O termo qualidade de vida engloba a satisfação psicológica,
a saúde física e o bem-estar familiar
Qualidade de vida era um termo usado quase exclusivamente
por profissionais de saúde. Agora, todo mundo se preocupa com isso, de
economistas a executivos de publicidade. Para empresas que desejam atrair
funcionários com uma boa formação, ser capaz de oferecer uma boa qualidade de
vida aos funcionários potenciais está se tornando cada vez mais importante.
Porém, o que isso quer dizer na verdade e como empresários e
médicos podem ajudar a melhorá-la, caso alguém seja capaz de definir claramente
o que é? Marta Elvira, Barbara Barcaccia, Giuseppe Esposito, Maria Matarese,
Marta Bertolaso e Maria Grazia De Marinis tentam resumir esse conceito no
artigo "Defining Quality of Life" (Definindo a qualidade de vida),
publicado na edição atual da revista Europe's Journal of Psychology.
Os autores analisam como a qualidade de vida foi
interpretada e definida para fins de pesquisa ao longo de duas décadas,
considerando as dificuldades envolvidas em mensurá-la.
À medida que avanços médicos ajudam a aumentar a
longevidade, nosso objetivo mudou da quantidade de vida para a qualidade
de vida. Embora os cientistas possam recorrer a escalas de pontuação para
mensurar a dor ou quantificar limitações físicas, os autores acreditam que
tentar mensurar a qualidade de vida dessa maneira seja ir longe demais.
O que significa, afinal?
A qualidade de vida é um termo subjetivo e multidimensional
que engloba características positivas e negativas da vida. É uma condição
dinâmica que reflete os eventos da vida: a perda de um emprego, uma doença ou
algum problema podem mudar a definição de qualidade de vida de forma rápida e
drástica.
Ainda que mensurá-la seja difícil, a clareza é extremamente
importante, especialmente para médicos que precisam levar a qualidade de vida
em conta ao considerar o uso de intervenções para a manutenção da vida de
pacientes gravemente doentes. Sob essas circunstâncias, criar uma definição
distinta é eticamente importante e não um detalhe subjetivo.
Uma análise de estudos científicos dos últimos 20 anos
mostra que ainda estamos longe de encontrar uma definição precisa, clara e
compartilhada do conceito. Com frequência, os pesquisadores nem mesmo tentam
definir qualidade de vida, utilizando-a apenas como um indicador.
A qualidade de vida engloba:
- A satisfação com a vida, que é subjetiva e pode mudar.
- Fatores multidimensionais que incluem saúde física,
satisfação psicológica, independência pessoal, bem-estar familiar, educação,
crença religiosa, senso de otimismo, serviços e transporte local, emprego,
relacionamentos sociais, moradia e o ambiente em que se vive.
- Perspectivas culturais, valores, expectativas pessoais e
objetivos em relação ao que se espera da vida.
- Não apenas a ausência de uma doença, mas a presença do
bem-estar físico, mental e social. Os autores destacam a necessidade de uma
equipe médica multidisciplinar capaz de desenvolver uma perspectiva sobre as
necessidades psicossociais do indivíduo, não apenas os cuidados com a saúde.
- Nossa interpretação dos fatos e eventos que ajudam a
explicar por que algumas pessoas com limitações físicas relatam uma qualidade
de vida excelente, ao passo que outras, não.
- Nosso nível de aceitação da situação atual, bem como nossa
capacidade de limitar os pensamentos e emoções negativas em relação a essa
situação.
A subjetividade parece ser uma parte fundamental de nossa
compreensão do significado de qualidade de vida. Os autores sugerem que outras
variáveis, não apenas as relacionadas à saúde física, tais como a saúde
psicológica e social, passem a ser avaliadas no futuro.
Informações The New York Times News Service