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quinta-feira, 14 de maio de 2020

7 alimentos que aquecem o corpo e protegem a saúde


Chás, sopas, canela e outras comidas e bebidas podem controlar o colesterol, ajudar a emagrecer e ainda espantar o frio

É só a temperatura dos termômetros baixar que o consumo de calorias sobe. Não é mesmo? Afinal é difícil resistir a um chocolate quente, uma massa ou um fondue quando está frio. O problema é que na maioria das vezes esses alimentos são ricos em açúcares, sódio, gorduras saturadas e outros vilões da boa alimentação. Para lhe tranquilizar, listamos sete alimentos saborosos e que não vão colocar sua saúde numa fria.

Chás e infusões
Os chás e infusões são ótimas opções para te aquecer no inverno. "Eles aumentam a temperatura do nosso organismo quando ingeridos e por alguns minutos dão a sensação de maior bem-estar e conforto térmico", observa Karina Valentim Nutricionista da Patricia Bertolucci Consultoria em Nutrição.
Eles ainda são uma fonte para hidratação, especialmente porque nos dias frios a ingestão de líquidos tende a ser menor. Boas opções são os chás preto, branco, vermelho e verde, todos extraídos da planta Camellia sinensis. As infusões a partir de outras folhas, flores e frutas imersas em água quente como hortelã, camomila, abacaxi, gengibre, entre outros também combinam com dias frios. Essas bebidas também podem diminuir as taxas de colesterol, melhorar o sistema imunológico, proteger a pele contra os efeitos nocivos do sol, prevenir doenças cardiovasculares, câncer, cáries, entre outros problemas e ainda têm potencial emagrecedor, explica a nutricionista Talitta Maciel, do Espaço Reeducação Alimentar.
A infusão da erva mate é conhecida por conter compostos com propriedades antioxidantes, tais como ácidos fenólicos e taninos, auxiliando no combate aos radicais livres, prevenindo doenças cardiovasculares e envelhecimento precoce. Porém assim como os chás derivados da Camelia sinensis (chá preto, branco, verde), seu consumo deve ser evitado após as 18 horas para não atrapalhar o sono.
Já as folhas de hortelã e boldo, por exemplo, podem ser usadas após as refeições por possuírem propriedades digestivas. A infusão de cavalinha pode agir como repositor de minerais e oligoelementos no organismo, sendo indicada nos tratamentos de unhas quebradiças e consolidação de fraturas. Além disso, pode ser interessante para indivíduos com retenção de liquido uma vez que é fonte de potássio, que auxilia na maior eliminação de sódio pelos rins.
Para proteger o fígado, o dente de leão e a carqueja são as ervas mais indicadas. A primeira possui ação antioxidante e a segunda é rica em flavonóides, em especial a hispidulina, que atua de forma hepatoprotetora. A combinação das duas plantas também é benéfica para a saúde do órgão.
O famoso chá de erva cidreira possui ação calmante. Mas além disso, também age de forma antiespasmódica e analgésica no organismo. Vale lembrar que infusões ervas e frutos calmantes como cidreira, camomila e maracujá podem deixar a pessoa sonolenta durante o dia, portanto o melhor é consumi-los perto da hora de dormir

Sopas caseiras
O líquido quente da sopa ajuda a acelerar o metabolismo, fazendo com que o corpo trabalhe para colocar a temperatura no habitual isso dá a sensação de corpo aquecido. Se adicionar as sopas a alimentos termogênicos, como gengibre, brócolis e pimenta vermelha aumenta mais essa sensação.
Mas é preciso ficar atento aos ingredientes que serão utilizados neste prato. A sopa caseira saudável deve conter 1 a 2 tipos no máximo de carboidratos como: batata, mandioquinha, arroz integral, batata doce, macarrão integral tipo de sopa, feijão, grão de bico, milho ou ervilha. Escolher de 2 a 4 legumes como: cenoura, vagem, abobrinha, tomate, cebola, salsão, alho poró, couve manteiga, brócolis que podem ser misturados para fazer a base da sopa. E por fim a sopa pode conter 1 tipo de proteína como frango, carne ou tofu (opção para os vegetarianos). Dê preferência a cortes mais magros das carnes, sem gorduras aparentes.
Caso você queira uma sopa de creme de legumes, evite colocar creme de leite, queijos ou leite com amido para engrossar. "O mais saudável seria retirar uma porção da sopa líquida e bater no liquidificador ou mixer a fim de engrossar o restante da sopa e acrescentar biomassa de banana verde para dar textura creme", orienta a nutricionista Karina..
Quando preparada com esses cuidados, a sopa é uma refeição completa, pois contém todos os ingredientes necessários para um jantar ou almoço equilibrado e saudável. Os carboidratos presentes irão ajudar na manutenção de energia do organismo, fornecendo glicose para as células, principalmente para o cérebro, mantendo assim a atenção e a cognição.
Os legumes e vegetais fornecem vitaminas e minerais fundamentais para o metabolismo celular e imunidade. E as proteínas são fundamentais para manutenção e formação de tecidos, hormônios, anticorpos.

Gengibre
O gengibre é termogênico e contribui para a perda de peso - Foto: Getty Images
O gengibre é termogênico e contribui para a perda de peso - Foto: Getty Images
Nossa temperatura corporal é controlada no Sistema Nervoso Central (SNC) que por sua vez influência nos níveis de serotonina. A serotonina produz um efeito duplo sobre a temperatura corporal. De acordo com o tipo de neuroreceptor estimulado, ela pode reduzir ou aumentar a temperatura corporal. Estudos mostram que o gengibre está ligado ao aumento da termogênese, uma vez que auxilia na inibição de hipotermia induzida por serotonina.
A raiz também proporciona benefícios para a saúde porque conta com o gingerol. Este composto exerce funções antioxidantes, antifúngicas, anti-inflamatórias e inibe a agregação das plaquetas, evitando o aparecimento de trombos. E ajuda a tratar processos inflamatórios como a obesidade e a gordura localizada.
Mesmo apresentando muitos ganhos à saúde, é preciso ter alguns cuidados no consumo do gengibre. Altas concentrações podem provocar aumento do fluxo sanguíneo, aborto, gastrites, úlceras e azia. Portanto, a orientação é consumir cerca de duas fatias pequenas por dia. Ele pode ser consumido cru ou refogado em saladas, molhos, acompanhado de legumes, batido com sucos e até chás.

