sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Para ganhar massa muscular você deve esquecer esse velho conselho alimentar


Dietas com alto teor de carboidratos costumam ser recomendadas como parte de protocolos de exercícios para melhorar a recuperação e aumentar o desempenho. No entanto, pesquisas recentes tem mostrado que os carboidratos talvez não ajudem na recuperação da atividade física, além do mais seu vínculo potencial com distúrbios e doenças metabólicas coloca em dúvida se tal dieta seria realmente um bom conselho.

O estado energético muscular durante os exercícios costuma ser considerado um elemento fundamental no desempenho do esporte desde a década de 1960 . Sabemos que os carboidratos são a fonte de energia favorita na contração muscular em exercícios de moderados e de alta intensidade, por isso as diretrizes usuais para a nutrição esportiva incentivam comer alimentos ricos em carboidratos em três momentos: antes, durante e depois dos exercícios para potencializar o próprio desempenho.

Esses critérios, que são preponderantemente voltados a atletas profissionais, indicam o consumo, a cada hora e por quatro horas, de um pouco mais de um grama de carboidrato para cada quilograma de massa corpórea, para um reabastecimento potencializado. Mas seria realmente necessário ingerir tanto carboidrato com o objetivo de potencializar a recuperação dos exercícios? E seria adequado para aqueles que não estão tão preocupadas com o desempenho em competições?

Desempenho versus Recuperação
Antes de nos aprofundarmos nessas perguntas, é fundamental fazermos distinção entre recuperação e desempenho do exercício.
A recuperação são processos musculares que foram estimulados pelo estresse dos exercícios. Esses processos são acumulativos e levam a maior resistência e crescimento do músculo. Estas adaptações ampliam a capacidade corporal de suportar o estresse em exercícios futuros.
O desempenho no exercício, entretanto, se refere à capacidade de fazer o exercício no tempo e intensidade desejados.
A nutrição tem um papel importante em ambos. Além do mais a qualidade da recuperação afeta em potencial o desempenho dos exercícios no futuro. No entanto recomendações de nutrição para melhor desempenho podem não são necessariamente ideais para ampliar a recuperação em todos os casos.

Treinamento de resistência e carboidratos
Embora o benéfico da ingestão dos carboidratos na melhora do desempenho dos exercícios seja aceito amplamente, os pesquisadores observaram recentemente que a restrição na ingestão de carboidratos próxima dos treinos de resistência pode efetivamente contribuir na recuperação muscular. Os estudos observaram a redução na disponibilidade de carboidratos (seja através de jejum noturno ou apenas reduzir a ingestão de carboidratos perto dos horários de treinos) pode contribuir a promoção de uma recuperação precoce, levando possivelmente a melhorias de longo prazo na resistência.
Diversos estudos descobriram que alimentação com alto teor de carboidratos pode suprimir a ativação de vários genes conectados a adaptações aos exercícios físicos. Essa pesquisa recente mostra que é possível realizar duas sessões de exercícios intervalados de alta intensidade (HIIT), com até 12 horas de intervalo em de restrição de carboidratos. Também foi descoberto que é mais provável haver recuperação precoce quando os exercícios são em estado de baixa disponibilidade de carboidratos no corpo.
Comer muito carboidrato durante a recuperação inicial também pode ser pior para aqueles que querem perder gordura corporal. Pesquisadores observaram que uma restrição de carboidratos durante o período de recuperação dos exercícios incrementou o metabolismo da gordura corporal e reduziu o metabolismo dos carboidratos. Aproximadamente três vezes mais gordura foi usada como fonte de energia quando se restringiu a ingestão de carboidratos durante o período de recuperação do exercício.
Levando em conta que costumamos nos exercitar para emagrecer (perda de gordura corporal), consumir carboidratos tanto antes quanto depois do exercício pode estar causando um efeito contrário do esperado.

Exercícios de resistência e o carboidrato
Mas e a função carboidratos no processo de recuperação dos exercícios de resistência, que incluem levantar pesos ou fazer exercícios com o peso corporal para de aumentar a força e os músculos?
Sabemos que o consumo de proteínas nesse tipo de exercício beneficia o crescimento muscular. A recomendação tradicional, é uma alimentação com alto teor de carboidratos para melhorar o desempenho e a recuperação dos exercícios de resistência.
Mas inúmeros estudos agora mostram que os carboidratos não ampliam a recuperação depois de exercícios de resistência, ao compararmos com a proteína isolada.
Além do mais, a realização de exercícios de resistência quando as reservas de carboidratos dos músculos estão baixas também não compromete a recuperação. Pensando como um todo, isso sugere que o carboidrato ingerido desempenha um papel pequeno ou nenhum papel na recuperação dos exercícios de resistência.
Outro mito frequente diz que os atletas de resistência necessitam ingerir energia extra (ou seja, comer mais) para ganhar massa muscular. Aumentar os carboidratos na alimentação seria uma maneira de fazer isso. Não existem evidências para tal crença. Por outro lado as pesquisas demonstram recuperação muscular após o exercício de resistência sendo promovida pelas proteínas, mesmo que o atleta esteja com déficit energético.

