Hábitos de vida equilibrados, entre eles a
alimentação, são importantes para o reforço do nosso sistema imunológico. Saiba
quais alimentos fortalecem a imunidade e como os nutrientes presentes neles
podem ajudar a evitar os estragos causados por micro-organismos infecciosos
Em meio à pandemia que assombra o mundo neste 2020,
não faltam notícias sem comprovação científica a respeito de alimentos que
fortalecem a imunidade, com potencial de combater o coronavírus de forma quase
milagrosa e nos livrar da Covid-19. Esse tipo de informação não só não ajuda
como pode atrapalhar a elaboração de uma dieta balanceada, baseada em
diferentes fontes de nutrientes – essa, sim, uma estratégia eficaz para
estimular as defesas do corpo a enfrentar as ameaças à saúde.
“Em momentos como o que estamos vivendo, as pessoas
se agarram a um desejo de resolver tudo de forma mágica”, diz Camila Guimarães,
nutricionista de Pirassununga, com pós-graduação em metabolismo, prática e
terapia nutricional. “Mas o fato é que nada isoladamente é capaz de eliminar
agentes nocivos e nos manter saudáveis”, pondera. Por isso, Camila defende que
o enfrentamento de doenças, sobretudo as infecciosas, deve levar em conta a
combinação de alguns pilares: dormir bem, colocar o corpo em movimento,
controlar o estresse e, claro, zelar pelas boas escolhas à mesa.
Nessa estratégia em prol do bem-estar físico e
mental, vale até mesmo aqueles minutinhos aproveitando os raios de sol que
entram pela janela para dar uma turbinada na vitamina D, integrante do pelotão
de nutrientes relevantes para a formação das células de defesa, juntamente com
aminóacidos, vitaminas A, E, C e B6, ferro, zinco, magnésio, selênio e ácido
graxo ômega 3.
Nutrição X Saúde
“O sistema imunológico de um indivíduo bem nutrido e
imunocompetente é capaz de amenizar a maior parte das infecções virais em até
dez dias”, afirma Sandra Chemin, coordenadora do curso de nutrição do Centro
Universitário São Camilo, de São Paulo. “Além disso, ele cria uma barreira
natural que inibe o agravamento de doenças”, continua.
Por isso, não basta comer o suficiente. O importante
é comer os alimentos certos.
Carnes, ovos e leguminosas
Antes de tudo, Sandra sugere valorizar carnes e ovos
nas refeições – itens com quantidade adequada de proteínas de boa qualidade,
além da vitamina D, zinco e ferro.
“A deficiência de ferro interfere na imunidade,
portanto alimentos com esse mineral devem compor a rotina alimentar. Além das
carnes, vegetais verde-escuros e leguminosas como o feijão, também são ricos no
nutriente”, destaca Maristela Strufaldi, do Departamento de Nutrição da
Sociedade Brasileira de Diabetes.
A nutricionista complementa com uma dica: “Consuma
junto com alguma fonte de vitamina C – vale, por exemplo, espremer limão na
salada que acompanha a refeição”. Um estudo de Estocolmo (Suécia) comprovou que
a vitamina C age aumentando a capacidade de absorção do ferro pelo organismo.
Cereais integrais
Outro mineral importante é o zinco, que, de acordo
com Maristela, tem relação direta com as células do sistema imunológico. Um
estudo feito em conjunto com diversas universidades e publicado na revista
científica Nature Immunology comprovou o papel do nutriente na resposta do
organismo a doenças. “Grãos integrais como aveia, quinoa e amaranto são ótimas
pedidas e ricos também em vitamina B6, cuja deficiência pode comprometer a
produção de anticorpos e a atividade das células de defesa”, complementa.
Oleaginosas
Opte por nozes, castanhas e amêndoas. Além de serem
ricas em zinco – “duas unidades de castanha-do-pará por dia são suficientes
para alcançar a dosagem recomendada de zinco”, indica Maristela – , elas farão
subir os índices de selênio e magnésio, que, com ação antioxidante, também
contribuem para deixar as defesas em prontidão caso algum micro-organismo
indesejado invada o corpo.
Se quiser variar, Maristela indica substituir a
dosagem recomendada de castanha-do-pará por cinco castanhas de caju ou três
avelãs.
Iogurtes e bebidas fermentadas
Não faltam artigos científicos que comprovam que os
probióticos, chamados de bactérias do bem, contribuem para o bom funcionamento
do intestino. “Como uma microbiota saudável faz diferença na função imune, são
bem-vindos os probióticos de iogurtes e bebidas lácteas fermentadas”, esclarece
a profissional.
Peixe e derivados de leite
Além das chamadas proteínas completas, que trazem
aminoácidos essenciais não sintetizados pelo nosso corpo, os produtos lácteos
ofertam ômega 3. Esse ácido graxo atua nas membranas celulares, incluindo os
glóbulos brancos do sangue, tão fundamentais para repelir ataques ao organismo.
Pelo mesmo motivo, outra recomendação é inserir peixes no menu pelo menos duas
vezes por semana.
Óleos vegetais
Outra fonte de ômega 3, eles estão liberados a
veganos, assim como sementes como a de linhaça, chia e cânhamo.
Frutas, legumes e verduras
Camila Guimarães destaca o papel de frutas, legumes
e verduras – eles contêm pró-vitaminas A e C, além de antioxidantes. “De
preferência, as frutas devem ser consumidas de forma espaçada ao longo do dia”,
propõe Camila. A presença delas no café da manhã, à tarde e à noite é garantia
de manter o nível de vitamina C na circulação sanguínea por mais tempo.
Aproveitar a variedade de legumes e vegetais no
preparo de smoothies e sucos também é uma maneira de atentar para um quesito
crucial nesse roteiro: a hidratação.
Água
Os especialistas são unânimes: é preciso beber
bastante água, sempre. “A desidratação altera a fluidez do sangue e,
consequentemente, interfere no transporte de nutrientes e oxigênio para as
atividades celulares e, portanto, para a imunidade”, esclarece Maristela.
Alimentos alaranjados
Cenoura, mamão, abóbora e damascos, por exemplo,
possuem uma grande concentração de vitamina A, grande combatente de invasores
do nosso organismo. E dá para incluí-las em todas as refeições do dia:
experimente adicionar algumas fatias de mamão no café da manhã, cenoura e
abóbora nas receitas do almoço e jantar e damasco nos lanches entre refeições,
adicionando um punhado deles a um mix de oleaginosas.
Suplementando
“A melhor vitamina é a que vem dos alimentos”, diz
Sandra Chemin. “Porém, quando não é possível ter uma alimentação variada e
colorida, alguns suplementos de vitaminas e minerais podem entrar em cena,
desde que respeitada a ingestão diária recomendada, uma vez que o excesso pode
causar transtornos”, conclui. Assim, para ser eficiente, a suplementação deve
contar com prescrição e orientação de um profissional médico ou nutricionista.
Fonte https://boaforma.abril.com.br/especiais/alimentos-que-fortalecem-a-imunidade/
- Por Goretti Tenório | Ilustração de Pri Barbosa