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sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Confira 6 alimentos “saudáveis” que podem conter açúcar


Não confie somente no rótulo: sempre cheque a lista de ingredientes do que for consumir

Sabe aquele ditado “não julgue um livro pela capa”? Pois é. Ele também é válido durante as idas ao supermercado. Isso porque, atualmente, a gente encontra tantas opções de produtos que se dizem saudáveis por aí que fica na dúvida se elas realmente fazem bem, não é mesmo? E é preciso prestar atenção nessa questão, porque muitas marcas acabam escondendo ingredientes nada bacanas nas letrinhas pequenas dos rótulos.

Por isso, pedimos uma ajuda para a nutróloga Nívea Bordin, da Clínica Leger, do Rio de Janeiro. Ela nos alertou sobre alguns itens que muita gente compra achando que são benéficos para o corpo, mas que na verdade escondem (muito) açúcar na composição. E é sempre bom lembrar que o açúcar, quando em excesso, tem um potencial aditivo, pode causar picos de glicose no sangue (o que contribui para o desenvolvimento do diabetes), além de aumentar os riscos de câncer, obesidade e problemas no coração. Veja quais:

Iogurtes
Não, a gente não está aqui para tirar o mérito desse alimento: o derivado do leite é rico em cálcio e muito importante para crianças e adultos no desenvolvimento e manutenção dos ossos. Contudo, a médica faz um pequeno alerta. “É preciso tomar cuidado, uma vez que a maioria deles têm muito açúcar”. O fato já é até uma preocupação do Ministério da Saúde, segundo ela.
“Alguns são cheios corantes, estabilizantes e açúcares, também na forma de xaropes, maltose e frutose”, Nívea complementa. Para ser considerado com um baixo teor do ingrediente, ele deve conter apenas 5g de açúcar para cada 100g de iogurte.
Por isso, a nutróloga recomenda que você preste muita atenção na tabela nutricional da marca que for escolher. Se ele tiver mais que o recomendado, vale ser trocado por um menos doce.

Granola
Outro alimento que, se bem preparado, traz inúmeros benefícios para o organismo. “A granola é rica em fibras solúveis, que em contato com a água, dão a sensação de saciedade. E também em fibras insolúveis, que absorvem líquidos presentes, aumentando de volume e, consequentemente, formando um maior bolo fecal. Isso melhora o trânsito intestinal e evita a constipação”, explica.
A composição da granola pode variar e isso depende da marca. Nívea afirma que, normalmente, encontramos uma mescla de cereais, como flocos de arroz, aveia, farelo de trigo e flocos de milho. Muitas delas estão associadas a frutas secas, que apesar de adicionarem mais calorias ao produto, dão um gostinho mais saboroso. E grãos como o amendoim, sementes de linhaça e gergelim também podem estar presentes. O problema? É que alguns preparos ainda incluem, além de tudo isso, muito açúcar. 

Isotônicos e sucos de caixinha
Nada como um suco de caixinha ou um isotônico depois do treino, certo? Errado! Ambos são repletos de “açúcar, conservantes, corantes e altos níveis de sódio”, diz a nutróloga, que compara ainda os sucos industrializados como sendo tão ruins quanto o refrigerante.
O que beber então? Água ou suco natural! “Os sucos naturais são sempre saudáveis. Quando consumidos sem açúcar, é claro, porque já contém frutose”. Vale optar também por frutas com baixos índices glicêmicos (pera, maçã e melão).
Temperos industrializados
São tão pequenos que parecem até inofensivos, não é? Pois é. Os tabletes e caldos de carne e legumes que a gente compra no supermercado são cheios do ingrediente nocivo à saúde. Sem falar no nível absurdo de sódio, que pode chegar a quase 1g por porção (o máximo recomendado pela OMS é de 2g por dia). “Os temperos prontos também apresentam dióxido de titânio. Pesquisas mostram que a presença da substância em alimentos e medicamentos prejudicam a absorção de zinco, ferro e ácidos graxos pelo intestino delgado”, explica a médica.

Barrinhas de cereais
Cuidado: praticamente todas as barrinhas de cereais contém açúcar. “O importante é escolher aquelas com mais fibras. Ou aquelas com grande quantidade de proteínas. Ela deve ter, pelo menos, 8g de proteínas – algumas chegam a até 30g!”, diz Nívea. Porém, fique de olho na quantidade de sódio: quanto mais ela tem, mais gostosa tende a ser. O mesmo vale para o açúcar.

Gelatina
“As gelatinas são muito pobres nutricionalmente, têm bastante açúcar e sódio, e nada de fibras, além de uma quantidade mínima de proteínas se comparada com outros alimentos”, explica a nutróloga. Ou seja, se for para matar a vontade de doce, até pode. Mas prefira as versões diet.

Fonte: https://boaforma.abril.com.br/nutricao/confira-6-alimentos-saudaveis-que-podem-conter-acucar/ - Por Amanda Panteri - goodmoments/Thinkstock/Getty Images

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Açúcar ou adoçante? Entenda por que evitar o consumo excessivo dos dois


Não é só porque a segunda opção tem menos calorias que o açúcar que ela é saudável, viu?

Açúcar ou adoçante? Todo mundo já ouviu essa pergunta pelo menos uma vez na vida. E muita gente geralmente escolhe a segunda opção por imaginar que é mais saudável, o que pode não ser verdade. “Adoçante é uma substâncias de baixo ou nenhum valor calórico que fornece um gosto doce aos alimentos. Ele foi criado para substituir o açúcar, que sempre foi considerado o vilão da obesidade”, explica a nutricionista Bruna Lyrio, responsável técnica da Clínica Nutrindo Ideais.

Ou seja, ao optar por ele, você realmente vai estar consumindo menos calorias do que estaria com o açúcar. Mas isso não significa que o adoçante é o grande herói da sua dieta. “Ele pode alterar a microbiota intestinal – as bactérias boas que ficam no nosso órgão e que estão relacionadas à saúde do corpo, ao sistema imunológico, nervoso, e até mesmo à perda de peso”, afirma Bruna.

Quer preparar uma receita de salmão fit e deliciosa?
Portanto, pode até ser que a substância ajude pessoas que precisam focar em dietas com restrição de açúcar. Mas é preciso ficar atenta ao consumo excessivo. Ter um acompanhamento profissional e substituir, sempre que puder, alimentos que precisam ser adoçados por coisas mais naturais (frutas e verduras!), são hábitos mais indicados, defende a nutricionista. “O paciente tem que sentir o paladar real dos alimentos, visto que quanto mais doce consumimos, mais temos vontade de comer.”

