Pesquisas sobre longevidade dão algumas pistas sobre o estilo de vida de quem é centenário
Prática de exercício físico e controle do estresse
estão entre as medidas que favorecem a longevidade
Uma mulher de 115 anos do Surrey, chamada Ethel
Caterham, recebeu oficialmente o título de ser humano mais velho do mundo.
Muitas pessoas que estão lendo essa notícia podem se
perguntar qual é o segredo de Ethel.
Embora normalmente não seja uma boa ideia receber
conselhos sobre saúde e longevidade de supercentenários (já que eles costumam
ser a exceção, e não a regra), há algumas dicas de estilo de vida que podemos
tirar de pesquisas sobre grupos de pessoas longevas que podem nos ajudar a
aumentar nossas chances de viver uma vida mais longa.
2. Comer vegetais
O conselho que muitas crianças temem: coma vegetais se
quiser viver muito tempo.
Um estudo recente que acompanhou cerca de 100 mil
pessoas durante um período de 30 anos descobriu que quem chegou aos 70 anos de
idade com boa saúde (o que significa não ter doenças crônicas) normalmente
comia mais frutas, verduras, grãos integrais, nozes e legumes, e menos gorduras
trans, carnes vermelhas ou processadas, frituras e alimentos açucarados.
É importante ressaltar que esse estudo não diz que
você deve ser vegano ou nunca comer carnes vermelhas - ele apenas identifica as
tendências das dietas associadas ao envelhecimento saudável.
Quando e quanto você come também pode ter um papel
importante no envelhecimento. Pesquisas sobre restrição calórica e jejum
intermitente em animais mostraram que ambos podem aumentar o tempo de vida.
Nosso trabalho preliminar em humanos também mostrou que seguir uma dieta de
jejum por três semanas pode causar mudanças metabólicas positivas semelhantes
que correspondem ao que observamos em animais que viverão mais tempo. No
entanto, são necessários estudos maiores e com períodos de tempo mais longos
para estabelecer os efeitos sobre a saúde e o tempo de vida em humanos.
3. Sono
O sono regular e de boa qualidade também é importante
para a saúde ao longo da vida e a longevidade geral.
Em um estudo com cerca de 500 mil britânicos, padrões
irregulares de sono foram associados a um risco 50% maior de morte precoce em
comparação com aqueles com padrões regulares de sono. Os trabalhadores em
turnos apresentaram maior risco de derrames e os enfermeiros que trabalharam em
turnos rotativos durante décadas eram menos saudáveis e tiveram mortes mais
precoces ao se aposentarem em comparação com os enfermeiros que não trabalhavam
em turnos.
Embora esses dados sugiram que o sono regular e de boa
qualidade é importante para a boa saúde, a quantidade de sono necessária e o
horário em que se deve ir para a cama parecem ser altamente pessoais. Isso
dificulta o fornecimento de recomendações para toda a população, razão pela
qual o NHS recomenda que os adultos durmam entre 7-9 horas.
4. Estresse
O estresse tem muitos efeitos sobre a sua saúde.
Por exemplo, cada vez mais evidências mostram que
estressores no início da vida (como a perda de um dos pais, negligência ou
abuso) podem afetar negativamente a saúde mais tarde na vida, até mesmo em
nível molecular e celular, aumentando os níveis de inflamação de forma que
poderia aumentar o risco de problemas de saúde e morte prematura na velhice.
Por outro lado, os idosos que demonstram maior
resiliência psicológica ao estresse têm menos probabilidade de morrer por
qualquer causa. Apenas oito semanas de ioga regular são suficientes para
melhorar a resiliência psicológica em idosos.
Possivelmente ligado a isso está o efeito das conexões
sociais. Aqueles que levam uma vida socialmente mais ativa também tendem a
viver mais. De fato, pessoas com mais de 65 anos que são socialmente ativas
diariamente têm três vezes mais chances de viver cinco anos a mais em
comparação com aquelas que quase nunca participam de atividades sociais.
É comum descobrir que redes sociais fortes parecem
aumentar a longevidade. Isso pode ser devido à forma como as conexões sociais
nos ajudam a aliviar os fatores de estresse em nossas vidas.
O papel da genética
Embora existam muitos hábitos de vida que podemos mudar,
uma coisa que não podemos controlar quando se trata de nossa expectativa de
vida é a genética. Algumas pesquisas sugerem que as mutações que ocorrem
naturalmente nos genes associados à longevidade são mais comuns em pessoas de
vida longa.
Embora seja difícil separar o papel da genética do
estilo de vida quando se trata de vida útil, as previsões atuais sugerem que a
longevidade está entre 20% a 40% relacionada à genética.
Mas a boa genética não é tudo. Embora Ethel Caterham
tenha chegado à extraordinária idade de 115 anos - e uma de suas irmãs tenha
vivido até os 104 anos - as duas filhas de Ethel faleceram antes dela, aos 71 e
83 anos de idade.
E mesmo que você ganhe o prêmio genético e siga um bom
estilo de vida, ainda assim terá muita sorte se chegar aos 115 anos de idade de
Ethel. As células sofrem mutações, formam-se coágulos, a sorte biológica se
esgota. Ainda assim, se quiser maximizar suas chances de viver mais e
permanecer o mais saudável possível, procure ser mais ativo fisicamente todos os
dias, tenha uma boa dieta, durma bem e mantenha os níveis de estresse baixos.
Bradley Elliott é professor associado em Fisiologia do
Envelhecimento, da Universidade de Westminster.
Esse conteúdo foi publicado originalmente na The
Conversation.
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- Bradley Elliott - Foto: pucko_ns / Adobe Stock