quinta-feira, 5 de março de 2020

Inscrição para a Corrida da Amizade em Itabaiana


Álcool em gel não evita infecção por novo coronavírus? É fake!


Em vídeo nas redes, suposto químico diz que esse produto chega a favorecer vírus e bactérias — e que o vinagre seria útil. Mas isso é mentira

Em um vídeo que corre pelo WhatsApp, o “químico autodidata” Jorge Gustavo alega que passar álcool em gel nas mãos não é eficaz na prevenção de infecções por vírus e bactérias. Pior: ele favoreceria a transmissão de doenças como a Covid-19, provocada pelo novo coronavírus.

Só que todas essas afirmações são falsas. “O que ele fala é simplesmente uma sucessão de besteiras, recheada por diversos erros técnicos e conceituais”, resume Álvaro José dos Santos Neto, farmacêutico doutor em Química Analítica e professor do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).

A disseminação do vídeo levou o Conselho Federal de Química (CFQ) a liberar uma nota esclarecendo que o álcool em gel 70% é, sim, eficiente para se proteger de vírus e bactérias, assim como lavar a mão com água e sabão.

Uma dica da SAÚDE: o próprio fato de o autor se denominar um “químico autodidata” levanta suspeitas. “O autor está sendo denunciado ao Ministério Público, uma vez que se intitula químico sem o ser de fato. Ele não tem nem formação nem registro em nenhum órgão competente”, comenta Rafael Barreto Almada, presidente do Conselho Regional de Química do Rio de Janeiro (RJ).

Essa profissão é regulamentada como a de engenheiros, enfermeiros, psicólogos e tantas outras. Portanto, exige formação e cadastro em uma entidade profissional, que estabelece regras para uma atuação ética.

As discrepâncias não param por aí. Como já virou tradição no É Verdade ou Fake News, vamos esclarecer uma a uma:

“O álcool não mata nada, não desinfeta nada, apenas esteriliza”
O álcool em gel, feito a partir do etanol, é um antisséptico — ou seja, tem a função de desinfetar a pele humana. Só que o termo desinfetante geralmente se refere a produtos utilizados em superfícies inanimadas (como uma mesa, por exemplo).

“Já a palavra ‘esterilizar’ se refere a um processo que destrói toda forma de vida microbiana, feito em equipamentos especializados e substâncias ainda mais potentes, com objetos como instrumentos cirúrgicos”, explica o microbiologista Jorge Sampaio, do Fleury Medicina e Saúde.

A ação desinfetante do álcool é bem estabelecida. “Ele atua na parede celular do agente infeccioso, desestruturando as proteínas ou lipídios que a revestem”, detalha Almada. Tal processo consegue eliminar mais de 99% dos agentes infecciosos. E o novo coronavírus (chamado de SARS-CoV-2 pelos experts) não é exceção.

“A literatura científica conta com vários estudos, inclusive revisões sistemáticas [que reúnem muitas pesquisas], atestando esse fato”, comenta Santos-Neto. Não à toa, a substância é usada há séculos como antisséptico em hospitais.

 “Esse álcool gel tem mais de 70% de água e 20% de um espessante”
O 70% do rótulo (ou 70°, unidade de medida geralmente usada para a versão líquida) significa que existem 70 partes de álcool para 100 do produto final. Ou seja, em cada 100ml de formulação em gel, 70ml são puro álcool.

Os outros 30% do frasco são feitos de água e de um espessante. A combinação confere a consistência de gel, o que reduz o potencial incendiário do álcool e prolonga seu tempo de ação nas superfícies. Algumas marcas incluem ainda outros ingredientes para dar aroma e cor.

De qualquer jeito, formulações com mais de 50% de álcool já trazem algum efeito antisséptico discreto, embora o recomendado seja investir nas que contêm entre 70 e 85%. Produtos ainda mais concentrados eliminam os germes, porém são caros, agressivos à pele, altamente inflamáveis e com evaporação mais rápida.

“O agente gelatinoso usado como espessante pode carregar bactérias”
No vídeo, o “químico autodidata” Jorge Gustavo diz que um dos principais problemas reside no espessante. Essa substância serviria de veículo para bactérias, propagando doenças ao invés de preveni-las.

“Um gel puro, sem o devido cuidado, realmente pode servir como meio de cultura para alguns micro-organismos”, reconhece Santos-Neto. “Mas o álcool inibe esse processo”, arremata. Portanto, não há com o que se preocupar com o produto vendido nas farmácias.

“Usar vinagre é melhor”
O ácido acético, princípio ativo do vinagre, tem mesmo ação frente a bactérias. “Mas no vinagre doméstico essa concentração é baixa, e o produto pode causar irritação nas mãos”, explica Sampaio. “Fora isso, não há evidências de que o ácido acético seja eficaz contra vírus”, complementa Ana Gales, infectologista da Universidade Federal de São Paulo.

Segundo o autor do vídeo, o vinagre só perderia em popularidade por ser “extremamente barato”. Assim, a indústria não lucraria o suficiente com ele.
Acontece que dá para adotar estratégias para economizar no álcool gel. “Você pode comprar no atacado embalagens maiores, de um litro, e ir reabastecendo potinhos menores. Isso barateia o custo”, ensina Almada.

De onde vem essa história?
A origem pode estar em um estudo divulgado em 2019 pelo periódico mSphere, da Associação Americana de Microbiologia. Nele, pesquisadores japoneses questionam as recomendações atuais sobre o uso de soluções à base de álcool para eliminar o vírus influenza, causador da gripe.