E estudos recentes apontam que o exagero no adoçante pode não ser a melhor opção até para diabéticos. Isso porque ele foi relacionado com a resistência insulínica, uma vez que estimula a produção de hormônios que desregulam a quantidade de açúcar no sangue. “De uma forma mais simplificada, podemos dizer que isso ocorre porque o sabor doce percebido na boca estimula a produção de insulina.  Logo, o consumo de adoçantes pode favorecer o quadro de resistência insulínica, ganho de gordura no fígado e aumento de peso. Isso favorece um quadro inflamatório, a obesidade e até mesmo o diabetes do tipo 2.”

Existem diferenças até no tipo deles. Os naturais, como estévia e xylitol, são feitos com raízes de plantas, vegetais e cogumelos. E são os mais recomendados. Já os artificiais são produzidos por meio de processos químicos. Alguns exemplos deles são o ciclamato, acessulfame de potássio, aspartame e sacarina.

Quando você for ler o rótulo de algum produto, preste atenção se ele contém: sacarose, sorbitol, eritritol, maltitol, sacarina ou sucralose. Eles também são adoçantes, que muitas vezes passam despercebidos por quem não conhece. A nutricionista Bruna Lyrio nos ajuda com alguns tipos de adoçantes:

Estévia
“Feito da stevia rebaudiana, uma planta nativa da América do Sul. Ou ainda da beterraba, cana de açúcar ou frutas.”

Xylitol
“Encontrado nas fibras de muitos vegetais. Incluindo milho, framboesa e ameixa. Também pode ser extraído de alguns tipos de cogumelo.”

Sucralose
“Sacarose quimicamente modificada, onde o cloro é um dos seus componentes. Sendo assim, pessoas com distúrbios nos hormônios ligados a tireóide devem evitar esse adoçante.”

Aspartame
“É uma combinação de fenilalanina e ácido aspártico, possui alto índice de reações alérgicas e está associado a dores de cabeça.”

Ciclamato de sódio
“Derivado do petróleo, ele possui alto teor de sódio, como o próprio nome já indica. Logo, não é indicado para hipertensos.”


sábado, 10 de agosto de 2019

Alimentos que viciam, mito ou verdade? Saiba quais são e como evitar a compulsão


Sabe aquela vontade quase incontrolável que temos, muitas vezes, de comer um determinado alimento? Isso não acontece por acaso.

Quando o assunto é comida, a opinião é unânime: não tem quem não goste! E tudo bem gostar de comer, afinal, se considerarmos seis refeições diárias em um mês de 30 dias, são cerca de 180 refeições por mês. Bastante, né?

Mas além de gostar, é importante comer de forma saudável. Muitas vezes, alguns alimentos acabam tornando a jornada da alimentação saudável mais difícil. São aqueles que você simplesmente não consegue largar, ou então, quando começa a comer, só para quando não sobrar mais nada.

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Isso acontece porque alguns alimentos contêm substâncias viciantes. Alguns estudos concluíram que a ingestão de alimentos processados ou ultraprocessados libera substâncias que ativam no cérebro o mesmo sistema relacionado com o desenvolvimento de dependência química. Existem alguns alimentos conhecidos por esse poder – normalmente são aqueles que quanto mais você come, mais você quer comer. Conheça alguns:

Açúcar
Você já deve ter ouvido por aí que o açúcar vicia, né? Alguns cientistas comparam a capacidade de desenvolvimento de dependência química do açúcar com drogas ilícitas como a cocaína. Isso porque ao consumir açúcar, liberamos o neurotransmissor serotonina, que dá sensação de bem-estar, e dopamina, relacionado com a sensação de recompensa. Além dos alimentos mais conhecidamente por serem ricos em açúcar como chocolates, balas, biscoitos, bolos, sorvetes e refrigerantes, é preciso cuidado com alimentos que contém o açúcar escondido na sua composição. Alguns nomes que você pode encontrar no rótulos dos alimentos que indicam que ele contêm açúcar: açúcar invertido, açúcar turbinado, dextrose, dextrina, frutose, glicose, glucose, maltose, maltodextrina, oligossacarídeos, sacarose, xarope glucose-frutose e xarope de milho.

Gordura trans
Sabe aquele pacotinho de batata chips que é simplesmente impossível comer uma só? Esses alimentos são ricos em gordura hidrogenada, que fazem com que eles fiquem crocantes e irresistíveis. É ela que faz com que você coma o pacote inteiro sem nem se dar conta.
A gordura hidrogenada também pode ser chamada de gordura trans e está presente nos seguinte alimentos: sorvetes, batata congelada, salgadinhos, biscoitos recheados, margarinas, massas industrializadas para bolos e tortas, pipoca de microondas, macarrão instantâneo, comidas congeladas no geral. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou alguns nomes que podem estar nos rótulos dos alimentos que são consideradas gorduras trans: gordura vegetal, creme vegetal, gordura vegetal parcialmente hidrogenada, gordura parcialmente interesterificada, margarina, entre outros.

Glutamato monossódico (ou ressaltador de sabor)
Essa substância é capaz de ativar uma área do nosso paladar chamada "umami". Ela age realçando o sabor dos alimentos ao aumentar a salivação que dissolve os componentes solúveis do alimento. Mas qual o problema disso? Ao consumir esses alimentos, o glutamato monossódico impede o funcionamento de mecanismos de inibição de fome, ou seja, traz a sensação de vício. Alguns alimentos que contêm essa substância: molhos e temperos prontos, caldos prontos, conservas, salgadinhos, temperos industrializados, carnes e linguiças defumadas, comida congelada, entre outros.

Se você analisar os três tópicos acima, vai notar algo em comum: são todos produtos processados, ultraprocessados e industrializados. Para fugir desses "vícios", basta manter uma alimentação natural, com o mínimo de produtos processados. Fique sempre atenta aos rótulos e faça escolhas conscientes!


sexta-feira, 24 de maio de 2019

O que acontece com a nossa pele quando ingerimos muito açúcar


Excessos de açúcar podem causar espinhas e rugas. Entenda

Você segue à risca a rotina skincare recomendada pelo seu dermatologista, mas mesmo assim sente que os resultados não estão tão bons quanto o desejado? Pois saiba que o problema pode estar além dos produtos que utiliza. A alimentação também influencia na beleza da pele, e muita gente não sabe, mas o açúcar é um dos grandes vilões que trazem consequências negativas para a cútis a curto e longo prazo. Conversamos com duas médicas sobre o tema.