Riscos potenciais à saúde
Além dos conselhos de consumo de altas taxas de carboidrato não serem úteis para a recuperação do atleta não profissional eles são motivos para nos preocuparmos. Carboidratos em excesso potencialmente causam doenças metabólicas como obesidade e diabetes tipo 2.
Se alimentar com excesso de carboidratos hiper estimula o hormônio insulina, levando a níveis cronicamente nocivos de açúcar no sangue. Uma das várias funções da insulina é o bloqueio do uso de gorduras como combustível. A insulina também promove o deposita o excesso de carboidratos em forma de gordura corporal e prejudica a capacidade do corpo controlar seus níveis de açúcar no sangue.
Para pessoas fisicamente ativas recreativamente, que tem objetivos como melhorar a saúde em geral, reduzir a gordura corporal e aumentar a massa magra muscular – se alimentar com uma dieta rica em carboidratos pode levar exatamente ao resultado oposto. [The Conversation]


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Como aumentar a longevidade em 500%: estudo


Cientistas do Laboratório Biológico MDI (EUA), do Instituto Buck de Pesquisa em Envelhecimento (EUA) e da Universidade de Nanjing (China) identificaram caminhos celulares para a longevidade que ampliaram a expectativa de vida de vermes C. elegans em cinco vezes.

C. elegans como modelo
Eu sei o que você está pensando: o que vermes nematódeos têm a ver com seres humanos?
Muita coisa. O C. elegans é comumente usado como modelo em pesquisas sobre o envelhecimento porque compartilha muitos genes com seres humanos. Além disso, sua expectativa de vida de apenas três a quatro semanas torna mais fácil para os pesquisadores acessarem os efeitos de intervenções genéticas e ambientais na longevidade.

Inclusive, os genes estudados na nova pesquisa já tinham sido alvo de análises anteriores.

“Apesar da descoberta de vias celulares que governam o envelhecimento em C. elegans, não tinha ficado claro como essas vias interagiam. Ao ajudar a caracterizar essas interações, nossos cientistas estão abrindo caminho para as terapias necessárias para aumentar a expectativa de vida de uma população que envelhece rapidamente”, disse Hermann Haller, presidente do Laboratório MDI.

O estudo
Os cientistas modificaram geneticamente as vias de sinalização da insulina e da proteína TOR em vermes.

Sabia-se que a alteração das vias da insulina gerava um aumento de 100% na vida útil, e da proteína TOR um aumento de 30%. Logo, os pesquisadores esperavam que os C. elegans mutantes vivessem 130% mais. Em vez disso, eles viveram 500% mais. Nos seres humanos, isso seria o equivalente a viver até os 400 ou 500 anos de idade.

“O efeito não é um mais um é igual a dois, é um mais um é igual a cinco. Nossas descobertas demonstram que nada na natureza existe no vácuo; para desenvolver os tratamentos antienvelhecimento mais eficazes, precisamos olhar para as redes de longevidade e não para caminhos individuais”, disse Jarod A. Rollins, do MDI.

Interação sinérgica
A descoberta dessa interação sinérgica pode levar ao desenvolvimento de terapias antienvelhecimento combinadas mais eficazes, cada uma afetando um caminho celular diferente, da mesma forma que são alguns tratamentos contra o câncer e o HIV hoje.
A interação sinérgica também pode explicar por que os cientistas nunca conseguiram identificar um único gene responsável pela longevidade, nem mesmo estudando pessoas que vivem até idades extraordinárias sem doenças relacionadas ao envelhecimento.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Cell Reports. [Phys]


quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Cuidar do coração dos mais velhos é um ato de amor e responsabilidade


Um médico conta ao que prestar atenção para evitar ou tratar direito as doenças cardiovasculares nos mais velhos

Diante da tendência global de crescimento do contingente de idosos, é fundamental a atenção à saúde desses cidadãos. Segundo projeções do IBGE, 30% dos brasileiros terão mais de 60 anos em 2050. Hoje, 12% dos habitantes da cidade de São Paulo já pertencem à chamada terceira idade. É uma amostragem relevante, considerando tratar-se da maior metrópole de nosso país e uma das mais populosas do mundo.

O envelhecimento é um desafio para o sistema médico-hospitalar, pois o aumento da expectativa de vida resulta em maior número de usuários dos serviços. Por isso, uma das prioridades deveria ser garantir bom atendimento aos idosos no setor público – até porque 75% deles utilizam exclusivamente o SUS, conforme dados do Ministério da Saúde.

Nesse universo, as doenças cardiovasculares merecem especial atenção. Elas são as mais letais e se incluem entre as que mais limitam a qualidade da vida e/ou deixam sequelas nos pacientes. Não à toa, aquelas típicas recomendações de saúde, válidas para indivíduos de todas as faixas etárias, são ainda mais importantes na terceira idade.

Refiro-me a manter alimentação equilibrada, não fumar, só beber álcool com muita moderação e fazer exercícios (sempre com orientação médica e respeitando os limites físicos de cada um). Além disso, é importantíssimo controlar a pressão arterial, o peso e, periodicamente, os níveis sanguíneos de colesterol, triglicérides e açúcar.

Embora o aspecto relativo ao coração seja decisivo, é cada vez mais relevante uma abordagem multidisciplinar da saúde dos idosos. E isso vale para a prevenção e mesmo para o tratamento dos cardiopatas. O atendimento a eles muitas vezes envolve cardiologistas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e até médicos de outras especialidades, principalmente quando o paciente apresenta mais de uma enfermidade.

O ideal é proporcionar uma atenção ampla, que aborde saúde mental, uso de medicamentos, alimentação, atividade física, reabilitação cardiovascular, aspectos preventivos e saúde bucal. Os cuidados paliativos também precisam ser considerados entre pacientes terminais.

