quinta-feira, 4 de julho de 2019

Existe limite seguro para o consumo de álcool?

Novas evidências científicas sinalizam que não. E os motivos para no mínimo moderar vão além do que já se falava por aí

Se depender de um dos maiores estudos globais já feitos para mensurar o impacto do álcool na saúde humana, até mensagens como “aprecie com moderação” estão com os dias contados. Após analisar o consumo e suas repercussões em mais de 100 mil pessoas de 195 países entre 1990 e 2016, pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, concluem: não há limite seguro para a ingestão de bebidas alcoólicas. E fazem outro alerta: mesmo eventuais vantagens, como aquela taça de vinho prescrita pelo bem do coração, não superam os malefícios, caso do aumento no risco de câncer e outros males.

“Sabe quem inventou essa história de que beber moderadamente faz bem? A indústria do álcool, baseada em estudos pouco controlados”, afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O mais saudável é não beber. Mas, se beber, o ideal é não passar de uma ou duas doses por semana”, diz. Perceba: tomar algo todo dia, ainda que só um pouco, está fora de cogitação — pelo menos se você quer ter saúde.

Para dar seu veredicto, os cientistas americanos dividiram o público em dois grupos: os que bebiam e os abstêmios. Notaram, então, que a propensão a problemas (câncer, infarto, AVC, cirrose, violência doméstica…) aumenta à medida que se elevam a quantidade e a frequência de consumo.

O risco de adoecer crescia 0,5% entre quem tomava uma única dose por dia (como uma lata de cerveja ou taça de vinho). Subia para 7% diante de duas doses. E decolava para 37% na ingestão de cinco.

“Ainda que haja pesquisas indicando potenciais benefícios com o consumo leve ou moderado, isso não pode ser generalizado porque os efeitos do álcool também dependem do histórico médico e de riscos individuais”, explica o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). “Por essa razão, pensando em minimizar riscos à população, a recomendação mais segura mesmo é não beber.”

O sono sofre com as bebidas alcoólicas
Se você é daqueles que, antes de dormir, gostam de tomar uma taça de vinho para relaxar, esqueça: seu método pode até soar eficaz, mas é prejudicial à qualidade do sono. “À medida que o álcool é processado pelo corpo, o sono se torna superficial. Aí o indivíduo acorda pela manhã com a sensação de que não dormiu o suficiente”, esclarece a neurologista Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono.
Um estudo finlandês, realizado com mais de 4 mil pessoas com idade entre 18 e 65 anos, atestou que a recuperação fisiológica durante o repouso à noite sofre uma redução significativa na presença do álcool — quanto mais se bebe, pior.
Já de Londres, na Inglaterra, veio outra descoberta: a bebida desregula os ciclos naturais do sono e, mesmo com moderação, incentiva roncos e insônia. O ideal é que, se for tomar uma taça no jantar, isso aconteça de três a quatro horas antes de dormir. E olhe lá.

Álcool engorda?
Sim. A médica Marisa Helena César Coral, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, já perdeu as contas de quantos pacientes, ávidos por entrar em forma, reclamaram: “Doutora, não sei por que não emagreço. Eu não como praticamente nada”.
O problema, explica, é que o indivíduo pode até fazer dieta e praticar exercícios, mas, se não cortar ou moderar o álcool, vai ser difícil.
Uma pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (MG) com 178 universitárias investigou a relação entre bebida alcoólica e gordura corporal. O valor médio da gordura concentrada ao redor da cintura foi maior entre as que relataram beber socialmente.
“O álcool é muito calórico. Cada grama tem 7 calorias. Para ter ideia, cada grama de carboidrato tem 4″, compara Marisa. Na ponta do lápis, uma latinha de cerveja (350 ml) corresponde a 150 calorias e uma tulipa de chope (300 ml), 180 calorias. E ainda tem os acompanhamentos, né?

Malefícios dos drinques para a pele
Digamos que o álcool tem um efeito tóxico para o tecido que reveste o corpo. De acordo com a médica Sylvia Ypiranga, do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a ingestão frequente instiga um processo inflamatório que piora quadros de acne, dermatite e psoríase. Sem falar que anos de bebedeira abrem alas ao envelhecimento precoce, que se manifesta por manchas e rugas.
Se não bastasse, uma bomba foi noticiada por estudiosos do Instituto Karolinska, na Suécia, e da Universidade de Monza, na Itália. Mesmo o consumo moderado de bebida alcoólica foi associado a um aumento de 20% no risco de melanoma, o câncer de pele mais agressivo.
Os cientistas se aventuram em algumas hipóteses para elucidar o achado. Uma delas é que, além de mexer com o controle da inflamação no corpo, o álcool potencializa a sensibilidade da pele aos raios solares — vilões por trás do tumor.

O rival do esporte
Não importa se você é atleta ou malha de leve pensando no seu bem-estar, o consumo de álcool e a prática de exercícios definitivamente não combinam. Nem antes nem depois de suar a camisa. A bebida interfere na força, na velocidade e no equilíbrio, acarretando pior desempenho e mais lesões.
Quem toma umas antes de jogar ou malhar, então, fica mais sujeito à hipoglicemia, quando o açúcar no sangue despenca. Um perigo!
E sabe aquela rodada de cerveja que costuma fechar a pelada de futebol? Reconsidere. “O álcool é o inimigo número 1 da hidratação. Se o sujeito já está desidratado, vai ficar ainda mais depois de beber”, avisa o fisiologista Turíbio de Barros, da Unifesp. “Por ter efeito diurético, quanto maior o consumo, maior a perda de líquidos e eletrólitos como sódio e potássio.”
Vai se exercitar? Então é melhor suspender a bebida alcoólica por 72 horas antes ou 24 horas depois da atividade.