Curto prazo

Espinhas
Que o chocolate causa espinhas todo mundo já ouviu pelo menos uma vez. O grande problema do doce tão amado está em suas altas concentrações de açúcar. “Ele sim pode piorar a oleosidade e, consequentemente, causar acne em pessoas com o problema. Até alimentos salgados em sabor, mas ricos em carboidratos, são prejudiciais”, explica a dermatologista Kédima Nassif, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Isso ocorre porque os carboidratos são transformados em glicose no sangue (nada mais do que açúcar). Para controlar sua concentração no organismo, a insulina é produzida pelo pâncreas e liberada nos vasos sanguíneos, podendo se acumular nas glândulas sebáceas, aumentar a produção de sebo e gerar inflamações na pele.


Olheiras

Já aconteceu de você acordar no dia seguinte do happy hour ou festa da empresa com olheiras mais escuras e inchadas do que o normal? Provavelmente foi por causa do álcool, dos carboidratos e dos açúcares em exagero, uma vez que eles possuem índices glicêmicos elevadíssimos. Para poder metabolizar toda a glicose ingerida em uma noite, o corpo precisa de muita água e acaba retendo tudo o que pode do líquido. As consequências são as já citadas pigmentação escura e as bolsinhas abaixo dos olhos.

E isso vale para o corpo como um todo. “Após um final de semana de comilança e muito doce, não é incomum o ganho de alguns quilos, mas não devido a gordura propriamente dita e sim pelo inchaço”, diz a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em São Paulo.

Longo prazo

Envelhecimento precoce
Quando falamos em efeitos a longo prazo, o grande problema para a pele causado pelo excesso de açúcar é um processo denominado glicação. Como já foi explicado, o consumo dele ou mesmo de outros alimentos de altos índices glicêmicos (que se transformam em glicose muito rapidamente no sangue) gera todo um esforço do corpo para equilibrar os níveis de glicemia dentro dos vasos sanguíneos. Há a liberação da insulina, por exemplo. Contudo, quando os níveis estão muito altos, outras enzimas são requisitadas para agilizar o processo, os radicais livres. “A presença dos radicais livres e a alta concentração de glicose no sangue fazem com que esta última reaja com as proteínas do corpo, gerando a glicação”, explica Beatriz Lassance.

E estudos já comprovaram que a glicação afeta a produção das fibras de colágeno e elastina, importantes para manter a firmeza da pele. “Ao sofrerem a glicação, o formato das moléculas de colágeno e elastina se alteram, e eles se tornam disfuncionais, prejudicando a textura da cútis e favorecendo sua flacidez. A glicação também promove o stress oxidativo cutâneo, aumentando manchas e o envelhecimento da pele”, diz Kédima Nassif.

Queloide e problemas de cicatrização

O excesso de radicais livres também pode danificar o DNA das células e provocar menor atividade celular, trazendo problemas para a reconstrução dos tecidos cutâneos. “Então a cicatrização fica mais lenta, a imunidade menor, e o metabolismo prejudicado. E quanto pior o metabolismo, menos eficaz será qualquer procedimento estético ou recuperação de cirurgias, por exemplo”, diz a cirurgiã.


terça-feira, 19 de março de 2019

A caça ao açúcar dos alimentos industrializados


O que está por trás do plano brasileiro de redução de açúcar em bebidas e alimentos processados. Ele é realmente efetivo ou mal trará benefícios?

Doze milhões de toneladas. Esse foi o total de açúcar consumido pelos brasileiros entre 2013 e 2014. Para ter ideia do tamanho da gulodice, basta dizer que daria para encher, até a arquibancada superior, 32 estádios do Morumbi, em São Paulo, o segundo maior do Brasil, com capacidade para 77 mil torcedores. Em um ranking elaborado pela Sucden, multinacional do ramo açucareiro, nosso país ocupa, hoje, o quarto lugar entre os maiores fãs da sacarose, o nome técnico do açúcar.

O abuso, como a ciência não cansa de mostrar, eleva o risco de obesidade e doenças crônicas como diabetes, hipertensão e câncer. Apenas Índia (26 milhões), União Europeia (18 milhões) e China (16 milhões) são mais sedentos por doçura que o Brasil.

“Não é proibido consumir açúcar. Pelo contrário. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária. Afinal, ele é uma fonte de energia. O problema está no excesso”, avalia Wilson Mello, presidente do conselho diretor da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).

De fato, a OMS libera um consumo diário, por pessoa, de 25 gramas, o equivalente a seis colheres de chá. E indica não ultrapassar 50 gramas, ou 12 colheres. Acontece que o brasileiro extrapola. E muito. Engole três vezes mais: 80 gramas, o correspondente a 18 colheres.

Assim, o total de calorias representadas por esse ingrediente, que, de acordo com a OMS, não deveria superar 10% por dia, chega a 16,3%. Isso ajuda a explicar por que a incidência de diabetes saltou, só na última década, 54% entre os homens e 28,5% entre as mulheres.

Por essas e outras, governo e indústria decidiram, em novembro do ano passado, firmar um pacto: reduzir a dose de açúcar na fórmula de bebidas e alimentos industrializados. O objetivo é retirar do mercado, de forma gradual e até 2022, 144 mil toneladas do ingrediente em algumas categorias — o que daria para forrar 68 piscinas olímpicas.

Comparando aos 12 milhões de toneladas consumidas em dois anos, parece pouco. A questão é que é difícil mensurar o impacto desses números. Como a quantidade total de açúcar empregada pela indústria não foi divulgada, não dá pra calcular exatamente o percentual que vai sumir dos alimentos — e avaliar quão significativo será o efeito da medida.

O acordo, que é voluntário, contempla 23 categorias de produtos. Elas podem ser divididas assim: bebidas açucaradas, biscoitos, bolos e misturas, achocolatados e lácteos.

É curioso que diversos itens, como balas, geleias, chocolates, sorvetes, gelatinas, refresco em pó, barrinhas e cereais matinais, ficaram de fora. “Somente as categorias que contribuem majoritariamente para o abuso de açúcar compuseram o termo de compromisso”, justifica Michele Lessa, coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.

Quanto às metas de redução, elas variam de 10,5% para achocolatados em pó a 62,4% para biscoitos recheados. De resto, a meta é baixar o teor de açúcar em até 32,4% nos bolos, 33,8% nas bebidas, 46,1% nas misturas para bolos e 53,9% nos lácteos.

