quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Dorme muito e ainda acorda cansada? A causa pode ser um distúrbio do sono


Se você sente que todos os passos de higiene do sono não fazem efeito para você, vale prestar atenção

São muitos os fatores envolvidos para termos uma boa noite de sono. Primeiro, precisamos prestar atenção nos nosso dia-a-dia: você anda muito estressada e ansiosa? Não tem uma rotina muito definida? Talvez seja a hora de adotar alguns hábitos antes de deitar. Como desligar a TV e ficar longe de celular e dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir. Ou então apagar a maioria das luzes da sua casa a partir de um certo horário.

Mas se mesmo fazendo tudo isso e dormindo mais do que 8 horas por noite, você ainda acorda cansada, é hora de procurar um profissional. “O exame padrão feito para avaliar o sono é chamado de polissonografia. Ele traz dados sobre o sistema nervoso central, padrões respiratórios e movimentos”, explica a médica e terapeuta cogntiva  Mariela Silveira, diretora do Centro de Saúde e Bem-Estar Kurotel.

É nesse exame, inclusive, que certos distúrbios podem ser identificados e finalmente tratados. “Medidas cognitivas e comportamentais, mudanças de estilo de vida como exercício físico, equilíbrio da alimentação, controle da ingestão de álcool e do tabagismo são extremamente importantes”, afirma a médica.

Se você faz de tudo para ter uma noite de Bela Adormecida e ainda assim sente que nada faz efeito, vale prestar atenção em alguns sintomas de distúrbios do sono que a médica elenca abaixo. E sim, se você identificar que possui qualquer um deles, vale sempre a pena procurar um profissional de saúde, ok? 

Hipersonia:
Mesmo dormindo de 8 a 10 horas por noite, a pessoa que apresenta hipersonia ainda sente uma sonolência muito grande o dia todo. Se identificou, não é? Mas calma, não é tão simples assim. A condição é bem rara e ataca menos de 5% de indivíduos com mais de 18 anos no mundo tudo. “Muitas vezes, ela está relacionada com alterações do sistema nervoso central”, diz a médica.

Apneia do sono:
Ela começa com um ronco inocente, mas pode evoluir para uma pequena parada respiratória durante o sono. “Às vezes é percebida por um cansaço excessivo durante o dia. E é mais comum em pessoas com sobrepeso, obesidade ou mais velhas”, afirma Mariela. O tratamento adequado aumenta bastante a expectativa de vida de quem sofre de apneia.

Sonambulismo:
Neste caso, a pessoa faz movimentos, fala e até caminha dormindo, sem ter memória das atividades realizadas. Pode até ser um pouco assustador, mas também é totalmente comum. “Pode não significar nenhuma doença ou condição. Porém, merece investigação, cuidado e proteção.”

Pernas inquietas:
Essa tem tudo a ver com quem não consegue ficar quieta nem dormindo. “É uma situação onde a pessoa sente necessidade incontrolável de movimentar os membros (normalmente as pernas, mas pode ocorrer nos braços também) quando está deitada”, explica a médica. Os motivos não são completamente conhecidos e podem estar relacionados com questões emocionais e nutricionais – como o metabolismo do ferro pelo organismo. Os tratamentos mais indicados são medicamentos, suplementos e terapia.

Narcolepsia:
Situação grave onde você sente uma sonolência incontrolável, como ataques de sono durante o dia, podendo ter até alucinações. Esses casos necessitam de um tratamento e uma atenção mais intensas.

Paralisia do sono:
Você já teve aquela sensação desesperadora de ter acordado no meio da noite, mas seu corpo continuou dormindo? Se sim, você teve a chamada paralisia do sono. “É a incapacidade de falar ou se movimentar durante alguns segundos ou minutos, tanto na hora em que você está quase adormecendo ou despertando”, diz Mariela. É como se seu cérebro acordasse de um estágio profundo de sono, mas o organismo fica paralisado. Pode até ser aterrorizante, mas não traz nenhum malefício à saúde, viu?

Bruxismo:
Quem diria que um simples movimento do maxilar pudesse tirar o sono de muita gente? Pois é o que o bruxismo faz. “São deslocações involuntárias de ranger, apertar ou bater os dentes durante o sono ou em vigília”, explica o dentista Alexandre César, especializado em Implantodontia e Dentística Restauradora.

Como a musculatura do rosto contrai durante muito tempo, ela acaba ficando com fadiga. E isso pode reverberar no corpo todo, uma vez que os músculos da cabeça são diretamente ligados com os da face. E aí, já viu: mais dor, mais noites mal dormidas, mais cansaço.