Pimenta
O alimento é rico em vitamina A,B e C, além de minerais como Magnésio e Ferro. Mas seus principais benefícios ocorrem devido à presença da capsaicina, composto químico responsável pela liberação de endorfinas, substâncias que promovem o bem-estar. Segundo Karina,a endorfina libera as catecolaminas, que atua na diminuição do apetite, e contribui para perda de peso e redução da fome intensa.
Por ser um termogênico a pimenta pode acelerar em até 10% o gasto calórico de uma pessoa. "O efeito térmico do alimento é determinado pelo gasto de energia necessária para a digestão, absorção, metabolismo, excreção e armazenamento dos nutrientes, além do aumento da atividade metabólica e o aumento da produção de calor, pelo tecido adiposo marrom", observa Karina Valentim.
Estudos mostram que o consumo de capsaicina estimula a atividade do sistema nervoso simpático, aumentando a mobilização de lipídios do tecido adiposo. De acordo com as pesquisas, 0,9 gramas de pimenta vermelha nas principais refeições já apresenta benefícios, ela pode ser consumida crua ou em pratos quentes.

Canela
A canela aquece porque aumenta o nosso gasto energético. A especiaria possui ação anti-inflamatória e boas quantidades de cromo, nutriente responsável pela melhora da sensibilidade à insulina e no controle da glicemia sanguínea.
Ela pode ser usada em frutas (banana assada), vitaminas e também em pratos quentes, pois seus componentes não são destruídos pelo calor. A orientação é inferir de uma a duas colheres de chá da especiaria ao dia.

Vinho
O vinho é rico em flavonóides que ajudam a acelerar o metabolismo e assim proporcionar sensação de corpo aquecido. Além disso, por possuir álcool, a bebida pode levar a uma vasodilatação periférica, que também contribui para uma pequena sensação de calor.
Esta bebida é considerada funcional por conter resveratrol. A substância está relacionada aos efeitos antioxidantes do vinho, na prevenção de doenças cardíacas. Além disso há estudos indicando que o consumo moderado junto ao almoço e jantar pode auxiliar na melhora do perfil lipídico (gorduras sanguíneas) como colesterol e triglicérides. Os flavonóides presentes no vinho ainda podem contribuir para a perda de peso.
Porém, por ser uma bebida alcoólica é preciso ficar atento à quantidade ingerida de vinho. O consumo não pode ultrapassar duas taças de 70 ml cada por dia. "O excesso pode causar danos hepáticos, ganho de peso, inchaço e dependência", diz Talitta Maciel.

Oleaginosas
As oleaginosas também são boas opções nos dias frios. "Elas são ricas em arginina que aumenta a vasodilatação e consequentemente aumenta a circulação sanguínea e a sensação de calor", constata Talitta Maciel.
As oleaginosas possuem Zinco, Magnésio, Arginina e ajudam na formação de músculos. "Elas também são fontes de antioxidantes, que ajudam a combater os radicais livres, evitam o envelhecimento precoce, além de possuírem gorduras poli e mono insaturadas que ajudam na saúde do coração", diz Talitta Maciel.


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

7 alimentos e bebidas que não podem faltar em um café da manhã saudável


Nutricionistas listam o que deve estar à mesa na primeira refeição do dia para garantir energia, disposição e mais benefícios à saúde.

Estudos divergem sobre a máxima que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, mas uma coisa é certa: “Essa refeição fornece a quantidade adequada de nutrientes e grande variedade de vitaminas, minerais e fibras para garantir energia para o dia“, explica a nutricionista Carina Brunale. Porém, tudo depende do tipo de alimento que vai à mesa.

Anote aí o que estão no topo da lista de recomendações dos nutricionistas:

1. Ovos
Ovos são ricos em proteínas, vitaminas, minerais e diversos outros nutrientes. A também nutricionista Lidiane Santana cita como exemplo a presença de colina, uma substância encontrada na gema do ovo e essencial para o bom funcionamento do organismo. “Seu baixo consumo é relacionado a doenças do fígado, cardiovasculares e distúrbios neurológicos”, diz a especialista.
Os modos mais saudáveis de consumir esse alimento no café da manhã são omeletes e ovos mexidos. Não há receita complicada e você usará pouco ou nenhum óleo.

2. Leite e derivados
Outra ótima fonte de proteína é o leite, mas prefira o desnatado, que não tem gordura saturada, e opte por tomá-lo puro, sem adicionar achocolatado (que contém alta dose de açúcar).
Os derivados também estão na lista. Em relação aos queijos, dê preferência aos brancos (queijo minas, cottage e ricota), menos gordurosos que os amarelos. Iogurte também é uma opção para o café da manhã, principalmente se for misturado com frutas e cereais.
Mas atenção! Nem todos os derivados do leite são indicados para um café da manhã saudável. A manteiga, por exemplo, é extremamente rica em gordura saturada, então é preferível substitui-la por margarina, que ajuda a reduzir o colesterol ruim.

3. Frutas
Banana, maçã, mamão, laranja, manga e melancia são algumas das frutas mais populares. Elas contêm alta quantidade vitaminas, especialmente dos complexos B e C, além de serem fontes de potássio, magnésio e cálcio, todos de extrema importância para a nossa saúde.
O melhor modo de consumi-las é comendo a fruta inteira, pois assim seus nutrientes são mais bem aproveitados. Mas nada te impede fazer um suco ou uma vitamina combinando as sua frutas favoritas.