“Em biscoitos, bolos e misturas, o açúcar confere doçura e interfere na textura, na crocância e no aroma. Além disso, seu custo é bastante competitivo”, explica Claudio Zanão, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Como o acordo proíbe os fabricantes de colocarem adoçantes ou gordura em seu lugar, o jeito é testar diferentes tecnologias, receitas e novos ingredientes.

Confira os detalhes de cada categoria logo abaixo – e, depois, as ponderações sobre o plano:

Bebidas açucaradas
Meta: até 33,8% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: ter 11 gramas de açúcar em 100 mililitros de produto
No fim de 2022: 10,6 gramas de açúcar em 100 mililitros
Uma latinha do refrigerante à base de cola mais vendido do mercado já apresenta 10,5 gramas de açúcar em 100 mililitros. Logo, escapa, por 0,1 grama, da meta estabelecida para refrigerantes em 2022, que é de 10,6 gramas. Das 207 bebidas açucaradas incluídas no acordo, 113 (55%) terão que reduzir o teor do ingrediente em sua fórmula. Ou seja, muito produto já está dentro dos parâmetros.

Achocolatados em pó
Meta: até 10,5% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 90,3 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 85 gramas de açúcar em 100 gramas
De todas as categorias, é a que apresenta o menor índice de redução. Alexandre Jobim, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas, explica que, devido ao consumo reduzido, os achocolatados líquidos não entraram no combo — só os em pó e similares de outros sabores. Detalhe: o produto líder do mercado já está dentro da meta, com 75 gramas de açúcar em 100 gramas.

Biscoitos
Meta: até 62,4% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 36,4 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: não divulgado
A categoria inclui rosquinhas e biscoitos com e sem recheio. O líder entre os recheados possui 36,3 gramas de açúcar por 100 gramas. Então, não precisará rever a fórmula até 2020. Claudio Zanão, presidente da Abimapi, avisa que os fabricantes já estão testando alternativas para se adequar ao trato. “A combinação de sabor, textura, crocância e custo oferecida pelo açúcar não é facilmente encontrada em outros produtos”, informa.

Iogurtes e leites fermentados
Meta: até 53,9% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 14,5 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 12,8 gramas de açúcar em 100 gramas
Segundo Cristina Mosquim, consultora de assuntos regulatórios da Viva Lácteos, há itens que já sofreram redução de 12% ou quase não levam açúcar. Usar mais leite é uma das soluções. O líder dentro de petit suisse tem, hoje, 12,2 gramas do ingrediente. O valor deverá ser de 13,9 gramas para essa categoria em 2022. Nada muda nesse caso, portanto.

Bolos prontos
Meta: até 32,4% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 31,2 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 29,5 gramas de açúcar em 100 gramas
Falamos de todas as versões: com e sem recheio ou cobertura. “Se a meta de redução fosse mais ambiciosa, não teríamos como garantir que sabor, textura, cor e outras características não seriam alterados”, admite Zanão, da Abimapi, uma das quatro associações a selarem o acordo. Juntas, representam 68 empresas, que respondem por 87% do mercado.

Misturas para bolos
Meta: até 46,1% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 58,7 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 57,9 gramas de açúcar em 100 gramas
Podem ser aeradas ou cremosas e permitem que o consumidor elabore as mais variadas receitas a partir delas. Assim como as categorias de bolos e biscoitos, a de misturas está sob o guarda-chuva da Abimapi. “Pretendemos, até 2022, ajustar, no mínimo, 50% de todos esses produtos”, calcula Zanão, presidente da entidade.

Elogios, críticas e ponderação ao plano de redução do açúcar
De maneira geral, entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) encaram a iniciativa com bons olhos. Mesmo assim, sugerem ajustes.
Para o endocrinologista Fábio Trujilho, vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sbem, falta discutir restrições de publicidade de alimentos para crianças, por exemplo. “É essencial ir muito além desse acordo e adotar medidas que conscientizem a população dos riscos do consumo exagerado de açúcar”, destaca.
Já a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente da Abeso, reivindica uma rotulagem nutricional adequada com a informação clara e compreensível sobre a presença de açúcar no produto. “Na hora da compra, o consumidor precisa saber o que está levando para casa. Por essa razão, ter um sinal de alerta seria muito eficiente”, afirma.
Ela se refere ao modelo conhecido como “triângulo preto”, que propõe um aviso frontal sobre o alto teor de ingredientes que, se consumidos demais, fazem mal à saúde. É o caso de sódio, gordura e açúcar. O modelo, em estudo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já foi adotado em países como Chile, Uruguai e Canadá, entre outros.
Na opinião da nutricionista Laís Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), também é necessário coibir a venda de produtos desbalanceados nas cantinas escolares. “Devemos facilitar as escolhas saudáveis e dificultar as não saudáveis”, resume.
As críticas ao pacto não param por aí. “Acordos voluntários são pouco eficazes porque as metas são baseadas no teor máximo de açúcar em cada categoria de alimento. Isso significa que haverá uma diminuição apenas nos itens com valores realmente excessivos”, explica Laís. “Na prática, é apenas um controle de danos com metas pouco ambiciosas”. Ela se alongou sobre o assunto em uma coluna para o nosso site, que você pode ler clicando aqui.
O acordo engloba 2 397 produtos — na conta da indústria, são 1 787 — de 68 empresas. Desse total, somente 1 147 (47,9%) de fato terão que adequar seus índices de sacarose. Os 1 250 restantes (52,1%) já estão dentro ou até mesmo abaixo das metas estabelecidas.
“Se os limites fossem mais bruscos ou o acordo englobasse uma quantidade maior de alimentos, o consumidor poderia deixar de levar para casa seu produto favorito e migrar para outro, com mais açúcar. Queremos dar tempo para as pessoas se adaptarem ao sabor”, defende Mello.
O presidente do conselho da Abia garante que o trabalho não termina em 2022. Daqui a quatro anos, governo e indústria pretendem se reunir para firmar outro pacto e estipular novas metas de redução.
Segundo o Ministério da Saúde, o açúcar presente nos alimentos industrializados responde por 36% do total consumido no Brasil. Os outros 64% seriam adicionados pelo próprio indivíduo ao café, aos sucos e às demais receitas. A indústria apresenta números diferentes: 19,2% do açúcar degustado seria incorporado pelas empresas, enquanto 80,8% viriam do açucareiro de casa.
Divergências à parte, não dá para negar que o paladar brasileiro precisa de um treino. “Até por uma herança cultural, gostamos muito de doces. Nosso paladar é semelhante ao do português”, compara Olga Amâncio, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban). “Até pouco tempo atrás, todo mundo adoçava suco de fruta. Hoje em dia, nem tanto. É preciso ensinar à população que muitos alimentos já são doces por natureza”, ressalta a nutricionista.
O educador físico Antonio Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e autor do livro O Fim das Dietas (Editora Abril), endossa as palavras de Olga. “Tem gente que coloca açúcar até em achocolatados”, conta.
E ele traça outra reflexão: hábitos alimentares não são mudados por decreto. “Por que as pessoas escovam os dentes todos os dias? Porque isso foi estimulado na infância”, exemplifica. “Mudança de comportamento passa por uma questão educacional. Muitas vezes, orientar uma criança é capaz de promover uma alteração no padrão familiar”, completa.
Além de maneirar na quantidade de açúcar à mesa, especialistas recomendam prudência na hora de substituir o ingrediente por adoçantes. O ideal é dar preferência a alimentos naturais ou minimamente processados.