A raiva excessiva, o estresse, a tensão e ansiedade estão entre as principais causas do bruxismo, que pode ser resolvido com o uso de um aparelho de silicone ou acrílico para evitar o atrito. “E é recomendado evitar o consumo de cafeína, álcool e drogas alucinógenas, além de prestar bastante atenção no uso de medicamentos com efeito antidepressivo”, complementa Alexandre César.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Por que 2,2 bilhões de pessoas não enxergam direito no mundo, segundo OMS


Desigualdade, hábitos modernos e envelhecimento da população são destaques no primeiro relatório da Organização Mundial da Saúde sobre a visão

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou seu primeiro relatório sobre a visão da população global. A entidade estima que ao menos 2,2 bilhões de pessoas têm algum déficit nesse departamento. E quase metade — 1 bilhão de casos — são evitáveis ou passíveis de correção.

Moradores de áreas rurais, famílias de baixa renda, mulheres, minorias étnicas e populações indígenas são os mais atingidos pela dificuldade de acesso a tratamentos. No total, 65 milhões de indivíduos estão cegos ou enxergam muito mal por causa da catarata, que é operável, e 800 milhões sequer conseguem adquirir óculos.

“Isso é inaceitável. A inclusão de atendimento oftalmológico é uma parte importante da jornada de todos os países em direção à cobertura universal de saúde”, afirmou, em comunicado à imprensa, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Mas não é só a condição socioeconômica precária que ameaça a vista.

A miopia está crescendo
Mudanças no estilo de vida são apontadas como causadoras de problemas como a miopia, que embaça objetos enxergados à distância. A OMS estima que o número de casos saltará dos 1,95 bilhão atuais para 3,36 bilhões em 2030.

Segundo a entidade, um dos responsáveis por esse cenário é a disseminação de atividades que fazem os olhos constantemente se focarem em objetos muito próximos. Mexer no computador ou no celular, ver TV, jogar videogame e até ler estão entre essas práticas. Isso porque passar horas mirando algo de perto pode alterar o mecanismo de acomodação ocular, que é o ajuste de foco para perto ou longe.

Fora que o uso desse tipo de dispositivo eletrônico está associado a uma vida mais restrita a ambientes fechados. E a luz solar ajuda o corpo a produzir substâncias que impedem o crescimento axial do globo ocular — uma alteração que leva à miopia.

Por isso, a OMS coloca o tempo ao ar livre como uma estratégia para manter a visão tinindo. Não estamos falando de sair por aí e encarar diretamente o sol. O relatório da organização defende a utilização de óculos escuros — até entre crianças — para evitar danos da radiação ultravioleta.

Problemas da idade
No texto, a entidade destaca o envelhecimento populacional como outro enorme fator de risco para diversas doenças oftalmológicas. Em 2030, teremos 1,4 bilhão de pessoas maiores de 60 anos no mundo — agora são 922 milhões.

Até lá, condições favorecidas pelo avançar dos anos devem disparar. O glaucoma, maior causa de cegueira irreversível do planeta, atingirá 76 milhões de indivíduos. A degeneração macular relacionada à idade, que não cega, mas atrapalha a vida, alcançará quase 196 milhões de idosos. E cerca de 2 bilhões serão afetados pela presbiopia, a popular vista cansada.

Além dos aspectos biológicos, os autores pontuam que o pessoal mais velho tende a cuidar menos dos olhos, frequentemente por pensar que a perda de visão é parte natural do envelhecimento. Só que muitas dessas encrencas podem ser tratadas, devolvendo a qualidade de vida.

Consultas regulares ao oftalmologista e bons hábitos ajudam até a impedir que algumas delas apareçam. Em uma reportagem que fizemos anteriormente, você saberá como cuidar bem dos olhos.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/por-que-22-bilhoes-de-pessoas-nao-enxergam-direito-no-mundo-segundo-oms/ - Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Augusto Zambonatto/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Você não precisa se matar na academia para ficar em forma


Treinamentos simples e menos cansativos do que os que estão na moda também deixam o corpo em ótima forma

Não é só a malhação intensa que rende resultados

O crossfit e outros treinos intervalados de alta intensidade estão bombando. Por outro lado, nem todo mundo consegue ou tem disposição para fazê-los. Mas isso não é motivo para desistir da malhação. Um estudo brasileiro publicado no periódico Journal of Exercise Physiology testou o potencial de um treinamento, digamos, convencional.

Após 12 semanas, os participantes perderam gordura e ganharam massa muscular – isso sem sacrifícios hercúleos. “Esses exercícios podem ser feitos em qualquer academia e não gastam mais de 45 a 60 minutos, três vezes por semana”, assegura o educador físico Antonio Martins, autor do trabalho e membro do Laboratório de Fisiologia Translacional da Universidade São Judas, em São Paulo. Fora que são ideais para iniciantes.