4. Cereais
Cuidado apenas com os industrializados que vêm cheios de açúcar e não fazem bem para a sua saúde. O indicado é incluir aveia, linhaça, centeio, chia e granola na sua primeira refeição do dia.
Esses grãos são ricos em fibras, sendo fontes perfeitas de energia para o corpo e ingredientes importantes para garantir o bom funcionamento do sistema digestivo.

5. Pão
Para conquistar uma boa dose de energia, carboidratos são importantes. E o pão é uma boa fonte. Mas, segundo Carina, o ideal é o pão integral. “Ele ajuda na saciedade, oferece vitamina do complexo B e melhora o humor”, diz.

6. Chá
Há uma variedade sem fim de chás que podem ser benéficos à saúde – isso sem contar que ajudam muito na hidratação. Confira alguns tipos e suas propriedades aqui.

7. Café
“O café acelera o metabolismo, melhora a energia e a capacidade cognitiva. Além disso, a cafeína possui alguns minerais em sua composição”, conta Lidiane, que também a alerta sobre a importância de consumir a bebida em quantidade moderada!


sábado, 7 de setembro de 2019

Quer viver bastante? Então é melhor se livrar dessas bebidas


Querido leitor que pre-ci-sa tomar refrigerante todos os dias, você não vai gostar nem um pouco desta nova e robusta pesquisa sobre consumo de bebidas açucaradas. O novo estudo acompanhou mais de 450 mil pessoas de 10 países europeus por 16 a 19 anos e constatou que aqueles que bebiam dois ou mais copos de refrigerante por dia tinham um maior risco de morte em geral do que quem bebia manos do que um copo por mês.

O estudo foi publicado nesta semana na revista JAMA Internal Medicine.

No início do acompanhamento, nenhum participante da pesquisa tinha câncer, diabetes, problemas cardíacos ou derrame. O estudo mostrou que quem consumia dois ou mais copos de refrigerante não-diet por dia tinha maior risco de morrer de problemas digestivos, enquanto aqueles que tomavam a mesma quantidade de refrigerante diet tinha maior risco de morrer de doenças cardíacas.

Qual a relação entre refrigerante adoçado com açúcar e problemas digestivos? Segundo explica à CNN a professora do curso de medicina da Emory University (EUA), Sharon Bergquist, “evidências experimentais sugerem que alto açúcar no sangue e alto consumo de açúcar podem prejudicar a barreira intestinal”. Isso causa inflamação no intestino, altera a flora intestinal e aumenta a chance de infecções no órgão.

Já a alta quantidade de refrigerante consumida, independente do tipo, está associada com um aumento de risco de doença de Parkinson, mas não Alzheimer ou câncer.

Copos de refrigerante por mês
O estudo não só contabilizou a ingestão de refrigerantes tradicionais com sabores cola, laranja e uva, mas também refrescos e xaropes de frutas, como o xarope de groselha e outros sabores.  Neste estudo, cada copo foi considerado como 250 ml. Uma lata normal de refrigerante costuma ter 355 ml.

Aqueles que consumiram mais do que um copo de refrigerante por mês mas menos do que dois por dia pareceram ter um efeito proporcional: quanto mais eles bebiam, maior o risco.

Substituir a bebida adoçada com açúcar pela que contém adoçante parece diminuir o risco de morte prematura, mas beber quatro ou mais copos de bebidas adoçadas artificialmente aumentou o risco de morte prematura por doenças cardiovasculares em mulheres. O mesmo não foi observado em homens.

Associação, e não causa e efeito
Este estudo mostrou apenas uma associação entre o hábito de consumir refrigerante com a morte precoce, e não uma relação de causa e efeito. É possível que quem consome muito refrigerante tenha outros hábitos que não sejam saudáveis e que causam o resultado observado no estudo. Esses hábitos podem ser fumar e ter uma dieta ruim em geral.

Como diminuir o consumo
Se você chegou até aqui e decidiu diminuir ou cortar o seu consumo de refrigerante e refresco, aqui vão algumas dicas:

Diminua aos poucos – ao invés de cortar drasticamente o consumo, você pode diminuir um copo por dia até chegar a um copo por dia. Neste momento você pode passar a tomar a bebida dias alternados. A terceira fase é ir aumentando esses intervalos até tirar o consumo completamente.

Troque por água com gás – para muita gente, o prazer está na sensação das bolhas fazendo cócegas na língua e na garganta. Se a sua paixão é pelo gás da bebida, você pode trocar o refrigerante por água com gás pura ou então misturar com suco de limão ou de uva, para dar um “tchan”. Só lembre-se de não exagerar no açúcar ou adoçante que acompanham o suco. Também é importante não confundir água gaseificada com água tônica. Enquanto a primeira não tem açúcar, a segunda tem tanto açúcar quanto o refrigerante comum.

Suco de fruta não é a solução – Se você está pensando em trocar o refrigerante por suco de fruta, lembre-se que mesmo sucos naturais contêm muito açúcar livre, que aumentam rapidamente o o nível de açúcar no sangue. O ideal é consumir a própria fruta, para que as fibras presentes tornem a liberação de açúcar mais lenta durante a digestão.

Cafeína – Se o que você gosta no refrigerante é a cafeína, troque a bebida por chá verde, preto ou mate, mas chá feito em casa. O chá industrializado também contém bastante açúcar.

Mergulhe na água – A melhor bebida de todas continua sendo a maravilhosa e barata água. Mantenha uma garrafa de água fresca ou com infusão de frutas perto da mesa de estudos ou trabalho, de forma que ela fique acessível para você. Quando você sentir desejo de tomar uma bebida açucarada, tome um copo de água ou coma uma fruta, e você vai ver que a vontade imediata vai passar.

