Você provavelmente já assistiu inúmeros filmes e
programas de TV que ocorrem no Velho Oeste, na Roma Antiga, na Renascença etc.
O problema é que essas histórias são sempre contadas pensando em um público
moderno – ou seja, elas incluem algumas invenções muito recentes que acabamos
assumindo que remontam milhares de anos.
5. Os médicos não eram respeitados como
profissionais até o século 20
Quando você era criança, a maior esperança de seus
pais é que você superasse as chances e se tornasse alguém altamente respeitado,
como um médico. Voltando apenas um século ou dois para trás, isso não seria
melhor do que dizer aos seus pais hoje que você decidiu ter uma carreira
criticando videogames no YouTube.
Na Roma antiga, ser um médico era considerado uma
das mais humildes profissões. Naquela época, o trabalho de costurar pessoas
depois de terem sido esfaqueadas por um visigodo era relegado a pessoas dos
degraus mais baixos da sociedade, como escravos ou estrangeiros. Por quê? Bem,
há o fato de que até recentemente a arte de curar pessoas era uma extremamente
frustrada.
Todo o conceito de ter que obter uma licença médica,
ou ter que aprender muita coisa sobre como o corpo funciona, é muito recente.
Os médicos não sabiam que tinham que lavar as mãos antes de cirurgias até
meados de 1800! Assim, por séculos, hospitais eram onde você ia para morrer, e
os médicos eram os açougueiros que usavam ferramentas enferrujadas antes de
enviá-lo para casa com algum mercúrio para beber.
Por volta do século 18, os médicos eram colocados no
mesmo nível social que, por exemplo, barbeiros. Na verdade, uma revista médica
dessa época uma vez lamentou que se tornar um médico era popularmente
considerado jogar sua vida fora.
Então, quando nos aproximamos do início do século
20, uma série de avanços na medicina introduziu a ideia radical dos pacientes
irem do hospital para suas casas vivos. Governos começaram a exigir que os profissionais
da saúde aprendessem tudo o que pudessem antes de chamar a si mesmos de médicos
e, de repente, as pessoas estavam dispostas a pagar muito dinheiro para seus
serviços.
4. Nós não emprisionávamos criminosos a longo prazo
até 1800
Você seria perdoado por assumir que o conceito de
prisão é tão antigo quanto o conceito de crime. Afinal de contas, temos
histórias e histórias de pessoas sendo trancadas em torres. Mas, apesar de
masmorras e prisões existirem em certa medida há muito tempo, o conceito de
prisão como punição por cometer um crime é novo: nasceu em cerca de 1800.
Ao longo da história, a prisão era usada apenas para
evitar que criminosos fugissem das suas cidades antes de seu julgamento. Quando
as punições eram efetivamente entregues, geralmente vinham na forma de algo
muito mais público e imediato do que o encarceramento. Antes do século 19, as
sentenças variaram de enforcamento para os piores criminosos, a açoitamento ou
humilhação pública para os casos menos graves.
Tão recentemente quanto o século 18, era prática
comum para criminosos simplesmente serem marcados com seu crime para que os
outros sempre estivessem cientes do tipo de idiota que ele era.
Na verdade, toda a nação da Austrália deve sua
existência ao fato de que a Grã-Bretanha não tinha um conceito de prisão antes
de 1800. Confrontados com o problema de um número crescente de criminosos
simplesmente se reintegrando à sociedade, a Grã-Bretanha achou a descoberta de
um novo continente para onde pessoas indesejáveis poderiam ser enviadas uma
excelente ideia. O fato de que a Austrália era cheia de animais mortais era
apenas um bônus, tornando a deportação uma espécie de execução cruel e incomum.
Foram os EUA que, eventualmente, surgiram com a
ideia de aprisionamento de longo prazo como uma alternativa para a morte ou
banimento dos criminosos. Na década de 1830, a América proferia a pena de morte
para um número surpreendente de infrações, de assassinato a andar fora da faixa
de pedestre. Assim, os EUA começaram a pensar em alternativas menos cruéis para
certos crimes. Foi assim que nasceu o conceito de simplesmente trancar
criminosos em um grande edifício de pedra durante vários anos, o que também deu
à luz o conceito de reabilitação. A ideia era que, dado o tempo suficiente para
refletir sobre o que tinham feito, os antissociais poderiam mais uma vez
tornar-se membros produtivos da sociedade. Ainda não sabemos se isso realmente
funciona (em certos cenários), mas já foi um avanço.
3. O fim de semana foi uma estratégia empresarial
inventada no século 20
“Espere, o conceito de ter um dia de folga a cada
semana não está na Bíblia ou algo assim?”. Sim. Ter um dia de folga vem da
ideia de que Deus precisou fazer uma pausa depois de passar seis dias criando o
universo. Mas o conceito de “fim de semana” como nós o conhecemos não existia
no mundo ocidental até tão recentemente quanto 1926. Sábado era apenas mais um
dia de trabalho regular. Domingo era dia de folga apenas se você conseguisse
convencer o seu patrão de que Deus iria te queimar no inferno se você trabalhasse
nesse dia.
Como resultado, a semana de trabalho média no
passado era de cerca de 50 horas. Então, como é que os trabalhadores do mundo
fizeram seus chefes duplicar suas férias semanais? Uma das principais questões
foi que havia tensões entre os trabalhadores sobre qual seria o melhor dia de
folga. Os cristãos reconheciam o domingo como dia de descanso, mas na tradição
judaica, seria o sábado. Então, se você tinha uma mistura de religiões
representadas na força de trabalho de sua empresa, você teria que pedir para
alguém violar a sua fé, não importa em que dia fechasse os negócios.