Os detalhes do treino

– 15 homens e mulheres participaram do experimento.

– Foram 9 exercícios, um para cada grupo muscular.

– Cada exercício tinha 3 séries. E cada uma possuía oito repetições e um descanso de 40 segundos entre elas.

– 3 sessões por semana e elas não duravam mais do que uma hora.

A hora de evoluir
O momento de mudar o treino varia de pessoa pra pessoa. Ele depende inclusive de experiências anteriores, força de vontade, alimentação equilibrada e boas noites de sono.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/voce-nao-precisa-se-matar-na-academia-para-ficar-em-forma/ - Por Thiago Nepomuceno - Foto: Alex Silva/A2 Estúdio

domingo, 20 de outubro de 2019

Dá para evitar o câncer de pâncreas?


Médico explica o que está ao nosso alcance na prevenção e no tratamento de um dos tumores mais temidos

Volta e meia vemos, na imprensa e na internet, pessoas que descobriram ter câncer de pâncreas e pouco tempo depois vieram a morrer. O ator americano Patrick Swayze, o criador da Apple Steve Jobs, o tenor Luciano Pavarotti e o ator brasileiro Raul Cortez são alguns exemplos. Apesar de não ter uma incidência alta — afeta em torno de 2% da população, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) —, a doença é bastante letal. Chega a matar 95% dos acometidos em até cinco anos.

Um dos grandes desafios é que os sintomas do problema podem ser confundidos com os de outras condições mais simples, o que tende a retardar a detecção precoce. Não raro, quando se faz o diagnóstico, o tumor já se encontra avançado e se espalha para outros locais do corpo.

O câncer de pâncreas costuma ser mais frequente em homens acima dos 50 anos. De acordo com os índices de mortalidade por câncer no Brasil, o tumor de pâncreas figura em quinto lugar em mulheres e em sétimo entre os homens.

Entre os fatores de risco passíveis de intervenção, estão o fumo e o consumo excessivo de bebida alcoólica. Sabemos que o tabagismo é capaz de aumentar em três vezes a probabilidade de ter a doença. Quanto maior o número de cigarros ou o tempo de exposição ao tabaco, maior o risco. Outros fatores que podem elevar a propensão ao tumor são diabetes, pancreatite crônica e história familiar da doença.

Esperar sinais do problema para, então, cuidar da saúde não é algo recomendável nesse caso. O mais importante aqui é manter um acompanhamento médico regular e informar ao profissional a presença dos fatores de risco. Se necessário, serão solicitados exames que investigam a doença — eles podem compreender testes laboratoriais, ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética.

Entre os sintomas mais comuns para o câncer de pâncreas estão a icterícia (quando a pele e os olhos ficam com coloração amarelada), dor abdominal, anemia e perda de peso e de apetite.

Uma vez feito o diagnóstico, o tratamento vai depender do grau da doença. Entre as opções estão cirurgia aberta ou minimamente invasiva (laparoscopia e robótica), radioterapia e quimioterapia.

Hoje muita atenção se tem dado à terapia neoadjuvante, método no qual se inicia a quimioterapia (associada ou não à radioterapia) com o intuito de diminuir o tumor para depois retirá-lo com cirurgia. Essa conduta vem obtendo bons resultados.

Outro recurso que parece transmissor é a cirurgia robótica, que tem crescido no país para essa finalidade. Nesse procedimento, a visão em 3D, a magnificação da imagem e as pinças cirúrgicas articuladas permitem movimentos similares aos do punho humano, possibilitando a realização de uma cirurgia mais precisa, com menor sangramento e menos dor ao paciente no pós-cirúrgico. O retorno às atividades do dia a dia também é mais rápido.

Recentemente, um estudo apresentado no ASCO, o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica,  mostrou que um medicamento seria capaz de reduzir significativamente a progressão do câncer de pâncreas avançado em pacientes que apresentam mutações no gene BRCA.

Foram avaliados 3 315 pacientes, dos quais 247 tinham essa alteração genética. Esse gene é hereditário e aumenta a possibilidade de se desenvolver cânceres como os de pâncreas, mama, ovário e próstata — o mesmo gene BRCA ficou mais conhecido do público quando a atriz Angelina Jolie fez uma dupla mastectomia preventiva por ter essa mutação para o câncer de mama.

Do grupo que recebeu o medicamento, 47% tiveram redução do risco de progressão da doença em comparação com o grupo de controle. O tumor também ficou controlado por mais que o dobro do tempo em comparação com os pacientes que receberam o placebo.