Beba com moderação – Tomar refrigerante ou refrescos de vez em quando não traz nenhum efeito adverso. A chave está na moderação. Aproveite a bebida de forma consciente, reservando-a para dias especiais. Mas como o paladar se acostuma rapidamente com a diminuição de consumo de açúcar, é provável que nessas raras ocasiões que você vai beber refrigerante, você acabe estranhando o sabor e prefira uma bebida menos açucarada. 


segunda-feira, 8 de julho de 2019

Chás para emagrecer: as bebidas que prometem combater o inchaço


Infusões com um mix de ervas invadiram o mercado e a internet com a promessa de desinchar e levar à perda de peso. Investigamos essa história

Nos últimos anos, os chás e infusões têm atraído um número crescente de pessoas pelo seu potencial emagrecedor. Vira e mexe uma erva rouba a cena. Já foi o chá-verde. Depois o hibisco. Agora é a vez de uma mistura: uma combinação de folhas de chá-verde, mate verde, hortelã, sálvia, carqueja e alecrim, além do pó da raiz desidratada do gengibre e da semente de guaraná.

A fórmula é comercializada por marcas como Desinchá e Herbal Nutrition e também pela rede de produtos naturais Mundo Verde. A proposta? Acabar com a retenção de líquidos e, claro, viabilizar o emagrecimento. Para ter ideia do sucesso, a Desinchá, primeira a lançar a receita, cresceu 2 740% nos primeiros seis meses de atuação, e está em mais de 7 mil pontos de vendas pelo país.

“O blend oferece um estímulo diurético, que ajuda na eliminação de líquidos pelo corpo. Além disso, combate a formação de gases”, explica a nutricionista Ana Paula Montemor, consultora da Desinchá, de São José dos Campos, no interior paulista. “A combinação ainda apresenta ação termogênica, ou seja, eleva o gasto calórico e facilita o emagrecimento”, acrescenta.

Como se não bastasse, a especialista cita propriedades anti-inflamatórias, que tornariam o organismo mais saudável. Para experimentar tudo isso na prática, a sugestão é consumir de um a dois sachês do chá por dia — quente ou frio, fica a critério do freguês.

Mas, antes de comprar a ideia (e os produtos), é preciso gerenciar as expectativas. Ora, não basta só tomar as xícaras por algum tempo e, pronto, a barriga vai embora. Apesar de soar clichê, não existem milagres quando o assunto é a perda de peso.

“Em geral, o efeito dos chás no emagrecimento é discreto. Quem busca esse objetivo precisa adotar uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos regularmente e ter um sono de boa qualidade”, defende a nutricionista Clarissa Hiwatashi Fujiwara, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, a Abeso. A bebida seria, assim, um coadjuvante no processo.

Conheça cada ingrediente do mix que tem feito sucesso no mundo do emagrecimento
Sálvia: esta erva reúne certos ativos, como óleos essenciais e flavonoides, que combatem a formação de gases e são diuréticos.

Mate verde: tem papel antioxidante, anti-inflamatório, diurético e lipolítico, ou seja, aumenta a queima de gordura devido à presença de xantinas.

Hortelã: contribui para a digestão de proteínas e, por causa do mentol, favorece os movimentos intestinais e reduz a formação de gases.

Gengibre: a raiz possui bioativos com ação anti-inflamatória e diurética, além de acelerar o metabolismo e estimular a queima de gordura.

Guaraná: a semente da planta usada nos chás apresenta substâncias que elevam o gasto calórico e baixam o colesterol.

Chá-verde: é diurético e dá pique. Graças às catequinas, combate os radicais livres que atormentam as células e ajuda a impedir o acúmulo de gordura.

Carqueja: melhora a digestão e impede o acúmulo de gordura nas células. Também evita a retenção de líquidos.

Alecrim: concentra substâncias que previnem o estufamento causado pelos gases e exibe potencial antioxidante e anti-inflamatório.

Como os chás ajudam no emagrecimento
Nunca é demais reforçar que o ganho de peso e o inchaço são influenciados por vários fatores, como estilo de vida sedentário, alimentação desequilibrada, excesso no consumo de sal, baixa ingestão de água e até alterações hormonais. Sem falar que o metabolismo de cada pessoa é diferente. Sozinho, um chá não tem poder para driblar tudo isso. Mas será que a nova mistura de plantas é especialmente eficaz?

“Por ter uma quantidade limitada de cada ingrediente, a fórmula acaba restringindo a ação das ervas”, avalia Vanderli Marchiori, nutricionista e presidente da Associação Paulista de Fitoterapia. “Por outro lado, pode haver uma sinergia entre elas. Mas, para confirmar isso, é necessário fazer um estudo com o blend na proporção em que é vendido. Hoje, não temos esses dados”, completa.

De fato, algumas ervas isoladas e em maiores concentrações são capazes de oferecer ótimos resultados, informa a nutricionista especialista em fitoterapia Roseli Rossi, da Clínica Equilíbrio Nutricional, na capital paulista. É o caso do chá-verde, feito a partir da planta Camellia sinensis — que também dá origem ao chá-branco e ao chá-preto.

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq) já testaram a bebida durante dois meses entre mulheres acima do peso e verificaram que ela impulsionou o emagrecimento — principalmente quando aliada ao exercício.

Um dos motivos é a alta concentração de catequinas, que parecem favorecer a quebra de gorduras. Já a cafeína presente na planta contribuiria para a transformação dessa gordura em energia.

Outra espécie parceira é a erva-mate, nativa do Brasil — opção mais barata do que o blend, diga-se. De acordo com um estudo sul-coreano, pessoas com sobrepeso que consumiram cápsulas com a erva tiveram uma redução no percentual de gordura corporal após 12 semanas de uso.

Mas uma pesquisa nacional, da Universidade Federal de Santa Catarina, chegou a identificar efeito emagrecedor da própria bebida entre indivíduos com alteração no colesterol. A cafeína (mais uma vez!) e as propriedades diuréticas do chá-mate responderiam pela façanha.

Opções para atuarem como parceiras na perda de peso não faltam. Mas, se você curtiu pra valer o gostinho daquele mix de oito ingredientes, vá em frente. “É uma maneira de ingerir mais líquidos com prazer e sem calorias. Desde que não seja adicionado açúcar à preparação, claro”, diz Vanderli.

