Beijar faz tão parte da festa de Carnaval quanto o
samba, o axé, o frevo e as marchinhas. Além de liberar endorfina -- hormônio
que dá sensação de prazer e bem-estar --, um beijo "bem dado" pode
até queimar, em média, 12 calorias. Mesmo com tantos benefícios, beijar também
tem suas "desvantagens", se é que podemos falar assim... É que
algumas doenças são transmitidas justamente pela boca e saliva, portanto, as
chances de quem beija muito - e muitas pessoas diferentes - ser infectado é
maior. Por outro lado, nenhuma dessas doenças é grave.
A mais comum delas é a mononucleose -- que também é
conhecida como doença do beijo -- e é causada pelo vírus Epstein-Baar que se
aloja na região da amígdala. Os principais sintomas da doença, segundo a
infectologista Eliane Tiemi Iokote, da Beneficência Portuguesa de São Paulo,
podem ser confundidos com o de uma virose qualquer, pois são febre alta, dor de
garganta, de cabeça, dores musculares e ínguas.
Celso Granato, infectologista do Fleury Medicina e
Saúde, conta ainda que algumas pessoas infectadas podem apresentar vermelhidão
pelo corpo, semelhante ao que ocorre no sarampo e na rubéola, e icterícia (cor
amarela da pele e do branco dos olhos).
"A mononucleose não é uma doença que dura
apenas dois ou três dias, às vezes, o paciente pode sentir os sintomas por até
três semanas, fica "derrubado", mais cansado, e precisa descansar,
pois o vírus também se aloja em algumas células do fígado e do baço, que é
considerado um órgão frágil. Se a pessoa melhora um pouco e já quer praticar
atividade física, por exemplo, ela pode bater o corpo em algum lugar e romper o
baço", diz Granato.
O infectologista afirma que esse rompimento é raro,
mas que é por conta disso que é necessário pelo menos 15 dias para poder voltar
às atividades normais, como trabalhar.
Como ainda não existe uma vacina para impedir a
contaminação deste vírus, a única opção para os pacientes é tratar os sintomas,
ou seja, se o paciente está com dor no corpo, tomará um analgésico e assim por
diante. "Este vírus se 'desativa' sozinho, pois a partir do momento que o
corpo o adquire, ele nunca mais sai do organismo. As vezes seguintes que o
vírus for ativado, os sintomas serão mais brandos", afirma.
Granato reconhece que deixar de beijar não é uma
opção, mas diminuir a quantidade de parceiros pode ser uma boa maneira de
terminar o Carnaval sem ficar contaminado. "Quando o folião reduz o número
de parceiros, estatisticamente a chance de se pegar o vírus da mononucleose é
menor. Outra opção é fazer um exame de sangue para descobrir se já teve este
vírus, pois caso já tenha tido, não é possível ser contaminado novamente",
afirma.
Herpes
Já a herpes simples, outra doença que pode ser
transmitida pelo beijo, pode ter os sintomas visíveis. Veja se o(a) parceiro(a)
está com uma lesão ativa (bolhas pequenas e doloridas na região dos lábios).
Dessa forma, fica mais simples evitar o contágio, mesmo que ele/ela seja um(a)
gato(a), a recomendação é deixar para lá e buscar outro (a) na folia.
Infelizmente esta atitude não garante que você não
será contaminado pelo vírus -- que é da mesma família da mononucleose, pois
segundo os infectologistas ouvidos pelo UOL, a transmissão ocorre mesmo
quando o "portador" não está com nenhuma lesão aparente.
A maioria das pessoas já teve contato com o vírus,
mesmo que ele nunca tenha se manifestado. "Mais de 96% das pessoas tem
sorologia positiva para herpes, pois em algum momento já teve contato com o
vírus, no entanto, não se sabe o porquê às vezes ele se manifesta em algumas
pessoas e não em outras", diz Ricardo Cantarim Inacio, infectologista do
Hospital Santa Cruz de São Paulo.
Segundo o infectologista Granato, existem certas
situações que fazem o vírus ser reativado. "Uma delas é tomar muito Sol,
que faz com que o organismo reaja e reative esse vírus, a menstruação, devido
aos ciclos hormonais durante este período, e o estresse. É por isso que muitas
noivas que tem o vírus do herpes simples acabam tendo as feridas próximo da
data do evento", diz.
O principal sintoma da doença é a lesão nos lábios,
mas também é possível ter dores no local e um pouco de febre. O tratamento é
simples: uma pomada ou um comprimido receitado pelo médico, que faz o
diagnóstico clinicamente -- não é necessário fazer nenhum tipo de exame, basta
que o profissional observe a ferida.
Situações mais raras
Existem algumas outras doenças que também podem ser
transmitidas pela saliva, mas em situações mais excepcionais, dentre elas a
sífilis, uma DST (Doença Sexualmente Transmissível). "Uma pessoa portadora
da bactéria pode ter uma lesão na boca não dolorosa e eliminar a bactéria pela
região. Caso ela beije algum parceiro, ele pode ficar infectado. Claro que essa
situação é mais rara do que a mononucleose e a herpes, mas também pode
acontecer", diz Granato.
As primeiras lesões na pessoa que foi contaminada
aparecem entre três e quatro dias e o tratamento é feito com altas doses de
penicilina em qualquer hospital.
Uma outra doença que também pode ser transmitida
pela boca é a gripe, mas para isso é preciso que a pessoa que você beijou
esteja incubando a doença para que ela possa ser transmissível. "A questão
da sazonalidade dessa doença também diminui as chances de ela ser transmitida
durante o Carnaval. É que normalmente a incidência da gripe começa no fim de
maio até setembro", afirma Iokote.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/01/30/vai-beijar-muito-no-carnaval-veja-os-riscos-para-a-sua-saude.htm
- por Thamires Andrade – foto Ana Carolina Fernandes/Folhapress