Se o sistema médico-hospitalar, público ou privado, pode e deve fazer muito pela saúde da terceira idade, também cabe ressaltar a responsabilidade dos familiares. Isso, aliás, está previsto no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), cujo artigo terceiro estabelece o seguinte: “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.

Acima de qualquer marco legal, a atenção e o carinho com pais, avós e parentes mais velhos constituem um ato de puro amor. É um compromisso com os mais nobres ideais humanitários, que abrange desde cuidados simples (como mantê-los hidratados, principalmente no verão) até o acompanhamento de sua rotina médica e de exames periódicos, passando por sua integração familiar e social.

Tudo o que estiver ao nosso alcance deve ser feito para que os idosos tenham a melhor qualidade de vida possível. Trata-se de uma atitude responsável e solidária perante a vida, que, acreditem, faz muito bem ao coração de todos nós!

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/guenta-coracao/cuidar-do-coracao-dos-mais-velhos-e-um-ato-de-amor-e-responsabilidade/ - Por João Fernando Monteiro Ferreira, cardiologista - Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Inovações para evitar e combater o AVC


Táticas preventivas, tratamentos modernos e novas formas de levar informação podem mudar o cenário do AVC, a segunda causa de morte no Brasil

É assustador: um em cada quatro adultos no mundo vai sofrer o acidente vascular cerebral (AVC). O rompimento ou o entupimento de um vaso sanguíneo na cabeça respondem por 10% das mortes no planeta.

“No Brasil, notamos uma tendência de aumento no número de casos, mas a mortalidade deve diminuir nos próximos anos”, analisa o neurologista Cesar Minelli, de Matão (SP), que apresentou dados inéditos sobre o tema durante o Congresso Brasileiro de Doenças Cerebrovasculares, realizado no final do ano passado em Goiânia.

Infelizmente, o número de  ocorrências só cresce. Só na cidade de Matão, em média, 127 casos de AVC ocorrem a cada 100 mil habitantes por ano. E 26% dos pacientes da cidade paulista não resistem e morrem anualmente após o derrame.

Apesar de ser um perigo em ascensão, tem muita notícia boa sobre o tema. Conheça novos tratamentos, formas de prevenção e maneiras de levar informação que podem mudar o cenário brasileiro:

Programa de saúde pública bem-sucedido
Lançada em 1994, a Estratégia Saúde da Família (ESF), do governo federal, abrange enfermeiros, médicos e dentistas, que fazem o acompanhamento da população de um determinado bairro ou região. Os profissionais são responsáveis pela atenção básica das pessoas, o que inclui vacinação, campanhas de prevenção, consultas simples e exames de rotina.
Mais que resolver queixas pontuais, um programa desses traz resultados de longo prazo. “Descobrimos recentemente que nas regiões em que a ESF está implementada há menos internações por AVC”, revela Minelli.

Trombectomia, um tratamento aprovado com louvor
A trombectomia é um tratamento em que o cirurgião guia um cateter até o cérebro para retirar o trombo que fecha a passagem do sangue. O Ministério da Saúde encomendou um estudo para ver se essa estratégia seria custo-efetiva na rede pública.
“Os resultados mostraram que o paciente submetido a essa operação tem 3,4 vezes mais probabilidade de não ficar com sequelas”, conta a neurologista Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC.
A expectativa é que o método, já disponível nos planos privados, seja englobado em breve pelo Sistema Único de Saúde, o SUS.

Outras saídas para frear o AVC
Anticoagulante: remédio que dissolve o coágulo, deve ser usado nas primeiras quatro horas após o início dos sintomas.
Cirurgia: quando a artéria se rompe no cérebro, muitas vezes é preciso drenar o sangue que se espalhou.

Precisão a despeito da hora
Para escolher qual será a resposta para o entupimento cerebral, o médico pergunta quando se iniciaram os sintomas (boca torta, dificuldade de fala, dor de cabeça…). Mas e se o sujeito dormiu bem e acordou mal? Como saber o momento exato?
“Cerca de 20% dos pacientes chegam ao pronto-socorro nessas condições”, calcula o neurologista Octávio Pontes Neto, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto.
A boa notícia é que novos equipamentos permitem calcular o tamanho do estrago com mais exatidão, o que dobra as chances de oferecer um melhor tratamento.

O implante que poupa neurônios
Um grupo de mais de 80 cientistas espalhados por 18 países está testando um dispositivo peculiar que poderá ser utilizado logo depois do AVC.
Com o tamanho de 4 centímetros, ele é instalado num nervo que fica perto do nariz e dos olhos. Ao ser ativado, estimula a chegada de mais sangue ao cérebro, o que ajudaria a manter os neurônios vivos por um tempo extra e reduziria as sequelas.
Os testes iniciais, que envolveram mais de mil voluntários, mostraram que o implante é seguro e pode trazer ganhos em situações específicas. “Porém, antes de colocarmos essa ideia na prática, ainda devemos aguardar resultados mais contundentes”, avalia Sheila Martins.
A instalação é simples: basta introduzir uma injeção pelo buraco do nariz até chegar ao fundo da cavidade nasal. O implante fica grudado num nervo chamado gânglio esfenopalatino. Ele é acionado por um controle remoto. Com isso, há um incremento no aporte de oxigênio e nutrientes para a massa cinzenta.

