Item é recomendado para evitar o contágio pelo novo
coronavírus; saiba como ele influencia a performance nos treinos
O uso de máscaras é uma prática essencial na
prevenção ao coronavírus e não deve ser desprezada nem mesmo durante as
atividades físicas. Ainda que parte da população tenha resistência em utilizar
o acessório nas práticas esportivas, especialistas da área de saúde explicam
por que é essencial manter o item facial na rotina dos treinos.
Por que usar máscaras durante as atividades físicas
Como forma de controlar a disseminação do novo
coronavírus, algumas medidas de higiene e segurança foram recomendadas à
população pelos órgãos de saúde. Assim, desde o começo da pandemia de COVID-19,
foi adotada uma etiqueta respiratória associada ao cuidado com a higienização
das mãos, o distanciamento social e também o uso de máscaras.
Com o passar do tempo, algumas localidades do Brasil
passaram a flexibilizar a quarentena e as novas regras de isolamento permitiram
a volta da prática de atividades físicas em academias e ao ar livre. Essa
retomada previu o uso de máscaras por quem desejasse realizar exercícios junto
com outras regras, como evitar espaços com aglomerações ou mesmo usar o serviço
de academias em horários determinados.
O que se viu, entretanto, foi uma onda de
reclamações por parte da população sobre o uso do acessório facial durante as
práticas esportivas, com o argumento de que o item prejudicaria a performance
nos treinos. Embora haja certa relutância, profissionais do esporte e da saúde
lembram que a máscara é fundamental para a proteção contra o vírus - que já
causou a morte de milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
"Reduz-se muito a chance de contágio se as
recomendações básicas forem seguidas por todos. É seguro praticar atividade
física usando máscara facial e fazer isso não apresenta maior risco à saúde. É
mais difícil fazer de máscara? Sim, mas, se é a maneira a se fazer,
façamos", orienta João Felipe Franca, médico da Sociedade de Medicina do
Exercício e do Esporte do Estado do Rio de Janeiro e diretor da Clinimex.
Impactos na performance dos treinos
De acordo com Franca, é normal que, ao usar a
máscara durante a prática esportiva, a pessoa sinta dificuldade de respirar.
Isso se deve, principalmente, ao impedimento para dissipar o calor proveniente
da expiração, ao aumento do volume de ar ventilado e pela própria barreira
física do tecido.
"Isto cria uma dificuldade maior para fazer a
mobilização do ar, tanto na inspiração quanto na expiração, que pode variar
conforme o material usado na confecção da máscara. De modo geral, quanto mais
espesso, maior a dificuldade. Em função disso, é necessário um esforço
aumentado da musculatura ventilatória, levando a um maior desconforto
respiratório para se realizar um mesmo nível de atividade e, consequentemente,
o rendimento no exercício pode ser prejudicado", diz Fernando Torres,
diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
O especialista explica ainda que, apesar da máscara
trazer alguns impactos à respiração durante a prática esportiva, ela não impede
ou inviabiliza os exercícios físicos. "A dificuldade ou desconforto
respiratório decorrente do uso de máscara, bem como as possíveis interferências
nas trocas gasosas, não são significativas. Embora possa levar a certas
alterações fisiológicas, provocando fadiga mais precocemente, estas são mais
evidentes em períodos maiores que uma hora de duração e intensidades
altas", acrescenta.
Por outro lado, o médico também aponta que pesquisas
mostram um efeito benéfico das máscaras combinadas a atividades físicas.
"Pelo maior esforço ao inspirar e expirar, provocado pela máscara, ela
melhora a força e resistência, levando a uma maior eficiência ventilatória.
Além disso, os estudos sobre esse assunto geralmente usam máscaras N95, de uso
hospitalar e consideradas de pouca respirabilidade para serem adotadas no
exercício", afirma Torres.
Orientações para atividades em academias
Atualmente, a indicação para o uso de máscaras vale
tanto para a realização de atividades físicas em ambientes fechados, como
academias, quanto em locais ao ar livre. E não depende do estilo de treino
desejado - aeróbico, força, alongamento, entre outros.
Nas academias, as equipes são orientadas a
realizarem higienização dos equipamentos conforme a orientação das agências de
saúde. Já para os frequentadores, a indicação é que eles sigam com treino
individualizado e, quando houver alguém treinando junto, manter o
distanciamento, além do uso obrigatório de máscara.
"A cada uma hora de academia aberta, fechamos
por 30 minutos para higienização profunda. Durante o período em que está
aberta, as equipes continuam limpando. O praticante deve fazer sua parte, não
revezar equipamentos e higienizar antes e após o uso também", diz o
personal trainer Altino Andrade, profissional de educação física da rede Just
Fit Academias.
Exercício ao ar livre precisa de máscara
Torres lembra que, atualmente, mais do que uma
recomendação, o uso de máscaras em ambientes públicos se tornou lei (nº
14.019/2020) no Brasil. De acordo com a regra, o acessório é obrigatório em
locais acessíveis à população, em vias públicas e em transportes públicos de
todo o Brasil.