A mensagem que gostaria de deixar a você é: evite os fatores de risco de origem comportamental, busque um estilo de vida saudável e converse sempre com seu médico para que essa, ou qualquer outra doença, possa ser diagnosticada precocemente e tratada com eficácia.

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/da-para-evitar-o-cancer-de-pancreas/ - Por Dr. Raphael Araujo, cirurgião oncológico - Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital

sábado, 19 de outubro de 2019

O que determina se você realmente teve uma boa noite de sono


Os principais fatores que devemos observar para descobrir se o nosso descanso foi de qualidade ou não, segundo a ciência

“Dormiu bem hoje?”. De tão corriqueira na beira da cama, essa pergunta mal desperta nossa atenção. Mas já parou para pensar como, no fim das contas, é difícil responder com exatidão se uma noite de sono foi mais reparadora do que a anterior?

Caso nunca tenha refletido sobre o assunto, fique tranquilo: pesquisadores holandeses resolveram desvendar o mistério. Por duas semanas, eles registraram os relatos subjetivos sobre a qualidade do sono de 50 voluntários. Ao mesmo tempo, consolidaram os dados de um dispositivo eletrônico que, colocado no pulso das pessoas, estima a profundidade do descanso.

Divulgado no periódico Behavioral Sleep Medicine, o artigo científico que resultou dessa investigação destaca dois fatores essenciais para levarmos em conta na hora de definir se o sono foi bom ou não. São eles: o número de vezes que a pessoa acordou na madrugada e o total de minutos (ou horas) que passou de olhos abertos no meio da noite. Faz sentido, não?

E tem mais! Um relatório de janeiro deste ano, realizado pela Fundação Nacional do Sono, dos Estados Unidos, valeu-se da opinião de especialistas para apontar os principais indicativos de que um adulto está dormindo mal. São quatro:

Demorar mais de uma hora para cair no sono
Acordar (mesmo que brevemente) quatro ou mais vezes durante a noite
Passar menos de 74% do tempo deitado na cama dormindo
Ficar mais de 41 minutos acordado no meio da noite
E aí, identificou-se com algum dos itens? Quem sabe seja preciso pensar mais na qualidade do seu sono!

Fonte: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/o-que-determina-se-voce-realmente-teve-uma-boa-noite-de-sono/ - Por Giovana Feix - Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Gordura na cintura, e não IMC, indica risco de doenças cardíacas entre mulheres


Vários estudos têm indicado que a relação entre cintura e estatura indica risco cardiovascular e que a gordura abdominal interna é a mais perigosa para doenças do coração. A boa notícia é que é possível evitar a barriguinha da meia-idade.

Localização da gordura

Ao longo de anos, as mulheres têm ouvido e lido que o ganho de peso aumenta o risco de que elas venham a desenvolver doenças cardíacas.

Essa informação não estava precisa o suficiente - na verdade, pode-se até mesmo dizer que ela está, em alguma medida, incorreta.

Não é o ganho de peso que aumenta o risco de doenças cardiovasculares, é a localização da gordura que importa, afirma uma equipe internacional de cientistas em um artigo recém-publicado pela revista médica Menopause.

A gordura abdominal representa o maior fator de risco cardiovascular - e não o índice geral de massa corporal (IMC), reforçam eles.

Risco cardíaco após a menopausa

Como a doença arterial coronariana (DAC) continua sendo a principal causa de morte no mundo, há uma tremenda atenção dada aos seus fatores de risco que são modificáveis.

O estrogênio protege o sistema cardiovascular das mulheres antes da menopausa, o que ajuda a explicar por que a incidência de DAC nas mulheres na pré-menopausa é menor do que nos homens. No entanto, como os níveis de estrogênio das mulheres diminuem durante e após a menopausa, a incidência de DAC em mulheres na pós-menopausa ultrapassa os homens com idades semelhantes.

A obesidade é conhecida há muito tempo como fator de risco para a DAC (doença arterial coronariana) porque ela causa disfunção das células endoteliais, resistência à insulina e aterosclerose coronariana, entre outros problemas. E a obesidade também é frequentemente acompanhada por outros fatores de risco cardiovascular, como hipertensão e diabetes.

Médicos e cientistas têm anunciado há anos que a obesidade geral - geralmente definida pelo IMC - é um fator de risco primário. Mas poucos estudos tentaram comparar o efeito da obesidade geral versus a obesidade central, que é normalmente descrita pela circunferência da cintura ou pela razão entre cintura e quadril.