Fertilidade em xeque
Ao que tudo indica, o álcool atrapalha o sonho de ser pai e mãe. Um estudo americano indica que mesmo meras três taças de vinho por semana já podem reduzir a capacidade de mulheres engravidarem.
Para os homens, o cenário não é tão diferente. E, quanto maior a ingestão, mais dificuldades à vista. Segundo a pesquisadora Tina Kold Jensen, da Universidade do Sul da Dinamarca, a bebida afeta a qualidade dos espermatozoides. “O consumo crônico pode impactar na forma e na função dessas células, diminuir a libido e até levar à atrofia dos testículos”, alerta.
Pensando em fazer tratamento para ter filhos? A recomendação do ginecologista e obstetra Isaac Yadid, da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, é não ingerir álcool pelo menos um mês antes. “Estudos demonstram tendência de pior resultado com a ingestão diária”, diz.

Quer ser produtivo?
Quem bebe com frequência vê ou verá o rendimento no emprego naufragar. Mas não para aí. O consumo de álcool já se tornou a principal causa de afastamento do trabalho por uso de substâncias psicoativas no Brasil. Entre 2010 e 2014, o número de brasileiros nessas condições que precisaram parar de trabalhar e pediram auxílio-doença registrou um aumento de 19%.
“O álcool provoca efeitos físicos e cognitivos que impactam no desempenho do trabalhador, o que traz riscos para si e para terceiros”, observa João Silvestre da Silva Júnior, diretor da Associação Nacional de Medicina do Trabalho.
Dados do último Levantamento Nacional de Álcool e Drogas indicam que 4,9% da população (cerca de 4,6 milhões de cidadãos) admitiram já ter perdido o emprego por causa do álcool e 8% (7,4 milhões) relataram que o uso de bebidas alcoólicas teve repercussão em sua rotina de trabalho.

Dependência por álcool na família
Vinte e oito milhões. Eis o número de brasileiros que, segundo o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos, da Unifesp, têm algum dependente químico na família. “Para cada usuário de drogas, existem outras quatro pessoas afetadas”, estima Laranjeira.
As mulheres são as que mais padecem: 80% delas sofrem os impactos negativos, psicológicos ou financeiros, do vício dentro de casa (seja do filho, seja do marido).
Um dos desafios apontados na pesquisa é o tempo para busca de apoio: no caso dos dependentes de álcool, uma média de sete anos até procurar um serviço especializado — entre dependentes de cocaína, essa janela não passa de dois anos.
Nesse ínterim, o lar pode virar refém inclusive da violência. “O álcool é um veneno. Ao menor sinal de dependência, o indivíduo ou a família devem buscar ajuda”, ressalta o psiquiatra Jorge Jaber, presidente da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas.

Os problemas do álcool em números e quem precisa ficar longe dele
“Cerveja? Só faz mal quando falta”, “Evite ressaca: mantenha-se de porre”… Frases do tipo, a estampar paredes de bar ou para-choques de caminhão, seriam cômicas se não fossem trágicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool causa problemas a 10% da população do planeta — são 753 milhões de pessoas.
No ano de 2016, cerca de 2,8 milhões (100 mil delas só no Brasil) perderam a vida em decorrência dele. O motivo? De acidente de trânsito a falência do fígado. E não pense que o prejuízo se restringe a quem bebe demais.
No Brasil, o último Relatório Global sobre Álcool e Saúde da OMS revela que, entre 2010 e 2016, a média de consumo per capita caiu 11% e passou de 8,8 litros para 7,8 litros ao ano por cidadão. “É um avanço. Apesar de estar acima da média mundial de 6,4 litros, o país alcançou valor inferior à média das Américas, de 8 litros”, analisa Guerra.
Se a ingestão per capita caiu, o consumo de grande quantidade de álcool em curto espaço de tempo aumentou de 12,7% para 19,4% entre mulheres e jovens, revela o estudo Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2019 do Cisa.
“A situação é preocupante porque, biologicamente, o organismo feminino é mais suscetível aos efeitos do álcool e o cérebro adolescente pode sofrer danos irreversíveis”, avalia Guerra.
Jovens e gestantes estão entre aqueles que em nenhuma hipótese deveriam tomar bebida alcoólica. O grupo do “álcool zero”, por orientação da OMS, inclui, ainda, quem vai dirigir ou trabalhar com máquinas, faz uso de remédios que interagem com a bebida ou tem histórico de dependência química.
Para especialistas, porém, não basta ficar nas recomendações. É preciso proibir e fiscalizar a venda para menores de 21 anos e elevar o preço do produto. “O mercado no Brasil é completamente desregulado. Quem domina a política de álcool é a própria indústria. O governo, federal, estadual ou municipal, pouco faz”, critica Laranjeira.
Que as novas evidências ajudem a rever e a mudar essa situação, para o nosso próprio bem e de toda a sociedade.

Problemas clássicos que o álcool causa ou amplifica
Cirrose e falência do fígado
Câncer
Hipertensão
Vício
Infarto e AVC
Transtornos psiquiátricos
Acidentes de trânsito
Violência dentro e fora de casa
Prejuízos ao feto

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/existe-limite-seguro-para-o-consumo-de-alcool/ - Por André Bernardo - Foto: Francesco Carta/Getty Images

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Atividades aquáticas ajudam a prevenir quedas em pessoas mais velhas


Os treinos na piscina preparam o corpo em vários sentidos para evitar tombos e lesões após os 60 anos de idade

Há quatro anos, o professor de educação física espanhol Eduardo Guillamón iniciou uma série de estudos e iniciativas com o objetivo de evitar quedas entre as pessoas mais velhas. Sua maior inspiração foi a avó, que apresenta bastante dificuldade para caminhar, mesmo com o auxílio de um andador.