Só que esse trabalho — que vai na contramão de vários outros — foi prontamente refutado pela comunidade científica. Pesquisadores publicaram uma resposta no Journal of Hospital Infection, apontando falhas no formato do estudo (como o fato de usarem uma quantidade ínfima de álcool em gel por poucos segundos) e considerando o achado irrelevante.

O grupo que desbancou esse estudo foi liderado pelo suíço Didier Pittet, um dos maiores especialistas do mundo em doenças infecciosas. Ele é diretor do Programa de Controle de Infecções e do Centro Colaborador de Segurança do Paciente da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A ação do etanol a 70% contra os vírus da mesma família do novo coronavírus é demonstrada em experimentos há pelo menos 15 anos. E um novo artigo alemão, publicado no periódico Infection Prevention in Practice, sugere que o mesmo pode ser verdade para essa variante em circulação.

Hoje, o álcool em gel é recomendado para minimizar a disseminação do coronavírus e outros pela OMS, pelo Centro Europeu de Prevenção de Doenças, pelo Ministério da Saúde e por todas as entidades sérias envolvidas de alguma maneira no tema.

Dicas para usar o álcool em gel
Ele funciona melhor quando não há sujeiras visíveis na pele. “Os resíduos orgânicos prejudicam sua ação”, comenta Sampaio. Mais um motivo para lavar as mãos com frequência.

Também é importante não encostar os dedos no bocal, verificar a validade do produto e checar se há um químico responsável por sua fabricação — uma informação obrigatória no rótulo.

“Uma dica: quando o produto fica opaco, é sinal que perdeu seu princípio ativo. Aí não será mais eficaz”, completa Ana.


quarta-feira, 4 de março de 2020

Açúcar, não gordura, é mais responsável por ataques cardíacos


O que podemos aprender da história? O Dr. John Yudkin, professor de nutrição do Queen Elizabeth College de Londres, chegou às manchetes em 1972 quando seu livro “Pure White and Deadly” foi publicado (Branco puro e mortal em tradução livre). A pesquisa de Yudkin o convencia de que não era a gordura que causava ataque cardíaco, mas o açúcar. Então a história provou que ele estava certo? E o açúcar é a principal razão da epidemia atual de doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde?

Condenar o açúcar obviamente não deu popularidade de Judkin na indústria açucareira. É triste que tenham sido feitos grandes esforços, mesmo por colegas acadêmicos, para desacreditar seu trabalho. De fato, um pesquisador rotulou seus estudos como “ficção científica”.

Mas Robert Lustig, professor de endocrinologia da Universidade da Califórnia, saudou a pesquisa de Yudkin como “profética”. Ele diz que tudo o que Yudkin escreveu foi “a verdade honesta de Deus” e que o açúcar deve ser rotulado como uma substância tóxica, como tabaco e álcool.

Foi Ancel Keys quem afirmou que sua pesquisa mostrou que a gordura saturada era o principal culpado do ataque coronário. Isso enviou a mensagem de que todos deveriam comer uma dieta pobre em gordura. E também apresentou às empresas de alimentos uma oportunidade de ouro para oferecer aos clientes uma série de iogurtes, sobremesas e biscoitos com baixo teor de gordura.

Mas Yudkin acreditava que havia uma maior associação com ataque cardíaco pelo aumento no consumo de açúcar em vários países do que no consumo de gordura. Afinal, as pessoas comem manteiga há séculos sem ver um aumento nas mortes de artérias coronárias.

Yudkin, no entanto, enfrentou um grande problema. Sua pesquisa foi observacional, não a forte evidência de pesquisa em laboratório. Portanto, não foi até a década de 1980 que várias descobertas deram crédito às teorias de Yudkin.

Estudos revelaram que a frutose, um dos principais carboidratos do açúcar refinado e presente em muitos produtos, é metabolizada principalmente pelo fígado. E que quantidades excessivas de frutose são convertidas em gordura. A glicose, o outro componente do açúcar, encontrado no pão e nas batatas, é queimado (metabolizado) por todas as células.

A história mostra outra tendência importante. No século 18, o açúcar era considerado um luxo caro. De fato, tanto que as caixas de açúcar receberam fechadura e chave! À medida que o açúcar se tornou acessível, seu uso aumentou dramaticamente ao longo dos anos.

Duzentos e cinquenta anos atrás, os britânicos consumiam quatro quilos de açúcar por ano. Em 1972, aumentou para 50 libras por ano. O mesmo vale para o resto do mundo. Na América do Norte, a pessoa média consome cerca de 19,5 colheres de chá de açúcar por dia ou 66 libras por ano. Hoje, estima-se que 68% dos alimentos embalados contenham açúcar adicionado.

Anos atrás, rotulei o açúcar de “diabo branco”. A indústria açucareira novamente não se divertiu e exigiu que a Faculdade de Médicos e Cirurgiões me disciplinasse. Fui obrigado a defender meus pontos de vista perante a faculdade, um processo estressante e demorado. Mas eu não fui disciplinado.

Não mudei de opinião sobre o açúcar. O açúcar adicionado tornou-se parte de tantos produtos que as pessoas desconhecem a quantidade de açúcar que estão consumindo. E de acordo com Robert Lustig e outros especialistas em nutrição, possui qualidades viciantes como álcool e tabaco.

O açúcar também contém calorias. Mas o açúcar é diferente da fibra das maçãs, que tem um efeito de preenchimento. Normalmente, não se deseja uma segunda maçã. Uma lata de refrigerante carregada de açúcar não satisfaz nosso reflexo de fome.