Obesidade na cintura

Os resultados deste novo estudo, com quase 700 mulheres, no entanto, demonstraram que a presença de DAC obstrutiva foi significativamente maior entre as mulheres com obesidade central - concentrada na cintura.

Nenhuma diferença significativa foi identificada com base no IMC, indicando que a obesidade geral não era um fator de risco para DAC obstrutiva. Esses resultados são especialmente relevantes para mulheres na pós-menopausa porque a menopausa causa uma alteração na distribuição de gordura corporal, especialmente na área abdominal.

"Os resultados deste estudo são consistentes com o que sabemos sobre os efeitos prejudiciais da obesidade central. Nem toda gordura é igual e a obesidade central é particularmente perigosa porque está associada com o risco de doenças cardíacas, a principal causa de morte de mulheres. Identificar mulheres com excesso de gordura abdominal, mesmo com um IMC normal, é importante para que as intervenções no estilo de vida possam ser implementadas," comentou a Dra. Stephanie Faubion, da Sociedade Norte-Americana de Menopausa, que publicou o artigo relatando a pesquisa.

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=gordura-cintura-indica-risco-doencas-cardiacas&id=13660%22 - Redação do Diário da Saúde - Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O novo guia de recomendações para prevenir doenças do coração


Entre as novidades, a Sociedade Brasileira de Cardiologia destaca a importância da espiritualidade e do meio ambiente na prevenção de doenças cardíacas

Acaba de ser lançada a versão atualizada da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O documento traz orientações voltadas especialmente aos profissionais para evitar doenças cardiovasculares. Segundo a entidade, elas serão a principal causa de morte no país em 20199.

A principal mensagem do documento é a de que manter um estilo de vida saudável é decisivo para conter a epidemia de panes cardíacas. Nas páginas, os autores ensinam aos médicos estratégias para abordar de maneira efetiva com seus pacientes tópicos como dieta, atividade física, tabagismo e obesidade.

Um dos novos aspectos abordados pela SBC é a espiritualidade como fator protetor do músculo cardíaco. “Segundo os estudos, pessoas com algum tipo de fé são mais resilientes e vivem melhor”, aponta Dalton Précoma, diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia e um dos autores do documento.

“Esse grupo também costuma aderir ao tratamento e seguir as orientações médicas, o que ajuda a controlar doenças cardiovasculares”, completa Précoma.

Fatores ambientais
Outro destaque do documento é o papel da poluição ambiental e da falta de planejamento urbano na saúde do coração. Altos níveis de ruído, violência, falta de saneamento básico e poluição atmosférica favoreceriam o aparecimento de doenças crônicas e infecciosas, ligadas às panes cardíacas.

A SBC, aliás, demonstrou uma preocupação especial com a sujeira do ar. Os poluentes aumentam o estresse oxidativo nas células e as inflamações pelo corpo — o que contribui para o entupimento das artérias.

Vacinação
No mais, a diretriz reforça o consenso de que as vacinas, em especial a da gripe, ajudam a reduzir o risco de infarto em idosos e cardiopatas. Outro imunizante citado é o contra a bactéria pneumococo — que provoca pneumonia, entre outras coisas — para os portadores de doenças cardíacas.

Já a da febre amarela deve ser usada com cuidado entre os idosos com algum problema no coração. “Ela é feita com o vírus vivo atenuado. Por isso, pode oferecer riscos a pessoas com idade avançada”, destaca Précoma.

Sua aplicação só é recomendada quando o indivíduo estiver firme e forte. E se o número de casos na região estiver subindo.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/o-novo-guia-de-recomendacoes-para-prevenir-doencas-do-coracao/ - Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Studio Nebulosa/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Orgulho de ser professor


     Convicto da importância do professor na educação de crianças e jovens, não apenas em 15 de outubro, mas em todos os dias do ano, gostaria de relatar em poucas palavras a minha trajetória como professor de educação física e a missão incansável de educar.

     Em 1976, quando estudava a 8ª série e praticava basquete no Colégio Estadual Murilo Braga, resolvi que iria fazer o vestibular para Educação Física e ser professor.

     Em janeiro de 1980, fiz o vestibular e fui aprovado. Era o início da concretização do sonho de ser professor. No mês de abril do mesmo ano, tive a oportunidade de ingressar no serviço público e, assim, dar aulas de educação física e basquete no Colégio Estadual Murilo Braga. No início da carreira, passei 5 anos estudando na UFS e ao mesmo tempo ensinando.