Um dos resultados desse trabalho foi a publicação de um artigo, assinado em conjunto com especialistas da Universidade Católica de Múrcia, na Espanha, e da Universidade de Bournemouth, na Inglaterra, que avaliou a eficácia de exercícios aquáticos nas faixas etárias mais avançadas.

“Modalidades como natação e hidroginástica melhoram diversas aptidões que conferem proteção contra esses acidentes, como flexibilidade, força muscular e equilíbrio”, destaca Guillamón.

Confira abaixo algumas dicas para tirar proveito das práticas esportivas realizadas na piscina:

A piscina não serve só para prevenir quedas
Coração em dia: mexer o corpo nesse ambiente está relacionado ao controle da pressão arterial e do colesterol.

Juntas azeitadas: por ter um impacto menor, essas atividades são boas para quem sofre com dores nas articulações.

Emagrecimento: quando feitas numa intensidade adequada, elas ajudam a manter ou até baixar o peso.

Socialização: as aulas coletivas são momentos perfeitos para fazer novas amizades e criar um vínculo com o grupo todo.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/atividades-aquaticas-ajudam-a-prevenir-quedas-em-pessoas-mais-velhas/ - Por André Biernath - Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital

terça-feira, 2 de julho de 2019

Corrida ou caminhada: qual o melhor para cada objetivo


Saiba qual é a mais adequada de acordo com os seus objetivos e aprenda a tirar o melhor proveito de cada uma das modalidades

O primeiro passo para começar a correr é investir na caminhada. “Andar é essencial para preparar o corpo de quem deseja apertar o ritmo depois”, orienta Orlando Laitano, fisiologista da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univast), em Petrolina, Pernambuco. “Mas aquela história de que a corrida sempre promoverá mais benefícios do que a caminhada não faz sentido, inclusive porque são práticas distintas, da intensidade à própria mecânica dos movimentos”, ele destaca.

Ou seja, na busca pela saúde, há situações em que as passadas cadenciadas vencem, enquanto em outras são mesmo as aceleradas que alcançam determinadas metas. Vem do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, uma série de estudos com milhares de corredores e caminhantes para comparar o efeito dessas modalidades em coração, olhos, barriga… Sem contar que, em vários casos, é a combinação de caminhada e corrida que trará melhores resultados – um especialista pode indicar um treino intercalado mais apropriado a cada caso.

Saiba as vantagens específicas de cada uma dessas atividades na trilha por uma vida saudável.

Corrida
1 Perder (e manter) peso
Um dos artigos do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley deixa claro que corredores emagrecem com facilidade extra e conseguem se manter em forma por anos a fio. E não apenas graças ao alto gasto calórico que a intensidade elevada propicia. Além da queima de gordura, esse esporte acarreta mais saciedade, porque regula melhor os hormônios que diminuem o apetite.

2 Desenvolver os músculos
Manter-se em alta velocidade demanda bastante da musculatura das pernas, do abdômen e até das costas e braços. “A corrida, ao longo do tempo, fortalece essas regiões e aprimora a resistência física”, esclarece Cassio Trevizani, ortopedista e médico do esporte do Hospital das Clínicas de São Paulo.

3 Blindar os olhos
Em outro estudo do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, foi provado que tanto a corrida como a caminhada evitam o surgimento da catarata. Contudo, ao falarmos da prevenção contra o glaucoma, distúrbio que lesa o nervo óptico, modalidades mais cansativas são mais eficazes. “Em um trabalho que conduzimos com 15 voluntários em forma, treinos fortes abaixaram mais a pressão intraocular, principal fator de risco para o problema”, revela Marcelo Conte, educador físico do Hospital Oftalmológico de Sorocaba, no interior paulista.

4 Garantir um bom sono
Em sedentários, por exemplo, até passos vagarosos incitam a produção de hormônios como a endorfina, que relaxam o corpo e melhoram a qualidade das horas sob os lençóis. Mas, como explica o fisiologista Marco Túlio de Mello, diretor técnico do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício, em São Paulo, conforme a pessoa evolui no treino, o indicado é elevar a intensidade, partindo para a corrida. “Ela liberaria maiores quantidades dessas substâncias em quem está preparado fisicamente.”

5 Trazer alegria
A endorfina também possui papel fundamental nesse estado de humor. Isso porque é umas das moléculas responsáveis por gerar aquela sensação de pazer depois de suarmos a camisa. “E ela é ainda mais produzida quando a carga de exercícios é maior, como ao corrermos”, avalia Orlando Laitano, fisiologista da Univasp.

Caminhada
1 Proteger o coração
Nas pesquisas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, notou-se que a taxa de colesterol, assim como o risco de sofrer com diabete, hipertensão e infarto, era reduzida igualmente entre os voluntários que corriam e os que marchavam. “Mas a caminhada exige menos do coração, o que a deixa mais segura para amadores e sobretudo para quem acabou de sair do sedentarismo”, argumenta o cardiologista Nabil Ghorayeb, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Vale ressaltar que os resultados apontados nos estudos se referem a corredores e caminhantes que gastavam quantidades similares de energia. Ou seja, quem andava precisava se exercitar por mais tempo.

2 Fortificar os ossos
“O impacto das passadas estimula a produção de massa óssea”, resume Victor Matsudo, médico do esporte e diretor do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo. O impacto da caminhada fomenta a reciclagem adequada dos ossos, com a vantagem de causar menos fraturas por estresse do que a corrida. Andar chega a ser recomendado até para quem já sofre com osteoporose, de acordo com o estágio da doença.

3 Evitar lesões
A rapidez e os gestos típicos de quem pratica corrida culminam em sobrecarga, que pode gerar contusões em quem está despreparado. Para chegar a tal conclusão, a educadora física e professora da Universidade de Brasília Ana de David pôs 11 homens para correr devagar e, depois, para caminhar aceleradamente. Resultado: o movimento do trote, por si, castigava mais as articulações. Para acelerar, portanto, é preciso um trabalho prévio de fortalecimento, porque os músculos amortecem o choque.

