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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O novo guia de recomendações para prevenir doenças do coração


Entre as novidades, a Sociedade Brasileira de Cardiologia destaca a importância da espiritualidade e do meio ambiente na prevenção de doenças cardíacas

Acaba de ser lançada a versão atualizada da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O documento traz orientações voltadas especialmente aos profissionais para evitar doenças cardiovasculares. Segundo a entidade, elas serão a principal causa de morte no país em 20199.

A principal mensagem do documento é a de que manter um estilo de vida saudável é decisivo para conter a epidemia de panes cardíacas. Nas páginas, os autores ensinam aos médicos estratégias para abordar de maneira efetiva com seus pacientes tópicos como dieta, atividade física, tabagismo e obesidade.

Um dos novos aspectos abordados pela SBC é a espiritualidade como fator protetor do músculo cardíaco. “Segundo os estudos, pessoas com algum tipo de fé são mais resilientes e vivem melhor”, aponta Dalton Précoma, diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia e um dos autores do documento.

“Esse grupo também costuma aderir ao tratamento e seguir as orientações médicas, o que ajuda a controlar doenças cardiovasculares”, completa Précoma.

Fatores ambientais
Outro destaque do documento é o papel da poluição ambiental e da falta de planejamento urbano na saúde do coração. Altos níveis de ruído, violência, falta de saneamento básico e poluição atmosférica favoreceriam o aparecimento de doenças crônicas e infecciosas, ligadas às panes cardíacas.

A SBC, aliás, demonstrou uma preocupação especial com a sujeira do ar. Os poluentes aumentam o estresse oxidativo nas células e as inflamações pelo corpo — o que contribui para o entupimento das artérias.

Vacinação
No mais, a diretriz reforça o consenso de que as vacinas, em especial a da gripe, ajudam a reduzir o risco de infarto em idosos e cardiopatas. Outro imunizante citado é o contra a bactéria pneumococo — que provoca pneumonia, entre outras coisas — para os portadores de doenças cardíacas.

Já a da febre amarela deve ser usada com cuidado entre os idosos com algum problema no coração. “Ela é feita com o vírus vivo atenuado. Por isso, pode oferecer riscos a pessoas com idade avançada”, destaca Précoma.

Sua aplicação só é recomendada quando o indivíduo estiver firme e forte. E se o número de casos na região estiver subindo.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/o-novo-guia-de-recomendacoes-para-prevenir-doencas-do-coracao/ - Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Studio Nebulosa/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Novas recomendações de quantas horas dormir por idade


Recentemente se descobriu uma conexão inusitada entre a qualidade do sono e as noites de Lua Cheia. Mas o melhor ainda é ir dormir mais cedo.

Quanto tempo dormir

Ter uma boa noite de sono é importante, mas poucas pessoas passam oito ou mais horas debaixo dos lençóis.

Mas você sabe quantas horas de sono seriam mais saudáveis para você?

Embora reconheçam que o sono é especialmente afetado pelo estilo de vida e a saúde de cada indivíduo, um painel de especialistas da Fundação Nacional do Sono, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos dos Estados Unidos, publicou recomendações gerais sobre quantas horas de descanso são necessárias de acordo com cada faixa etária.

Confira as recomendações:

Recém-nascidos (0-3 meses): o ideal é dormir entre 14 a 17 horas por dia, embora também seja aceitável um período entre 11 a 13 horas. Não é aconselhável dormir mais de 18 horas.
Bebês (4-11 meses): Recomenda-se que o sono dure entre 12 e 15 horas. Também é aceitável um período entre 11 e 13 horas, mas não mais do que 16 ou 18 horas.
Crianças pequenas (1-2): não é aconselhável dormir menos de 9 horas ou mais de 15 ou 16 horas. É recomendável que o descanso dure entre 11 e 14 horas.
Crianças em idade pré-escolar (3-5): 10-13 horas é o mais apropriado. Especialistas não recomendam dormir menos de 7 horas ou mais de 12 horas.
Crianças em idade escolar (6-13): o aconselhável é dormir entre 9 e 11 horas.
Adolescentes (14-17): Devem dormir em torno de 10 horas por dia.
Adultos jovens (18-25): 7-9 horas por dia. Não devem dormir menos de 6 horas ou mais do que 10 ou 11 horas.
Adultos (26-64): O ideal é dormir entre 7 e 9 horas, embora muitos não consigam.
Idosos (65 anos ou mais): o mais saudável é dormir 7 a 8 horas por dia.

Para complicar um pouco as coisas, estimulantes como café e bebidas energéticas, além de despertadores e luzes, incluindo as dos dispositivos eletrônicos, interferem com o chamado ritmo circadiano, ou relógio biológico, atrapalhando o sono.

Por isso, os especialistas deram também dicas sobre como obter um sono saudável.

Manter um horário para dormir, mesmo nos fins de semana.
Ter uma rotina para dormir relaxado.
Exercitar-se diariamente.
Garantir condições ideais de temperatura, ruído e luz no quarto.
Dormir em um colchão e travesseiros confortáveis.
Ter cuidado com a ingestão de álcool e cafeína.
Desligar aparelhos eletrônicos antes de dormir.


sexta-feira, 19 de abril de 2019

Atividade física: para cada fase, um tipo diferente

Guia atualiza as orientações de atividade física por diferentes faixas etárias e inclui conselhos específicos a certos grupos

Do netinho ao avô, passando por aquele tio hipertenso e pela prima que engravidou uns meses atrás, qualquer membro da família sai ganhando ao incorporar a movimentação na rotina. Mas a nova edição das Diretrizes de Atividade Física para Americanos, atualizadas após dez anos pelo governo dos Estados Unidos, não veio só alongar a lista dos benefícios de suar a camisa a diversos estratos da população.

“O documento oferece conselhos baseados na ciência para auxiliar pessoas acima de 3 anos a ganhar saúde por meio da prática regular de atividade física“, afirmam os autores do compêndio logo nas primeiras páginas. Ou seja, além do “porquê”, ele oferece o “quanto” e o “como”. Devidamente divididos para o neto, o avô, o tio com pressão alta, a prima gestante…

Ainda que venha da terra de Donald Trump, o manual pode ser aproveitado em boa parte por aqui. “Os trechos que discutem benefícios e metas ideais valem para o mundo todo, de maneira geral”, reforça o médico do esporte Marcelo Leitão, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. São essas questões que vamos esmiuçar ao longo da reportagem.

Porém, tanto Leitão quanto Inácio Crochemore, profissional de educação física e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde, lamentam que o nosso país não possua um guia próprio, que reflita particularidades locais e acentue a necessidade de promovermos a vida ativa nas mais diversas instâncias, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS). Ambos pretendem tratar disso em breve com as autoridades públicas.

Por meio de sua assessoria, o Ministério da Saúde afirma que segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2010. Para adultos, a entidade global sugere ao menos 150 minutos de práticas aeróbicas moderadas ou 75 em ritmo intenso por semana, com mais duas sessões de fortalecimento muscular.

Embora a quantidade esteja de acordo com a nova diretriz dos Estados Unidos, existem divergências consideráveis. Um exemplo: a primeira edição americana e a versão da OMS defendem que, para trazer vantagens, uma dose de esforço físico precisa se prolongar por ao menos dez minutos.

“Antes não havia evidência para tanto, mas concluímos agora que sessões de qualquer duração [desde que com intensidade moderada ou vigorosa] beneficiam a saúde e devem ser contabilizadas nas metas. Até um episódio rápido de subida de escadas conta”, contrapõe a publicação recente.

Aliás, a maior queda nas taxas de mortalidade ocorre quando um indivíduo completamente parado passa a dedicar um tempinho aos exercícios, mesmo que não o suficiente para bater as metas oficiais. Aos poucos, ele pode progredir nos treinos para maximizar os resultados.

“Tenho a impressão de que o novo documento pretende remover barreiras que dificultam a realização de atividades físicas”, opina o profissional de educação física Tony Meireles, professor da Universidade Federal de Pernambuco. “Há até um foco maior no prazer, que é determinante para alguém se manter longe do sedentarismo”, arremata. Em especial nas recomendações para crianças e adolescentes, o componente lúdico é destacado como forma de criar uma relação positiva com esportes e afins.

Para não ficar só nos elogios, o gerontologista Fernando Bignardi, da Universidade Federal de São Paulo, reconhece os valores desse manual, entretanto acredita que ele e outros parecidos não contemplam complexidades do ser humano. “Quem é inativo muitas vezes tem crenças arraigadas e negativas sobre os exercícios. Não é um calhamaço de regras que vai mudar sua vida”, avalia. Apenas um olhar individualizado quebraria esses estigmas.

Por outro lado, um guia pode oferecer rotas para que você mesmo trace seu caminho rumo a hábitos mais saudáveis. Vamos lá?

Crianças entre 3 e 5 anos
Nessa fase, não adianta martelar que é melhor desligar o celular e a TV e sair correndo por aí. Para tirar a criançada do marasmo, foque na diversão. A diretriz americana sugere andar de bicicleta ou triciclo, participar de brincadeiras ativas, e por aí vai – nada que um bom parquinho não ofereça. Só porque será gostoso não significa que não será vantajoso.
“Começar a se exercitar nessa idade é um estímulo para a coordenação”, aponta o educador físico Gustavo Aires de Arruda, de Londrina, no Paraná, que trabalha com o público infantojuvenil.
A molecada que não fica parada também se estressa menos e aperfeiçoa habilidades cognitivas, o que se reflete num bom desempenho escolar. Sem falar na socialização com os outros.

Recomendações:
Os pequenos devem passar o dia se movimentando. Busque 180 minutos diários de práticas, mas sem neura.
Promova diferentes tipos de brincadeira. Quanto maior a diversidade de estímulos, melhor.

Crianças acima de 5 anos e adolescentes
O foco no lazer segue preponderante. Veja: a saúde até fala mais alto para alguns adultos, mas esse tipo de argumento chega a afastar os jovens. No entanto, a quantidade de agito preconizada é um pouco mais específica, segundo o manual. Até porque esse é o momento perfeito de prevenir, tanto no presente como lá na frente, obesidade, colesterol alto, diabetes tipo 2, pressão alta…
Exercícios mais intensos e com um componente de impacto, a exemplo de pular corda ou jogar vôlei, também protegem contra uma futura osteoporose. “Essas modalidades estimulam o fortalecimento dos ossos. É como se criassem uma poupança de massa óssea, que vai evitar problemas décadas adiante”, explica Arruda.

Recomendações:
Indica-se uma hora de exercício moderado ou vigoroso por dia.
Incentive atividades variadas.
Os momentos ativos devem trabalhar o fôlego (nadar, dançar…), a força muscular (escalar…) e o esqueleto (pular corda…). Certas práticas, como basquete, cumprem mais de um desses requisitos. Cada um, aliás, merece ser contemplado três vezes por semana.
Com supervisão, jovens deficientes podem e precisam ser encorajados a largar o sedentarismo.

Adultos em geral
Além de efeitos clássicos dos exercícios – controle do peso, proteção ao coração… —, a segunda edição do guia americano ressalta seu potencial em reprimir doenças neurológicas, a exemplo do Alzheimer, e turbinar o raciocínio, a memória e o bem-estar mental. Nesse último ponto, os resultados são percebidos após poucas sessões.
Do ponto de vista das metas, o limiar de 150 minutos de exercício moderado por semana segue valendo. Só que extrapolá-lo, desde que aos poucos e respeitando o próprio corpo, em geral faz bem. “Uma pessoa que acumula 300 minutos apresenta um risco ainda menor de sofrer com problemas cardíacos e diabetes”, assegura a diretriz.
Só tome cuidado com as lesões, que acabam fomentando o sedentarismo — mais adiante, abordaremos os princípios básicos de segurança. Na contramão, mesmo quantidades abaixo de uma hora e meia são (muito) melhores do que nada.

Recomendações:
Fazer de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada por semana ou de 75 a 150 minutos em intensidade vigorosa.
Atingiu essas marcas? Pois superá-las pode agregar mais benefícios. Discuta seus limites com um profissional.
Duas ou mais sessões de musculação ou outro exercício resistido, trabalhando todos os grupos musculares, também são indicadas.
Incluir, quando possível, práticas que aprimoram a flexibilidade, como pilates e o bom e velho alongamento.
Ficar sentado o dia todo é péssimo. Levante-se mais durante o dia.

Idosos
“A ideia de que os mais velhos precisam repousar o dia inteiro é ultrapassada. Eles conseguem se exercitar e, com isso, manter a autonomia”, defende Bignardi. Momentos de agito preservam funções do corpo vitais para tomar banho sozinho, levantar da cama, preparar refeições, vestir a roupa… Isso sem considerar a prevenção e mesmo o controle de inúmeras enfermidades, do câncer à artrose.
“Esse grupo, quando ativo, tem menor propensão a quedas. E, se cair, está menos sujeito a lesões graves”, aponta o guia. Não faça pouco caso desse quesito. Um ano depois de uma fratura no quadril (situação mais comum na presença da osteoporose), até um terço dos pacientes morre.
Agora, um recado para a turma que tem qualquer doença: converse com o médico para entender limitações.

Recomendações:
Se tudo estiver em ordem, o idoso pode seguir as diretrizes dos adultos em geral.
Incluir práticas de equilíbrio na rotina ajuda a escapar de quedas e ossos quebrados.
É importante delinear a intensidade e a quantidade de acordo com o condicionamento físico de cada um.
A presença de enfermidades crônicas exige avaliação médica para individualizar ajustes.

Gestantes e mulheres no pós-parto
Na maioria das vezes, a gravidez não é desculpa para viver deitada. A malhação ajuda a frear a subida no ponteiro da balança, escanteia hipertensão e diabetes gestacional, afasta a depressão, facilita o parto e minimiza o risco de o bebê nascer acima do peso.
Quer mais?! A gestante que troca o sofá pelo parque ou pela academia ganha disposição para cuidar do filho.
Antes de dar os primeiros passos, só converse com os profissionais. “Há estratégias e ajustes de intensidade e frequência que merecem acompanhamento. Normalmente, as mulheres pegam gosto e levam a prática para a vida toda”, relata o educador físico Renato Rocha, da Universidade de Taubaté (SP).

Recomendações:
Fazer 150 minutos de exercícios moderados na semana, mesmo após o parto, priorizando os aeróbicos. Dá para variar, por exemplo, entre pilates, caminhada e hidroginástica.
A supervisão médica deve ser constante nos nove meses.
Treinar deitada de costas ou com o lado direito do corpo por muito tempo é contraindicado. O útero comprime os vasos sanguíneos, o que ocasiona complicações cardiovasculares na mãe.
Abstenha-se de esportes de contato, como futebol e handebol.
Adultos com doenças crônicas
Boa notícia para os diabéticos, hipertensos e portadores de males duradouros: com a liberação do doutor e o quadro estabilizado, a diretriz dos Estados Unidos prevê metas similares às dos outros adultos. O essencial mesmo é checar o estado físico e refletir sobre uma ou outra particularidade de cada doença.
“Com acompanhamento, a atividade física integra o tratamento. Dependendo do caso, ela ameniza sintomas ou até controla o avanço do problema”, justifica Crochemore.

Recomendações:
Se possível, seguir aquelas destinadas aos adultos em geral.
Mesmo se não conseguir cumprir as metas por algum motivo, essa turma precisa fugir da inatividade e suar a camisa conforme suas limitações – qualquer esforço já ajuda.
Caso possua uma deficiência, procure esportes adaptados ou alternativas para mexer o corpo. Fisioterapeutas são ótimos aliados nessa hora.
As doenças crônicas cobram uma consulta com o especialista sobre limitações, intensidade, duração, frequência…

As vantagens dos exercícios e os cuidados exigidos para cada doença
Artrose: O impacto às vezes é uma ameaça. Mas a academia diminui dores e imobilidade.

Hipertensão: A pressão baixa quando o exercício entra em cena. Cuidado com treinos pesados na musculação.

Câncer: Há precauções com cada tumor, mas a atividade física aplaca efeitos do tratamento e reduziria o risco de morte.

Diabetes: Um bom jeito de baixar o açúcar no sangue é se mexer. Só não dá para fazer isso sem monitorar a glicemia antes, durante e depois.

Para se exercitar com segurança
Se você tem medo de entrar numa academia, saiba que o perigo de problemas graves é mínimo – e certamente menor do que o de adotar o sedentarismo como estilo de vida. “Basta respeitar cuidados básicos”, salienta o educador físico Marcelo Ferreira Miranda, membro do Conselho Federal de Educação Física.

Separamos a seguir pontos-chave prescritos pelo expert e pela diretriz americana:

Prática consciente: Toda modalidade tem seus riscos. O importante é conhecê-los e se preparar de antemão.

Do seu jeito: A atividade deve ser apropriada para o seu nível de condicionamento e adequada segundo suas metas.

Aos poucos: Não tente se tornar um atleta da noite pro dia. Aumente a frequência e a intensidade gradualmente.

Equipamentos: Capacete, joelheira, luvas… Se a prática escolhida exige aparatos de proteção, use-os sempre!

O ambiente: Examine as condições do local. Leve em conta trânsito, criminalidade, exposição ao sol etc.

Estado de saúde: Se tiver qualquer restrição, não deixe de bater um papo com o especialista e fazer possíveis adaptações.

Acompanhamento: Para ter segurança e resultado, o ideal sempre é ser orientado por um bom profissional de educação física.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/atividade-fisica-para-cada-fase-um-tipo-diferente/ - Por Maria Tereza Santos, Theo Ruprecht - Ilustração: Leonardo Yorka/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Pesquisas indicam que a academia faz bem para os adolescentes


A musculação deixou de ser vista como inimiga da saúde dos jovens para se tornar uma aliada do crescimento. Ela protege até contra o diabete e outros males

Quando supervisionada por educadores físicos qualificados, a musculação ajuda no desenvolvimento saudável dos jovens.

Dois paradigmas com relação aos adolescentes foram quebrados. O primeiro é o de que problemas como diabete tipo 2, colesterol alto e hipertensão quase nunca atormentariam meninos e meninas. O segundo é o de que essa população não deveria nem pensar em levantar peso. “Hoje, muitos jovens obesos e sedentários chegam ao consultório com sinais dessas doenças”, diz Maurício de Souza Lima, hebiatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Uma das alternativas para evitá-las ou ao menos controlá-las é justamente os enviar à academia”, sentencia.

Um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, confirma o efeito benéfico dos exercícios de força na prevenção do diabete. Após avaliar 1 053 voluntários entre 12 e 18 anos, os cientistas descobriram que músculos bem condicionados facilitam o trabalho da insulina, a responsável por tirar açúcar da circulação e colocá-lo dentro das células. Já braços e pernas fracos não raro vêm acompanhados de certo grau de resistência ao hormônio, indicativo de que a enfermidade está à espreita. “A massa muscular consome bastante combustível. Isso, fora diminuir as taxas de glicose, melhora a ação da insulina”, explica o educador físico David Jiménez Pavón, autor do artigo.

Em outro levantamento, o mesmo especialista revelou que bíceps, tríceps e companhia em forma estão associados a um bom funcionamento da leptina no corpo da garotada. “Essa substância regula o apetite. Portanto, ao menos em teoria, os treinos de força podem ajudar adolescentes a não comer além da conta”, arremata Jiménez Pavón. Uma vantagem muito bem-vinda, principalmente quando se considera que, segundo a mais recente pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, 47% dos brasileiros entre os 12 e os 18 anos sofrem com sobrepeso.

A malhação já foi acusada de deixar a molecada baixinha. E isso até acontece, mas não por causa dos movimentos em si, e sim devido a uma intensidade elevada demais. “O excesso de carga, não importa o tipo de atividade, causa microtraumas nos ossos, o que pode interromper o crescimento ou provocar deformações”, avisa Vinícius de Mathias Martins, ortopedista do Hospital São Luiz, na capital paulista. “Sem contar que um corpo ainda imaturo fica especialmente sujeito a lesões se submetido a atividades pesadas”, completa Isabel Salles, fisiatra e coordenadora do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Quando supervisionada por educadores físicos qualificados, a musculação ajuda no desenvolvimento saudável dessa turma. Tanto que a Academia Americana de Pediatria atesta que inclusive pré-adolescentes – se gostarem da modalidade, estiverem amadurecendo sem problemas e forem avaliados por um médico – podem frequentar as salas de ginástica. “Isso não quer dizer que eles precisem levantar peso. O importante é não ficarem parados. Vale pular corda, jogar bola, escalar árvore…”, ressalta Maurício de Souza Lima.

Os exercícios resistidos, na medida ideal, acarretam benesses para o esqueleto que se estendem à vida adulta. “Essas atividades aumentam a densidade óssea, diminuindo o risco de, no futuro, o indivíduo ter osteoporose”, ensina Christiano Bertoldo Urtado, fisiologista da Unicamp. Isso sem falar que deixam a musculatura equilibrada, trazendo uma melhor coordenação e afastando as contusões.

Só fique de olho se o adolescente vai à academia pelas razões certas – ou seja, pelo bem-estar e por se divertir com outras pessoas. Dar muita atenção à estética, nessa fase, costuma terminar em exageros que, como você viu, não fazem nada bem. E, de quebra, contribui para disseminar o conceito errado de que a musculação sabota o desenvolvimento. Muito pelo contrário.

Recomendações para a garotada

· Nunca realizar exercícios de hipertrofia (poucas repetições e muita carga)

· Fazer os movimentos sem peso até dominar a técnica de cada um deles

· Treinar no máximo três vezes por semana

· Ajustar os equipamentos para o tamanho do jovem

· Incluir atividades aeróbicas, como a corrida

Atenção: atividades intensas em geral comprometem o processo de alongamento dos ossos, o que provoca deformidades e problemas de crescimento

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/pesquisas-indicam-que-a-academia-faz-bem-para-os-adolescentes/ - Por Redação M de Mulher - Reportagem: Theo Ruprecht / Edição: MdeMulher - Foto: Getty Images

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

O manual anticâncer de dieta e exercício físico


Referências internacionais no combate à doença lançam documento com as recomendações mais importantes para reduzir o risco de encarar um tumor

Há mais ou menos quatro décadas — praticamente “ontem” no universo da ciência —, a alimentação começou a angariar atenção como fator de influência no surgimento de um câncer. Em pouquíssimo tempo, apareceram evidências robustas de que nossos hábitos, incluindo aí a prática de exercícios físicos, são, sim, determinantes nesse sentido. Hoje, sabe-se que 30 a 50% de todos os tumores podem ser evitados com ajustes no estilo de vida. É muita coisa.
Não à toa, o Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer e o Instituto Americano para Pesquisa em Câncer, entidades de peso dedicadas ao enfrentamento da doença, criaram o Relatório de Especialistas, um compilado que reúne comportamentos eficazes contra tumores. A primeira edição do documento é de 2007, a segunda veio dez anos depois e a terceira acaba de ser publicada — as orientações estão nos tópicos abaixo.
Para o farmacêutico e bioquímico Thomas Ong, do Centro de Pesquisa em Alimentos, o FoRC, da Universidade de São Paulo (USP), muitas pessoas ainda têm a impressão de que o câncer é uma doença essencialmente hereditária. No entanto, isso só é verdade em 10% dos casos. “Em 90%, têm tudo a ver com estilo de vida, e como esses fatores chamados de ambientais interagem com o nosso genoma”, esclarece o professor.
Na visão da oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz, diretora do corpo clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), um dos grandes desafios para a adesão a uma rotina equilibrada é o reconhecimento de que o câncer pode bater à porta em algum momento. “Há uma tendência em não se pensar nisso”, avalia.
Um segundo obstáculo é que mudar hábitos não é tão simples. Longe disso. “Muitos deles vêm lá da infância”, observa a médica.
Mesmo que o indivíduo tope rever seu dia a dia, a realidade à sua volta às vezes dificulta o processo. “Hoje a legislação trabalhista não colabora para que toda mãe amamente o bebê até os 6 meses de idade”, lembra a nutricionista Luciana Grucci, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), citando uma das medidas para barrar o câncer de mama nas mulheres e seus filhos. Contar com alimentação saudável a preço justo, dados nutricionais claros nos rótulos e espaços urbanos para a prática de exercícios são outros desafios.
Ainda assim, vale a pena fazer o que estiver a seu alcance. “Para ter ideia, de 15 a 20% dos cânceres hoje são atribuídos à obesidade”, exemplifica o oncologista Gilberto de Castro Junior, do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista.
No laboratório do professor Ong, está cada vez mais claro que renovar os hábitos agora pode blindar até as próximas gerações contra a doença. “Seria muito melhor se seus pais tivessem pensado em prevenção antes de você nascer”, diz. Mas nunca é tarde para começar. Vamos lá?

1. Aposte em grãos, verduras e feijões
Esses alimentos têm, em comum, o fato de exibirem um conteúdo invejável de fibras. De acordo com o documento americano, o ideal é consumir 30 gramas delas por dia.
“As fibras facilitam o funcionamento do intestino. Isso é ótimo porque, quando as fezes ficam paradas, elas começam a fermentar e liberar substâncias carcinogênicas”, esclarece a nutricionista Thaís Manfrinato Miola, do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Além disso, essas substâncias ajudam a fortalecer a barreira intestinal. Daí por que são associadas sobretudo à prevenção do câncer colorretal. Mas não é só. O combo de vegetais aí de cima fornece uma porção de antioxidantes, como betacaroteno, luteína e vitamina C. “São compostos capazes de proteger nossas células de agressões do meio externo”, diz Thaís.
Aí, falamos de uma blindagem contra vários tipos de tumor. A nutricionista Luciana, do Inca, acrescenta que uma dieta focada em vegetais deixa menos espaço para tranqueiras. Isso contribui para a manutenção do peso, outro fator que conta no aparecimento do problema.
Destaques no menu anticâncer
Grãos integrais: é o caso do arroz. Mas a ideia é trocar o branco pelo integral. Mesmo raciocínio com as massas, para aproveitar o trigo. Aveia e centeio participam do time.
Frutas: faça um rodízio, intercalando cores diferentes — cada tom denota a presença de substâncias específicas. Se der, mantenha a casca, parte cheia de fibras.
Verduras e tubérculos: não abuse de batata, inhame e afins, pouco fibrosos. Prefira cenoura, nabo, berinjela, folhas verde-escuras, couve, entre outros.
Leguminosas: o time conta com feijão, item valiosíssimo no cardápio brasileiro. Nada de desprezá-lo, tá? Ervilha, grão-de-bico e lentilha são alternativas legais.

2. Evite fast-food e ultraprocessados
Aqui entram batata frita, hambúrgueres e aqueles industrializados que passam por diversos processos, ganhando uma listona de ingredientes. Segundo Thomas Ong, o principal dilema é que tais itens são abastecidos de gorduras, carboidratos simples e sódio — conjunto que, em excesso, pavimenta o caminho para o ganho de peso, fator de risco para o câncer.
Embora não haja comprovação definitiva, Thaís acredita que aditivos como aromatizantes e conservantes, comuns nesses pacotes, tenham papel no desenvolvimento de tumores. Logo, maneire em salgadinhos, bolachas, molhos prontos, sopas em pó, congelados, macarrão instantâneo etc.

3. Coma menos carne vermelha
Suas vantagens são indiscutíveis: é rica em proteína, vitamina B12, zinco e ferro. Mas comer sempre não é bacana, já que, ao ir para o fogo, o alimento libera aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos, substâncias de potencial cancerígeno.
“O ideal é limitar o consumo a três vezes por semana”, aponta o oncologista Frederico Muller, do Hospital Fundação do Câncer, no Rio de Janeiro.
Para minimizar a formação dos elementos perigosos, são indicados preparos que não tostem demais a carne, como cozido e ensopado.
Já os embutidos reúnem naturalmente substâncias nocivas e muito sódio. O recado do documento é passar longe de salame, salsicha, mortadela e presunto.

4. Pegue leve no álcool
Os motivos são inúmeros. Segundo a nutricionista Paula do Carmo, do Hospital de Amor, em Barretos, no interior paulista, eles envolvem conversão do álcool em elementos tóxicos, aumento na produção de radicais livres (moléculas que danificam nossas células), prejuízos em mecanismos de reparo do DNA e atuação como solvente, o que facilita a entrada de substâncias carcinogênicas nas células.
Não vá achando que o vinho tem passe livre, já que esbanja antioxidantes poderosos. “Os estudos mostram que todos os tipos de bebida alcoólica têm impacto semelhante no risco da doença”, afirma Paula. O documento relata que não existe nível prudente de ingestão. “Pensando em câncer, zero álcool é mais seguro”, crava Pilar.
Se for beber, a orientação é não extrapolar uma dose.

5. É mãe? Se puder, amamente
A gestação e a amamentação impõem alterações hormonais à mulher. “E, quando as células estão expostas a esse ambiente, elas tendem a se proliferar menos”, nota a oncologista Débora Gagliato, da BP — A Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Com essa replicação controlada, o risco de câncer, especialmente de mama, cai.
Ela avisa, porém, que tal vantagem é mais nítida se a gravidez acontecer antes dos 35 anos. Para a criança, também há ganhos em termos de prevenção. “Há menor possibilidade de sobrepeso na fase adulta”, justifica Débora.
Fora isso, o aleitamento garante o desenvolvimento pleno da imunidade do pequeno.

6. Limite bebidas açucaradas
Isso inclui refrigerantes, néctares, refrescos e até sucos de frutas. “As pesquisas apontam de forma convincente que o consumo de bebidas açucaradas é causa de ganho de peso, sobrepeso e obesidade em crianças e adultos”, resume Paula. E você já sabe: ponteiro da balança em ritmo crescente é sinal de maior risco de câncer.
O oncologista Castro Junior pontua que o excesso de açúcar é temerário também porque, nessas circunstâncias, há maior liberação de insulina. “E esse hormônio é fator de crescimento para alguns tumores”, ensina.
Ao tomar suco natural — que, dentre as opções, pelo menos é nutritivo —, a dica é diluir em água, não adoçar e, claro, maneirar.
Vale ressaltar que bebidas adoçadas artificialmente não entram no combo. Isso porque não há consenso que adoçantes podem contribuir para o câncer.
Os líquidos mais indicados para o dia a dia
Água: é a melhor fonte de hidratação. Se quiser dar sabor, aromatize com frutas picadas e especiarias.
Chás: a recomendação é apostar nos naturais, provenientes de ervas. Os de lata e garrafa costumam ter açúcar demais.
Café: segundo Paula, ele provavelmente protege contra os cânceres de fígado e endométrio. Mas sem açúcar, por favor.

7. Não tome cápsulas por conta
Você lê que fibras e vitaminas são cruciais, assim como outros tantos compostos detectados naturalmente em alimentos. Aí, investir em suplementos com altas concentrações desses ingredientes parece mais fácil e eficiente para prevenir tumores, certo? Errado.
Na prática, isso pode abrir as portas para a doença. Um exemplo documentado: cápsulas de betacaroteno, antioxidante da cenoura e de outros itens alaranjados, elevam o risco de câncer de pulmão entre ex-fumantes e adeptos do hábito. É que as doses elevadas do composto oferecidas pelas cápsulas fazem com que ele adquira um perfil propício para danificar o DNA das células — o primeiro passo para o surgimento do câncer.
Agora, se o betacaroteno vier da comida, tranquilo. “A recomendação é justamente ter acesso a essas substâncias por meio da dieta”, reforça Luciana. Até porque o alimento fornece ao organismo um verdadeiro mix nutritivo.
Se você desconfia de que está com um déficit de vitaminas e minerais, busque um especialista.
Durante o tratamento
Nessa hora, utilizar suplementos por conta própria é mais delicado. De acordo com Thaís, do A.C.Camargo, os concentrados de antioxidantes podem blindar as células saudáveis e também as tumorais, já que não sabem diferenciar umas das outras. Daí o tratamento, como a quimioterapia, acaba prejudicado.
Mas há suplementos aliados, que auxiliam o paciente a suportar essa etapa, como whey protein, creatina e ômega-3. “Temos segurança e respaldo científico para usá-los”, afirma o médico Frederico Muller.
Acontece que a escolha e a forma de administração devem ser definidas pela equipe que cuida do paciente. Por mais inofensivos que cápsulas e pós pareçam, não é o momento para apostar no incerto.

8. Faça atividade física
Não importa o peso, ser ativo defende o organismo contra tumores. “O exercício influencia em múltiplos mecanismos biológicos envolvidos com a doença”, conta Daniel Galvão, diretor do Instituto de Pesquisa em Medicina do Exercício da Universidade Edith Cowan, na Austrália.
Entre eles estão redução de resistência à ação da insulina, diminuição dos níveis de hormônios circulantes, alívio da inflamação e melhora do sistema imune. Sem falar na forcinha ao emagrecimento, um extra de enorme utilidade.
No guia anticâncer, não é definida uma quantidade exata de exercício para afastar a doença. “Porém, existem recomendações genéricas de 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana. Ou de 75 minutos da versão vigorosa”, diz Galvão. Vale caminhar, pedalar ou nadar.
“Além de mais duas sessões semanais de treinamento de força”, observa o estudioso. Aqui, falamos de modalidades como musculação e pilates.
O documento também pede atenção ao tempo que passamos sentados. “Mas só ficar em pé não resolve. É essencial aliar isso a exercícios”, frisa Galvão.
O inimigo número 1 do exercício
É o sedentarismo, claro. E o documento ressalta que, hoje, as telas (ou seja, computador, tablet, televisão e celular) são as grandes promotoras desse comportamento.
Para piorar, o tempo passado em frente a esses dispositivos está ligado a um maior consumo de guloseimas e bebidas engordativas.

9. Mantenha um peso saudável
Se reparar bem, as medidas citadas até aqui são imprescindíveis para o peso não decolar. Isso é muito valorizado na guerra contra o câncer. “Recentemente, uma pesquisa associou a obesidade a 13 tipos de tumor”, lembra Débora. “Por isso o quadro é encarado hoje como um importantíssimo fator de risco”, destaca.
Razões não faltam. Segundo Pilar, pessoas obesas apresentam um estado de inflamação sistêmica, têm alterações em células de defesa e convivem com altos níveis de insulina em circulação. São condições apropriadas para incitar a proliferação celular e o aparecimento de um tumor.
No documento, os autores pedem, inclusive, que o peso seja alvo de atenção desde a infância — afinal, já está claro que crianças com sobrepeso ou obesidade têm tudo para manter esse padrão na fase adulta.
“É preciso considerar que a exposição a um fator de risco não leva ao câncer num curto intervalo. Falamos de décadas. Logo, a prevenção deve começar desde cedo”, raciocina Pilar.
10. Continue se cuidando

Para quem está lutando contra o câncer, o conselho é se manter fiel a esse estilo de vida saudável — na medida do possível. “O exercício traz benefícios, como redução de fadiga”, aponta Thaís. “E a dieta equilibrada ajuda a manter o estado nutricional do paciente”, declara.
Para orientações adequadas, nutricionista e educador físico devem trabalhar em aliança com o oncologista. E eles podem ajustar o cardápio e os treinos conforme os sintomas. Após o tratamento, nada de se descuidar à mesa nem ficar paradão. Até porque há risco de volta do tumor.
No seu ritmo
Há dias em que o paciente não se sentirá tão disposto para mexer o corpo. Mas acredite: é melhor render bem menos do que ficar largado no sofá. “Mesmo indivíduos acamados podem se exercitar”, defende Pilar.
“O melhor remédio contra a falta de energia é a atividade física”, enfatiza Débora. Basta respeitar os limites do corpo.


sexta-feira, 25 de maio de 2018

Os benefícios da atividade física para quem luta contra o câncer

Além de ajudar a evitar tumores, o exercício é importante durante o tratamento - por vários motivos. Veja as últimas recomendações dos especialistas

Antes da quinta sessão de quimioterapia, a médica da fisioterapeuta Roberta Peres, diagnosticada com câncer de mama aos 27 anos, avisou que trocaria os remédios. É um protocolo comum, que pode reduzir a intensidade de efeitos colaterais. “Mas ela me disse que, entre outros sintomas, eu talvez tivesse dores parecidas com as de um treino forte na academia”, lembra. Após a químio, Roberta definiu seu sofrimento de outro jeito: “Eram como facadas. No dia seguinte, falei que não iria aguentar e meu marido sugeriu caminharmos no parque para eu me distrair. Foi delicioso”.

O desconforto não sumiu, porém diminuiu a ponto de ela repetir a dose na próxima manhã e até trotar um pouco. “Tive câncer, fiz químio… e corri careca”, arremata Roberta, hoje com 29 anos e um perfil no Instagram que estimula outros pacientes a tomarem as rédeas da vida diante da doença. Ao longo das 11 sessões quimioterápicas seguintes (uma por semana), ela continuou dando suas passadas com o aval da doutora e notou ganhos em ânimo, autoestima, força…

“Está evidente que a atividade física ameniza consequências da doença e da terapia”, afirma o oncologista Auro Del Giglio, do Hospital do Coração, em São Paulo. Durante uma palestra que dará no Ganepão, um dos maiores congressos científicos do Brasil, o especialista vai destacar o papel da movimentação contra a fadiga gerada pelo tratamento. “Não há drogas adequadas para enfrentar essa reação adversa. Apenas os exercícios funcionam mesmo”, explica. Soa esquisito dizer que “gastar energia vai gerar energia”, mas é nesse sentido que as evidências científicas andam.

Uma revisão internacional de 34 estudos reuniu dados de 4 366 indivíduos com tumores. Seu resultado é categórico: não importa o tipo da doença, tirar o corpo da cama combate a indisposição. “Eu me poupava nos dias de quimioterapia, porque ficava sonolenta. Só que nos outros já voltava a me exercitar”, conta Roberta. Ela admite que os primeiros passos exigem esforço extra, contudo a sensação de esgotamento se dissipa com o suor.

“Na verdade, a atividade física libera neurotransmissores que trazem prazer e bem-estar”, explica José Cesar Rosa Neto, doutor em fisiologia e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. A malhação ainda freia a degeneração muscular, uma repercussão comum após o diagnóstico que atrapalha tarefas cotidianas e intensifica a canseira.

Não por menos, o brasileiro Daniel Galvão, codiretor do Instituto de Pesquisa em Medicina do Exercício da Universidade Edith Cowan, na Austrália, concentrou-se no potencial de treinos supervisionados com práticas aeróbicas e de flexibilidade e força em 57 homens com câncer de próstata avançado – a doença havia invadido os ossos. Mesmo nesse cenário grave, os participantes expressaram uma melhora nas funções físicas sem desenvolver complicações.

“O estudo tem um enorme impacto, porque indivíduos com metástases ósseas até então eram excluídos de programas de exercício”, raciocina Galvão. Está aí um erro comum: imaginar que o câncer pede cama.

Mais benefícios da atividade física contra o câncer
Sono: a sensação de relaxamento após o esforço físico facilita o adormecer e melhora a qualidade do sono.

Disposição: sacudir a poeira é uma das principais maneiras de afastar a fadiga típica da quimioterapia.

Peso: ao contrário do que se pensa, vítimas do câncer podem engordar. E o exercício queima calorias.

Dor: os incômodos são aplacados com as substâncias analgésicas liberadas pelo esporte.

Como o exercício ajuda o tratamento em si
Resistir aos solavancos do tratamento é primordial para finalizá-lo. E aqui a malhação ofereceria vantagens. “Embora faltem pesquisas, o bom senso sugere que, se essa prática atenua reações adversas, ajudaria a pessoa a aguentar a estratégia desenhada pelo médico“, reflete Del Giglio.

Um indício de que o argumento bate com a realidade vem de um trabalho da Universidade de Alberta, no Canadá. Divulgado em 2007, ele reuniu 242 mulheres com câncer de mama submetidas à químio. Resultado: 78% das que foram orientadas a fazer musculação seguiram o plano original do doutor sem grandes intercorrências, ante 66% das que ficaram paradas.

Tais dados justificariam a menor taxa de mortalidade associada aos enfermos que suam a camisa após o diagnóstico. Em um levantamento de 2015 publicado no British Journal of Sports Medicine, os mais ativos apresentavam um risco 22% menor de morrer por causa do tumor.

Só considere que, talvez, dados como esse decorram do fato de que os sujeitos com cânceres mais agressivos se mexem menos – não seria o esporte que afasta a doença, e sim o contrário. “De qualquer forma, também existe a teoria de que os exercícios gastam parte da energia que abasteceria o tumor”, explica Sandro Fernandes da Silva, educador físico da Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. Fora isso, em experiências no laboratório, o esforço físico estimula o suicídio de células cancerosas e faz o sistema imune reconhecê-las melhor.

A atividade física ainda rechaça transtornos que abreviam a longevidade do pessoal que venceu o câncer. Exemplo: vários dos fármacos empregados lesam o coração. “Quem recebeu quimioterapia na infância às vezes desenvolve insuficiência cardíaca já aos 30 ou 40 anos”, revela Rosa Neto. “Mas o treinamento parece remodelar o órgão e manter seu funcionamento”, completa.

Na Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, pesquisadores recrutaram 100 voluntárias que haviam se tratado recentemente contra o câncer nos seios e colocaram metade para realizar exercícios. Depois de quatro meses, eles perceberam que a turma do agito exibiu quedas em colesterol, pressão e outros marcadores da síndrome metabólica. “Sobreviventes do tumor de mama com essa condição têm maiores índices de mortalidade. Logo, erradicá-la aumentaria a sobrevida”, diz a fisiologista Christina Dieli-Conwright, autora da investigação.

A dificuldade é sair do sedentarismo em um momento tão complicado – até porque o câncer impõe restrições. “No nosso trabalho, um grande desafio foi a falta de confiança das mulheres em movimentar os braços”, recorda-se Christina. Ora, não raro a cirurgia contra o tumor de mama abala as estruturas dos membros superiores.

Roberta, que passou por quatro operações antes de ver sua doença sumir dos radares, é prova disso: “Meu alongamento foi para as cucuias. Aí eu comecei a fazer pilates e ioga, que me ajudaram a recuperar a flexibilidade”. Claro que cada caso demanda cuidados específicos, que exigem supervisão. “Mas todos, ao se exercitarem, deixam de viver só em função do tratamento”, dá o recado. Tem virtude melhor do que essa?