     Em 1988, insatisfeito com apenas um emprego, resolvi procurar o ex-colega da universidade e vice-diretor do Colégio Graccho, Abelardo Neto. Solicitei a ele um emprego como professor, e fui prontamente atendido. Ensinei basquete e no último ano de trabalho na escola lecionei aulas de educação física aos alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Dediquei 22 anos de minha vida aos alunos e à instituição, a qual sou eternamente grato pela acolhida.

     Em 1989, recebi o convite para ensinar basquete no Colégio Salesiano pelo coordenador Pedagógico Jairton Guimarães (Cobrinha), que já conhecia o meu trabalho através do CEMB e do Graccho. Também lecionei educação física do 5º ano do Ensino Fundamental a 3ª série do Ensino Médio. Trabalhei 21 anos e aprendi muito como educador através do sistema preventivo de Dom Bosco.

     Tenho orgulho de ter trabalhado em dois dos melhores colégios do Estado, Graccho e Salesiano. Em ambos, pedi para ser demitido por motivos pessoais e fica aqui o meu agradecimento pelo respeito ao meu trabalho por mais de duas décadas.

     Em 1993, a Irmã Auxiliadora me fez o convite para lecionar no Colégio Dom Bosco, inicialmente o basquete e depois o voleibol. Atualmente, ensino educação física aos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

     Em 2009, senti a necessidade de criar um blog para divulgar meu trabalho nas escolas relacionado à educação física e ao esporte, envolvendo com meus alunos e ex-alunos. Posteriormente, comecei também a publicar conteúdos pesquisados na internet sobre educação, esporte, saúde, cultura e cidadania. O blog já está com 6 milhões de acessos, uma demonstração de dedicação, compromisso e responsabilidade para com minha carreira de professor e com as pessoas que confiam em mim.

     Tenho orgulho de ter sido campeão por todas as escolas que trabalhei nas diversas competições escolares de voleibol, handebol, futsal e, principalmente, do basquete.

      Em 28 de fevereiro de 2017, foi publicada a portaria no Diário Oficial da minha aposentadoria após 37 anos de trabalho no funcionalismo público estadual como professor de educação física do Colégio Estadual Murilo Braga. Obrigado aos alunos, professores, diretores e funcionários que fizeram parte da minha vida profissional neste período.

     Em janeiro de 2018, o diretor do Colégio O Saber, Everton Oliveira, ex-aluno do basquete do CEMB, convidou-me para dar aulas de educação física aos alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio.

     Em 02 de março de 2018, adquiri a concessão do INSS da minha aposentadoria após ter trabalhado como Professor de Educação Física por 30 anos nos Colégios Graccho Cardoso, Salesiano, Dom Bosco e O Saber. Obrigado aos alunos, professores, diretores e funcionários dos colégios onde trabalhei e que fizeram parte da minha vida profissional neste período.

     Que Deus, na sua infinita bondade, dê-me muita saúde e disposição para continuar trabalhando e contribuindo na formação integral dos alunos, como faço há mais de 39 anos e continuo lecionando nos Colégios Dom Bosco e O Saber. Trabalho esse realizado com respeito, dedicação e compromisso aos alunos e às instituições de ensino, sempre com Orgulho de ser Professor.

Foto criada no site Você na capa da Revista NOVA ESCOLA


Por Professor José Costa

domingo, 13 de outubro de 2019

6 distúrbios que podem afetar seu sono – e como lidar com eles


Quanto mais os benefícios do sono são aclamados pela ciência, mais devemos prestar atenção à qualidade dele

Entre análises feitas em 2007 e 2017, foi possível verificar um aumento – de 38% para impactantes 69% – na fatia da população brasileira que sofre com a apneia do sono. Os levantamentos foram realizados pelo Instituto do Sono, de São Paulo – que também comprovou que são muitas as pessoas que atualmente sofrem com a insônia.

Quanto mais os benefícios do sono são comprovados (e aclamados!) pela ciência, mais precisamos dar atenção aos distúrbios que impedem ou dificultam o ato de dormir. Os dois males mencionados acima, aliás, são só alguns exemplos dentre os tantos que podem prejudicar nosso descanso. Entenda, logo abaixo, como funcionam e quais são os principais tratamentos para alguns deles.

Apneia do sono
Definição
Trata-se da obstrução total ou parcial do fluxo de ar na garganta enquanto se dorme, o que não deixa o sono ser reparador.
Sintomas
A pessoa sente cansaço e sonolência de dia. Quem dorme ao lado é acordado frequentemente pelos roncos.
Causas
O principal fator é a obesidade. O excesso de peso faz a língua ficar maior e mais pesada – daí ela cai em direção à faringe e fecha a passagem.
Riscos
Vários estudos comprovam a relação da apneia com a maior propensão a problemas cardiovasculares e neurológicos.
Diagnóstico
Feito pela polissonografia. É preciso ficar a noite no laboratório com equipamentos que medem diversos parâmetros.
Tratamento
O CPAP, um aparelho que joga uma corrente de ar pela boca, é o principal. Mas há casos que pedem de aparelhos bucais a cirurgias.