Capacitação de crianças para salvar vidas
Durante o congresso em Goiânia, a Rede Brasil AVC iniciou uma campanha que vai percorrer escolas de todo o Brasil para ensinar estudantes de 4 a 8 anos a reconhecerem um derrame. Por meio de um filme e personagens de desenho animado, a proposta é treinar a garotada para reconhecer os principais sintomas e como agir se virem algo parecido em casa ou na rua.
“Sabemos que as crianças passam boa parte do tempo com os avós, que são o público que tem maior risco de sofrer um evento desses”, destaca Sheila. O objetivo é que o público infantil aprenda e ligue para o 192 rapidamente, sem precisar esperar a chegada dos adultos. Afinal, tempo é cérebro: cada minuto perdido pode fazer uma diferença tremenda lá na frente.

Os heróis e seus poderes

Criados na Universidade da Macedônia, eles desembarcaram este ano em terras brasileiras

Simão: é o vovô que tem o maior sorriso. Se ele não mexe a boca, algo está errado.

Bruno: possui braços fortes e firmes. Quando perde a força, é sinal de encrenca.

Fiona: sua voz é doce e angelical. Preocupa caso não consiga cantar ou falar.

Tiago: é o neto esperto e inteligente que liga para o Samu no 192 e socorre os avôs.

Um comprimido 4 em 1
Uma das principais dificuldades para manter pressão e colesterol sob controle está no tratamento de longo prazo: estima-se que menos de 10% dos indivíduos continua a tomar os remédios direitinho um ano após o diagnóstico.
Mas e se a gente tivesse uma cápsula que reunisse tudo de uma vez? Essa estratégia foi testada na Universidade de Ciências Médicas de Teerã, no Irã. Os resultados indicam que um comprimido único com aspirina, estatina (para baixar o colesterol) e dois anti-hipertensivos melhorou a adesão ao tratamento e reduziu em 34% infartos e AVCs.
A polipílula já recebeu endosso da Organização Mundial da Saúde (OMS) e deve custar menos de 30 centavos de dólar.

Vitamina D não previne o AVC
“Infelizmente, a suplementação dessa substância não demonstrou a eficácia esperada”, afirmou durante a sua apresentação no congresso o neurologista Rubens José Gagliardi, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O especialista se referia a um estudo publicado este ano no prestigiado periódico Journal of the American Medical Association (Jama).
O trabalho liderado pela Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, revisou as informações de 21 pesquisas feitas previamente, que acompanharam mais de 83 mil pacientes. Após toda essa análise, conclui-se que as doses de vitamina D não trouxeram nenhuma proteção contra o ataque cardíaco ou o derrame.
Se você faz uso regular desse nutriente por meio de gotas ou cápsulas, visite um médico para saber mais e receber uma orientação personalizada.

Novas ferramentas na reabilitação
A fisioterapia não é mais a mesma: hoje em dia é possível fazer uso de máquinas ultramodernas, lançar mão de remédios que mexem na química cerebral e aplicar ondas eletromagnéticas na cabeça após um AVC.
Até o popular Botox entra na jogada: as injeções dessa substância alteram não apenas o funcionamento dos músculos que ficam com sequelas, mas influenciam na conectividade entre os nervos periféricos e o sistema nervoso central.
“Nesse contexto, a toxina botulínica tem um nível alto de evidência para tratar a espasticidade, quadro marcado por rigidez e espasmos musculares constantes”, conta a neurologista Carla Moro, do Hospital Municipal São José, em Joinville, Santa Catarina.
As sequelas motoras são a complicação mais comum após os derrames. Os indivíduos deixam de movimentar partes do corpo, geralmente braços ou pernas. Esse problema traz outras dificuldades, como acessos de dor, deformidades e disfunção sexual.
Para amenizar todas essas chateações, a fisioterapia é primordial. Com as sessões, as chances de se restabelecer e ter liberdade são ainda maiores. É preciso iniciar logo cedo (se possível, no hospital) e não desistir após as primeiras semanas.

O robô que sabe tudo sobre o derrame
Alunos e professores do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, criaram um programa de computador que responde às principais perguntas do público sobre o AVC. O sistema foi instalado no Facebook e, durante 40 dias, recebeu 138 perguntas de usuários dessa rede social.
Mais de 40% das pessoas estavam interessadas em saber mais sobre os sintomas. Na sequência, as questões variavam entre prevenção e tratamento.
“Uma ferramenta dessas consegue esclarecer de maneira prática e direta mais de 80% das dúvidas sobre o tema, o que demonstra a importância da educação continuada em saúde para a população”, argumenta o neurologista Marcos Lange, um dos responsáveis pela iniciativa.

O que causa um AVC?

Hipertensão
Sedentarismo
Colesterol alto
Dieta ruim
Obesidade
Estresse
Tabagismo
Doenças cardíacas
Alcoolismo
Diabetes

Manual básico para a alta
Depois que a situação está estabilizada, o paciente é liberado para seguir com a recuperação em casa. Nesse momento, recebe um monte de orientações sobre o que comer, quais remédios tomar, como se exercitar… É tanta coisa que a maioria dos detalhes se perde pelo caminho.
Para facilitar o processo, um grupo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) lançou um guia que reúne de forma simples e clara todas as informações. “O livro é assinado por profissionais das mais diversas especialidades, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e neurologistas, e pode ser baixado de graça no site da Rede Brasil AVC”, informa a terapeuta ocupacional Natália Andrade Camargo, coordenadora da iniciativa.