"Portanto, não se trata de recomendação, que
poderia ser seguida ou não, mas de uma obrigação. Logicamente seu uso também
independe daquilo que a pessoa esteja fazendo, incluindo qualquer tipo de
exercício físico", reforça.
Jeito errado de usar a máscara
Se você pratica exercícios nas ruas, já deve ter
visto pessoas com máscaras no queixo ou descobrindo o nariz. Essa prática é
totalmente inadequada, de acordo com os profissionais de saúde consultados.
"Para surtir o efeito desejado de reduzir ao
máximo o risco de contaminação, a máscara facial deve ser utilizada da maneira
correta. Se não cobrir o queixo ou o nariz, não tem efeito algum de
proteção", lembra Franca.
Segundo o médico, quando uma pessoa está em
movimento (andando ou correndo), ela é capaz de espalhar mais vestígios de
secreções respiratórias do que quando está parada - o que é algo perigoso para
contaminar pessoas que estão ao redor.
"Andando, é possível expelir gotículas até 4
metros; correndo, até 6 metros; pedalando, 15 metros. Quando eu coloco a minha
máscara, na verdade, eu estou protegendo os outros de mim. Portanto, utilizar a
máscara é um respeito ao próximo", aponta Franca.
Além disso, o especialista lembra também que, ao
colocar a máscara no pescoço, a probabilidade dela ficar molhada é maior.
"Se molhar, ela perde seu efeito protetor de filtragem do ar e pode piorar
ainda mais a entrada de ar pelas vias aéreas, dificultando a respiração caso
volte a cobrir o nariz e a boca", diz o médico.
Outro ponto de atenção levantado por Fernando Torres
é que a constante manipulação da máscara, especialmente pela parte frontal,
pode induzir a uma contaminação. "Ao levar o acessório para o queixo ou
pescoço, estas regiões podem ter sido contaminadas durante o trajeto e, com
isso, infectam justamente a parte interna da máscara que, depois, voltará a ter
contato com o nariz e a boca, principais portas de entrada do vírus", diz
o diretor da SBMEE.
Como reduzir impactos nos treinos com máscaras
Segundo Torres, é importante reconhecer que as
máscaras não foram feitas para a realização de atividades físicas, mas para a
proteção contra a doença. "Por isso, seu uso e potenciais desconfortos,
cuja sensação varia individualmente, são ônus inerentes à maior necessidade de
proteção do praticante do que sua eventual vontade de melhora de desempenho ou
de treinar mais intensamente", pondera.
Como reduzir impactos nos treinos com máscaras
Segundo Torres, é importante reconhecer que as
máscaras não foram feitas para a realização de atividades físicas, mas para a
proteção contra a doença. "Por isso, seu uso e potenciais desconfortos,
cuja sensação varia individualmente, são ônus inerentes à maior necessidade de
proteção do praticante do que sua eventual vontade de melhora de desempenho ou
de treinar mais intensamente", pondera.
Por conta disso, o médico João Felipe Franca também
recomenda escolher uma máscara que seja anatômica e confortável, que consiga
cobrir a boca e o nariz, simultaneamente, e seja capaz de promover uma boa
circulação de ar para a respiração e dissipação do calor.
Além da máscara, vale reduzir a intensidade e a
duração dos exercícios neste momento, principalmente os aeróbios. "Outras
recomendações é não ficar tocando e ajeitando a máscara o tempo todo e levar
mais de uma para praticar qualquer atividade física", aconselha Franca.
Quais máscaras usar
Atualmente, empresas já estão investindo em modelos
feitos especialmente para quem deseja praticar exercícios físicos, combinando
proteção e respirabilidade. De acordo com Torres, na hora de escolher a máscara
mais adequada à sua prática esportiva, vale considerar modelos de tecidos leves
e maleáveis que contenham as camadas necessárias para garantir proteção.
"Geralmente, máscaras muito finas facilitam a
respiração, mas seu efeito protetor tende a ser mais baixo. Testes mostram que
aquelas de TNT têm boa filtragem e respirabilidade, mas são descartáveis, não
podendo ser reutilizadas. Já as de neoprene, que têm a vantagem de serem
laváveis e impermeáveis, também podem oferecer boa proteção, mas com nível de
respirabilidade comparativamente bem mais baixo", exemplifica do médico.
Segundo o especialista, as máscaras de algodão são
laváveis, mas molham com mais facilidade durante o exercício, tendo índices de
proteção mais baixos que as anteriores, além de respirabilidade menor que as de
TNT - dependendo de sua espessura. Por fim, as máscaras hospitalares, como a
N95, são as que possuem o maior poder de filtragem e respirabilidade
considerável, e podem ser reutilizadas de acordo com a conservação durante o
uso.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/fitness/materias/36738-exercicio-com-mascara-faz-mal-veja-como-usar-com-seguranca
- Escrito por Maria Beatriz Melero