4 Turbinar o sistema imune
Práticas leves ou moderadas aperfeiçoam a função das células de defesa diante dos micróbios nocivos. A informação vem de um relatório elaborado pela educadora física Tania Curi, da Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, juntamente com o fisioterapeuta Vinícius Coneglian. Por sua vez, após exercícios mais intensos, a exemplo da corrida, há diminuição do trabalho de neutrófilos, unidades do sistema imunológico.

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/corrida-ou-caminhada/ - Por Theo Ruprecht - Foto: Deborah Maxx/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 1 de julho de 2019

9 dicas para detectar fake news na área da nutrição


O poder (para o bem ou para o mal) dos alimentos é um dos principais alvos de boatarias e opiniões apaixonadas na internet

Depois da nossa matéria sobre os influenciadores da saúde em geral, nós separamos algumas pegadinhas das redes sociais específicas sobre nutrição. Explica-se: a alimentação é uma das áreas mais atingidas pelas notícias falsas, ao ponto de o Conselho Federal de Nutrição (CFN) ter emitido em 2018 um alerta sobre o tema.

“Nas mídias sociais, as fake news chamam a atenção para equívocos e atitudes de risco, prometendo dietas milagrosas sem nenhuma comprovação científica, prescritas por pessoas sem formação acadêmica”, declara o texto da entidade. Ao adotar sugestões de origem duvidosa, a saúde é ameaçada.

Para ajudar você a detectar uma armadilha do tipo, conversamos com a nutricionista Carolina Sartori, de Brasília, que em seu perfil desmente com evidências alguns dos boatos. Ela é uma das entusiastas do projeto Saúde Honesta, que desmistifica o tema com o auxílio de diversos profissionais.

1. Fuja de quem usa o termo “detox”
A desintoxicação de quaisquer substâncias nocivas é feita pelo nosso corpo normalmente, desde que os rins e outros órgãos estejam funcionando. Não há qualquer indício confiável de que as dietas, chás e receitas detox tenham algum efeito extra na remoção de toxinas do organismo.
O importante é comer bem, sem radicalismos.

2. Demonização de alimentos é furada
As expressões “sem lactose” e “sem glúten” estão em alta nos rótulos das prateleiras e nos “publis” do Instagram. Só que esses alimentos só devem ser retirados da dieta de quem é alérgico ou intolerante a eles.
Riscar qualquer item do cardápio sem necessidade pode levar a deficiências nutricionais e problemas de saúde. No caso do glúten, a retirada não só não traz benefícios como pode elevar o risco de doenças crônicas não transmissíveis.

3. Ainda não há cura para doenças incuráveis
Parece óbvio, mas há muitas promessas de eliminar a aids e outras doenças crônicas com um alimento ou planta. Se a condição é considerada incurável, não dá para acreditar em uma alegação do tipo.

4. Desconfie da supervalorização dos alimentos
Vamos dar um exemplo, o da canela. Ela é um alimento termogênico, pois acelera o gasto de energia do organismo. Só que esse efeito é discreto, ou seja, seria preciso comer porções cavalares para que o corpo perdesse peso por causa dessa queima.

Vale a máxima: nenhum alimento ou nutriente sozinho melhora a imunidade, emagrece ou cura doenças.

5. Encrencar com exames é sinal de alerta
É comum encontrar nutricionistas ou outros profissionais de saúde dizendo que o valor de referência da dosagem de vitamina D ou outros marcadores nos laboratórios é errado, e que na verdade deveríamos ingerir mais do que isso.
Como o excesso de nutrientes e o tratamento de doenças inexistentes podem ser prejudiciais e até colocar a vida em risco, vale ficar com o número oficial, que é calculado baseado em anos de estudo e passa pela análise de dezenas de profissionais e entidades médicas.

6. O ortomolecular não existe
Essa especialidade não é reconhecida pelo Conselho Federal de Nutrição, e geralmente quem a defende vende uma longa lista de exames e suplementos para supostamente balancear os nutrientes do corpo e, assim, promover o emagrecimento e prevenir doenças.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) também já se posicionaram contra a abordagem.

7. Não aceite dietas da moda
Se o influencer oferece um cardápio pronto para ser seguido à risca por todo mundo e promove dietas da moda, melhor dar unfollow.
A alimentação deve ser individualizada, porque seu sucesso e segurança dependem de muitos fatores pessoais (peso, idade, estilo de vida, histórico de saúde, condição socioeconômica…). E qualquer profissional deve respeitar essas particularidades, inclusive dando voz para que a própria pessoa tome certas decisões informadas.

8. Nutricionistas não devem prescrever hormônios
Existem alegações sobre o papel de hormônios no emagrecimento e até a manipulação de versões sintéticas deles para esse fim. Só que os hormônios devem ser prescritos apenas por médicos – e depois do diagnóstico de uma condição de saúde que justifique isso.
Os Conselhos Regionais de Nutrição desaprovam a prática, e há uma lei que proíbe a recomendação de hormônios para fins estéticos, como prevenir o envelhecimento, até para os médicos.

9. Não existe milagre rápido com o cardápio
Por último, um dos pontos que faz mais sucesso nas redes. Perder peso rapidamente, secar a barriga, dobrar a massa magra e todas as promessas de resultados imediatos e impressionantes devem levantar suspeitas.
Toda mudança do tipo exige intervenções duradouras no estilo de vida e uma dose de disciplina.

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/9-dicas-para-detectar-fake-news-na-area-da-nutricao/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital

domingo, 30 de junho de 2019

Quais são os principais tipos de depressão?