Doença de Chagas também prejudica o cérebro
Transmitido pela picada do inseto barbeiro, o protozoário Trypanosoma cruzi fica escondido no organismo por décadas até afetar algum órgão, geralmente o coração. O que não se sabia até agora era que essa bagunça toda pode respingar na cabeça: pesquisadores da Universidade Federal da Bahia descobriram que a doença de Chagas é um fator de risco independente para o AVC.
“Esses pacientes desenvolvem problemas cardíacos que, por sua vez, favorecem a formação de trombos capazes de ir até o cérebro”, destrincha Pontes Neto.
Esse conhecimento tem o potencial de modificar políticas públicas e o acompanhamento de pacientes onde a transmissão da moléstia segue ativa, como São Paulo, Minas Gerais, Bahia e a Região Norte do país.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/evitar-combater-o-avc/ - Por André Biernath - Foto: Ricardo Davino/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Um remédio incomum para ansiedade e depressão


Vida sexual saudável pode ajudar a amenizar sintomas de ansiedade e depressão.  As reações biológicas começam antes da relação sexual e continuam por um período após o orgasmo.

Na vida de uma pessoa com sintomas de depressão ou ansiedade, o sexo pode ser a última coisa na qual se pensa. Em casos de depressão pode haver preferência pelo isolamento. Mas além de o sexo possibilitar que uma pessoa se sinta conectada a outra, pode também provocar respostas físicas e biológicas. Estas podem minimizar alguns dos sintomas de depressão.

A ansiedade pode fazer com que a pessoa se sinta preocupada, perdida ou incapaz de mudar a situação em que se encontra. Nesse caso também, o sexo provoca reações nos corpos das pessoas que podem minimizar os sintomas apresentados.

Embora o sexo não represente uma cura para tudo, existem evidências de que ele pode impactar positivamente o estado mental das pessoas, além da saúde física.

As reações biológicas começam antes da relação sexual e continuam por um período após o orgasmo. É por isso que uma vida sexual saudável pode afetar o humor, comportamento e pensamentos das pessoas.

Estudos com imagem por ressonância magnética mostraram que a primeira coisa que ocorre quando as pessoas recebem um estimulo é o aumento da atividade na parte do cérebro responsável pelas emoções, o sistema límbico.

Nesse estágio ocorrem alterações físicas como aumento da pressão e fluxo sanguíneo, aumento da reação a estímulos em partes sensíveis do corpo e aumento da frequência cardíaca. O momento do estímulo costuma ser quando o corpo começa a se preparar para a relação sexual.

O segundo momento
Já durante a relação sexual, o corpo e o cérebro humano apresentam reações diversas. Junto com o aumento no fluxo sanguíneo citado anteriormente, surge também óxido nítrico liberado no corpo durante a relação sexual.
Essas moléculas são essenciais para a saúde dos vasos sanguíneos, porque os expande. Isso explica o aumento da sensibilidade em partes do corpo nesse momento, além da possível ruborização da pele. É relevante destacar alguns dos efeitos colaterais da deficiência de óxido nítrico: irritabilidade, depressão, ansiedade, insônia e baixa energia.
Assim como as pessoas que enfrentam a deficiência de óxido nítrico podem apresentar sintomas de ansiedade e depressão, os sintomas podem ser minimizados pelo aumento dele.

Equilíbrio químico
Além das reações descritas até aqui, o cérebro também envia mensagens para o corpo durante as relações sexuais. Isso ocorre com os neurotransmissores, entre eles está a dopamina. Ela tem papel importante na forma como sentimos prazer e em motivar o cérebro a sentir prazer novamente.
A liberação de dopamina no cérebro acontece também durante diversas outras atividades prazerosas. Mas a deficiência de dopamina pode estar ligada à depressão. Porque tem um papel crítico entre o momento em que a pessoa percebe gostar de uma recompensa e o momento em que se sente motivada a buscar por ela.
Muitas das coisas afetadas no corpo pela dopamina são também influenciadas pela serotonina, mas de forma diferente. As duas regulam funções como o sono, emoções e metabolismo.
Há 50 anos pesquisadores estudam a relação entre serotonina e depressão. Nesse tempo eles puderam perceber que baixo nível de serotonina não é uma causa direta de depressão clínica. No entanto, o aumento do nível dela provou ser um tratamento efetivo dos sintomas.
Isso ocorre porque a serotonina ajuda a regular humor, comportamento social, emoções, apetite, digestão, sono, memória e desejo sexual.

E as reações continuam
Ainda há a epinefrina, o hormônio adrenalina, que atua no sistema nervoso simpático. O que faz com que as pessoas sintam o tipo de satisfação de quando saem para fazer atividade física ou algo que desejam muito.
A ocitocina é liberada durante o orgasmo. Nas mulheres, esse hormônio também é liberado durante o trabalho de parto e amamentação. A ocitocina é chamada de hormônio do amor, por ser liberada quando uma pessoa está próxima a sua parceira ou parceiro.
O surgimento desse hormônio ainda faz com que as pessoas sintam afeição e confiança. Além disso, no momento do orgasmo são ativados os circuitos de recompensa no cérebro. Enquanto a parte responsável pelo raciocínio e comportamento se desliga temporariamente. [Big Think]


domingo, 12 de janeiro de 2020

Os principais cuidados que os idosos devem ter no verão


Desidratação e hipertermia estão entre os problemas que afetam especialmente os mais velhos nesta época do ano. Entenda o porquê e se proteja!

Os idosos devem tomar alguns cuidados especiais para evitar problemas de saúde comuns durante o durante o verão. Entre outras coisas, eles estão mais sujeitos a desidratação e hipertermia, que é o aumento da temperatura corporal devida ao calor.