Insônia
Definição
É a dificuldade de pegar no sono ou permanecer desligado. Há aqueles que despertam antes da hora.
Sintomas
Cansaço extremo, falta de foco, irritabilidade, lentidão e dor de cabeça e no corpo por vários dias seguidos.
Causas
São as mais diversas possíveis. A condição pode estar relacionada a maus hábitos no período noturno ou transtornos de ansiedade.
Riscos
A baixa concentração causa acidentes no trabalho e nas vias públicas. A insônia ainda levaria a doenças respiratórias e cardíacas.
Diagnóstico
O médico flagra essa encrenca na consulta, por meio de um questionário simples. Em alguns casos, é preciso recorrer à polissonografia.
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental vai ajudar o indivíduo a reorganizar seus hábitos. Remédios também podem ser prescritos.

Outros transtornos que abalam o sono

Narcolepsia
Está por trás de uma sonolência incontrolável. Quem tem a condição perde a força num segundo e simplesmente apaga.

Bruxismo
É o aperto involuntário dos dentes. Geralmente se acorda com dor na mandíbula. Além disso, a dentição fica bem desgastada.

Sonambulismo
Falas desconexas e movimentos são realizados sem consciência. Comum na infância, tende a desaparecer com o tempo.

Pernas inquietas
Necessidade irresistível de movimentar os membros inferiores para aliviar uma sensação desagradável que não deixa dormir de jeito nenhum.

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/6-disturbios-que-podem-afetar-seu-sono-e-como-lidar-com-eles/ - Por André Biernath - Ilustração: Pedro Piccinini/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Como proteger seu animal das doenças causadas por parasitas


Nunca foi tão importante proteger os bichos de estimação de pulgas, ácaros, carrapatos, mosquitos e vermes — e das doenças que eles espalham

Apesar de todos os avanços nos cuidados com os pets e na medicina veterinária, uma corja de inimigos — nem sempre vistos a olho nu — continua azucrinando a saúde dos bichos e levando muitos deles aos consultórios Brasil afora. Falamos de uma quadrilha de parasitas que abrange de pulgas e carrapatos a vermes e outros seres microscópicos. Basta um passeio pelo parque para voltar com um desses ingratos hóspedes.

Pulgas por trás de coceiras e lesões na pele… Verminoses que comprometem o aproveitamento de nutrientes e a qualidade de vida. E, se não bastasse, tem até os vilões alados, os mosquitos, que, principalmente no verão, picam e espalham doenças. Uma das mais ameaçadoras é a leishmaniose, que, até pouco tempo atrás, diante da inexistência de um tratamento e da crença de que era transmitida dos cães para os humanos, fez com que milhares de cachorros fossem sacrificados.

Outros males disseminados por parasitas merecem vigilância. Caso da esporotricose, causada por um fungo que vive em cascas de madeira e epidêmica no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro e nas regiões Norte e Nordeste. As cidades litorâneas e úmidas concentram também mosquitos que, além da leishmaniose, podem transmitir a dirofilariose, outra moléstia de difícil controle.

O quadro geral é realmente sério, mas não há motivo para pânico. A boa notícia é que dá para prevenir e até tratar as encrencas alastradas pelos parasitas. E é isso que você vai aprender a seguir.

Esporotricose, a doença causada por um fungo da pesada
Atenção, donos de felinos que vivem em áreas tropicais, como o Rio de Janeiro: os gatos são as principais vítimas de um fungo fatal. O Sporothrix brasiliensis, principal causador da esporotricose no país e encontrado em abundância em troncos de árvores e no solo, costuma atacar especialmente os gatos que gostam de dar passeios ao ar livre. E, ao serem infectados durante escapadas de casa, eles mesmos se tornam vetores dessa zoonose para seus tutores.

O principal sintoma são feridas na pele do bicho, principalmente no focinho, que podem apresentar uma secreção purulenta, além de queda de pelos, falta de apetite e vômitos.

“É uma micose profunda, que atinge o tecido abaixo da pele e pode migrar para vasos linfáticos e outros órgãos”, detalha a veterinária Juliana Trigo, analista técnica da Ourofino, fabricante de medicamentos veterinários.

A proliferação da esporotricose por aqui tornou o Brasil líder em números de casos no mundo. A constatação é do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, ligado à Fiocruz, que diagnosticou cerca de 5 mil felinos com a doença nos últimos 20 anos.

