Mundial de um time só: EUA passam por cima da Sérvia
e são campeões. Com 49 pontos da dupla Irving e James, americanos sobram na
conquista de seu primeiro bicampeonato mundial seguido e igualam número de
títulos da ex-Iugoslávia
Na gíria do turfe, a vitória dos EUA sobre a Sérvia
na final da Copa do Mundo de basquete era barbada. Favoritos ao título, com uma
campanha irretocável, a melhor em mundiais desde 1994, os americanos apenas
confirmaram o que quase todos já esperavam. Sobrando tecnica, taticamente e
fisicamente, derrotaram o bom time sérvio por 129 a 92 (67 a 41) e conquistaram
o pentacampeonato da competição, se tornando os maiores vencedores da história
ao lado da ex-Iugoslávia. De quebra, derrubaram um tabu de jamais terem
conseguido vencer duas edições seguidas, feito que só os europeus e o Brasil
tinham.
O título na noite deste domingo no Palacio de
Deportes de Madri veio de maneira tranquila por conta das atuações de Kyrie
Irving e James Harden, responsáveis por 26 e 23 pontos, respectivamente. Os
pivôs Kenneth Faried, com 12 pontos e sete rebotes, e DeMarcus Cousins, com 11
pontos e nove rebotes, foram bons coadjuvantes, ficando próximos do
duplo-duplo. Pelo lado sérvio, Bjelica e Kalinic foram os cestinhas da equipe
com 18 pontos. Carrasco do Brasil, Teodosic anotou 10, em uma discreta
exibição.
SÉRVIA INICIA BEM, MAS EUA REAGEM COM DUPLA
Comandada por Teodosic, a Sérvia começou muito bem o
jogo. Sua movimentação confundia a marcação americana, que se irritava com as
faltas marcadas. Anthony Davis não demorou muito a sentar no banco, com duas.
Cada bola dos sérvios era disputada como se fosse a última. O banco, de pé, e a
maioria dos torcedores nas arquibancadas do Palacio de Deportes de Madri
jogavam juntos e ajudavam os europeus a fazerem 15 a 7. Displicentes, os
americanos não apresentavam a sua conhecida intensidade defensiva.
Mas bastou um tempo pedido por Mike Krzyzewski para
os melhores do mundo provarem o por que são os atuais campeões. O primeiro
baque sérvio aconteceu com a segunda falta de Milos Teodosic, que teve que ser
poupado. O segundo, com o crescimento da dupla Irving/Harden, que precisou de
dois minutos para virar a partida. Com 24 pontos dos dois no período, sendo 15
de Irving, os americanos aplicaram uma corrida de 13-0, tomaram conta da
quadra, virando o placar e abrindo larga vantagem de 14 pontos (35 a 21).
Destaque para os 100% de aproveitamento nas bolas de três (5/5).
A mão quente de fora continuou a favor dos
americanos e foi o fator desequilibrante do segundo quarto. Se o aproveitamento
de 100% caiu para 69%, os 18 pontos oriundos desse quesito fizeram a vantagem
subir para casa dos 30. A Sérvia tentava, mas seu percentual dos três era
completamente inverso de seu rival. Foram apenas três bolas acertas das 11
tentadas, a última delas no estouro do cronômetro pelas mãos de Kalinic,
levantando o público (67 a 41).
DISCUSSÕES E PROVOCAÇÕES ESQUENTAM O JOGO
O jogo já estava praticamente definido, mas os
ânimos dentro de quadra eram cada vez mais intensos na volta do intervalo. Em
uma tentativa de cravada, DeMarcus sofreu falta de Bjelica, mas deixou o
cotovelo na nuca do sérvio, que não gostou. O pivô era dono absoluto da área
pintada com 11 pontos e nove rebotes. O nível de provocação aumentou, e as
faltas técnicas, também. Foram duas contra os europeus. O quarto seguia
equilibrado até os quatro minutos finais, já que a eficiência de fora dos EUA
caiu.
Porém, dois ataques seguidos de três de Kyrie
Irving, em alguns segundos, foram suficientes para recolocar a diferença no
placar acima dos 30 pontos (91 a 59). Pela Sérvia, Teodosic não conseguia
acompanhar a intensidade do jogo e via Bjelica tomar seu lugar de destaque
da equipe. O ala marcou nove pontos no período, chegando a 18 no jogo, que caminhava
para seus últimos dez minutos com os EUA com as duas mãos na taça (105 a 67).
O período final do Mundial de basquete foi uma
pelada, como diz a gíria do futebol. Com o título garantido, os EUA passaram a
só jogar na quadra de ataque e esquecer sua defesa. A Sérvia passou a ganhar
rebotes e fazer seus pontos, dando cravadas que levantavam a galera. Ao ser
substituído, Teodosic ouviu o coro de "MVP" (jogador mais valioso).
Raduljica e Bjelica também foram aclamados por um povo que não se importava em
perder para os EUA. O orgulho sérvio já estava aflorado na pele de cada um.
Já os campeões continuaram a fazer o que mais
gostam: pontuar e dar espetáculo. Os 24 pontos nos 10 minutos finais os
ajudaram a construir seu maior placar na competição e dar números finais a um
torneio de "uma só seleção" (129 a 92).
Escalações:
EUA: Curry, Irving, Harden, Faried e Davis. Entraram: Rose,
Thompson, DeRozan, Gay, Plumlee, Cousins e Drummond. Tec: Mike
Krzyzewski
Sérvia: Teodosic, Markovic, Bjelica, Kalinic,
Raduljica. Entraram: Bircevic, Jovic, Bogdanovic, Simonovic, Krstic,
Katic e Stimac. Tec: Sasha Djordjevic
Fonte: http://globoesporte.globo.com/basquete/noticia/2014/09/irving-e-harden-brilham-eua-passam-por-cima-da-servia-e-conquistam-ouro.html
- Por Fabio Leme