Com o processo de envelhecimento, a quantidade de água no corpo dos mais velhos diminui. O mesmo ocorre com a sensação de sede. Ao juntar esses pontos com a maior exposição ao calor, sobe o risco de desidratação e perda de sais minerais. Por isso, é importante não só beber líquidos, como também consumir legumes, frutas e verduras para repor esses nutrientes perdidos pela transpiração.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, entre os sinais de que o corpo do idoso está desidratado estão: lábios e língua secos e redução da quantidade de urina. Também podem ser observadas alterações como confusão mental, dor de cabeça, tonturas, fadiga e mal-estar.

De acordo com a entidade, os sintomas de alerta para hipertermia são contraturas musculares, náuseas, vômitos, dor de cabeça, fraqueza e até mesmo convulsões. O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara, explica ainda que uma das complicações decorrentes do calor é a queda repentina da pressão. Isso, por sua vez, aumenta o risco de quedas, o que pode ser sério nas pessoas com mais de 60 anos.

Diante disso tudo, o médico recomenda tomar bastante água e sucos no dia e ter uma alimentação leve. No mais, ela pede para as pessoas ficarem especialmente atentas com comidas que se deterioram mais rapidamente. Isso porque elas podem levar a uma intoxicação alimentar, com diarreia e vômitos que pioram o quadro de desidratação.

Quanto à atividade física feita ao ar livre, Uehara pede para preferir os horários com temperatura mais amenas. Usar protetor solar e bonés também é muito importante.

Por fim, o geriatra lembra que pacientes que usam diuréticos ou consomem cafeína e bebida alcoólica (que aumentam estimulam as idas ao banheiro para fazer xixi), devem ficar ainda mais de olho nos sinais de uma possível desidratação.

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/os-principais-cuidados-que-os-idosos-devem-ter-no-verao/ - Por Ana Cristina Campos (Agência Brasil) - Ilustração: Otavio Silveira/SAÚDE é Vital

sábado, 11 de janeiro de 2020

5 problemas de saúde provocados pelo calor


Conheça os transtornos que ficam mais comuns quando o termômetro sobe


O calor da pesada é capaz de armar um caldeirão de doenças. A revista científica The Lancet publicou um estudo mostrando como as oscilações térmicas estão abalando a saúde da humanidade. Conduzido em vários países, entre eles o Brasil, o levantamento revelou que cerca de 7,7% das mortes no mundo podem ser creditadas ao sobe e desce dos termômetros.

Conheça alguns problemas que podem ser causados pelo calorão:

1. Desidratação
Ingerir pouca água e suar bastante leva a perda de líquidos e sais minerais e a complicações como tontura, queda de pressão e até morte. Afeta sobretudo crianças e idosos.

2. Doenças infecciosas
Aumenta a transmissão de vírus por mosquitos (dengue, zika…), bem como de males ligados às chuvas e à contaminação da água, como hepatite A e leptospirose.

3. Infarto e derrame
A perda de água reduz a pressão e exige que o coração bata rápido, o que favorece ataques cardíacos. Também deixa o sangue espesso, facilitando a formação de trombos e AVCs.

4. Males respiratórios
Em dias muito quentes e com o ar seco, a mucosa nasal e as vias aéreas ficam mais ressecadas, o que deixa o aparelho respiratório suscetível a asma, bronquite e infecções.

5. Problemas renais
A desidratação eleva o risco de pedras nos rins, e o desequilíbrio entre fluidos e eletrólitos ameaça esses órgãos especialmente se já existe doença renal, diabete ou hipertensão.

Enquanto isso, na Amazônia…

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calculou o efeito do desmatamento da Floresta Amazônica na saúde dos habitantes da região entre 2004 e 2012 e trouxe um dado inédito. Cada 1% de mata derrubada aumenta em 23% os casos de malária e 9% de leishmaniose, doenças transmitidas por mosquitos. “Há várias hipóteses para explicar o achado. Uma delas é que a derrubada das árvores e o desequilíbrio gerado por isso facilitam o deslocamento dos vetores”, diz o biólogo Nilo Saccaro Júnior, um dos autores.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Beber chá para viver mais — e melhor


Consumir a bebida pelo menos três vezes por semana aumenta o tempo de vida e ainda protege o coração e o cérebro, indica um estudo

Um novo estudo publicado no periódico científico da Sociedade Europeia de Cardiologia mostrou que quem bebe chá no mínimo três vezes durante a semana ganha anos extras de vida e um coração mais saudável.

Para chegar a essa conclusão, cientistas da Academia Chinesa de Ciências Médicas acompanharam 100 902 pessoas sem histórico de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e câncer. Os participantes foram classificados em dois grupos: o de consumidores habituais de chás (três ou mais vezes na semana) e não habituais (menos de três vezes na semana) ou não consumidores.

Após cerca de sete anos, os pesquisadores constataram que os fãs da bebida viviam mais. Entre quem tinha 50 anos, por exemplo, a expectativa de vida aumentava 1,26 ano em comparação às pessoas sem o hábito de degustar chás.

Além disso, a presença da bebida na rotina derrubava em 20% o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. E a possibilidade de morrer também foi menor, tanto por causa de infarto ou AVC (22%) como por qualquer enfermidade (15%).

Os especialistas ainda checaram as repercussões em longo prazo. Para isso, eles esperaram oito anos e, então, analisaram um subconjunto de 14 081 voluntários. Nessa fase, os participantes foram acompanhados por mais cinco anos.