Os exercícios físicos na prática
“As recomendações para pacientes com câncer estão sendo revistas”, adianta o pesquisador Daniel Galvão. Hoje, as diretrizes gerais se assemelham às voltadas ao restante da população – ou seja, pedem para incluir modalidades aeróbicas, musculação e alongamentos por ao menos 150 minutos na semana.

No entanto, há particularidades de acordo com o tipo de tumor, o estágio da doença e as características da pessoa. “Durante o tratamento, devemos focar na segurança, cobrar supervisão e reforçar que não é a hora de apertar o passo”, ressalta o oncologista Antonio Carlos Buzaid, da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Veja, a seguir, táticas para se manter ativo em meio à luta contra o câncer:

O calendário: veja como se sente após uma sessão do tratamento e se exercite nos dias em que os sintomas abrandarem.

A expectativa: concentre-se mais nos benefícios da atividade contra o tumor e menos – bem menos – no desempenho.

Os cuidados: se a doença se espalha para o fêmur, por exemplo, é bom não sobrecarregar a perna. Respeite as limitações impostas pelo médico.

A supervisão: o ideal é programar os treinos junto a educadores físicos e outros profissionais com experiência em oncologia.


Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/os-beneficios-da-atividade-fisica-para-quem-luta-contra-o-cancer/ - Por Theo Ruprecht - Ilustração: Bia Melo/SAÚDE é Vital

domingo, 15 de abril de 2018

Atividade física do dia todo é que importa - incluindo esforços esporádicos

Um pouco de cada vez

Durante décadas, temos sido inundados por uma confusão de mensagens sobre a melhor forma de combater os riscos para a saúde do estilo de vida sedentário: caminhar 10 mil passos por dia, fazer um treino de sete minutos usando um aplicativo de celular e até rodar pneus pesados em acampamentos de fim de semana.

Acontece que qualquer tática de atividade física - mesmo quando feita em pequenos períodos ao longo do dia - resulta na redução do risco de doenças e morte por qualquer causa, afirmam pesquisadores.

"Nos últimos 30 anos, as diretrizes têm sugerido que atividades moderadas a vigorosas podem trazer benefícios à saúde apenas se você mantiver a atividade por 10 minutos ou mais. Isso está estampado nas recomendações de saúde pública que aconselham a subir escadas em vez de usar o elevador e estacionar mais longe do seu destino. Mas isso não leva 10 minutos, então por que eles são recomendados?" questiona o professor William Kraus, da Universidade Duke (EUA).

Os experimentos feitos pela equipe do professor Kraus constataram que breves viagens subindo e descendo escadas de fato devem ser levados em conta e somados aos minutos de exercícios acumulados - você não precisa fazer 10 minutos de uma vez só e menos ainda passar horas na academia, desde que a intensidade dos seus minutos de exercício atinja um nível moderado ou vigoroso.

O esforço moderado foi definido como caminhada rápida em um ritmo que dificulta a conversação. Aumentar esse ritmo para uma corrida seria um exercício vigoroso para a maioria das pessoas.

Recomendações de exercícios físicos estão exageradas

Soma dos esforços físicos

As melhorias mais dramáticas quanto ao risco geral de morte e doença ocorreram com uma quantidade relativamente pequena de esforço distribuído ao longo do dia - ainda que, quanto mais você fizer, melhores serão os benefícios, disse Kraus.

Pessoas que fizeram menos de 20 minutos de atividade total moderada ou vigorosa a cada dia tiveram o maior risco de morte. Aquelas com 60 minutos por dia reduziram o risco de morte em mais da metade - 57%. Fazer pelo menos 100 minutos de atividade moderada ou vigorosa por dia reduziu o risco de morte em 76%.

As diretrizes atuais do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, publicadas em 2008, recomendam pelo menos 150 minutos de exercício moderado ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana, distribuídos durante vários dias, disse Kraus. Essas diretrizes estão sendo atualizadas e deverão ser anunciadas ainda este ano.

Os resultados foram publicados no Journal of the American Heart Association.


domingo, 17 de dezembro de 2017

Câncer de pele e prevenção

Este ano, o Dezembro Laranja pretende conscientizar as pessoas sobre os riscos do câncer da pele decorrentes da exposição excessiva ao sol sem proteção

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) mais uma vez organiza a Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele, que integra os trabalhos do movimento “Dezembro Laranja”. Sob o slogan “Se exponha mas não se queime”, a iniciativa deste ano pretende conscientizar e educar as pessoas sobre os riscos do câncer da pele decorrentes da exposição excessiva ao sol sem proteção, lembrando que o filtro solar não é o único cuidado contra a radiação ultravioleta.

A mensagem visa atingir, inclusive, quem trabalha sob o sol ou ao ar livre, mas também alerta para a prevenção nos outros momentos – como de lazer – mas serve, claro, para todos!

Como identificar o câncer de pele

O câncer de pele pode ter o aspecto de uma pinta, uma pequena alergia ou outras alterações aparentemente benignas da pele. É fundamental fazer periodicamente a avaliação da sua pele, junto ao seu dermatologista, para saber em quais áreas existem esses sinais, pois isso fará toda a diferença na hora de detectar qualquer tipo de alteração suspeita, e o dermatologista –juntamente com a consulta e exames complementares–poderá diagnosticar corretamente.

Além de frequentar periodicamente um dermatologista é preciso proteger-se muito bem do sol.

Acompanhe algumas recomendações importantes:

Usar chapéus, camisetas e óculos escuros;
Evitar a exposição solar entre 10h00 e 16h00 (atenção para o Horário Brasileiro de Verão). Nessa faixa de horário prefira permanecer na sombra;
Na praia ou na piscina, use barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material;
Use filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer ou diversão com exposição solar. Utilize um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo;
Reaplique o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia a dia, aplique pela manhã e reaplique antes de sair para o almoço;
Observe regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas. E jamais deixe de consultar seu dermatologista regularmente para um exame e diagnóstico completos.


Fonte: https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/cancer-de-pele-e-prevencao/ - Por Adriana Vilarinho - Istock/Getty Images

terça-feira, 31 de outubro de 2017

A importância da atividade física no tratamento da fibromialgia

Novos achados sedimentam o papel dos exercícios no controle dessa síndrome dolorosa. Entenda o porquê — e mexa-se!

Logo que recebeu o diagnóstico de fibromialgia, Ângela Andrade, de 53 anos, não titubeou: seguiu as recomendações e deu um jeito de incluir os exercícios na agenda. Passou por alguns treinos na academia. Não se entusiasmou. Tentou a natação, mas pulou fora da piscina rápido. O medo da água foi mais forte. Persistente, descobriu-se na dança de salão, que pratica, feliz da vida, há quatro anos.

Desde então, o pilates também faz parte de sua rotina. “Se ela fica algum tempo sem as aulas, as dores ressurgem, assim como a insônia e a irritabilidade”, nota o educador físico Bruno Gion Cerazi, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que, confessa, deu um empurrãozinho para que sua mãe deixasse o sedentarismo de lado.

A prática regular de atividade física é uma das estratégias mais eficazes para controlar sintomas típicos da síndrome, como a dor que se espalha por diferentes partes do corpo, a fadiga e o sono ruim. E uma novíssima revisão de estudos, realizada pelo centro de análises de pesquisas Cochrane, vem chancelar essa indicação.

Os cientistas esmiuçaram 13 trabalhos que, ao todo, envolveram 839 pacientes. E focaram no tipo de exercício mais democrático de todos, o aeróbico. Falamos de caminhada, corrida, ciclismo, natação, hidroginástica, dança, entre outros. Concluíram que movimentar o corpo diminui a rigidez, melhora o condicionamento e o ânimo e — olha que maravilha! — reduz as dores. Um remédio e tanto para a qualidade de vida.

De onde vêm esses efeitos terapêuticos? A atividade física incentiva a liberação de substâncias do próprio organismo que agem como analgésicos naturais, caso das endorfinas. Isso colabora inclusive para melhorar as noites de sono. “Os exercícios também realocam as fibras nervosas envolvidas na sensação de dor.

Ou seja, fazem com que elas passem a desempenhar outras funções, como transferir informações sobre o equilíbrio, o tato ou a temperatura do ambiente, o que diminui o tráfego de impulsos dolorosos para o cérebro”, explica o reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo. É para suar a camisa ou não é?

Não é de hoje que a atividade física exerce papel de destaque frente à fibromialgia, condição que acomete cerca de 5 milhões de brasileiros. No século passado, médicos já observavam que o sedentarismo piorava as dores e suas outras manifestações.

Ocorre que, mesmo atualmente, com a crescente comprovação e disseminação de que as práticas esportivas fazem um bem danado, tem gente achando que a síndrome não passa de uma invenção da cabeça — e isso tem a ver com o fato de ela ainda estar cercada de mistérios, não totalmente decifrados.

Resumindo, o que sabemos é que a fibromialgia é fruto de uma falha no funcionamento das fibras que transmitem a dor. O sistema nervoso de quem tem a condição é extremamente sensível — daí a sensação dolorosa sem motivo aparente. Tem mais uma peça nessa história, um desequilíbrio bioquímico lá no cérebro. Em função disso, a tendência é que neurotransmissores associados ao bem-estar e ao controle da dor, como a serotonina e a dopamina, estejam em baixa. E aqueles que favorecem o desconforto, adivinhe, fiquem em alta.

Todo esse desarranjo nervoso está por trás do sofrimento físico e psíquico. Não existe, portanto, “doente imaginário” por aqui. A população feminina pena bem mais com o perrengue: estima-se que são sete mulheres afetadas para cada homem, sendo a faixa etária mais prevalente entre 30 e 50 anos. Não se crava uma explicação definitiva para essa desproporção, mas se desconfia de que fatores genéticos e hormonais sejam os responsáveis.

“Além da dor difusa, pacientes relatam fadiga, problemas de sono, déficits de memória e concentração e até intestino irritável”, enumera a anestesiologista Alexandra Raffaini, da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor. A depressão também é comum e chega a agravar os suplícios físicos. Não à toa, o uso de medicamentos antidepressivos faz parte do tratamento na maioria dos casos.

Remédios, porém, não operam milagres sozinhos. Por isso, o fisioterapeuta Maurício Garcia, do Instituto Cohen de Ortopedia, na capital paulista, e outros especialistas ressaltam a importância de uma abordagem multidisciplinar, que envolva psicoterapia e um trabalho físico. “Deve-se tentar reduzir a ansiedade produzida pela doença, explicando ao paciente e à sua família que, embora a dor seja intensa e real, não há lesão nas articulações”, diz Garcia.

Suave, suave… e sempre
Os exercícios compõem o plano terapêutico contra a fibromialgia, mas, para tanto, devem constar no receituário médico e, se possível, contar com supervisão profissional. O primeiro passo é convencer uma pessoa que já está sofrendo com dor e cansaço de que mexer o esqueleto não vai piorar as coisas — pelo contrário!

“Quando há consciência de que o combate ao sedentarismo pode servir como base do tratamento, vêm o esforço e a persistência”, defende o reumatologista Diogo Souza Domiciano, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A palavra-chave no começo dos treinos é calma. “Dependendo do grau de condicionamento, o início pode desencadear desconfortos. Por isso, uma boa orientação durante a prática é bem-vinda”, sinaliza Domiciano. Respeitar os limites e não pegar pesado é outra lei para evitar lesões. Assim como fez a dona Ângela, o ideal é buscar a atividade que mais lhe agrada. Vale pedalar, nadar, caminhar no parque… Os benefícios vêm de brinde.

O educador físico Bruno Cerazi lembra: “Para ter sucesso, é preciso saber aonde se quer chegar, criar objetivos”. Outro ensinamento do professor é estabelecer uma rotina para treinar, se alimentar e dormir. Já não faltam estudos atestando que incorporar os exercícios ao cotidiano silencia as dores e desperta a qualidade de vida. Com força de vontade e uma dose de suor, fica mais fácil chegar ao tão sonhado alívio.

Os benefícios de caminhada, natação e companhia

Menos dor
Em seis semanas dá pra notar esse efeito. Um dos motivos é que a atividade física estimula a produção dos nossos analgésicos naturais.
Mais disposição
Quem se mexe tem ânimo e condicionamento para situações corriqueiras como subir escadas ou brincar com as crianças.
Menos rigidez
Os exercícios contribuem com a flexibilidade, diminuindo a rigidez muscular e as contraturas, sobretudo pela manhã.
Menos fadiga
Treinos aeróbicos trabalham a respiração e o sistema cardiovascular, deixando o organismo mais tolerante aos esforços.
Mais bem-estar
O aumento na oferta de neurotransmissores associados ao prazer melhora o humor e a autoestima, espantando a deprê.
Quais atividades fazer?
Aeróbicas
Pedalar, caminhar, trotar… Fazer um exercício aeróbico três vezes por semana ajuda a manter o peso e a liberar nossos analgésicos naturais.
Musculação
Já há provas de que treinos de resistência, com orientação e sem sobrecargas, melhoram a situação. Duas vezes por semana estariam de bom tamanho.
Pilates
O método trabalha a boa postura, a flexibilidade, o equilíbrio e a respiração. Só é preciso respeitar os limites do corpo, por favor.
Na água
Os exercícios no meio líquido são bacanas por absorver o impacto. Natação ou hidroginástica ainda favorecem a manutenção do controle das dores.
Alongamento
Embora não existam tantos estudos sobre essa técnica no tratamento da fibromialgia, há indícios de que ajudam a contornar a rigidez.

As bases do tratamento contra a fibromialgia

Remédios
Antidepressivos e neuromoduladores são os mais usados, já que auxiliam a regular os neurotransmissores.
Psicoterapia
A linha cognitivo-comportamental ajuda bastante, pois coloca o indivíduo como parte ativa do tratamento.
Fisioterapia
Algumas técnicas e recursos diminuem a dor, a fadiga e a rigidez. A correção da postura também colabora.
Terapias complementares
Há pistas de que acupuntura, meditação e massagem somam forças ao controle dos sintomas físicos e psicológicos.


Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/a-importancia-da-atividade-fisica-no-tratamento-da-fibromialgia/ - Por Regina Célia Pereira - Foto: GI//A importância da atividade física no tratamento da fibromialgia/Getty Images