História que se repete?
Não é a primeira vez que governo e indústria unem forças para estipular metas de redução de um ingrediente de produtos alimentícios. O primeiro documento foi assinado em 2007. Na ocasião, a indústria conseguiu baixar em 94,6% a concentração de gordura trans em alimentos. Com isso, 310 mil toneladas saíram das prateleiras entre 2008 e 2010.
Em 2011, o foco foi o sódio. Desde então, desapareceram do mercado 17,2 mil toneladas do mineral cujo excesso leva à hipertensão. O objetivo é chegar a 28,5 mil toneladas em 2020. Só que esse combinado também recebeu críticas.
O cientista político Marcello Fragano Baird, autor do relatório Redução de Sódio em Alimentos — Uma Análise dos Acordos Voluntários no Brasil, afirma que o trato foi muito tímido porque suas metas tiveram como base a média do mercado. “Isso significa que praticamente metade dos produtos já estava dentro dos limites. É um passo importante, mas seria possível ter sido muito mais ambicioso”, avalia.
Para o Ministério da Saúde, o acordo firmado em 2011 para redução de sódio pode ser considerado bem-sucedido. Só no primeiro biênio (2011-2013), 90% dos produtos bateram a meta estipulada, com uma redução média entre 5 e 21%.
Mas um estudo conduzido pela Universidade Federal Fluminense não enxergou motivo para tanto otimismo. Seus autores revelaram uma queda média de 1,5% no consumo de sódio.
Ou seja, é como se a ingestão tivesse passado de 3 163 miligramas diários para 3 116, valor ainda bem acima do limite aconselhado pela OMS, que é de 2 mil miligramas diários.

De volta ao pacto do açúcar – e ao fato de ser voluntário
Mais um ponto que incomoda os experts é o fato de o tratado do açúcar ser voluntário. “Quem estabelece os valores das metas e o tempo para cumpri-las é a própria indústria. Não há previsão de fiscalização, monitoramento ou punição para aqueles que não cumprirem o acordo”, observa Laís.
Mas Michele, do Ministério da Saúde, assegura que a Anvisa fará uma análise laboratorial para verificar a quantidade de sacarose nos produtos a cada dois anos. As empresas que não obedecerem o pacto serão notificadas e o Ministério cobrará providências.
Porém, como a adesão é opcional, realmente não ocorrerão ações punitivas ou sanções econômicas. Só que Mello acredita que medidas do tipo nem seriam necessárias. “Ninguém quer ser o patinho feio da história”, diz.
Para Baird, o ideal seria que o governo determinasse a redução obrigatória e as empresas fossem penalizadas caso não atingissem as metas. É o que já acontece em países como Argentina e Portugal. “Esse modelo tende a ser mais efetivo”, afirma.
Na falta de tal controle, cabe à gente ser mais vigilante — não só em relação aos produtos do mercado mas ao próprio paladar.

Açúcar, um inimigo oculto
Quantas vezes você viu a palavra “açúcar” no rótulo dos industrializados? Não é tão comum, né?
Isso porque os fabricantes não são obrigados a informar seu teor na tabela nutricional. Na maioria dos casos, ele surge como “carboidrato”.
Mas quanto dos carboidratos é açúcar e quanto são outros tipos, como fibras ou amido? Não há como saber. Para complicar, na lista de ingredientes a indústria prefere usar alguns dos muitos codinomes do açúcar, como mel, glicose, frutose, sacarose, xarope de malte e até maltodextrina.
Impossível decorar tanto apelido. Talvez uma atualização na rotulagem ajude nesse sentido.

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/a-caca-ao-acucar-dos-alimentos-industrializados/ - Por André Bernardo - Ilustração: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Troque o açúcar por estes sete substitutos saudáveis


Stévia, açúcar mascavo e mel são opções para preservar a saúde sem cortar a sobremesa

Bolos, tortas, doces, sorvetes e sobremesas são guloseimas que levam na receita o açúcar, componente apontado como vilão da alimentação saudável. Apesar de ser agradável ao paladar, o açúcar branco e refinado não carrega quantidades significativas de nutrientes e ainda recebe aditivos químicos no seu processo de industrialização. O resultado? Isso faz dele um alimento nocivo ao funcionamento do organismo. Tanto é que segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA) o açúcar é tão perigoso quanto o álcool e o cigarro, e seu consumo também deveria ser controlado. Em artigo publicado pela revista Nature, os cientistas afirmam que ele é o responsável por problemas de saúde que vão além da obesidade e diabetes, também provoca a elevação do triglicérides, alterações no fígado e na hipertensão arterial.

Mas há uma saída para manter a saúde sem tirar o doce da alimentação: o jeito é substituir esse vilão por adoçantes (químicos ou naturais) mais saudáveis, que agregam valor nutricional à sua alimentação.

Mas vale lembrar que o abuso dos adoçantes também deve ser evitado, já que, em excesso, eles ativam os receptores de glicose no intestino. "Esse processo aumenta a glicemia - predispondo o diabetes - e o acúmulo de gordura no tecido adiposo", explica a nutricionista Thais Souza, da rede de lojas Mundo Verde. Conheça alguns adoçantes saudáveis e escolha o que melhor se adapta a sua rotina alimentar. Eles ainda são a melhor opção, principalmente quando comparados com o ciclamato, que, de acordo com uma série de pesquisas, contém substâncias possivelmente cancerígenas.