Nem toda depressão é igual. Conheça as diferentes faces da doença e qual é o melhor tratamento para cada uma

No caminho entre o preto e o branco, nossos olhos são capazes de distinguir 30 tons de cinza. Todos integram a mesma escala de cor, mas cada um deles tem nuances únicas. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à depressão: não se trata de uma doença idêntica para seus 320 milhões de portadores espalhados pelo planeta.

Entre a alegria pura e a tristeza mais profunda, há um espectro de sentimentos e manifestações capazes de repercutir na vida e exigir o olhar de um profissional de saúde. Conheça, abaixo, os principais tipos do transtorno:

Depressão maior
É o tipo mais comum e genérico. “Seus sintomas são tristeza, angústia, desânimo, culpa e alterações no sono, no apetite, na concentração e na libido que persistem por muito tempo”, lista o psiquiatra Volnei Costa, da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos.
A doença se divide em três graus: leve, moderado e grave. Cada um possui a sua abordagem — aliás, não é porque a situação é mais branda que dá para relaxar e ignorar seu impacto no dia a dia.
Tratamento: há três pilares fundamentais em qualquer recuperação: remédios antidepressivos, psicoterapia e a mudança no estilo de vida. Praticar exercícios físicos, por exemplo, é uma recomendação de dez entre dez psiquiatras.

Sazonal
Essa não costuma dar tanto as caras no Brasil ou em outros países com temperaturas mais elevadas e clima ameno. Porém, é um tormento sério em lugares como o norte dos Estados Unidos, o Canadá, a Islândia, a Dinamarca e a Noruega.
Durante o inverno, há pouca luz natural nesses locais — o dia começa tarde e já fica escuro de novo lá pelas 14 ou 15 horas. E a falta do sol afeta os indivíduos mais suscetíveis, que se tornam bastante deprimidos durante as épocas de frio extremo.
Tratamento: além do combo básico (medicamentos, terapia e hábitos saudáveis), uma alternativa bem eficaz é a fototerapia. O paciente fica durante um tempo dentro de uma cabine de luz. Isso beneficia certas regiões do cérebro dele.

Distímica
O termo está caindo em desuso na medicina, mas você pode encontrar profissionais que falam sobre essa versão da melancolia.
Ela é caracterizada por sinais bem leves, quase imperceptíveis, que perduram por dois anos ou mais. A pessoa acaba aprendendo a conviver com aquilo e, por mais prejuízos que tenha no dia a dia, não conversa com ninguém sobre o assunto.
O problema é que o quadro pode se aprofundar rapidamente e provocar sérios danos à saúde física e mental.
Tratamento: a psicoterapia é especialmente estratégica por aqui: durante as sessões, será possível identificar os sintomas e as melhores maneiras de desarmá-los a tempo. Fazer atividade física é outra boa pedida para elevar o ânimo.

Atípica
Apesar do nome, ela é prevalente e intriga os experts. A diferença está na forma como se manifesta.
“Ela segue um padrão peculiar: em vez de sonolência excessiva, dá insônia. Enquanto nas outras há perda de apetite, nela ocorre um aumento na ânsia por comer”, exemplifica o médico Ricardo Alberto Moreno, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Outras características são a piora dos sintomas no final do dia e um humor mais sensível e irritável.
Tratamento: além dos antidepressivos básicos, o psiquiatra irá avaliar a necessidade de prescrever fármacos da classe dos estabilizadores de humor. Eles são muito utilizados em outros transtornos, como a bipolaridade.

Psicótica
É uma das depressões mais sérias e preocupantes da lista. Os sintomas corriqueiros estão presentes. Porém, junto deles, pintam outros, como delírios de perseguição ou a sensação de que algo muito ruim está para acontecer a qualquer momento.

Há casos em que a psicose se agrava e o sujeito mistura a realidade com fantasias de sua cabeça. Alguns chegam a achar que seu coração parou ou já estão mortos. Essas situações extremas, ainda bem, são muito raras.
Tratamento: não dá pra fugir das medicações antipsicóticas. Dentro do plano terapêutico, elas promovem uma reorganização do cérebro e aliviam a crise. Quanto antes o esquema for iniciado, melhores os resultados e menor o risco de recaídas.

Mista
Observada por pesquisadores desde o século 19, ela vem ganhando destaque na última década, com a descoberta de novas ferramentas para diagnosticar e encarar o problema. Suas principais marcas são aceleração do pensamento, maior irritabilidade e comportamentos compulsivos nas compras, no sexo ou na forma de reagir aos outros.
“O dilema é que muita gente acaba confundindo a depressão mista com ansiedade, mas são entidades completamente distintas”, ressalta Costa.
Tratamento: os antidepressivos podem deixar o pensamento ainda mais acelerado. Para evitar esse efeito colateral, é necessário primeiro recorrer a estabilizadores de humor ou antipsicóticos e fazer frente aos sintomas compulsivos mais urgentes.

Melancólica
Os maiores incômodos, como a falta de energia, a tristeza absoluta e a angústia, se agravam e ficam alarmantes. “Outro traço dela é o fato de os sintomas serem piores logo de manhã e melhorarem um pouco durante o dia”, observa Moreno.
É o tipo mais fácil de ser identificado, mas, não raro, o indivíduo não deseja sair de casa para consultas com o especialista. Amigos e familiares precisam criar uma rede de suporte e dar toda a atenção necessária para fazer esse resgate.
Tratamento: antidepressivos são essenciais. Outra saída em casos graves é a eletroconvulsoterapia, que recorre a estímulos elétricos na cabeça. O método é seguro e tem eficácia comprovada.