Aqueles que mantiveram o costume de tomar chá tinham 39% menos risco de sofrer doenças cardiovasculares e 56% menor probabilidade de ir a óbito por esse motivo. A possibilidade de falecer por problemas de saúde em geral baixou 29%.

De acordo com o epidemiologista Dongfeng Gu, que participou da pesquisa, os prováveis responsáveis por essa ação protetora são os polifenóis. Eles são componentes bioativos de ação antioxidante, ou seja, têm o poder de blindar nossas células.

O especialista contou que estudos anteriores já haviam indicado que os polifenóis não ficam armazenados no corpo por muito tempo. “Assim, a ingestão frequente por um período prolongado pode ser necessária para alcançar o efeito protetor”, completou Gu, em comunicado à imprensa.

O tipo de chá faz diferença?
Na análise, o chá verde foi associado a uma possibilidade 25% menor de piripaques do coração e morte. Por outro lado, quem dava preferência ao chá preto não apresentou vantagens significativas.

Isso seria explicado pelo fato de que essa variedade passa por uma fermentação mais intensa, o que levaria os polifenóis a perderem parte de sua propriedade antioxidante. Também se especula que o costume de oferecer chá preto misturado ao leite pode neutralizar o seu efeito favorável nas funções vasculares.

No entanto, Gu lembra que o chá verde é bastante popular na região da Ásia estudada: 49% o bebiam frequentemente, enquanto apenas 8% preferiam a versão escura.

“A pequena proporção de consumidores de chá preto torna mais difícil observar associações robustas, mas nossos resultados sugerem um desfecho diferente entre os dois tipos”, aponta o epidemiologista.

Menor eficácia em mulheres
O trabalho mostrou que o líquido teve um impacto positivo nos homens, mas modesto na população feminina. Porém, isso não significa que a bebida é mais potente no sexo masculino.

A epidemiologista Xinyan Wang, líder da investigação, lembra que as mulheres mais velhas são naturalmente mais suscetíveis a problemas cardiovasculares e, no grupo avaliado, engoliam menos xícaras.

“Essas diferenças aumentaram a chance de encontrar resultados estatisticamente significativos entre os homens”, ensina a profissional.

Os autores concluem que são necessárias mais pesquisas para bater o martelo sobre os achados antes de indicar mudanças oficiais na alimentação. Mas ninguém precisar esperar para colocar na rotina uma bebida bacana como essa, certo?

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/beber-cha-para-viver-mais-e-melhor/ - Por Maria Tereza Santos - Foto: Alex Silva/SAÚDE é Vital

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

É por isso que exercícios são um remédio milagroso


Não é nenhuma novidade que exercício físico faz bem para a saúde. Mas quão bem? Novas pesquisas têm revelado que os benefícios de se mexer vão muito além do que qualquer um poderia esperar.

Os efeitos da atividade física ultrapassam o controle do colesterol e da pressão e possuem um alcance muito mais amplo do que os músculos e o sistema vascular, afetando profundamente até mesmo a saúde do cérebro.

Se estiver precisando de um incentivo, você está no artigo certo. Abaixo, você pode conhecer alguns dos mecanismos que explicam todas as vantagens de se exercitar. Vale observar que os cientistas imaginam um futuro no qual o exercício será a terapia de ouro.

Para o cérebro
Exercícios físicos cumprem muitas funções no corpo humano. Por exemplo, mantêm nossos vasos sanguíneos dilatados e funcionando bem, o que por sua vez torna menos provável que entupam e causem ataques cardíacos e derrames. Com mais fluxo sanguíneo no cérebro, podem até ajudar a prevenir doenças cognitivas, como o Alzheimer.
Falando de atividade física e cérebro, um estudo norueguês com recrutas militares descobriu que a aptidão aeróbica na idade de 18 anos podia prever o risco de demência mais tarde na vida.
Outro estudo com mulheres suecas de meia idade concluiu que as mais aptas fisicamente tinham oito vezes menos risco de demência nos próximos 44 anos.
E uma pesquisa da Clínica Mayo, nos EUA, descobriu que 12 semanas de atividade física intensa leva a um aumento da captação de glicose e maior atividade metabólica no cérebro, particularmente em regiões que mostram declínio em pacientes com doença de Alzheimer.

Músculos, diabetes e câncer
Uma coisa importante que o exercício físico faz é criar músculos mais fortes. Isso ajuda na saúde de várias formas.
O músculo é o maior consumidor da glicose que é liberada na corrente sanguínea após uma refeição. Quanto mais músculo uma pessoa tem, mais rápido essa glicose é removida. E quanto mais rápido ela é removida, menos exposição há aos danos causados pelo aumento de açúcar no sangue. Só isso já serve como remédio para pessoas propensas a diabetes.
Também é um mecanismo importante para o processo de envelhecimento: o crescimento de músculos diminui o declínio da função da mitocôndria, o combustível das nossas células. Com elas funcionando bem, há menos danos oxidativos no corpo.
As proteínas dos músculos ainda servem como “reservatórios de aminoácidos” para o resto do corpo. Isso é especialmente importante quando estamos doentes – nosso sistema imunológico precisa de muitos aminoácidos para produzir anticorpos.
Por fim, o maior benefício vem das moléculas de sinalização, as mioquinas, ativadas e liberadas em resposta ao esforço muscular. Elas ajudam no crescimento muscular, no metabolismo dos nutrientes, na inflamação e numa série de outros processos.
Uma das mioquinas mais importantes é a interleucina-6, capaz de suprimir a fome e melhorar a resposta do sistema imunológico ao câncer. Outra, a catepsina B, pode levar a mudanças benéficas no cérebro, como a produção de novas células cerebrais.