Stévia
Os adoçantes feitos à base de stévia são extraídos da folha da Stevia rebaudiana, uma planta de origem sulamericana. Essa opção figura entre as mais saudáveis, já que é de origem natural e não causa qualquer alteração na glicemia. "Ela adoça cerca de 300 vezes mais que o açúcar sem adicionar calorias à dieta", explica a nutricionista Bruna Pinheiro, do programa de emagrecimento Dieta e Saúde, que recomenda o uso em sucos, sorvetes, chás e pratos cozidos ou assados.

Açúcar mascavo
Para quem não tem diabetes, o açúcar branco pode ser substituído pelo açúcar mascavo. "Esse alimento é obtido das primeiras extrações da cana, por isso possui menos calorias e mais minerais - como cálcio, magnésio, potássio e fósforo - que o açúcar branco" explica Bruna.
Ele pode ser utilizado da mesma maneira que o açúcar branco, mas vale ressaltar que ele contém calorias e por isso deve ser usado com moderação.
A compra desse alimento também merece atenção, já que pode ser feita a granel, em que o produto fica exposto. Nesse caso o risco de contaminação é maior. Prefira comprar o produto embalado e confira os dados de lote e prazo de validade.

Açúcar demerara
Também chamado de cristal dourado, o açúcar demerara é levemente refinado, ficando entre o açúcar mascavo e o refinado. "A principal vantagem é que ele não recebe aditivos químicos", explica Thaís. Seus grãos são maiores e um pouco mais difíceis de diluir. Uma sugestão é triturá-lo no liquidificador antes de consumir. Seu valor nutricional é semelhante ao do açúcar mascavo.

Mel
Constituído por frutose e glicose, ele é fonte de carboidratos, vitaminas do complexo B e minerais. Também é conhecido pelas suas ações antifúngica e bactericida. Mas possui elevado valor calórico, portanto não deve ser consumido em grande quantidade. "Quando é aquecido, o mel pode sofrer uma perda significativa dos nutrientes. Por isso, prefira consumi-lo sem cozinhar", explica a nutricionista Thais.

Açúcar orgânico
O açúcar orgânico é cultivado e processado sem o uso de qualquer aditivo químico. "Isso garante que o alimento seja mais nutritivo que a versão refinada, e livre de substâncias que fazem mal ao organismo", explica Bruna. No entanto, seu consumo também deve ser moderado, já que também aumenta a taxa glicêmica no sangue.

Acessulfame-K
Este adoçante é derivado do potássio e tem poder adoçante entre 130 e 200 vezes maior do que o açúcar branco. Ele pode ser adicionado à comida e bebida. Também está presente nos chicletes que não levam adição de açúcar. Apesar de não adicionar nutrientes à alimentação, não há estudos comprovando seu efeito nocivo ao organismo.

Sucralose
"A sucralose é elaborada a partir da modificação da molécula do açúcar. Apesar de não conter nutrientes, ela não tem os efeitos nocivos do açúcar, já que não altera a taxa glicêmica" explica a nutricionista da rede Mundo Verde. Os adoçantes de mesa feitos à base de sucralose possuem poder adoçante 600 vezes maior que o açúcar, têm sabor agradável e podem ser utilizados em preparações quentes e frias.


quarta-feira, 2 de maio de 2018

Açúcar em excesso pode ser amargo para o coração

Ao patrocinar o ganho de peso, o ingrediente adocicado traz repercussões à saúde cardiovascular

Pode ser prejudicial à saúde o consumo excessivo de açúcar, tanto na sua forma direta para adoçar sucos, leite, café e chá, como em refrigerantes, chocolates, biscoitos e alimentos industrializados em geral. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um máximo de 25 gramas diárias, o equivalente a cerca de duas colheres de sopa.

O açúcar, um carboidrato, não é o macronutriente mais calórico. Mas é o com absorção e disponibilidade mais rápida. Decorre daí a primeira consequência negativa da uma ingestão frequente acima dos padrões adequados: a possibilidade de engordar.

Nesse sentido, é importante lembrar que a obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entre outras coisas, ela favorece o aumento dos níveis sanguíneos de colesterol e triglicérides, gorduras que obstruem as artérias.

A obesidade é ainda uma das grandes causas do diabetes tipo 2, caracterizado por um descontrole nos níveis de açúcar no sangue provocado pela incapacidade de o organismo produzir e utilizar a insulina para inserir a glicose no interior das células. Esse processo também favorece o surgimento de placas de gordura e outras substâncias nas paredes das artérias, diminuindo o fluxo sanguíneo.

Ou seja, cria-se um círculo vicioso no qual a obesidade retroalimenta e potencializa o diabetes e o acúmulo de gordura no sangue. Tudo isso converge para uma constante e crescente ameaça à saúde cardiovascular.

Esses problemas são mais graves quando a ingestão excessiva de açúcar é associada a hábitos alimentares inadequados e à vida sedentária. Está aí uma combinação que eleva demais o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidentes vasculares cerebrais.



Sem dúvida, o açúcar torna sobremesas, biscoitos e bebidas mais saborosos. Também se relaciona sua ingestão à produção de serotonina, neurotransmissor associado à regulação do sono e do humor.

Porém, para desfrutar com saúde os seus agradáveis efeitos positivos, é preciso consumi-lo com moderação e bom senso, além de manter hábitos equilibrados de alimentação. O exagero pode ser muito amargo para o coração.


Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/guenta-coracao/acucar-em-excesso-pode-ser-amargo-para-o-coracao/ - Por Regina Helena Pereira, nutricionista - Foto: Fábio Castelo/SAÚDE é Vital

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Açúcar faz mal: por que e como retirá-lo do seu dia a dia

Um cuidado especial é com o açúcar refinado, que perde mais de 90% dos seus nutrientes durante a refinação

Você deve saber que uma das orientações principais para quem deseja seguir uma alimentação saudável é reduzir significativamente o consumo de açúcar no dia a dia. Mas, será que ele é tão vilão assim?! Ou será que é possível consumi-lo de forma moderada sem oferecer prejuízos à saúde?!

É fato que o consumo excessivo de açúcar faz mal… E isso não diz respeito somente ao fato dele levar ao ganho de peso, mas, sim, de estar associado ao desenvolvimento de uma série de doenças.

Porém, é possível falar de um consumo “tolerável” de açúcar no dia a dia… Afinal, o grande problema está no exagero! Sobretudo, é interessante conhecer opções inteligentes para substituir este ingrediente.

Abaixo você entende por que exatamente o açúcar faz mal à saúde e confere dicas para substituir o seu consumo da melhor maneira!

Tipos de açúcar
Você sabia que existem vários tipos de açúcares e que, inclusive, alguns são considerados mais saudáveis? Conheça abaixo as particularidades dos principais deles.