“Esse mix também ajuda a controlar a vontade de doce, uma vez que estimula as papilas gustativas a aceitarem melhor os sabores amargo e azedo”, observa Ana Paula.

Não dá para negar que uma infusão ao natural, seja de qual tipo for, cai melhor do que bebidas açucaradas, como achocolatado, refrigerante e néctar. Ainda assim, nada de exagerar na quantidade, tá? “O consumo, em geral, não deve ultrapassar 1 litro por dia, justamente por conter substâncias diuréticas e estimulantes”, lembra Vanderli. Bom senso é bem-vindo até na hora do chá.

Dicas que fazem a diferença na hora de consumir a sua infusão preferida
Melhor não adoçar: prefira tomar o chá sem açúcar. Assim, evita-se incluir mais calorias na dieta. Se achar difícil de engolir, bote um tiquinho de mel.

Prefira o natural: em geral, os chás prontos têm menos propriedades (e mais açúcar) do que os feitos com folhas secas ou saquinhos.

O tempo certo: “coloque a erva na água fervente e deixe por três a cinco minutos para liberar os fitoquímicos importantes”, ensina Vanderli Marchiori.

A proporção ideal: para cada sachê, use 250 mililitros de água. E, para cada litro, uma colher de sopa da planta seca. Diluir demais reduz os efeitos da erva.

Tem cafeína? Pense no sono: como a substância é estimulante, chás como o verde e o mate devem ser evitados a partir das 17 h para não interferir no descanso noturno.

Quando tomar: evite os chás no almoço e jantar. “Substâncias como a cafeína prejudicam a absorção de ferro dos alimentos”, diz Clarissa Fujiwara.

Não ignore o inchaço
Muitas vezes ele é resultado de situações como aumento da temperatura (que dilata os vasos), excesso no consumo de sal e até ação dos hormônios. No entanto, há casos em que o inchaço sinaliza questões mais sérias, a exemplo de doenças cardiovasculares, diabetes e problemas renais.

“Observe se ele incomoda, se persiste por mais de cinco dias e se há outros sintomas associados”, recomenda a médica Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela Universidade de São Paulo. “Caso já tenha uma doença conhecida, procure o médico com urgência”, avisa.


quinta-feira, 20 de junho de 2019

Tomar bebidas geladas de fato faz mal para a garganta? Por quê?


Essa é dos mesmos criadores de “ler no escuro estraga a vista” e “bolo quente dá dor de barriga”. Tudo sem fundamento.

O que irrita mesmo a garganta são infecções causadas por vírus e bactérias – gripe, resfriado, faringite – ou hábitos como tabagismo, passar muito tempo perto do ar-condicionado e exagerar no uso da voz (como naquele karaokê em que você cantou cinco músicas seguidas). Quem explica é Fausto Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês.

Bebidas trincando só são realmente nocivas a quem precisa da voz para trabalhar (o que não é o caso de cantores de bar). Artistas profissionais e locutores de rádio, por exemplo, precisam aquecer as cordas vocais para que possam emitir sons com clareza. Ao ingerir um líquido gelado, todo o aquecimento vai por água abaixo.

Se você quer mesmo evitar dor de garganta, cuide da sua imunidade – com vacinas em dia e alimentação balanceada –, beba água regularmente e evite ambientes empoeirados ou com ar muito frio. Essas são algumas medidas que – de fato – resguardam seu gogó.


terça-feira, 19 de março de 2019

A caça ao açúcar dos alimentos industrializados


O que está por trás do plano brasileiro de redução de açúcar em bebidas e alimentos processados. Ele é realmente efetivo ou mal trará benefícios?

Doze milhões de toneladas. Esse foi o total de açúcar consumido pelos brasileiros entre 2013 e 2014. Para ter ideia do tamanho da gulodice, basta dizer que daria para encher, até a arquibancada superior, 32 estádios do Morumbi, em São Paulo, o segundo maior do Brasil, com capacidade para 77 mil torcedores. Em um ranking elaborado pela Sucden, multinacional do ramo açucareiro, nosso país ocupa, hoje, o quarto lugar entre os maiores fãs da sacarose, o nome técnico do açúcar.

O abuso, como a ciência não cansa de mostrar, eleva o risco de obesidade e doenças crônicas como diabetes, hipertensão e câncer. Apenas Índia (26 milhões), União Europeia (18 milhões) e China (16 milhões) são mais sedentos por doçura que o Brasil.

“Não é proibido consumir açúcar. Pelo contrário. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária. Afinal, ele é uma fonte de energia. O problema está no excesso”, avalia Wilson Mello, presidente do conselho diretor da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).

De fato, a OMS libera um consumo diário, por pessoa, de 25 gramas, o equivalente a seis colheres de chá. E indica não ultrapassar 50 gramas, ou 12 colheres. Acontece que o brasileiro extrapola. E muito. Engole três vezes mais: 80 gramas, o correspondente a 18 colheres.

Assim, o total de calorias representadas por esse ingrediente, que, de acordo com a OMS, não deveria superar 10% por dia, chega a 16,3%. Isso ajuda a explicar por que a incidência de diabetes saltou, só na última década, 54% entre os homens e 28,5% entre as mulheres.

Por essas e outras, governo e indústria decidiram, em novembro do ano passado, firmar um pacto: reduzir a dose de açúcar na fórmula de bebidas e alimentos industrializados. O objetivo é retirar do mercado, de forma gradual e até 2022, 144 mil toneladas do ingrediente em algumas categorias — o que daria para forrar 68 piscinas olímpicas.

Comparando aos 12 milhões de toneladas consumidas em dois anos, parece pouco. A questão é que é difícil mensurar o impacto desses números. Como a quantidade total de açúcar empregada pela indústria não foi divulgada, não dá pra calcular exatamente o percentual que vai sumir dos alimentos — e avaliar quão significativo será o efeito da medida.

O acordo, que é voluntário, contempla 23 categorias de produtos. Elas podem ser divididas assim: bebidas açucaradas, biscoitos, bolos e misturas, achocolatados e lácteos.

