Se já é importante alimentar-se bem e cuidar da saúde
no verão, no inverno é ainda mais. É isso o que alertam alguns especialistas.
De acordo com eles, o frio potencializa danos respiratórios e de pele que podem
ser amenizados com medidas simples.
Boa parte do Brasil registrou geadas e tempo muito
frio no final do mês de julho. A cidade de São Paulo bateu recorde de
temperatura baixa no ano no dia 29 daquele mês com mínima de 4,7°C. A mínima
absoluta foi registrada em Marsilac, no extremo da zona sul da capital, com -
0,1°C. A madrugada do dia 30 foi a mais gelada dos últimos cinco anos com
6,3°C. Uma nova onda fria, menos intensa, deve chegar no final do mês de
agosto.
Problemas respiratórios aparecem com mais frequência
no frio, e uma das razões para isso é a aglomeração de pessoas em ambientes
fechados, o que facilita a transmissão de doenças. Dentre elas destacam-se
gripe, resfriado, rinites e sinusites. Além disso, o clima seco favorece crises
de asma, bronquite e alergia.
"Com certeza há maior incidência desses
transtornos no inverno. O clima seco resseca nossas mucosas e favorece o
desenvolvimento de doenças. Manter hábitos saudáveis por meio de hidratação e
alimentação adequadas ajudam a manter nosso sistema imunológico ativo",
afirma o médico Luis Gustavo de Freitas Trindade, que é clínico geral e
nefrologista.
É mais ou menos esse o problema que enfrenta o ator e
cantor Leandro Massaferri, 36, que sofre com rinite crônica e asma "desde
sempre". "Essas condições pioram no frio. Após vir morar em São Paulo
eu comecei a fazer tratamento, mas a cidade, além de mais fria, é bastante
seca, e eu senti [o quadro] agravar", diz ele, que é carioca.
Para amenizar os transtornos, ele costuma fazer
sessões de nebulização com soro fisiológico, além de recorrer à bombinha quando
necessário. "O tratamento é todo dia antes de dormir. Já estou
acostumado."
Há pelo menos 15 anos a rinite faz parte da vida da
educadora física paulistana Marina Soares Ferreira do Amaral, 26. Ela conta que
já procurou diversos tipos de tratamento e tomou vários remédios ao longo da
vida, mas nada parece funcionar quando o inverno chega.
O tratamento com homeopatia até que resolveu, ela diz,
mas em dias gelados é mais complicado. "Eu fico olhando a meteorologia
para ver quando chegará o frio, pois detesto baixas temperaturas",
comenta.
Adepta da alimentação saudável, ela diz que comer bem
também é fundamental. "Reeducar a alimentação te ajuda em muitos aspectos,
na qualidade do sono, no [combate ao] estresse. E a água limpa o organismo. É
isso que faço", afirma a educadora física.
Quem corrobora essas dicas é o médico e nutrólogo
Bruno Queiroz Sander. "É bom incluir mais fibras na alimentação diária.
Além de elas serem excelentes para o bom funcionamento do intestino,
proporcionam a sensação de saciedade. Também é fundamental, para evitar danos
respiratórios, ingerir alimentos ricos em vitamina C", orienta.
Mas o incômodo de Marina com o frio não está
relacionado apenas à rinite: ela também diz ter problemas de pele
potencializados com temperaturas mais baixas. Alérgica a níquel e cobre, ela
conta que percebe a pele mais irritada no inverno.
De acordo com a dermatologista Ana Vitória Ribeiro
Perecini, boca rachada e pele mais ressecada são transtornos comuns no inverno
e quando há baixa umidade no ar. Nesse período, doenças como dermatites atópica
e seborreica, psoríase, ictiose, rosácea e urticária podem ter seus quadros
agravados.
No caso de idosos, os danos podem ser ainda maiores.
"Isso ocorre devido à diminuição da produção de suor e óleo pelas
glândulas, além da perda de sustentação e afinamento da pele. De um modo geral,
é preciso usar protetor labial com frequência e investir em hidratantes
potentes", orienta a dermatologista.
Existem ainda quadros de hipersensibilidade à
temperatura, como a urticária induzida pelo frio, que provoca lesões
avermelhadas e elevadas na pele, associadas a inchaço e coceira local.
"Se ocorrerem essas lesões, é válida a avaliação
de um dermatologista e a realização de testes para exclusão de outras doenças.
O tratamento primário é evitar o frio, se agasalhar bem e usar antialérgicos
conforme orientação médica", afirma Ana Vitória Ribeiro Perecini.
Há, ainda, outros problemas que podem ser
potencializados pelas baixas temperaturas. A empresária de marketing digital
Ane Pastorelli, 33, de São Paulo, conta que tem hérnia de disco há quatro anos
e até passou por uma cirurgia em 2019. E adivinhe só o que acontece com essa
condição no frio?
"Segundo os médicos me disseram, meus vasos se
contraem e, como a hérnia afeta o nervo ciático, isso acaba se refletindo em
dor. Para me sentir melhor, uso bolsa de água quente e remédios específicos, além
de tentar evitar ficar exposta ao vento e à friagem", diz.
NOVO ESTILO DE VIDA
Decidida a se livrar da moleza e da preguiça que
sentia com a chegada do inverno, a diretora de marketing Juliana Umbelino
Borges, 31, nascida em Sabará (MG), resolveu mudar seu estilo de vida. Ela
conta que tempos atrás não tinha vontade nem de sair da cama quando a
temperatura caía.
"Eu ficava indisposta, sem motivação. Também
desenvolvi dermatite nervosa, minha pele rachava e eu comia por ansiedade.
Focava o trabalho e esquecia de me cuidar", lembra.
Com a pandemia, todos esses sintomas se agravaram. Mas
chegou um momento em que Juliana decidiu levantar da cama e agir. A alimentação
saudável e a prática de exercícios físicos em casa foram determinantes para uma
mudança completa em sua vida.
"Fui aprendendo a comer frutas, legumes. Fui
introduzindo coisas novas no prato e entendendo o que me ajudava. Fui vendo
que, à medida que comia melhor, meu corpo respondia, eu acordava mais animada,
sentia mais força. Faço ioga em casa e agora comprei até uma cama
elástica", revela.
"Hoje em dia não me preocupo mais tanto com frio
como antes, quando meu rosto ficava todo ferido só de sair na rua. É o primeiro
inverno tranquilo que passo na vida. Recomendo às pessoas se comprometerem com
elas mesmas", aconselha.
Além de consumir alimentos ricos em nutrientes, a dica
da nutricionista Lulia Dib para se manter saudável é beber bastante líquido.
"É importante prestarmos atenção na quantidade de água que estamos
ingerindo pois, por mais que o frio faça com que essa ingestão seja menor, é
fundamental manter o corpo hidratado. O ideal é beber, por dia, 35 ml de água
para cada quilo de peso", conclui.
Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/1835119/inverno-potencializa-danos-respiratorios-e-de-pele-veja-como-se-manter-bem
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