Açúcar refinado: a nutróloga Ana Valéria Ramirez explica que, como o próprio nome diz, este é o tipo de açúcar que passa por um processo de refinamento, no qual perde mais de 90% dos seus nutrientes (vitaminas e sais minerais). “Para ficar branquinho ele recebe muitos aditivos químicos, como enxofre, por exemplo. É considerado o pior açúcar para nossa saúde. Quanto mais branco o açúcar, mais química ele tem. Uma colher de chá (5g) tem 20 calorias, 5g de carboidratos”, destaca a profissional.
Açúcar mascavo: Ana Valéria explica que esta é a forma mais bruta de extração do açúcar da cana, não passa por refinamento, por isso conserva vários nutrientes, como cálcio e ferro. Este é um dos mais saudáveis. Uma colher de chá (5g) tem 20 calorias, 5g de carboidratos, 1 mg de magnésio e 2,1 mg de ferro.
Açúcar demerara: a nutróloga explica que este tipo de açúcar passa por um leve refinamento, por isso consegue manter os nutrientes. “É também uma boa opção, principalmente na forma orgânica, sem aditivos químicos”, diz. Uma colher de chá (5g) tem 20 calorias, 5g de carboidratos, 1 mg de cálcio e 2,1 de ferro.
Açúcar de coco: ele é obtido através da seiva do coqueiro, após um processo de aquecimento para retirada da água, até que ela fique totalmente desidratada. Chegando ao fim desse processo, sobram muitos cristais – produto final do açúcar de coco. “É totalmente natural, já que não passa por nenhum processo de refinamento, e não possui conservantes. É ainda bem nutritivo, com diversas vitaminas, como, por exemplo, as do complexo B (B1, B2, B3 e B6), além de ter vários minerais, como o potássio, o zinco, o ferro e o magnésio. Possui também baixo índice glicêmico”, esclarece a especialista. Uma colher de chá (5g) tem 19 calorias, 5g de carboidratos.
Assim fica fácil perceber que o mais importante é evitar o açúcar refinado. Mas, é bom saber que as outras opções de açúcares, embora mais saudáveis, não devem ser consumidas em excesso.

Existem benefícios no consumo do açúcar?
Nos dias de hoje, muito se fala sobre os malefícios do açúcar. Mas será que ele pode, de alguma forma, ser benéfico para a saúde? A resposta é sim, conforme destaca a nutróloga Ana Valéria:

Fornecimento de glicose: “ele é o responsável por fornecer glicose para o corpo, que atua no funcionamento do cérebro, da retina e dos rins. A glicose também atua na proliferação das bactérias do bem, contribuindo para eliminação de bactérias nocivas”, destaca a nutróloga.
É fonte de nutrientes importantes: Ana Valéria explica que o açúcar é uma importante fonte de cálcio, fósforo, ferro, cloro, potássio, sódio, magnésio e de vitaminas do complexo B. Por isso a importância de o açúcar não passar pelo processo de refinamento, sendo assim uma opção mais saudável.
Promove bem-estar: “o açúcar também contém substâncias que estimulam o cérebro a produzir a serotonina, responsável pela sensação de bem-estar e prazer”, conta a especialista.
Apesar desses benefícios, vale reforçar a importância de optar pelos tipos de açúcares que não passaram pelo processo de refinamento e de consumi-los sempre com moderação!

Os perigos do açúcar
Mas, enfim, por que o açúcar faz mal? Abaixo você conhece os principais prejuízos que ele oferece para a saúde:

Obesidade: Ana Valéria destaca que o principal problema provocado pelo consumo excessivo de açúcar é a obesidade, considerada hoje uma epidemia mundial, sendo um fator de risco para outras doenças crônicas importantes.
Doenças cardíacas: a obesidade, por vez, é fator de risco para problemas cardiovasculares, como doença coronária, insuficiência cardíaca, morte súbita, entre outras complicações.
Hipertensão: a obesidade é também fator de risco para a hipertensão (quando a força do sangue contra a parede das artérias é muito grande), a qual pode levar a doenças cardíacas e acidente vascular cerebral.
Diabetes e câncer: a obesidade é ainda fator de risco para diabetes e até mesmo cânceres.
Consumo excessivo de calorias: Ana Valéria lembra que, além de ser calórico, o açúcar não possui valor nutricional (quando passa pelo processo de refinamento). Ou seja, é indesejado especialmente quando a ideia é a perda de peso.
Para evitar todos esses problemas citados, a nutróloga destaca que é muito importante uma mudança de hábito: ingerir alimentos mais saudáveis, consumir menos produtos industrializados e praticar atividades físicas. “Não podemos esquecer que o açúcar é importante para funções do corpo, mas é preciso se livrar dos excessos… A moderação é fundamental”, diz.

Alternativas para substituir o açúcar refinado
Não é preciso abrir mão totalmente dos alimentos mais docinhos… A dica é fazer melhores escolhas! Conheça bons substitutos para o açúcar refinado:

Mel: Ana Valéria explica que ele é um dos melhores “adoçantes naturais”. É proveniente do néctar das flores e contém 80% de açúcares naturais, 18% de água e 2% de minerais, vitaminas, pólen e proteínas. Porém, é bom lembrar que o mel possui calorias, por isso, deve ser usado em pequenas quantidades e não deve ser aquecido, a fim de manter seus nutrientes.
Stévia: é um adoçante natural, feito das folhas da planta do stevia rebaudiana. A nutróloga explica que a stévia é ideal para diabéticos, não tem calorias, não contém açúcar ou carboidratos e possui baixo índice glicêmico – mas adoça muito bem!
Açúcar orgânico: Ana Valéria explica que os benefícios deste tipo de açúcar são provenientes do cultivo da cana de açúcar, que não leva agrotóxicos, e também do processo de produção, que não utiliza produtos químicos. Não passa por refinamento, por isso possui grãos mais escuros e grossos. Mas vale destacar que seu consumo também deve ser moderado, já que aumenta a taxa glicêmica no sangue.
Açúcar mascavo: “é um dos açúcares mais saudáveis, porque não passa pelo processo de refinamento na indústria. Quanto mais escuro, melhor… Significa que passou por menos filtragens. Como é processado sem produtos químicos, retém minerais, como ferro, cálcio, fósforo, magnésio e potássio. Mas, como contém calorias, deve ser usado com moderação”, orienta a nutróloga.
Açúcar demerara: “seu refinamento é leve, passa por um processo de secagem, por isso é mais concentrado. Assim como o mascavo, o demerara tem valor nutricional mais alto do que o refinado. Além disso, ele é mais doce”, destaca Ana Valéria.
Xarope de ácer: a nutróloga explica que é feito da seiva do bordo (uma planta comum na Ásia e Europa), resultando em um líquido açucarado. “É composto por 70% de sacarose, com um baixo nível de frutose. É muito saudável, possui uma boa quantidade de manganês, cálcio, potássio e zinco. Também é rico em antioxidantes, que ajudam a neutralizar os radicais livres. O xarope é estável ao calor, portanto pode ser usado em preparações quentes”, diz.
Xarope de agave: extraído de um cacto, é muito parecido com o mel. “Porém, enquanto o mel é composto por 50% glicose e 50% frutose; a calda de agave tem mais de 80% só de frutose. Outro fator importante é a carga glicêmica, que é bem menor do que a do mel e do açúcar. Este xarope contém carboidratos, vitaminas e minerais (como ferro, cálcio, potássio e magnésio). Porém, também deve ser usado de forma moderada, porque, embora tenha baixo índice glicêmico, tem alto teor de frutose”, explica Ana Valéria.
Melaço: a nutróloga explica que este é um subproduto do processo de produção de açúcar ou da beterraba, concentrando seus nutrientes e proporcionando seu sabor doce. “É rico em todos os nutrientes extraídos do açúcar durante o processo de refinação. É uma boa fonte de ferro e cálcio. Também tem cobre, magnésio, zinco, selênio e potássio. Apesar de ter um índice glicêmico moderado, deve ser evitado por diabéticos”, esclarece.
Açúcar de coco: como possui baixo índice glicêmico, evita os picos de insulina, o que contribui para o emagrecimento. “É feito a partir das palmas do coco e seu processo de fabricação não inclui o refinamento. Tem poder de adoçar sem deixar sabor residual. O principal componente do açúcar de coco é a sacarose, seguida de glicose e frutose. É ainda uma boa fonte de potássio e vitamina C”, explica a nutróloga.
Xilitol: é um adoçante natural, feito a partir de fibras vegetais, adoça sem deixar gosto residual, possui poucas calorias e não aumenta os níveis de glicose no sangue.
Xarope de yacon: é feito a partir da raiz desse tubérculo, comum na região dos Andes. “Os sucos são extraídos das raízes, depois filtrados, sem aditivos químicos. O produto final é um xarope espesso e escuro, que se assemelha ao melaço. Sendo um prebiótico, auxilia a absorção de cálcio e outras vitaminas, garantindo uma flora intestinal saudável. Com índice glicêmico baixo e alta concentração de fibra prebiótica, o xarope de yacon é uma ótima opção para diabéticos e para aqueles que desejam perder peso”, destaca Ana Valéria.
Além dessas sugestões, outra dica é usar tâmaras, ou outra fruta seca, para adoçar receitas como bolos e tortas. Mas vale lembrar que elas também devem ser consumidas com moderação.

As diferentes fontes de açúcar
Controlar o consumo de açúcares não se resume a evitar apenas o açúcar adicionado nos alimentos (como, por exemplo, no café, em sucos, em frutas e receitas de doces)… Isso porque muitos outros alimentos trazem açúcar em sua composição. Confira alguns exemplos:

Frutas, cereais, mel: contêm naturalmente frutose e, por mais que sejam saudáveis, não devem ser consumidos em excesso.
Leites e derivados: possuem glicose e galactose, que também são tipos de açúcares e não devem ser consumidos em excesso.
Arroz, batata, milho, farinha, fécula de batata: estes, entre outros alimentos, possuem amido, que é composto por várias moléculas de glicose. Eles devem sempre ser consumidos com moderação e a dica é investir, de preferência, nas versões integrais.
Xarope de milho: trata-se de uma solução concentrada de açúcar, presente em muitos produtos industrializados, como karo, bolos, pudins, refrigerantes, sucos de caixinha, etc.
Linguiça, hambúrgueres, barras de cereais, suplementos alimentares e alimentos industrializados: muitos desses alimentos contêm maltodextrina, que é composta por várias moléculas de glicose. Fique atenta!
Refrigerantes: a bebida é certamente a campeã em quantidade de açúcares. Uma latinha contém cerca de 35 gramas de açúcar, ou seja, 8 colheres (chá) de açúcar. Além disso, os refrigerantes contam com diversas substâncias artificiais em sua composição e têm pouquíssimo valor nutricional.

Esses são apenas exemplos. Um detalhe é que muita gente consome açúcar sem se dar conta… Por exemplo, consome uma bolacha salgada acreditando que ali não há por que ter açúcar, mas no final das contas, contém açúcar, e não é pouco!

Fique atenta aos rótulos das embalagens
Ana Valéria destaca que a maioria dos alimentos com alto teor de açúcar – como doces, refrigerantes e barras de chocolate – contém poucos nutrientes essenciais. E é bom saber que os açúcares podem ter vários nomes diferentes nos rótulos dos ingredientes.

“É preciso criar o hábito de ler o rótulo com atenção, já que o açúcar adicionado pode vir com outras denominações, como por exemplo, dextrose anidra, xarope de milho, sólidos de xarope de milho, frutose, lactose, xarope de malte, maltose, néctares, etc.”, diz Ana Valéria.

De acordo com a nutróloga, o ideal é reduzir o consumo de alimentos e bebidas processadas. “Para se ter uma ideia, o biscoito recheado é um dos alimentos mais carregados com açúcares. Possui uma densidade energética muito grande, além de gordura saturada e de aditivos usados para dar cor às bolachas e ao recheio”, diz.

Ana Valéria explica que a OMS (Organização Mundial da Saúde) sugere limitar a 5% o consumo diário de açúcar. “Então, para um adulto que ingere 2.000 calorias por dia, isso corresponde a 100 calorias, ou seja, cerca de 25g ou 6 colheres de açúcar adicionado. A recomendação leva em conta os açúcares naturalmente presentes nas frutas, legumes, leite, enfim, nos alimentos que são ingeridos diariamente”, esclarece.

Dessa forma, conhecendo os malefícios que o açúcar pode oferecer quando consumido em excesso, e sabendo que muitos alimentos possuem naturalmente açúcares em sua composição, a dica é principalmente dar preferência a opções mais saudáveis, excluindo totalmente o uso do açúcar refinado no dia a dia!



Fonte: https://www.dicasdemulher.com.br/acucar-faz-mal/ - Escrito por Tais Romanelli - FOTO: ISTOCK