É curioso que diversos itens, como balas, geleias, chocolates, sorvetes, gelatinas, refresco em pó, barrinhas e cereais matinais, ficaram de fora. “Somente as categorias que contribuem majoritariamente para o abuso de açúcar compuseram o termo de compromisso”, justifica Michele Lessa, coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.

Quanto às metas de redução, elas variam de 10,5% para achocolatados em pó a 62,4% para biscoitos recheados. De resto, a meta é baixar o teor de açúcar em até 32,4% nos bolos, 33,8% nas bebidas, 46,1% nas misturas para bolos e 53,9% nos lácteos.

“Em biscoitos, bolos e misturas, o açúcar confere doçura e interfere na textura, na crocância e no aroma. Além disso, seu custo é bastante competitivo”, explica Claudio Zanão, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Como o acordo proíbe os fabricantes de colocarem adoçantes ou gordura em seu lugar, o jeito é testar diferentes tecnologias, receitas e novos ingredientes.

Confira os detalhes de cada categoria logo abaixo – e, depois, as ponderações sobre o plano:

Bebidas açucaradas
Meta: até 33,8% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: ter 11 gramas de açúcar em 100 mililitros de produto
No fim de 2022: 10,6 gramas de açúcar em 100 mililitros
Uma latinha do refrigerante à base de cola mais vendido do mercado já apresenta 10,5 gramas de açúcar em 100 mililitros. Logo, escapa, por 0,1 grama, da meta estabelecida para refrigerantes em 2022, que é de 10,6 gramas. Das 207 bebidas açucaradas incluídas no acordo, 113 (55%) terão que reduzir o teor do ingrediente em sua fórmula. Ou seja, muito produto já está dentro dos parâmetros.

Achocolatados em pó
Meta: até 10,5% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 90,3 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 85 gramas de açúcar em 100 gramas
De todas as categorias, é a que apresenta o menor índice de redução. Alexandre Jobim, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas, explica que, devido ao consumo reduzido, os achocolatados líquidos não entraram no combo — só os em pó e similares de outros sabores. Detalhe: o produto líder do mercado já está dentro da meta, com 75 gramas de açúcar em 100 gramas.

Biscoitos
Meta: até 62,4% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 36,4 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: não divulgado
A categoria inclui rosquinhas e biscoitos com e sem recheio. O líder entre os recheados possui 36,3 gramas de açúcar por 100 gramas. Então, não precisará rever a fórmula até 2020. Claudio Zanão, presidente da Abimapi, avisa que os fabricantes já estão testando alternativas para se adequar ao trato. “A combinação de sabor, textura, crocância e custo oferecida pelo açúcar não é facilmente encontrada em outros produtos”, informa.

Iogurtes e leites fermentados
Meta: até 53,9% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 14,5 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 12,8 gramas de açúcar em 100 gramas
Segundo Cristina Mosquim, consultora de assuntos regulatórios da Viva Lácteos, há itens que já sofreram redução de 12% ou quase não levam açúcar. Usar mais leite é uma das soluções. O líder dentro de petit suisse tem, hoje, 12,2 gramas do ingrediente. O valor deverá ser de 13,9 gramas para essa categoria em 2022. Nada muda nesse caso, portanto.

Bolos prontos
Meta: até 32,4% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 31,2 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 29,5 gramas de açúcar em 100 gramas
Falamos de todas as versões: com e sem recheio ou cobertura. “Se a meta de redução fosse mais ambiciosa, não teríamos como garantir que sabor, textura, cor e outras características não seriam alterados”, admite Zanão, da Abimapi, uma das quatro associações a selarem o acordo. Juntas, representam 68 empresas, que respondem por 87% do mercado.

Misturas para bolos
Meta: até 46,1% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 58,7 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 57,9 gramas de açúcar em 100 gramas
Podem ser aeradas ou cremosas e permitem que o consumidor elabore as mais variadas receitas a partir delas. Assim como as categorias de bolos e biscoitos, a de misturas está sob o guarda-chuva da Abimapi. “Pretendemos, até 2022, ajustar, no mínimo, 50% de todos esses produtos”, calcula Zanão, presidente da entidade.

Elogios, críticas e ponderação ao plano de redução do açúcar
De maneira geral, entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) encaram a iniciativa com bons olhos. Mesmo assim, sugerem ajustes.
Para o endocrinologista Fábio Trujilho, vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sbem, falta discutir restrições de publicidade de alimentos para crianças, por exemplo. “É essencial ir muito além desse acordo e adotar medidas que conscientizem a população dos riscos do consumo exagerado de açúcar”, destaca.
Já a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente da Abeso, reivindica uma rotulagem nutricional adequada com a informação clara e compreensível sobre a presença de açúcar no produto. “Na hora da compra, o consumidor precisa saber o que está levando para casa. Por essa razão, ter um sinal de alerta seria muito eficiente”, afirma.
Ela se refere ao modelo conhecido como “triângulo preto”, que propõe um aviso frontal sobre o alto teor de ingredientes que, se consumidos demais, fazem mal à saúde. É o caso de sódio, gordura e açúcar. O modelo, em estudo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já foi adotado em países como Chile, Uruguai e Canadá, entre outros.
Na opinião da nutricionista Laís Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), também é necessário coibir a venda de produtos desbalanceados nas cantinas escolares. “Devemos facilitar as escolhas saudáveis e dificultar as não saudáveis”, resume.
As críticas ao pacto não param por aí. “Acordos voluntários são pouco eficazes porque as metas são baseadas no teor máximo de açúcar em cada categoria de alimento. Isso significa que haverá uma diminuição apenas nos itens com valores realmente excessivos”, explica Laís. “Na prática, é apenas um controle de danos com metas pouco ambiciosas”. Ela se alongou sobre o assunto em uma coluna para o nosso site, que você pode ler clicando aqui.
O acordo engloba 2 397 produtos — na conta da indústria, são 1 787 — de 68 empresas. Desse total, somente 1 147 (47,9%) de fato terão que adequar seus índices de sacarose. Os 1 250 restantes (52,1%) já estão dentro ou até mesmo abaixo das metas estabelecidas.
“Se os limites fossem mais bruscos ou o acordo englobasse uma quantidade maior de alimentos, o consumidor poderia deixar de levar para casa seu produto favorito e migrar para outro, com mais açúcar. Queremos dar tempo para as pessoas se adaptarem ao sabor”, defende Mello.
O presidente do conselho da Abia garante que o trabalho não termina em 2022. Daqui a quatro anos, governo e indústria pretendem se reunir para firmar outro pacto e estipular novas metas de redução.
Segundo o Ministério da Saúde, o açúcar presente nos alimentos industrializados responde por 36% do total consumido no Brasil. Os outros 64% seriam adicionados pelo próprio indivíduo ao café, aos sucos e às demais receitas. A indústria apresenta números diferentes: 19,2% do açúcar degustado seria incorporado pelas empresas, enquanto 80,8% viriam do açucareiro de casa.
Divergências à parte, não dá para negar que o paladar brasileiro precisa de um treino. “Até por uma herança cultural, gostamos muito de doces. Nosso paladar é semelhante ao do português”, compara Olga Amâncio, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban). “Até pouco tempo atrás, todo mundo adoçava suco de fruta. Hoje em dia, nem tanto. É preciso ensinar à população que muitos alimentos já são doces por natureza”, ressalta a nutricionista.
O educador físico Antonio Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e autor do livro O Fim das Dietas (Editora Abril), endossa as palavras de Olga. “Tem gente que coloca açúcar até em achocolatados”, conta.
E ele traça outra reflexão: hábitos alimentares não são mudados por decreto. “Por que as pessoas escovam os dentes todos os dias? Porque isso foi estimulado na infância”, exemplifica. “Mudança de comportamento passa por uma questão educacional. Muitas vezes, orientar uma criança é capaz de promover uma alteração no padrão familiar”, completa.
Além de maneirar na quantidade de açúcar à mesa, especialistas recomendam prudência na hora de substituir o ingrediente por adoçantes. O ideal é dar preferência a alimentos naturais ou minimamente processados.

História que se repete?
Não é a primeira vez que governo e indústria unem forças para estipular metas de redução de um ingrediente de produtos alimentícios. O primeiro documento foi assinado em 2007. Na ocasião, a indústria conseguiu baixar em 94,6% a concentração de gordura trans em alimentos. Com isso, 310 mil toneladas saíram das prateleiras entre 2008 e 2010.
Em 2011, o foco foi o sódio. Desde então, desapareceram do mercado 17,2 mil toneladas do mineral cujo excesso leva à hipertensão. O objetivo é chegar a 28,5 mil toneladas em 2020. Só que esse combinado também recebeu críticas.
O cientista político Marcello Fragano Baird, autor do relatório Redução de Sódio em Alimentos — Uma Análise dos Acordos Voluntários no Brasil, afirma que o trato foi muito tímido porque suas metas tiveram como base a média do mercado. “Isso significa que praticamente metade dos produtos já estava dentro dos limites. É um passo importante, mas seria possível ter sido muito mais ambicioso”, avalia.
Para o Ministério da Saúde, o acordo firmado em 2011 para redução de sódio pode ser considerado bem-sucedido. Só no primeiro biênio (2011-2013), 90% dos produtos bateram a meta estipulada, com uma redução média entre 5 e 21%.
Mas um estudo conduzido pela Universidade Federal Fluminense não enxergou motivo para tanto otimismo. Seus autores revelaram uma queda média de 1,5% no consumo de sódio.
Ou seja, é como se a ingestão tivesse passado de 3 163 miligramas diários para 3 116, valor ainda bem acima do limite aconselhado pela OMS, que é de 2 mil miligramas diários.

De volta ao pacto do açúcar – e ao fato de ser voluntário
Mais um ponto que incomoda os experts é o fato de o tratado do açúcar ser voluntário. “Quem estabelece os valores das metas e o tempo para cumpri-las é a própria indústria. Não há previsão de fiscalização, monitoramento ou punição para aqueles que não cumprirem o acordo”, observa Laís.
Mas Michele, do Ministério da Saúde, assegura que a Anvisa fará uma análise laboratorial para verificar a quantidade de sacarose nos produtos a cada dois anos. As empresas que não obedecerem o pacto serão notificadas e o Ministério cobrará providências.
Porém, como a adesão é opcional, realmente não ocorrerão ações punitivas ou sanções econômicas. Só que Mello acredita que medidas do tipo nem seriam necessárias. “Ninguém quer ser o patinho feio da história”, diz.
Para Baird, o ideal seria que o governo determinasse a redução obrigatória e as empresas fossem penalizadas caso não atingissem as metas. É o que já acontece em países como Argentina e Portugal. “Esse modelo tende a ser mais efetivo”, afirma.
Na falta de tal controle, cabe à gente ser mais vigilante — não só em relação aos produtos do mercado mas ao próprio paladar.

Açúcar, um inimigo oculto
Quantas vezes você viu a palavra “açúcar” no rótulo dos industrializados? Não é tão comum, né?
Isso porque os fabricantes não são obrigados a informar seu teor na tabela nutricional. Na maioria dos casos, ele surge como “carboidrato”.
Mas quanto dos carboidratos é açúcar e quanto são outros tipos, como fibras ou amido? Não há como saber. Para complicar, na lista de ingredientes a indústria prefere usar alguns dos muitos codinomes do açúcar, como mel, glicose, frutose, sacarose, xarope de malte e até maltodextrina.
Impossível decorar tanto apelido. Talvez uma atualização na rotulagem ajude nesse sentido.