Uma solução simples foi criada pelo magnata do
automóvel Henry Ford – em 1926, ele decidiu dar a todos os trabalhadores de
suas fábricas o sábado e o domingo de folga, não importa a sua religião. Foi
uma boa decisão de negócios. Provavelmente, os trabalhadores pararam de brigar
entre si e começaram a passar a maior parte de seu fim de semana dirigindo seus
automóveis Ford, fazendo propagandas em passeios longos e gastando mais
dinheiro consertando-os depois.
Mais tarde, a Grande Depressão bateu nos EUA e a
semana de trabalho reduzida foi vista puramente como uma maneira de cortar
horas de trabalho sem ter que despedir trabalhadores. Em seguida, o governo
estabeleceu a semana de trabalho com no máximo 40 horas, imaginando que
ajudaria a criar empregos (uma vez que seria mais barato contratar mais pessoas
do que pagar horas extras). O fim de semana finalmente se estabeleceu no mundo
trabalhista.
A notícia ruim é que provavelmente vai morrer em
breve – muitos hoje já trabalham nos fins de semana, graças à proliferação de
serviços que mantêm suas portas abertas sete dias por semana. Ei, foi divertido
enquanto durou.
2. Nós não sabíamos como a economia funcionava até
depois da Depressão
Dinheiro faz o mundo girar desde o momento em que um
homem das cavernas descobriu que poderia adquirir a melhor caverna de seu
vizinho simplesmente dando-lhe 20 coelhos, em vez de precisar matá-lo. Por
isso, é surpreendente saber que, apesar de ser um dos conceitos mais antigos da
humanidade, não sabíamos como ele funcionava em grande escala até o início do
século 20.
Quando a Grande Depressão atingiu os EUA na década
de 1930, levou milhões de pessoas a ruína. Naquele momento, ninguém sabia como
isso tinha acontecido. Não era como se houvesse um monte de ideólogos políticos
avisando de uma recessão – os preços apenas começaram a subir, a renda a cair,
e ninguém conseguia explicar por quê. Claro, as pessoas conheciam conceitos
como pânicos bancários, inflação e mercado de ações. Só não sabiam como todas
essas coisas se entrelaçavam de tal maneira que de repente elas não podiam mais
alimentar seus filhos.
Então, o governo americano teve de reunir todos os
seus assistentes para descobrir uma maneira de medir a saúde financeira global
do país e prever uma desgraça como essa da próxima vez. O resultado foi a renda
nacional, agora conhecida como produto interno bruto, ou PIB – essa foi a
primeira vez que fomos capazes de colocar números para o que está realmente
acontecendo na economia de uma nação, em vez de depender de superstições e
boatos.
O relatório apresentado ao Congresso feito por essas
pessoas que acabaram conhecidas como “economistas” ficou tão popular entre a
população em geral durante a Grande Depressão que se tornou um bestseller do
New York Times. Pense nisso!
O conceito de PIB se tornou tão útil na previsão das
reviravoltas da economia que logo foi adotado por praticamente todo o mundo,
razão pela qual não tivemos uma crise financeira global desde então.
1. O conceito de minutos e segundos foi inventado
por causa dos horários de trem
Existem civilizações na Terra que não têm noção do
tempo. Obviamente, eles têm noção que o “dia” é que o tempo entre o sol nascer
e se por, e que depois vem a noite. No entanto, eles não sabem dizer as horas
como nós fazemos. E isso não é tão estranho: tal conceito é na verdade muito
recente.
Bom, o conceito da hora é antigo – veio dos sumérios, que usavam 24 como
a base de seu sistema de contagem, em vez de 10. Isso porque, em vez de contar
com os dedos, eles contavam com os nós dos dedos (e existem 12 em cada mão,
descontando o polegar). Então, depois que os sumérios decidiram que havia 24
horas em um dia, o normal seria que outra subdivisão surgisse, não? Ou seja,
minutos e segundos.
Na verdade, no entanto, ninguém se incomodou com
isso por milhares de anos. Só começamos a subdividir as horas quando inventamos
a locomotiva.
Antes disso, a hora era medida por relógios de sol.
No mundo antigo e medieval, a maioria das pessoas cultivavam seus campos
durante o dia, enquanto as ricas se sentavam em seus tronos. Chegava o
anoitecer, e era isso. Ninguém realmente precisava saber qual era o momento
específico do dia.
Quando os primeiros relógios mecânicos foram
inventados, a maioria só marcava horas. Finalmente, em 1800, quando a viagem de
trem se tornou popular, as pessoas começaram a perceber que uma unidade de
tempo menor do que a hora era necessária em suas vidas diárias. Como trens
viajavam muito mais rápido do que os cavalos, as pessoas precisavam de alguma
maneira de medir o tempo de chegada do veículo mais especificamente do que
apenas olhar para cima para ver onde o sol estava.
Na década de 1860, a empresa ferroviária Great
Western Railway da Grã-Bretanha decidiu padronizar o tempo arbitrariamente com
base em um relógio de Greenwich (por que não?). Assim, finalmente o conceito de
minutos e segundos começou a fazer parte do nosso cotidiano. [Cracked]