efeitos negativos na vida das pessoas.
3. Pode desencadear grandes reações nas pessoas
Videogames, assim como livros e filmes, podem desencadear
emoções e reações extremas nas pessoas. Por exemplo, sabemos de pessoas que já
mataram em nome de games, livros e filmes.
No entanto, o videogame em particular provoca um
tipo especial de reação que outras ficções não provocam. Cientistas da Universidade
de Munster (Alemanha) chamam este fenômeno de “reação de eudaimonia”, uma
reação significativa que não é hedônica.
São emoções que não se ligam diretamente ao gozo ou
prazer. Isto inclui como nós refletimos a história, o quanto jogar o jogo satisfaz
a nossa necessidade de ser competente e aumenta a nossa função cognitiva, e
como interagir com outros personagens ou jogadores satisfaz algumas das nossas
necessidades socializantes.
O uso de narrativa, contexto e mecânica introduz
novos níveis de interação e mais camadas de resposta no videogame do que outras
plataformas. Embora cada uma das dimensões faz contribuições únicas para a
experiência de jogo, é quando todos os três fatores – narrativa, mecânica e
contexto – interagem é que os jogos podem ser capazes de criar experiências
mais poderosas.
2. Pode te tornar mais agressivo se você se parecer
mais com o personagem
Em alguns games, é possível personalizar a aparência
dos personagens de forma com que eles se pareçam com você. Mas o que isso
significa quando jogamos jogos violentos?
Um estudo realizado pela Universidade de Sussex
(Reino Unido) e pela Universidade de Innsbruck (Áustria) descobriu que
personalizar um avatar aumenta o nível de agressão de uma pessoa se ela joga
games violentos.
Os participantes foram divididos em quatro grupos:
aqueles que personalizaram um avatar em um game violento, aqueles que
personalizaram um avatar em um game não violento, aqueles que jogaram um game
violento com um avatar genérico, e aqueles que jogaram um game não violento com
um avatar genérico.
Depois de 30 minutos, os participantes foram
convidados a ajudar o pesquisador com outro estudo. Uma pessoa viria provar um
molho picante. Os participantes foram informados de que esta pessoa “não podia
suportar molho picante, mas estava fazendo isso pelo dinheiro”. Em seguida, os
pesquisadores pediram que os participantes dessem a essa pessoa o molho, e
saíram da sala. Logo, os participantes serviram a quantidade de molho que
quiseram para esta pessoa. Depois que foram embora, os pesquisadores pesaram a
quantidade de molho que cada participante colocou na tigela.
Embora tenham sido informados de que a pessoa não
gostava de molho picante, os participantes que serviram mais molho foram
aqueles que jogaram o game violento com um avatar personalizado. Não importa se
o avatar realmente se parecia com a pessoa; quanto mais tempo o jogador passou
personalizando-o, mais o nível de agressão aumentou.
1. Pode melhorar seu tempo de reação
Pensa rápido!
Um estudo da Universidade de Rochester (EUA)
analisou a relação entre o aumento da discriminação de movimento, a alternância
de tarefas e habilidades de busca visual em pessoas que jogavam videogame e
pessoas que não jogavam.
Os cientistas descobriram que aqueles que jogavam
games – especialmente da linha de Call of Duty ou Halo, que exigem que o
jogador pense rapidamente e atire com precisão – tinham maior capacidade de
detectar movimento, manter o controle de pessoas ou itens em sua visão
periférica, e mudar de uma tarefa para outra rapidamente.
A pesquisa concluiu que o treino com videogame pode
ser uma forma eficaz de reduzir o tempo de reação e aumentar as funções
cognitivas das pessoas. [Listverse]