Pós-parto
A queda na produção de determinados hormônios logo após a gestação vira um tormento danado a mulheres suscetíveis. Elas desenvolvem uma ideia de incapacidade de cuidar do bebê ou simplesmente não experimentam a alegria da maternidade. Na sequência, aparece a culpa, que deixa tudo pior e prolonga a doença pelos meses seguintes.
A melhor maneira de evitar que o transtorno alcance proporções catastróficas é conversar com o ginecologista e relatar qualquer sentimento que pareça estranho.
Tratamento: Alguns antidepressivos específicos são indicados, pois não afetam o processo de amamentação. O acompanhamento com o psicólogo é outra ferramenta valiosíssima para identificar e vencer pensamentos negativos.

Fonte: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/quais-sao-os-principais-tipos-de-depressao/ - Por André Biernath - Ilustrações: Maíra Martines/SAÚDE é Vital

sábado, 29 de junho de 2019

Programação do Novenário e Festa de Nossa Senhora do Carmo em Itabaiana 2019



O Novenário e a Festa em homenagem a Nossa Senhora do Carmo será realizado de 05 a 14 de Julho de 2019, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, situada no Conjunto José Luiz Conceição, em Itabaiana. Este ano, o Tema Geral será: “Virgem do Carmo, Mãe de TODAS as Vocações”. Confira a programação completa:

1° NOITE - 05/07 - SEXTA:
TEMA: “Vocação e Discernimento para a Missão”. PREGADOR: Pe. Alessandro da Costa.
RESPONSÁVEIS: Setor São Cristóvão e comunidade, PASCOM e Apostolado da Oração.

2° NOITE - 06/07 - SÁBADO:
TEMA: “Vocação, Juventude e Missão”. PREGADOR: Pe. Ronaldo Rodrigues.
RESPONSÁVEIS: Setor Maria do Carmo, Povoado Bom Jardim, Legião de Maria e Coroinhas.

3° NOITE - 07/07 - DOMINGO:
TEMA: “O Discípulo de Cristo e a Vocação a Santidade”. PREGADOR: Pe. Marcos Rogério.
RESPONSÁVEIS: Setor Francisco Teles e MECEs (Instituição dos Ministros nesta noite).

4° NOITE - 08/07 - SEGUNDA:
TEMA: “Desafios e dificuldades da Juventude no discernimento vocacional”. PREGADOR: Pe. José Genivaldo Garcia.
RESPONSÁVEIS: Setor Matriz, Povoado Barro Preto e Armada Branca.

5° NOITE - 09/07 - TERÇA:
TEMA: A Igreja ministerial é a “Mãe das Vocações”. PREGADOR: Pe. Genário de Oliveira Júnior.
RESPONSÁVEIS: Setor Moita Formosa, Povoado Zanguê e Grupo da Divina Misericórdia.

6° NOITE - 10/07 - QUARTA:
TEMA: “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos!” (Sl 25,4) PREGADOR: Pe. José Lima.
RESPONSÁVEIS: Setor Riviera, Povoados: Lagamar e Serra de Itabaiana, pastoral do Dízimo e grupo de jovens.

7° NOITE - 11/07 - QUINTA:
TEMA: “Os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional” PREGADOR: Pe. Mardonio Alves do Amaral.
RESPONSÁVEIS: Setor Vale dos Eucaliptos, Povoados: Agrovila e Igreja Velha; Pastoral do Acolhimento, Renovação Carismática Católica, e Comunidade Sagrada Família.

8° NOITE - 12/07 - SEXTA:
TEMA: “Descobrir, em Jesus Cristo, a própria e sublime vocação”. PREGADOR: Pe. Everson Fontes Fonseca.
RESPONSÁVEIS: Setor Jardins, Povoado, Malhada Velha, pastoral familiar, pastoral da criança, Catequese da Iniciação Cristã: Batismo, Crisma e 1ª Eucaristia.

9° NOITE - 13/07 - SÁBADO:
TEMA: “Batismo, fonte de todas as vocações”. PREGADOR: Dom Giovanni Crippa (Bispo de Estância)
RESPONSÁVEIS: Movimento Serra, Terços: dos Homens e das Mulheres, Ministérios de Música e Liturgia.

Dia Festivo
14/07 – DOMINGO:
06h: Alvorada festiva
06h30: Oficio da Virgem do Carmo
10h: Missa solene presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom João José Costa. 15h30: Missa presidida pelo Pe. Paulo Moura.
16h30 - Procissão e bênção do Santíssimo Sacramento.

Por Professor José Costa – com informações da Paróquia Nossa Senhora do Carmo

Exercício físico excessivo prejudica órgãos como coração e fígado


Além do tecido musculoesquelético, coração, fígado e sistema nervoso são afetados pelo sobretreinamento, mostram estudos feitos na USP de Ribeirão Preto. Ação sistêmica de citocinas pró-inflamatórias explica apenas parte do fenômeno.

Treinamento excessivo

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, demonstraram que as consequências do excesso de treinamento - exercícios físicos em excesso - para o organismo vão muito além da queda no rendimento esportivo, havendo efeitos prejudiciais no tecido musculoesquelético, coração, fígado e sistema nervoso central.

Atletas costumam apresentar queda no rendimento quando submetidos a um treinamento muito intenso, sem período adequado de recuperação. O quadro é conhecido como síndrome do sobretreinamento e pode incluir sintomas como perda de apetite e de peso, insônia, irritabilidade, queda na imunidade e depressão.

A explicação mais aceita para o fenômeno é conhecida como teoria das citocinas, formulada há mais de duas décadas. O raciocínio é que lesões no tecido musculoesquelético causadas pelo exercício excessivo induziriam a liberação na corrente sanguínea de substâncias pró-inflamatórias (proteínas produzidas por células de defesa e conhecidas como citocinas), que desencadeariam os efeitos sistêmicos.