Mas, por mais que eu culpe o açúcar por ser um fator significativo nos problemas nutricionais, o excesso de calorias de todos os tipos é responsável pela epidemia de obesidade, diabetes tipo 2 e mortes coronárias.

No final, somos todos arquitetos de nossas próprias loucuras. Shakespeare estava certo quando escreveu séculos atrás: “A culpa, meu caro Brutus, não está nas estrelas mas em nós mesmos.”.

Portanto, embora a história redima o trabalho de Yudkin sobre Keys, a natureza humana é culpada. A obesidade é freqüentemente autoinfligida. Então, observe, a balança é a resposta. Pise nela todos os dias. Se continuar subindo, perceba que você está comendo muito de tudo. Então fique esperto.

Fonte: https://www.revistasaberesaude.com/acucar-nao-gordura-e-mais-responsavel-por-ataques-cardiacos/ - Dr. W. Gifford-Jones / The Courier Press - Crédito da edição de imagem: The Hearty Soul

terça-feira, 3 de março de 2020

Suor noturno: 6 motivos que causam o desconforto e como evitá-los


Transpirar excessivamente durante a noite não é agradável, nem natural. Mas alguns conselhos simples podem ajudar a contornar o problema

Ninguém merece acordar de madrugada encharcada de suor, com o pijama e o lençol molhados. Essa experiência desagradável costuma acontecer principalmente nas noites de calor ou se houver febre. É que, quando nos encontramos em um ambiente aquecido ou enfrentamos um processo febril, o nosso corpo transpira para tenta controlar a temperatura interna, mantendo-a por volta de 36,5 °C.

Mas como explicar o suor noturno quando a noite está fresca e nosso organismo está saudável? Bem, aí é hora de investigar outros motivos para essa situação. Revelamos aqui as principais causas da transpiração excessiva durante a noite e mostramos dicas para evitar esse desconforto.

Exagero de cobertores e pijamas muito quentes. Utilizar roupas confeccionadas com tecidos extremamente grossos, mesmo no inverno, pode acabar provocando a hipertermia, ou seja, o superaquecimento do corpo e, consequentemente, a sudorese. A dica é optar por pijamas de tecidos mais leves, como algodão ou seda, que são mais confortáveis e permitem que a pele respire.

Quarto sem ventilação. Pode parecer óbvio, mas muita gente dá pouca atenção à temperatura do ambiente. Manter as portas e janelas do quarto fechadas, impedindo a circulação e a troca do ar com o meio externo, pode tornar o cômodo extremamente abafado e provocar a sudorese excessiva durante o sono. A saída é simples: mantenha o quarto bem arejado, sempre que possível abra as janelas para que o ar circule. Em noites muito frias, se precisar fechar os vidros, procure deixar ao menos a porta entreaberta.

Hiperidrose. A doença, provocada pela hiperatividade das glândulas sudoríparas, é caracterizada pelo suor excessivo. Quem tem essa condição transpira exageradamente mesmo quando se encontra em repouso. A dica, se você sofre com o problema, é usar um antitranspirante na pele limpa e seca, antes de dormir. Isso porque os sais de alumínio, um dos componentes dos desodorantes antitranspirantes, se dissolvem na superfície da pele formando uma camada protetora em forma de gel. Essa película permanece sobre a pele temporariamente e diminui a quantidade de suor liberada pelo corpo. Eles são uma das maneiras mais eficazes de controlar a transpiração excessiva.

Mudanças ou disfunções hormonais. As alterações hormonais costumam atingir principalmente as mulheres, em diversas fases da vida, como na adolescência, gestação e menopausa. Além disso, quem tem algum outro tipo de alteração relacionada aos hormônios, como por exemplo disfunção da tireoide, também pode sofrer com a sudorese noturna. Seja qual for a situação, os problemas hormonais devem ser tratados com orientação médica.

Alteração metabólica. Consequência do consumo excessivo de álcool ou de doenças como a diabetes, ela eleva ou reduz o nível de glicose no sangue e desencadeia a sudorese. Ocorre principalmente à noite porque é o período em que permanecemos mais tempo em jejum. A dica, aqui, é reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e, se o problema persistir, procurar um médico.

Alimentação inadequada. A ingestão de bebidas ou alimentos muito quentes ou picantes aumenta a temperatura interna, ativando o mecanismo de resfriamento do corpo e a produção do suor. E aqui, também, o consumo excessivo de bebida alcoólica agrava a situação, pois o álcool alarga os vasos sanguíneos da pele, aumentando a transpiração. Por isso, no período da noite, evite alimentos muito quentes ou picantes, reduza o consumo de álcool e capriche na hidratação, principalmente durante e depois de consumir bebida alcoólica.

O melhor momento para o desodorante antitranspirante
E se você não sofre com a sudorese noturna, saiba que é durante a noite que as glândulas sudoríparas se tornam menos ativas e, por isso, esse é o momento mais indicado para aplicar o desodorante antitranspirante. É que a pele limpa e livre de suor absorve o antitranspirante de forma eficaz, garantindo axilas secas e fresquinhas até o dia seguinte.


segunda-feira, 2 de março de 2020

Estudo sugere possível ligação entre bebidas açucaradas e câncer

Um estudo observacional encontrou uma ligação entre o consumo de bebidas açucaradas e um risco aumentado de câncer. 100ml de bebidas açucaradas por dia foi associado com um risco de 18% de câncer em geral, e um aumento de 22% no risco de câncer de mama. Os pesquisadores especulam que o efeito do açúcar em refrigerantes e sucos de frutas pode estar ligado aos níveis de açúcar no sangue e à inflamação, que estão ligados ao desenvolvimento do câncer. Outros compostos, como aditivos, também podem desempenhar um papel.

Um estudo publicado pelo BMJ hoje relata uma possível associação entre o maior consumo de bebidas açucaradas e um aumento do risco de câncer.

Embora seja necessária uma interpretação cautelosa, os resultados somam-se a um crescente corpo de evidências que indicam que a limitação do consumo de bebidas açucaradas, juntamente com a tributação e as restrições de comercialização, pode contribuir para uma redução nos casos de câncer.

O consumo de bebidas açucaradas aumentou em todo o mundo durante as últimas décadas e está convincentemente associado ao risco de obesidade, que por sua vez é reconhecido como um forte fator de risco para muitos tipos de câncer. Mas a pesquisa sobre bebidas açucaradas e o risco de câncer ainda é limitada.

Assim, uma equipe de pesquisadores sediada na França decidiu avaliar as associações entre o consumo de bebidas açucaradas (bebidas adoçadas com açúcar e sucos de frutas a 100%), bebidas adoçadas artificialmente (dieta) e risco de câncer em geral, além de mama, câncer de próstata e intestino (colo-retal).

Suas descobertas são baseadas em 101.257 adultos franceses saudáveis ​​(21% homens; 79% mulheres) com uma média de idade de 42 anos no momento da inclusão do estudo de coorte NutriNet-Santé.

Os participantes completaram pelo menos dois questionários alimentares on-line validados 24 horas por dia, projetados para medir o consumo habitual de 3.300 alimentos e bebidas diferentes e foram acompanhados por um período máximo de 9 anos (2009-2018).

O consumo diário de bebidas açucaradas (bebidas adoçadas com açúcar e sucos de frutas 100%) e bebidas adoçadas artificialmente (dieta) foi calculado e os primeiros casos de câncer relatados pelos participantes foram validados por registros médicos e vinculados a bancos de dados nacionais.

Vários fatores de risco bem conhecidos para o câncer, como idade, sexo, nível educacional, histórico familiar de câncer, tabagismo e níveis de atividade física, foram levados em consideração.

O consumo médio diário de bebidas açucaradas foi maior nos homens do que nas mulheres (90,3 mL v 74,6 mL, respectivamente). Durante o acompanhamento, 2.193 primeiros casos de câncer foram diagnosticados e validados (693 cânceres de mama, 291 cânceres de próstata e 166 cânceres colorretais). A idade média no diagnóstico de câncer foi de 59 anos.

Os resultados mostram que um aumento de 100 mL por dia no consumo de bebidas açucaradas foi associado com um aumento de 18% no risco de câncer em geral e um aumento de 22% no risco de câncer de mama.

Quando o grupo de bebidas açucaradas foi dividido em sucos de frutas e outras bebidas açucaradas, o consumo de ambos os tipos de bebidas foi associado a um maior risco de câncer em geral. Nenhuma associação foi encontrada para câncer de próstata e colorretal, mas o número de casos foi mais limitado para esses locais de câncer.

Em contraste, o consumo de bebidas adoçadas artificialmente (diet) não foi associado ao risco de câncer, mas os autores advertem que é necessário cautela na interpretação deste achado devido a um nível de consumo relativamente baixo nesta amostra.

Possíveis explicações para esses resultados incluem o efeito do açúcar contido em bebidas açucaradas sobre a gordura visceral (armazenada em torno de órgãos vitais, como fígado e pâncreas), níveis de açúcar no sangue e marcadores inflamatórios, todos ligados ao aumento do risco de câncer.

Outros compostos químicos, como aditivos em alguns refrigerantes, também podem ter um papel, acrescentam.

Este é um estudo observacional, por isso não pode estabelecer causa, e os autores dizem que não podem descartar algum erro de classificação de bebidas ou garantir a detecção de cada novo caso de câncer.

No entanto, a amostra do estudo foi grande e eles puderam se ajustar a uma ampla gama de fatores potencialmente influentes. Além do mais, os resultados foram praticamente inalterados após mais testes, sugerindo que os resultados resistem ao escrutínio.

Esses resultados precisam de replicação em outros estudos de grande escala, dizem os autores.

“Estes dados suportam a relevância das recomendações nutricionais existentes para limitar o consumo de bebidas açucaradas, incluindo suco de frutas 100%, bem como ações políticas, como impostos e restrições de marketing direcionadas a bebidas açucaradas, que podem contribuir potencialmente para a redução da incidência de câncer” eles concluem.


domingo, 1 de março de 2020

José Costa: 27 anos de trabalho no Colégio Dom Bosco como Professor de Educação Física


     Em 1º de março de 1993, a convite da Irmã Auxiliadora, comecei a dar aulas de basquete no Colégio Dom Bosco. Já são 27 anos de trabalho como Professor de Educação Física em uma das maiores instituições de ensino de Sergipe. De lá para cá, ensinei educação física do 4º ano do ensino fundamental a 3ª série do ensino médio e também treinei equipes de voleibol que participaram de várias competições oficiais no Estado, entre elas: Jogos das Escolas Particulares de Sergipe, Jogos da Primavera, Jogos Escolares Tv Sergipe, Copas Sergipana de voleibol, Seletiva dos JEBs e Seletivas do Interior dos Jogos da Primavera. Em todas as competições o Colégio Dom Bosco ganhou medalhas. No total foram 20 medalhas sendo 06 de ouro, 11 de prata e 03 de bronze.

     Nestes 27 anos em que trabalho no Colégio Dom Bosco, os alunos foram incentivados a aspirar a títulos nas competições, mas, acima de tudo, aprenderam nas aulas de educação física e treinos do voleibol valores morais e sociais como: respeito, honestidade, justiça, responsabilidade, amor ao próximo, amizade, solidariedade e equilíbrio emocional que servem para a formação integral como seres humanos. Atualmente, leciono educação física aos alunos do 4º ano e 5º ano do ensino fundamental e da 2ª série do ensino médio.

     Tenho orgulho de já ter contribuído com compromisso e dedicação por 27 anos na formação integral de milhares de alunos de Itabaiana e municípios circunvizinhos que estudam ou estudaram no Colégio Dom Bosco através da educação física e do esporte.

     Agradecerei eternamente à Irmã Auxiliadora que me concedeu o emprego, e a atual diretora, Irmã Josefa Nery dos Santos que possibilitou a permanência no trabalho, mesmo depois de ter me aposentado. Um agradecimento especial ao Coordenador de Educação Física, José Ismary da Costa Santos, e à Coordenadora do ensino fundamental 1, Clesiane Nunes Fernandes Pimentel , que concretizaram um sonho antigo meu, de dar aulas às turmas do 4º ano, e em especial por nesse ano ensinar a um aluno cuja avó foi minha aluna de basquete quando estudou a 5ª série no Colégio Estadual Murilo Braga, em 1983. Daqui a dois anos, em 2022, se Deus permitir, vou concretizar outro sonho, o de ensinar a minha Netinha Laisa, já que também ensinei aos meus filhos no Colégio Dom Bosco.

     Agradeço a Deus por ter guiado, protegido e iluminado meus passos durante esta jornada de trabalho e rogo a Ele que abençoe todos que fizeram e fazem parte da família Dom Bosco, com a qual convivo há 27 anos, e que espero continuar convivendo por muitos e muitos anos.

Professor José Costa

Nossas células também envelhecem? Veja quais nutrientes ajudam a minimizar o processo


Alguns aminoácidos podem ajudar na proteção contra os danos causados pelos radicais livres

Ao longos dos anos, nossas células passam por uma série de alterações que podem acelerar o processo de envelhecimento celular e predispor o aparecimento de algumas doenças. Diversos fatores estão por trás desse processo e podem acelerá-lo, como a poluição e o tabagismo que, por sua vez, podem causar o excesso dos tão conhecidos radicais livres1.

Ainda que envelhecer seja um processo natural, a boa nutrição é uma grande aliada na hora de proteger a saúde das células. Isso porque, durante o envelhecimento, a nutrição pode ficar prejudicada, já que a capacidade de ingerir, digerir, absorver e metabolizar os nutrientes diminui. Portanto, a atenção com a alimentação deve ser redobrada2.

Alguns nutrientes como as vitaminas C e E, por exemplo, são importantes antioxidantes para combater o excesso de radicais livres, reduzindo seu impacto negativo sobre a célula e contribuindo para a melhora do seu funcionamento3. Veja abaixo como funciona o processo de envelhecimento celular e como o adequado aporte nutricional pode ajudar a evitar doenças.

Glutationa, o antioxidante das células
Para entender melhor, os radicais livres são moléculas formadas durante os processos metabólicos que ocorrem naturalmente no nosso corpo, como a respiração celular, por exemplo. O problema é que, quando eles são produzidos em excesso, podem gerar o chamado estresse oxidativo, que está associado a inúmeras doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e até mesmo Alzheimer1.

O estresse oxidativo pode ser reduzido pela ação dos famosos antioxidantes, que reagem com os radicais livres, neutralizando essas moléculas. A glutationa, por exemplo, é o principal antioxidante natural das células e atua em diversos processos do corpo, tendo um papel chave na proteção celular4.

A glutationa é formada por três principais nutrientes: ácido glutâmico, cisteína e glicina, que são produzidos pelo corpo e também encontrados em alimentos fontes de proteínas5. Entretanto, a cisteína e a glicina podem se encontrar reduzidas em pessoas idosas e com doenças crônicas como diabetes, por exemplo. Quando deficientes no organismo, a produção de glutationa é prejudicada e, portanto, as células ficam menos protegidas e mais expostas à ação dos radicais livres, já que o efeito antioxidante fica comprometido6.

Outros nutrientes presentes nos alimentos que também participam da defesa antioxidante do organismo são as vitaminas B27, E e C, e os minerais zinco e selênio, todos antioxidantes que auxiliam nesse processo (ou mecanismo)8.

Como a alimentação pode ajudar a proteger as células?
Quando a alimentação é inadequada e deficiente em nutrientes importantes para o corpo, pode haver danos à saúde e piora na qualidade de vida. É por isso que é importante ter uma alimentação variada, com nutrientes que tenham propriedades antioxidantes e que ajudem a estimular o processo de proteção natural do organismo8.

Entre a população idosa há uma série de fatores que podem prejudicar a ingestão adequada de nutrientes, como: doenças crônicas, consequências do uso de medicamentos, alterações da mobilidade, dificuldades em se alimentar e até mesmo a depressão2. Portanto, é preciso encontrar soluções para auxiliar na promoção da qualidade de vida e envelhecimento saudável.

A Nestlé Health Science desenvolveu a primeira solução em nutrição celular que ajuda a manter as células protegidas à medida que envelhecemos. Nutren Celltrient Protect contém uma combinação exclusiva de glicina e cisteína, aminoácidos que compõem a glutationa, o principal antioxidante intracelular, além das Vitaminas C, E e B2 (riboflavina) e dos minerais zinco e selênio, antioxidantes que auxiliam na proteção dos danos causados pelos radicais livres.


sábado, 29 de fevereiro de 2020

Queimaduras? Não corra para o hospital, corra para a torneira


Água melhor que qualquer outro produto contra queimadura

Se seu filho sofreu uma queimadura, é melhor manter o autocontrole e mantê-lo em casa por um tempo que, a princípio, pode parecer longo demais.

Ocorre que o resfriamento com água corrente é o melhor tratamento inicial para as queimaduras.

"Se uma criança se queimou, o primeiro ciclo de tratamento deve ser de 20 minutos de água corrente fria. A água corrente fria é mais eficaz imediatamente após a queima, mas as evidências sugerem que ela permanece benéfica por até três horas após uma lesão," afirma a Dra Bronwyn Griffin, da Universidade de Queensland (Austrália).

A água fria da torneira, aplicada continuamente, deu melhores resultados do que todas as alternativas, como aloe, géis, compressas, pasta de dente, manteiga ou claras de ovos, por exemplo.

Tudo melhor

Os pesquisadores constataram que a água corrente fria reduz as chances de precisar de um enxerto de pele, acelera a cicatrização e diminui a chance de uma vítima de queimadura jovem exigir internação no hospital ou precisar passar por um procedimento cirúrgico.

O estudo comparativo mostra que as crianças que receberam primeiros socorros adequados, envolvendo 20 minutos ou mais de resfriamento com água corrente, tiveram as chances de enxerto de pele reduzidas em mais de 40%.

O fornecimento de qualquer quantidade de água corrente fria foi associado a uma chance reduzida de admissão hospitalar em 35,8% e à chance de exigir tratamento em uma sala de cirurgia em 42,4%.

Queimaduras? Não corra para o hospital, corra para a torneira
A administração de pulsos elétricos reduz as cicatrizes de queimadura em 58%, embora este seja um tratamento hospitalar.

Entre os pacientes que não necessitaram de enxerto de pele, a velocidade de cicatrização foi mais rápida com a administração de água fria corrente, qualquer que tenha sido o tempo. Isso é importante porque a cura mais rápida reduz o risco de cicatrizes, observam os autores.

Tempo para manter queimadura sob a água

A duração ideal da terapia com água corrente fria permanece em discussão.

As associações australianas, britânicas e europeias de queimaduras recomendam 20 minutos de água corrente fria. A Associação Norte-Americana de Queimados, por sua vez, pede cinco ou mais minutos, enquanto a Cruz Vermelha prescreve 10 minutos ou mais.

Este novo estudo dá mais suporte à recomendação de 20 minutos completos, observam os autores.

"Se você é um pai ou um paramédico, é altamente recomendável administrar 20 minutos de água corrente fria na queimadura de uma criança. Essa é a maneira mais eficaz de diminuir a gravidade dos danos nos tecidos de todas as queimaduras térmicas," salientou a Dra Griffin.


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

10 fatos fascinantes sobre cães


Novas pesquisas sobre comportamento e fisiologia canina estão revelando pistas valiosas sobre o que acontece entre as duas orelhas dos caninos. Nunca vamos conhecer todos os detalhes do pensamento dos cães, mas temos cada vez melhores informações sobre a cognição canina. Veja dez fatos interessantes sobre a mente de um cachorro:

10. Cães também têm depressão e ansiedade
Os sintomas da depressão nos cães são parecidos com os humanos: eles podem perder o apetite, ficam apáticos, perdem interesse nas atividades favoritas e se isolam do mundo.
Entre as causas de depressão em cães estão a partida de alguém da família ou a chegada definitiva de alguém que o pet não gosta.

9. São exímios processadores de cheiros
Cães têm até 300 milhões de receptores olfativos, comparado com seis milhões em humanos.
Eles têm conchas nasais muito maiores e profundas que as nossas e o cérebro deles é especializado em identificar aromas, motivo pelo qual cães confiam em seus narizes para ajudá-los a interpretar o mundo ao redor deles. A área de processamento olfativo nos cães é quatro vezes maior que dos humanos.
Eles também conseguem inspirar e expirar ao mesmo tempo, criando uma circulação de ar sem interrupções, enquanto nós precisamos revezar essas duas habilidades.

8. Cães leem expressões faciais humanas
Se você sorri para um cão, ele processa essa informação e associa que você está feliz. Ele sorri de volta, mas da maneira dele: pulando animadamente, abanando a cauda ou correndo loucamente pela casa.
Evidências sugerem que os batimentos cardíacos deles aumentam quando percebem que alguém está bravo, com medo ou feliz. Uma pesquisa mostrou que eles conseguem reconhecer expressões faciais da mesma forma que uma criança entre seis meses a dois anos faz.

7. Eles gostariam de dizer o que pensam, mas não conseguem
Apesar de não falarem, os cães ainda conseguem se comunicar conosco. Eles se expressam pela linguagem corporal. Já conhecemos seis grupos de sinais comunicacionais diferentes (medo, empolgação, ansiedade, agressão e calma), mas às vezes esses sinais são tão sutis que passam batido.

6. Cães entendem o que você diz
Cães entendem, em média, 165 palavras que dizemos. Eles podem aprender até mais delas com treinamento. O cérebro dos cães processa a língua de forma semelhante ao do ser humano, com o lado direito lidando com emoções e com o esquerdo trabalhando o significado. Eles aprendem da mesma forma que uma criança que certas palavras significam certas coisas.

5. Cães percebem alteração de humor pelo som
Já sabemos há algum tempo que os cães conseguem captar o tom dos sons, incluindo a nossa voz. Isso é facilmente observável com o simples experimento de dar uma bronca em um cão com uma voz gentil e sorriso no rosto. A reação dele fatalmente será abanar o cabo.

4. Humanos influenciaram o cérebro dos cães
Cientistas já provaram que com a seleção de cães podemos controlar, em linhas gerais, o formato, cor ou personalidade dos cães. O cérebro dos cães varia de raça para raça, e muito dessa variação se deve à seleção de certos comportamentos e características físicas.

3. Cães são bastante críticos
Desde bebês nós aprendemos através da imitação, e nem sempre temos a visão crítica para perceber que determinado comportamento é desnecessário ou até negativo. Já os cães também aprendem por imitação, mas decidem com mais facilidade o que vão copiar ou não.
Em experimentos com quebra-cabeças para cães, eles observam como outros resolvem o problema e copiam, mas fazem pequenas alterações para adaptar o que viram ao que eles acreditam que o problema necessita.

2. Eles são bons em matemática
Um cachorro nunca vai aprender a resolver uma equação de segundo grau, mas eles são bons em continhas simples de soma e até acertam mais desafios desse tipo do que crianças.
Se um retriever treinado para caça percebe que três patos foram abatidos, ele traz três aves para o dono dele, sem precisar voltar para conferir se algum ficou para trás. Depois de buscar um, eles sabem que ainda faltam mais dois. Depois de pegar o segundo, eles sabem que tem mais um.
Outro experimento apresentou dois pratinhos de biscoitos caninos com quantias diferentes, e os cães sempre atacam primeiro o prato com mais biscoito.

1. Eles sentem ciúmes
Eles podem sentir ciúmes dos seus donos e de outros cães. Quando um recém-nascido chega em casa, alguns deles se isolam ou agem com um pouco mais de agressividade.
Resumindo, cães podem ser animais simples, mas o cérebro deles é bastante complexo. Ainda há vários mistérios a serem solucionados sobre algumas coisas que eles fazem. Enquanto isso, podemos aproveitar esta ótima companhia. [Listverse]


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Coronavírus: 10 mitos sobre prevenção e tratamento


De superdoses de vitamina D a chá de erva-doce, conheça métodos veiculados por aí para proteger contra o coronavírus que não têm respaldo da ciência

O novo coronavírus (que agora recebeu o nome de covid-19) já criaram dezenas de fake news sobre ele. De uma origem em laboratório orquestrada pelo empresário Bill Gates para lucrar com vacinas a estratégias simples e milagrosas para tratar e evitar a infecção, sobram informações inverídicas.

Elencamos os boatos que mais estão se disseminando sobre esse vírus e conversamos com especialistas para esclarecê-los de uma vez por todas. Confira:

1) Tomar uma superdose de vitamina D evita o coronavírus
Uma mensagem assinada por um médico diz que a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) indica um reforço na imunidade para prevenir essa doença. Para isso, seria preciso injetar uma dose alta de vitamina D, que teria o poder de modular as defesas do corpo.
Só que a notícia é completamente falsa. A SBI emitiu um comunicado afirmando que jamais fez tal recomendação. “Tomar uma vitamina não vai mudar sua resposta a um agente estranho”, comenta Nancy Bellei, infectologista consultora da entidade e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Um estudo bem robusto, realizado em 2019 com mais de 5 mil adultos, mostra que mesmo uma dose enorme, de 100 mil UI de vitamina D, não previne infecções respiratórias, como o coronavírus. A pesquisa foi feita pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e publicada no periódico Clinical Infectious Diseases.
Isso vale também para suplementos de vitamina C e minerais como zinco. A suplementação só deve entrar em cena com orientação profissional e em caso de deficiência de nutrientes comprovada.
Manter uma alimentação equilibrada ao longo da vida é a única recomendação nutricional dos médicos para reforçar as defesas. “Vender qualquer boost de imunidade beira o charlatanismo”, destaca João Prats, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

2) Chá de erva-doce mata o vírus originário da China
Esse é um boato reaproveitado há pelo menos dez anos. Verdade que, até então, essa fake news se restringia ao vírus influenza, causador da gripe.
No WhatsApp, o texto alega que um médico do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo recomenda tomar o chá de erva-doce para curar o coronavírus, porque a planta tem o mesmo princípio ativo do Tamiflu, um remédio usado contra casos de H1N1 e outros subtipos do influenza.
Mas atenção: tal composto não existe na erva-doce. Aliás, o Ministério da Saúde ressalta que nenhum chá é capaz de tratar o coronavírus ou a gripe.

3) Alho, gengibre e outros fitoterápicos como forma de prevenção
Ainda na seara alimentar, as correntes recomendam comer alho cru e tomar chá de gengibre, entre outras bebidas e alimentos, para reforçar a imunidade e matar o vírus.
“Embora moléculas dessas plantas demonstrem resultados positivos quando se estuda a ação delas em uma célula isolada no laboratório, não dá para extrapolar esse efeito para o corpo humano”, comenta Prat.
Isso não significa que comer um vegetal rico em nutrientes, como o alho ou mesmo o gengibre, fará mal. Na verdade, eles até podem aliviar sintomas como coriza e irritação nas vias aéreas. Só não espere que, isoladamente, previnam ou curem um caso de coronavírus ou de qualquer outra infecção respiratória.

