As melhores lembranças das festas e que
não saem da minha memória são das diversões, comidas, jogos, músicas e das
apresentações da Chegança Santa Cruz de Zé de Binel. Pelo lado religioso, a principal
comemoração do nascimento do Menino Jesus era a Missa do Galo na Igreja Matriz
de Santo Antônio e Almas na véspera do Natal. As festas começavam a tarde e se
estendiam até a madrugada.
As diversões eram
simples, mas divertiam as pessoas como as barcas, especialmente as de meu pai,
Josias Costa (in memoriam); os carrinhos para as crianças menores; o trivoli
com os cavalos; os balanços e principalmente a onda, ponto de paquera entre os
jovens. Em 1977, meu primo Zé Costa (in memoriam) comprou e armou uma roda
gigante na praça, no ano seguinte ele adquiriu outras diversões e formou o
parque São José, o primeiro de Itabaiana.
Para animar as festas, existia um serviço
de som que tocava as músicas de sucesso da época oferecidas às pessoas
presentes e também servia para mandar recadinhos de paqueras ou fazer
brincadeiras com os amigos. O serviço de som foi realizado ao longo dos anos
por João de Deus, Bicudinho e Xavier, todos bastante conhecidos pelos
itabaianenses.
Nas festas, existiam comidas para todos os
gostos. Geralmente, os adultos e jovens dirigiam-se para os bares armados ao
longo da praça e ingeriam bebidas alcoólicas e refrigerantes, além de comer caranguejos
e outros petiscos. As crianças se deliciavam com algodão doce no palito,
pipoca, rolete de cana na taboca, pirulito no tabuleiro, arroz doce, sorvete de
ki-suco feito na hora, espetinho de carne com salada, pastel e coscorrão com o
acompanhamento do gostoso ki-suco na garrafa de refrigerante, servido a temperatura
ambiente.
Muitas pessoas só iam para a festa com o
objetivo de jogar, principalmente os homens, pois enquanto as mulheres
colocavam os filhos para se divertirem nos brinquedos, eles tentavam ganhar
dinheiro ou brindes nos jogos, entre eles: as rifas de goiabada, cigarro ou
sardinha; lançar argolas para acertar nas notas de dinheiro colocadas em tábuas
pequenas ou caixas de fósforos; roleta de números para tentar ganhar dinheiro;
tabuleiro colorido onde a pessoa que acertasse a bola de igual cor ganharia um
brinde; pescaria de brindes e o bingo Peixoto, que originou o parque do mesmo
nome.
A tradição de ganhar presentes não era
como nos dias atuais, ganhar um sapato novo e roupas novas era o maior desejo
das crianças e adolescentes, e saiba que a maioria das roupas não era feitas em
fábrica e sim por costureiras, como minha mãe, Dona Graça (in memoriam), uma
das melhores de Itabaiana. A praça se tornava uma passarela para o desfile de
figurinos, principalmente pelas mulheres, mas logo uma nuvem de poeira, que era
feita pelo caminhar das pessoas encobria todas, e quando voltavam para suas
casas às roupas já não mais pareciam novas.
A ornamentação da praça era simples,
geralmente com uma enorme árvore de natal colocada no centro. Cada dono dos
brinquedos ornamentava com lâmpadas coloridas ao redor deles, dando um belo
visual à festa.
Em meados da década de 90, com a
construção do espaço para eventos na Praça Etelvino Mendonça, as diversões mais
antigas, principalmente as barcas, foram montadas na lateral do Estádio
Presidente Médici e o parque ocupou a parte central. A partir desta data, as
minhas lembranças já são como pai, pois levava meus filhos às festas sem a
presença de alguns brinquedos antigos.
Nos dias atuais, as festas de Natal e fim de
ano são realizadas em casa com a reunião de familiares e amigos para a ceia,
troca de presentes e comemoração da entrada do ano novo. Um número bem menor de
famílias leva seus filhos para se divertirem no parque, mas infelizmente
não com as diversões, simplicidade e as
comidas das festas de Natal dos tempos passados.
Por Professor José
Costa