Mas os resultados obtidos pela equipe brasileira em experimentos com camundongos contrariam a hipótese de que as citocinas pró-inflamatórias seriam o único fator responsável pela queda na performance, que, nos animais, se manteve prejudicada mesmo depois que o nível dessas substâncias no sangue se normalizou.

"Essas informações devem servir de alerta para quem treina de forma excessiva. Os atletas de elite, muitas vezes, não têm opção devido à pressão de treinadores, patrocinadores e competições. Mas é fundamental que seja ao menos respeitado o tempo mínimo de recuperação," explicou o professor Adelino Sanchez Ramos da Silva.

Além das citocinas

Diferentes protocolos de sobretreinamento - corrida no plano, na subida e na descida - foram testados com o objetivo de entender a ação das citocinas pró-inflamatórias induzidas pelo exercício físico excessivo em diferentes tecidos. Todos induziram um aumento no nível de três citocinas pró-inflamatórias no soro sanguíneo: interleucina-1-beta (IL-1β), interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). O aumento das moléculas pró-inflamatórias também foi observado no tecido musculoesquelético, com efeitos variados nos três protocolos.

Os animais submetidos ao sobretreinamento na descida foram os mais prejudicados, apresentando sinais de atrofia e de estresse de retículo endoplasmático, uma organela celular que, entre outras funções, faz com que as proteínas assumam sua forma funcional. "De forma simplificada, isso significa que as células da região passaram a ter proteínas malformadas em seu interior, o que pode comprometer seu funcionamento", disse Silva.

Após duas semanas de repouso, o nível das citocinas pró-inflamatórias no soro e no tecido musculoesquelético retornou ao nível basal e houve um aumento no conteúdo de moléculas anti-inflamatórias. "No entanto, a performance dos animais na corrida permaneceu prejudicada, sugerindo haver outros mecanismos envolvidos nesse processo", disse.

E havia: Todos os protocolos de sobretreinamento provocaram prejuízo na via de sinalização da insulina no tecido musculoesquelético, ou seja, as células musculares ficaram com mais dificuldade de captar a glicose circulante no sangue. No entanto, os camundongos não apresentaram alteração negativa no teste de tolerância à glicose, que avalia se o açúcar está sendo metabolizado adequadamente pelo organismo.

"Suspeitamos que algum outro tecido estivesse atuando de forma compensatória para manter o equilíbrio. E as análises mostraram uma melhora na via de sinalização da insulina no fígado e um aumento no estoque de glicogênio hepático dos animais submetidos aos protocolos de sobretreinamento na descida e na subida. Por outro lado, como adaptação negativa, observamos acúmulo de gordura e sinais de inflamação no tecido hepático," disse Silva.

Coração e fígado

Os resultados sugerem ainda que o coração também atua de modo a compensar o prejuízo na captação de glicose pelas células musculoesqueléticas, pois foi observado acúmulo de glicogênio no tecido cardíaco em resposta a todos os tipos de sobretreinamento. Surpreendentemente, os três protocolos induziram sinais de fibrose no ventrículo esquerdo. Apenas os animais submetidos ao exercício excessivo na descida apresentaram sinais moleculares de hipertrofia patológica.

"Nos estudos realizados até o momento, não mensuramos os parâmetros funcionais do coração. Estamos agora reproduzindo os experimentos e faremos um ecocardiograma ao final do período de treinamento para avaliar se houve prejuízo funcional do ventrículo esquerdo," disse o professor, acrescentando que será preciso verificar se o descanso pode reverter as alterações moleculares observadas no coração e no fígado.

De modo geral, os prejuízos foram maiores para os animais submetidos ao protocolo de sobretreinamento na descida. De acordo com Silva, isso está relacionado com a predominância de contrações excêntricas (quando o músculo alonga enquanto está sob tensão devido a uma força externa maior que a gerada pelo músculo) durante esse tipo de atividade.

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=exercicio-fisico-excessivo-prejudica-orgaos-como-coracao-figado&id=13511&nl=nlds - Com informações da Agência Fapesp - Imagem: Adelino Sanchez Ramos da Silva

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Descoberta peculiar: pança é mais sexy do que tanquinho


De acordo com um estudo encomendado pela franquia de academias americana Planet Fitness, o “corpinho de pai de família” não só é cada vez mais aceito, como é considerado até mais sexy do que um tanquinho para algumas pessoas.

Antes que você questione a “origem” deste estudo: a companhia pagou por uma pesquisa online conduzida pela Kelton Global que envolveu 2.217 americanos representativos do cenário nacional com 18 anos ou mais, com uma margem de erro de 2,1%.

E por que uma academia defenderia a famosa “pancinha de chope”? Porque o mundo está mudando e julgar as pessoas por sua aparência não é mais legal.

“Corpo de pai”
A Planet Fitness encomenda esta pesquisa há três anos.

De acordo com os resultados postados no website da empresa, mais homens com “corpo de pai” (isso seria uma pessoa que não é malhada, mas também não muito acima do peso) estão contentes com sua forma física este ano em comparação ao ano passado (79% versus 64%).

O que é mais importante é que os homens também responderam que ter esse tipo de corpo melhorou sua vida de alguma forma (72% versus 62%, em comparação com o ano passado) e que os deixou mais tranquilos (46% versus 37%).

Resultados
Entre os resultados mais interessantes, no entanto, estão aqueles sobre a “impressão” que a pança passa.

De acordo com a Planet Fitness, quase quatro a cada cinco homens e mulheres (78%) responderam que o “corpo de pai” era um sinal de um homem confiante em sua própria pele.

Mais surpreendentemente, talvez, 65% dos participantes disseram que o “corpo de pai” é atraente, 61% disseram que é sexy e 51% disseram que a pança é o novo tanquinho.

