Saiba como o desequilíbrio hormonal pode influenciar na perda de peso e quais são as substâncias que prejudicam esse processo
O emagrecimento é um processo que depende de vários
fatores além da alimentação. Entre esses elementos que contribuem para a
redução de peso está a regulação hormonal. Por isso, para emagrecer de forma saudável,
os níveis hormonais precisam estar equilibrados.
Como explica Henrique Passos, médico
endocrinologista e ortomolecular, os hormônios são produzidos nas glândulas
endócrinas e cada tipo exerce uma função específica no organismo. Essas
substâncias naturais são capazes de regular as ações biológicas do nosso corpo
- como o nível de açúcar no sangue, orientando as células quando é preciso
metabolizar a glicose.
"Os hormônios funcionam como mensageiros,
orientando a célula sobre o que fazer e o que produzir. Eles atuam como chaves
para ligar e desligar o processo metabólico. Sem chaves, não há a ligação. Por
outro lado, se tiver em excesso, o corpo pode diminuir o número de fechaduras
(receptores das células) para tentar manter a harmonia metabólica. Logo, a
falta e o excesso dessas substâncias são prejudiciais", explica o
especialista.
Nessa lógica, os hormônios podem afetar a regulação
do peso (para mais ou para menos) por direcionarem o metabolismo do corpo.
"Eles são responsáveis pela quantidade de calorias que gastamos durante o
dia. Se estiverem desregulados, não tem jeito: perder peso e até construir mais
músculos ficará bem difícil", afirma o médico.
Desta forma, é importante compreender como essas
substâncias agem no corpo e quais delas dificultam o processo de redução de
peso. Confira a seguir dez hormônios que estão presentes no nosso organismo e
podem atrapalhar o emagrecimento:
Hormônios que prejudicam o emagrecimento
Cortisol
De acordo com o médico Henrique Passos, o cortisol é
um hormônio que desempenha diferentes funções no corpo, atuando no controle de
estresse, na redução de inflamações, no funcionamento do sistema imunológico,
entre outras. No que diz respeito ao peso, ele contribui para a glicemia de
jejum e função muscular.
Porém, quando os níveis de cortisol estão altos, um
dos sinais desse desequilíbrio no indivíduo é o humor bem irritado junto com o
aumento de peso. 'A pessoa ganha alguns quilos na balança, pois há um aumento
da gordura abdominal e diminuição da massa muscular", pontua o médico.
Grelina e GH
A grelina é o hormônio responsável pelo estímulo da
ingestão alimentar. "É ela que diz para o cérebro que você quer comer em
breve ou agora", diz Passos. Normalmente, o pico de grelina costuma
acontecer antes das refeições, mas as taxas do hormônio variam ao longo do dia.
Ocorre que a grelina ajuda na diminuição do excesso
de gordura ao estimular a produção de GH, o hormônio do crescimento, que também
é fundamental para o metabolismo da gordura e manutenção da massa muscular,
comenta Passos.
É comum que, após os 30 anos, os níveis de GH caiam
bastante no organismo do indivíduo - assim como seus efeitos no corpo. Porém,
isso pode piorar com hábitos como sedentarismo, tabagismo, dieta inadequada e
sono de má qualidade.
T3 e T4
Você provavelmente já ouviu falar nos hormônios
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), muito relacionados ao hipertireoidismo e
hipotireoidismo. Ambos são produzidos pela tireoide, uma glândula localizada no
pescoço, logo abaixo da laringe.
Segundo o endocrinologista, uma das funções do T3 e
T4 é regular o metabolismo, ou seja, como cada célula do corpo gasta energia -
o que influencia diretamente no processo de emagrecimento.
"Quando a tireoide produz muito T3 e T4, nosso
metabolismo acelera. Quando a tireoide produz pouco, o oposto acontece. Se os
hormônios estiverem em nível baixo (hipotireoidismo), seu metabolismo fica
lento. O resultado é, entre outros problemas, a dificuldade de perder peso',
esclarece Passos.
Leptina
A leptina é um hormônio que controla o apetite e a
saciedade. Trata-se de uma substância produzida pelas células adiposas do corpo
que sinalizam ao hipotálamo que há acúmulo de gordura e que ajustam o consumo
alimentar.
"Em outras palavras, o hormônio adapta seu
comportamento alimentar conforme seus estoques de energia. Se a quantidade de
gordura for grande, mais leptina é produzida. Esse processo, contudo, pode
gerar resistência à sua ação, quadro muito comum em indivíduos obesos",
revela o médico.
Contudo, se ocorrer perda brusca de gordura, a
leptina baixa bastante, o apetite aumenta e, ao mesmo tempo, o funcionamento do
metabolismo também reduz - o que dificulta a perda de peso. Por isso, o ideal é
que o hormônio esteja sempre em equilíbrio. "E para quem deseja emagrecer,
o processo deve ocorrer de forma gradual", aconselha o endocrinologista.
Insulina
Bem famosa por sua relação com o diabetes, a
insulina é um hormônio produzido no pâncreas e responsável pela redução da
glicemia (taxa de glicose no sangue), uma vez que é a substância que regula a
entrada de glicose nas células.
Com o ganho de peso e o aumento do tecido adiposo, o
pâncreas sente mais necessidade de produzir insulina. Entretanto, quanto mais
hormônio é produzido, mais as células tendem a se proteger do excesso dele, o
que gera a resistência insulínica. E um dos principais riscos da resistência
insulínica, além do diabetes tipo 2, é a obesidade.
Testosterona e estrógeno
Conhecidos por serem nossos hormônios sexuais, a
testosterona e o estrógeno também influenciam no peso. Presente tanto em homens
quanto mulheres, a testosterona é essencial no desenvolvimento da massa
muscular. Por isso, baixos níveis do hormônio podem levar ao ganho de peso.
Já o estrógeno, que também atua nos organismos
feminino e masculino, tem efeito contrário à testosterona: altos níveis desse
hormônio levam ao ganho de massa gordurosa - o que favorece, inclusive, a
presença de gordura localizada em diferentes partes do corpo.
Irisina
A irisina é um hormônio recém-descoberto.
Identificado em 2012 pela comunidade científica, a substância é liberada pelas
células musculares por meio do estímulo de exercícios físicos. "Por isso,
ela favorece a termogênese e a oxidação de gordura. Ou seja, provoca maior
perda calórica", afirma Passos.
Desse modo, quando a irisina está desregulada, o
emagrecimento também é comprometido por tornar o processo mais lento. Portanto,
além impactar diretamente na redução do peso e ganho de massa magra, a prática
de atividade física também é importante para equilibrar os níveis deste
hormônio.
Serotonina
Outro hormônio muito associado à prática de
atividades física, a serotonina é uma substância que tem diversas finalidades
no corpo, além de promover a sensação de felicidade. Uma delas é atuar no
apetite. "Se a serotonina estiver baixa, a pessoa tem mais desejo em comer
doces e carboidratos refinados", pontua Passos.
Como controlar os hormônios
Embora cada hormônio seja produzido por um conjunto
de células diferentes e em regiões distintas do corpo, o conselho para manter
sua produção sob controle segue um padrão. De acordo com Passos, se a pessoa
não tiver nenhuma deficiência hormonal, a melhor estratégia para equilibrar as
taxas hormonais é com o estilo de vida saudável.
A indicação do médico inclui ter noites de sono de 8
horas por dia, evitar alimentação com comidas gordurosas e ultraprocessadas,
evitar o excesso de bebidas alcoólicas, modular o estresse, fazer atividades
físicas, entre outros componentes.
Reposição hormonal ajuda?
A reposição hormonal com medicamentos é um método
procurado por quem tem seus hormônios desregulados - principalmente mulheres na
época da menopausa, para atenuar sintomas como ondas de calor e secura vaginal.
Embora essas substâncias sejam capazes de ditar a
velocidade do metabolismo, intimamente ligado à perda de peso, nem sempre a
reposição hormonal é indicada. "Em alguns casos, uma simples mudança na
alimentação pode equilibrar os níveis hormonais", aponta Passos.
Em geral, o endocrinologista indica que os pacientes
tentem guiar a regulação hormonal pela via comportamental, seguindo as
recomendações sobre um estilo de vida saudável. "Incentivo os pacientes a
terem uma rotina com mais atividade física, uma dieta melhor e opções alternativas.
A medicação vem por último", diz o médico. Além disso, segundo o
especialista, a dica de bons hábitos não é exclusiva para as mulheres que não
podem repor os hormônios.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/36851-10-hormonios-que-afetam-o-emagrecimento-e-como-regula-los
- Escrito por Maria Beatriz Melero