4) Já ter pego gripe protege contra o coronavírus
O influenza é diferente do coronavírus. Quando somos infectados por um subtipo do vírus da gripe, nosso organismo aprende a se defender especificamente contra ele, em um processo chamado de resposta imune adquirida.
O raciocínio é o mesmo para a vacina da gripe. O fato de ter recebido essa injeção não quer dizer que o organismo está mais resguardado do coronavírus. E nem contra o próprio influenza daqui um ano. Isso porque esse agente infeccioso sofre mutações constantes, que exigem modificações na vacina.
Agora, imunizar-se contra gripe pode evitar que o coronavírus cause complicações. Explica-se: esse novo vírus pode se aproveitar do fato de o organismo estar enfraquecido pelo influenza para provocar estragos graves.

5) O coronavírus é semelhante ao vírus da aids
Uma montagem mostra porções iguais do DNA de dois vírus lado a lado, supostamente o HIV e o coronavírus. Segundo os autores, são semelhanças “nunca encontradas em outro coronavírus do passado”, o que indicaria que o novo inimigo da saúde foi criado com fins escusos em um laboratório – olha aí o Bill Gates de novo.
Mas não há nenhum registro científico dessa similaridade. O periódico The Lancet publicou recentemente um artigo que sequencia os genes do covid-19, mostrando que ele é cerca de 80% similar ao vírus SARS, que causou uma epidemia na década passada. Não há qualquer menção ao HIV.

6) O novo vírus pode ser tratado com remédios para HIV, influenza ou antibióticos
Até agora, não existe um tratamento específico contra o coronavírus além de observar e remediar os sintomas e as complicações da infecção. Entretanto, com o avanço dos casos, os médicos estão fazendo testes com medicamentos originalmente criados para enfrentar outras enfermidades.
Na China, médicos vêm receitando o lopinavir e o ritonavir, antirretrovirais que tratam o HIV, combinados com o oseltamivir, o princípio ativo do Tamiflu, que é prescrito em gripes severas. A CNN noticiou também que um médico tailandês declarou ter curado um caso grave de coronavírus com a mistura.
A estratégia, entretanto, carece de comprovação científica. “Faltam evidências clínicas da eficácia contra o covid-19. Também precisamos compreender o mecanismo pelo qual atuariam esses medicamentos”, destaca Prats.

7) Carregar bolsas de cânfora afasta o coronavírus
“Uma boa dica, meus queridos amigos: bolsinhas medicinais de cânfora ajudam a evitar a propagação da gripe coronavírus”, afirma uma mensagem espalhada pelos grupos de WhatsApp. Primeiro, vale dizer que a infecção provocada pelo coronavírus não é uma gripe, o que já levanta suspeitas.
E a cânfora, embora empregada há séculos como tratamento alternativo, não tem nenhuma ação antiviral atestada por estudos. “É uma planta famosa por ser descongestionante e analgésica. Ela até atenua os sintomas de gripe e resfriado, mas não reduz o risco de infecção nem evita casos graves”, pontua Prats.

8) Lavar nariz com frequência evita o coronavírus
A higienização frequente das narinas é a melhor maneira de desentupir o nariz, além de amenizar os sintomas da rinite. Só que seus benefícios param por aí, uma vez que a higiene do local não impede que um vírus entre pela mucosa e acesse o organismo.

9) Comprar mercadorias da China é perigoso
Ter contato com produtos chineses não representa ameaça de contágio pelo coronavírus. Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade médica rejeitam essa hipótese.
 “Há a possibilidade de o vírus ‘sobreviver’ no ambiente por alguns dias, mas, em geral, ele se torna incapaz de infectar alguém após algumas horas fora do organismo”, destaca Nancy.

10) Ozonioterapia para tratar coronavírus
Uma clínica de estética publicou em suas redes sociais que a ozonioterapia — técnica que administra os gases oxigênio e ozônio no nosso corpo para diferentes fins — preveniria a infecção. A notícia, embora falsa, espalhou-se rapidamente.
Em comunicado, a SBI avisa que não há nenhuma evidência científica de que o método proteja contra o covid-19.

Uma polêmica: o calor brasileiro deixa o coronavírus menos ameaçador?
Com base em estudos já feitos com o influenza, que apontam para uma maior transmissão nos meses frios e secos, imagina-se que o coronavírus perderá força no clima tropical do Brasil em pleno Carnaval. Acontecimentos dos últimos anos, contudo, desafiam esse conceito.

“Existe um conhecimento clássico sobre o assunto, mas há muitos dados que apontam para surtos de vírus causadores de doenças respiratórias fora do frio e em regiões mais úmidas”, diz Nancy. “Tivemos, por exemplo, uma epidemia de H1N1 nos Estados Unidos em julho, um período muito quente naquele país, e também enfrentamos casos no verão brasileiro”, complementa a médica.

A especialista completa: “Não dá para afirmar que o clima diminuirá a velocidade de transmissão, especialmente se tratando de um vírus para o qual ninguém tem imunidade ainda”, completa.

No entanto, outras versões de coronavírus especialmente agressivos, como o SARS, de fato tiveram maior dificuldade de se espalhar no verão. Isso porque, no calor, as pessoas não ficam tanto tempo em ambientes fechados, que facilitam a disseminação de infecções respiratórias. E é possível que o próprio vírus não responda tão bem ao clima tropical.

Nesse ponto, portanto, devemos esperar mais pesquisas.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-mitos-prevencao-tratamento/  - Por Chloé Pinheiro - Foto: Fabio Castelo/SAÚDE é Vital