Inflamação
De acordo com Bente Klarlund Pedersen, fisiologista do exercício na Universidade de Copenhague (Dinamarca), a falta de exercício físico leva a um risco maior de pelo menos 35 doenças.
Isso se deve, em grande parte, à inflamação crônica. A falta de atividade leva a um maior peso e principalmente mais gordura abdominal, largamente associada à inflamação crônica.
A interleucina-6 é uma das chaves do efeito do exercício sobre a gordura abdominal e a inflamação.
Em um experimento recente realizado por Pedersen e seus colegas, 27 voluntários com gordura visceral fizeram um regime de exercício em bicicleta ergométrica que durou 12 semanas, enquanto outros 26 voluntários permaneceram inativos. Metade dos participantes de cada grupo também recebeu um medicamento que bloqueava a ação da molécula.
No final das 12 semanas, os praticantes de exercício físico haviam perdido gordura abdominal, como esperado, mas apenas se não tivessem recebido o bloqueador da interleucina-6.

Exercício como (literalmente) remédio
Sabe aquela coisa de “é bom se exercitar”? Risque isso para “você vai ter que se exercitar”, porque não haverá alternativa melhor para curar doenças.
Alguns estudos têm revelado que a atividade física é mais eficaz que drogas em diversos casos. Por exemplo, uma pesquisa com 64 adultos com diabetes tipo 2 chegou à conclusão de que exercício físico regular pode substituir medicação para diminuir o nível de açúcar no sangue.
Outro experimento com 300 pessoas descobriu que exercícios físicos são tão eficazes quanto remédios para diminuir o risco de doença cardíaca e diabetes, e mais eficazes no caso de reabilitação depois de um derrame.

E a dose?
Uma coisa é saber que exercício físico pode ser medicinal, outra é definir sua dosagem – que tipo, frequência, duração e intensidade devem ser feitos caso a caso, por exemplo, para quem tem risco de diabetes ou histórico familiar de demência. Isso sem contar as dificuldades individuais de cada um, como sobrepeso ou lesões.
Mas os pesquisadores já estão avançando nesse campo complexo. Diversos estudos estão sendo planejados ou executados a fim de chegar a recomendações mais precisas.
Por exemplo, um com 2.000 voluntários irá medir a atividade gênica, a sinalização molecular e outras mudanças no corpo durante atividade física moderada e intensa. Outro irá analisar o efeito do volume de exercício no envelhecimento cerebral através de fatores como inflamação, moléculas de sinalização, composição corporal e outros.
Certamente, mesmo depois de termos resultados detalhados desses e de outros experimentos, a quantidade “certa” de exercício físico irá variar e talvez seja algo difícil de se prescrever.
“Não existe um único sistema de órgãos no corpo que não seja afetado pelo exercício. Parte do motivo pelo qual o efeito do exercício é tão consistente e robusto é o fato de não existir uma única via molecular, mas sim uma combinação de várias coisas. Portanto, no final de todos esses testes, analisaremos não apenas um ou dois mecanismos, mas vários deles. Vai ser uma resposta complicada”, disse Marcas Bamman, fisiologista do exercício da Universidade do Alabama em Birmingham (EUA). [DiscoverMagazine]


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Escovar os dentes protege também o coração


Escovar os dentes com frequência está associado a menores riscos de fibrilação atrial e insuficiência cardíaca

Pesquisas anteriores já haviam sugerido que a falta de higiene bucal aumenta a circulação de bactérias no sangue, causando inflamação no organismo.

Como a inflamação no organismo aumenta os riscos de fibrilação atrial (batimento cardíaco irregular) e insuficiência cardíaca (a capacidade do coração de bombear sangue ou relaxar e encher de sangue é prejudicada), Yoonkyung Chang e seus colegas da Universidade Ewha Womans (Coreia do Sul) queriam examinar se haveria uma conexão direta entre a higiene bucal e a ocorrência dessas duas condições.

O estudo de coorte retrospectivo envolveu 161.286 participantes do Sistema Nacional de Seguro de Saúde da Coreia do Sul, com idades entre 40 e 79 anos, sem histórico de fibrilação atrial ou insuficiência cardíaca.

Os participantes foram submetidos a um exame médico de rotina entre 2003 e 2004, quando foram coletadas informações sobre altura, peso, exames laboratoriais, doenças, estilo de vida, saúde bucal e comportamentos de higiene bucal.

Durante um seguimento médio de 10,5 anos, 4.911 (3,0%) participantes desenvolveram fibrilação atrial e 7.971 (4,9%) desenvolveram insuficiência cardíaca.

Escovar os dentes três ou mais vezes ao dia foi associado a um risco 10% menor de fibrilação atrial e a um risco 12% menor de insuficiência cardíaca durante esses 10,5 anos de acompanhamento. Os resultados foram independentes de vários fatores, incluindo idade, sexo, status socioeconômico, exercício físico regular, consumo de álcool, índice de massa corporal e comorbidades, como hipertensão.

Embora o estudo não tenha investigado os mecanismos envolvidos, uma possibilidade é que a escovação frequente reduza as bactérias no biofilme subgengival (bactérias que vivem nas bolsas entre os dentes e as gengivas), impedindo assim a translocação para a corrente sanguínea, sugerem os pesquisadores.