“Como sede da Zona Sem Julgamento, temos orgulho de oferecer um ambiente confortável para todos os nossos membros, independentemente do seu tipo de corpo”, disse Jamie Medeiros, vice-presidente de marketing da Planet Fitness ao Big Think. “A Planet Fitness está desafiando a todos, e não apenas aos pais, a ficarem confortáveis ​​em sua própria pele e aceitarem os outros por quem eles são”.

Saúde
Eu não participei da pesquisa, mas confirmo os resultados (se é que posso fazer isso): corpo de pai é ok, e em alguns casos é mais do que ok (se é que me entendem).

Vale lembrar, no entanto, que nem tudo é sobre aparência: o fator saúde precisa ser levado em conta.

Muitos estudos já mostraram que o formato do corpo, especificamente a quantidade de gordura na região da cintura, é um forte indicador do risco de mortalidade. Por exemplo, um estudo apontou que altos níveis de gordura na barriga, que é a gordura visceral, localizada entre os órgãos na cavidade abdominal, aumenta o risco de osteoporose.

Então, aceite-se e seja lindo como você é, mas lembre-se de consultar um médico e ter certeza de que tudo anda bem por debaixo de qualquer gordurinha que você tenha.


quinta-feira, 27 de junho de 2019

Saiba quantos centímetros de barriga você ganha ao dormir mal


A falta de sono já foi ligada ao ganho de peso. Mas esse estudo definiu o tamanho do impacto e reforçou como o descanso, por si só, é vital para emagrecer

Se você quiser atrair problemas, basta passar algumas noites sem dormir. E pode somar à lista de malefícios o ganho de peso e o possível desenvolvimento de doenças metabólicas que podem ser desencadeadas pelo excesso de peso, como o diabetes, por exemplo. Pesquisadores da Universidade de Leeds, no Reino Unido, sugerem que dormir pouco contribui para o aumento da circunferência abdominal – e o pouco não é tão pouco assim: seis horas, duas a menos do que a média recomendada para um adulto saudável. Alguém se identifica?

O estudo monitorou os hábitos de sono e a quantidade de comida ingerida por 1 615 adultos saudáveis. Além disso, os pesquisadores ficaram de olho em outros indicadores metabólicos, como colesterol, pressão, glicemia, funcionamento da tireoide e a circunferência abdominal de cada um deles.

Ao final do estudo, os voluntários que dormiram seis horas ou menos apresentaram 3 centímetros a mais na cintura do que aqueles que dormiram por nove horas. Pouco tempo de sono também foi relacionado a níveis reduzidos de HDL (colesterol bom).

Os cientistas ficaram surpresos por não haver correlações entre o período reduzido de descanso a uma dieta pouco saudável, fato que já havia sido comprovado anteriormente. Veja: outras pesquisas mostraram que dormir pouco nos induzia a fazer más escolhas alimentares, preferindo comidas com baixos valores nutricionais a alimentos mais complexos. No entanto, o estudo em questão sugere que a privação de sono é, isoladamente, uma vilã da boa forma física.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/saiba-quantos-centimetros-de-barriga-voce-ganha-ao-dormir-mal/ - Por Pâmela Carbonari (da Superinteressante) - Foto: Alex Silva / Ilustração: Eder Redder/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Para emagrecer, durma bem!


O sono tem um papel fundamental na perda de peso. Ele influencia nos comportamentos alimentares e na forma como o corpo processa a comida

Sabe aquela noite maldormida, que você vira de um lado para o outro sem conseguir embalar o sono? Pois ela repercute no seu dia, nas suas escolhas e, claro, na sua alimentação. Há algumas semanas, quando estava chegando na USP para trabalhar, uma funcionária me perguntou assim que me encontrou: “Professor, tenho dormido mal e sinto que estou comendo mal também. O meu sono muda minha digestão?”

A pergunta dela tem razão de ser. Os estudos mostram que, quando dormimos pouco, tendemos a ser mais generosos conosco no dia seguinte. Nós fazemos escolhas que propiciam um prazer imediato. Ou seja, corremos um risco extra de optarmos por alimentos especialmente saborosos, em geral mais calóricos e gordurosos.

Um simples aroma de comida gostosa pode ser o suficiente para um insone perder o controle e enfiar o pé na jaca. Veja: ao longo da vida, estabelecemos uma relação dos sabores dos alimentos com a sensação de bem-estar que sentimos após ingeri-los. Essas respostas prazerosas ficam gravadas em uma região do cérebro chamada sistema límbico e são correlacionados com os aromas de cada comida.

Portanto, quando sentimos aquele cheiro, logo o associamos com o sabor do alimento. E resistir a tamanha tentação quando seu corpo cansado pede por energia é complicado.

Além disso, temos a necessidade de uma recompensa emocional que o alimento nos entrega. Com isso, escolhemos pratos mais gordurosos, que estimulam especialmente a produção de neurotransmissores associados à sensação de bem-estar. Comidas mais doces, que entregam o prazer imediato no paladar, também ganham prioridade nessas horas de esgotamento físico e mental.

Como se não fosse o suficiente, a falta de sono aumenta a concentração de grelina no organismo. Esse hormônio, secretado pelo estômago e intestino normalmente quando estão vazios, estimula a fome.

Juntando tudo isso, a consequência de uma noite em claro no cardápio do dia seguinte é: nós comeremos mais, optaremos por alimentos com mais gordura e, no fim das contas, teremos uma probabilidade maior de engordar.

Assim, toda vez que você dormir mal, redobre a atenção para as suas escolhas alimentares. Lembre-se de que, nesses dias, você será mais permissivo e glutão do que a sua versão descansada.

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/o-fim-das-dietas/para-emagrecer-durma-bem/ - Por Antonio Lancha Jr. - Foto: Dercilio / Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital