Não há receita para a juventude eterna. Mas algumas
medidas simples, aliadas a um acompanhamento médico podem ajudar a fugir do
sedentarismo e de doenças. Acompanhe as dicas dos especialistas
Em uma recente projeção feita pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que a população de idosos crescerá
de maneira vertiginosa nos próximos anos. A estimativa é que em 2050, a
proporção será de 172,7 idosos para cada centena de crianças e adolescentes. Estima-se também que a expectativa de vida do brasileiro aumentará
para 81,29 anos. Para Cássio Machado de Campos Bottino, professor do
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP) e coordenador do Programa Terceira Idade (Protero) envelhecimento
saudável está ligado à diminuição dos riscos de doenças, ao bom funcionamento
do organismo e à manutenção das relações sociais. É ter o menor número possível
de limitações, preservar as funções do organismo (renal, cardíaca, pulmonar,
entre outras) e manter a capacidade de executar tarefas, como coordenar as
compras da casa, pagar as contas no banco ou tomar uma condução para deslocar-
se pela cidade. “O idoso pode até ter doenças. Mas que sejam enfermidades que
não o impeçam de realizar as atividades cotidianas", completa Roberto
Miranda, vice-chefe da disciplina de Geriatria e Gerontologia das
atividades cotidianas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e
diretor clínico do Instituto Longevità (SP).
O segredo está na prevenção
O geriatra adianta: “Não existe fórmula ou
pílula mágica. Quem está buscando isso deve desistir. O envelhecimento saudável está
relacionado à forma como tratamos o nosso corpo ao longo
da vida e da maturidade. As pessoas devem ter essa consciência e
planejar- se, de modo que, quando essa fase da vida chegar, elas possam lidar
com os problemas decorrentes dela de maneira adequada”. De acordo com Sonia
Martins Fontes, médica geriatra da Clínica Sainte-Marie Hospice e Cuidados
Paliativos (SP), a prática de exercícios físicos como forma de evitar o sedentarismo
é essencial, assim como ter uma alimentação balanceada. “Não é bom ter uma
dieta excessivamente rica em gorduras e açúcar. Se você fugir dos excessos ou,
pelo menos, fazer com que eles sejam esporádicos, na verdade estará fazendo um
bem para a sua saúde como um todo. Procure consumir álcool em
pequenas quantidades e priorize a ingestão de vegetais, legumes, frutas, grãos
integrais, carnes magras e peixes”, afirma.
Menos estresse!
A médica ressalta a necessidade de combater o estresse e a ansiedade, e estimular o cérebro com atividades que desenvolvam o raciocínio
lógico, a memória e
também a linguagem. Assim, cria-se uma reserva cognitiva que poderá ser usada
no futuro e que ajuda na prevenção de quadros de demência. Acompanhamento
médico é importante para identificar problemas de saúde crônicos que podem
agravar-se na velhice. É o caso da hipertensão,
que, por ser assintomática, acaba sendo descoberta em consultas de rotina. “O
problema de pressão alta piora com o avanço da idade. Não tratada, haverá alto
risco de derrame e infarto. Com a detecção precoce, esse risco é
minimizado”, alerta Miranda.
Dieta sob controle
Para não agravar quadros clínicos e evitar
desnutrição, a dieta também precisa de supervisão médica. No
caso de o paciente não possuir nenhum problema de saúde específico,
recomenda-se uma redução no consumo de sal e
um aumento no de líquidos, frutas, assim como no de vegetais. Manter
uma rede de relacionamentos interpessoais é outra medida que contribui
para o bem-estar na terceira idade. “Quanto melhor a rede de suporte
social do sujeito, ele envelhece melhor. Amigos, família, comunidade em
que está inserido, poder público... Se ele viver qualquer necessidade, poderá
contar com essas pessoas”, destaca Miranda.
Remédios, quais remédios?
Passar por consultas
médicas regularmente é imprescindível. Um idoso saudável deve
fazer uma consulta por ano, no mínimo. O ideal é que, na ocasião, ele apresente
seu histórico de saúde e antecedentes familiares. Além disso, deve levar os
últimos exames e a relação completa de medicamentos que
usa. Esta última recomendação deve ser seguida à risca para que não haja
interação medicamentosa. “Remédios para dormir ou para o intestino são
tomados há tanto tempo que não são relatados na consulta”, lembra Wilson Jacob
Filho, diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. “O
médico até pergunta, mas o paciente não sabe as dosagens com exatidão. Aí ele
sai da consulta com uma nova receita que pode não combinar com os remédios que
está tomando”, acrescenta a médica Sonia.