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/a-caca-ao-acucar-dos-alimentos-industrializados/ - Por André Bernardo - Ilustração: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital

domingo, 2 de dezembro de 2018

4 riscos que você assume ao beber refrigerante e outras bebidas açucaradas


Não é segredo para ninguém que refrigerantes fazem mal para a saúde. Mas é bom ser mais específico na hora de dizer que males são esses, para não correr o risco deste alerta soar vago e genérico. O portal Medical Daily listou quatro problemas bem concretos causados pelo consumo de refrigerantes – e o que é mais importante: estes problemas são causados especificamente pelos refrigerantes, em função da maneira como nosso corpo reage ao açúcar e às calorias na forma líquida.

4. Exagero na comida
Pesquisas mostram que os carboidratos líquidos produzem menos saciedade do que as suas formas sólidas, um efeito frequentemente observado em bebidas açucaradas como os refrigerantes. Como essas bebidas não proporcionam nenhuma sensação de plenitude, elas simplesmente acabam dando ao nosso corpo calorias vazias, nos fazendo consumir mais alimentos para satisfazer a fome.
“As calorias líquidas não mantêm fortes propriedades de saciedade, não suprimem a fome e não provocam respostas dietéticas compensatórias. Ao beber calorias líquidas, as pessoas geralmente acabam comendo mais calorias no geral”, diz na matéria Richard Mattes, professor de alimentos e nutrição da Universidade Purdue, nos EUA.
Calorias líquidas em praticamente qualquer forma – álcool, sucos ou refrigerantes – não são detectadas pelo radar do corpo, mas têm um impacto que pode ser enorme. Evidências científicas confirmam que, embora esses líquidos contenham calorias, o corpo não os detecta da mesma forma que detectaria alimentos sólidos.
Quando as pessoas ingerem calorias na forma de alimentos sólidos, elas compensam naturalmente este consumo reduzindo o restante da ingestão de alimentos. Mas quando as pessoas ingerem calorias líquidas, elas não compensam por comer menos calorias, mostram estudos.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard e do Hospital Infantil de Boston, realizado durante oito anos, com quase 50.000 mulheres, descobriu que as mulheres que aumentaram a ingestão de bebidas açucaradas, como refrigerantes, de uma bebida por semana para uma ou mais bebidas por dia, adicionaram 358 calorias diárias a seus corpos e ganharam peso significativo. As mulheres que reduziram sua ingestão reduziram 319 calorias por dia e ganharam menos peso.
Estudos anteriores demonstraram que o consumo de refrigerantes açucarados aumentava a probabilidade de obesidade em crianças, mas este foi o primeiro estudo observacional de longo prazo em adultos.

3. Destruição da saúde bucal
Todos aprendemos desde crianças que o açúcar não é bom para os dentes. Mas o açúcar não é o único problema para a saúde bucal escondido dentro destas bebidas.
Refrigerantes contém ácido fosfórico e ácido cítrico, que atacam o esmalte dos dentes por um período de 20 minutos. Quanto mais refrigerante você beber, mais longos serão os ataques e mais fraco será o esmalte. A erosão começa quando os ácidos dos refrigerantes encontram o esmalte dos dentes, que é a camada protetora mais externa de seus dentes. Seu efeito é reduzir a dureza da superfície do esmalte.
Bebidas esportivas e sucos de frutas também podem danificar o esmalte do dente, mas eles param por aí. Os refrigerantes vão além. Eles também podem afetar a próxima camada, a dentina e até os recheios compostos. Este dano ao esmalte dos seus dentes pode provocar cáries. Cavidades, ou cáries, se desenvolvem ao longo do tempo em pessoas que bebem refrigerantes regularmente. Se isso for adicionado a uma má higiene bucal, muitos danos podem ocorrer nos dentes, principalmente em crianças e adolescentes.

2. Diabetes tipo 2
Se obesidade e problemas com os dentes não são suficientes para reduzir o consumo de refrigerantes,diabetes talvez seja. Beber apenas uma a duas bebidas açucaradas por dia pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em 26%.
A descoberta surgiu de um estudo realizado pela Universidade de Harvard em 2010. Para os pesquisadores, não é uma coincidência. Segundo eles, essa associação de risco entre refrigerantes e diabetes é “provavelmente uma relação de causa e efeito”.
Embora vários fatores estejam envolvidos no desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da síndrome metabólica (um grupo de fatores de risco, como pressão alta e excesso de gordura corporal ao redor da cintura, que aumentam o risco de doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e diabetes), as bebidas adoçadas com açúcar representam um fator de risco facilmente modificável que, se reduzido, provavelmente terá um impacto importante, dizem os pesquisadores.
“As pessoas devem limitar a quantidade de bebidas açucaradas que bebem e substituí-las por alternativas saudáveis, como a água, para reduzir o risco de diabetes, bem como obesidade, gota, cárie dentária e doenças cardiovasculares”, afirmam os pesquisadores.

1. Doenças cardíacas
No início deste ano, pesquisadores da Universidade Emory, nos EUA, descobriram uma associação entre bebidas açucaradas e um aumento do risco de morte por doença arterial coronariana. Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar a causa e o efeito, essa conexão só foi encontrada quando os pesquisadores olharam para líquidos açucarados.
Os participantes do estudo entre os 25% que mais consumiam bebidas açucaradas, que bebiam cerca de 700 mL ou mais de bebidas açucaradas por dia, tiveram o dobro do risco de morte por doença cardíaca coronária comparados aos 25% que bebiam 20 mL ou menos. Além disso, quanto maior o consumo de refrigerantes, havia um aumento no risco de morte por todas as causas, incluindo outras condições cardiovasculares
“Dois refrigerantes por dia parecem dobrar seu risco de morrer de doenças cardíacas. E foram apenas as bebidas. Nós olhamos para alimentos doces, e não houve efeito similar”, disse o Dr. Jean Welsh, professor assistente de pediatria da Emory. A explicação para isso pode estar no primeiro item desta lista: as pessoas podem consumir bebidas açucaradas em excesso, uma vez que elas não proporcionam uma sensação de saciedade como os alimentos açucarados sólidos. [Medical Daily, American Heart Association, Universidade de Harvard, Live Science]