“É o maior registro de casos clínicos em animais publicado em periódicos científicos até o momento”, conta o veterinário Sandro Pereira, chefe do laboratório de pesquisa clínica em dermatozoonoses em animais domésticos da instituição.

A enfermidade não possui notificação obrigatória em todos os estados do Brasil — por isso não se sabe a prevalência nacional. No Rio, porém, os estudos apontam que a micose se tornou um problema de saúde pública, devido ao aumento dos casos em humanos — de acordo com uma pesquisa recente, 95% dos episódios da zoonose ocorreram nos 11 municípios da região metropolitana do estado. “No Nordeste também tem crescido o número de diagnósticos”, alerta Pereira.

A esporotricose afeta diversos animais, incluindo cães, cavalos, porcos e até espécies silvestres. Não se sabe por que os gatos são os mais atingidos — estima-se uma proporção de um cão para 25 felinos. Provavelmente, explica Pereira, seu sistema imunológico seja ineficiente diante do comportamento virulento do fungo.

Para protegê-los, os veterinários recomendam a castração precoce, uma vez que a medida reduz o ímpeto do animal de sair dando voltas por aí.

O tratamento

A esporotricose tem cura quando diagnosticada precocemente. O tratamento com antifúngicos, como o itraconazol (acompanhado ou não por iodeto de potássio) é longo: pode se estender por quatro a seis meses. No período, o tutor deve tomar cuidado para não ser contaminado ao sofrer arranhões e realizar a higienização da cama e dos utensílios usados pelo pet.

Nos casos de evolução da moléstia em que não há mais chances de cura, recomenda-se a eutanásia e a cremação dos corpos.

Pulgas, ácaros e carrapatos, os arqui-inimigos da pele
Sua presença não costuma ser difícil de notar. Por se tratar de parasitas externos e visíveis, pulgas e carrapatos tendem a ser percebidos mais cedo pelos tutores. E mesmo os ácaros, embora microscópicos, produzem reações claras na pele. O fato de serem mais identificáveis, no entanto, não os torna menos problemáticos.

Além de causarem uma série de chateações por si mesmos, pulgas, ácaros e carrapatos também podem ser vetores de outros parasitas. As pulgas tomam conta do corpo do animal tanto a partir do ambiente quanto pelo contato com outros bichos infestados.

Praga comum no dia a dia e nas clínicas veterinárias, provocam coceira, irritação e manifestações alérgicas na pele. Em caso de infestações severas, chegam até a provocar anemia, pois o inseto se alimenta do sangue dos hospedeiros. A pulga ainda pode carregar um verme perigoso, o Dipylidium caninum, causador da dipilidiose, uma doença intestinal.

Os carrapatos também se esmeram em encontrar abrigo e comida na parte externa do organismo. Estão distribuídos em mais de 870 espécies e são temidos pelos prejuízos que causam à pecuária. O tipo mais comum em animais de companhia brasileiros é o carrapato marrom, o Rhipicephalus sanguineus. Embora seja mais frequente em cães, ele também persegue gatos.

A exemplo das pulgas, carrapatos podem levar à anemia, não só por se alimentar de sangue mas por transmitirem um protozoário que ataca glóbulos vermelhos e brancos, causando uma doença conhecida como babesiose.

“É importante lembrar que só 5% das larvas estão no corpo do hospedeiro. O restante está no ambiente ao redor”, observa o veterinário Gervásio Bechara, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Muita gente, ao tratar seu animal, acaba fazendo uma prevenção errada: esquece os 95% que estão na casinha, na grama, no cimentado”, alerta. Por isso, precisamos estar atentos aos ninhos do bichinho, que pode se abrigar nas paredes e em locais mais altos, próximos ao teto.

Ácaros, assim como os carrapatos, são aracnídeos, só que invisíveis a olho nu. Sua presença está relacionada aos diferentes tipos de sarna, como a demodécica, a otodécica e a sarcóptica, as mais comuns nos pets.

A principal vilã é a sarna sarcóptica, que, além de altamente contagiosa, pode ser transmitida ao tutor. Diante dela, a pele fica vermelha e com coceira intensa, levando à abertura de feridas e à queda de pelos.

A sarna demodécica não costuma causar coceira nem é transmissível a humanos. Já a otodécica causa forte coceira nas orelhas e vem acompanhada por uma secreção escura — uma forma de identificá-la em seu cão ou gato é se eles estão chacoalhando a cabeça com frequência, uma tentativa de aliviar o incômodo. A despeito do tipo, convém visitar o veterinário.

Proteção tripla

Os últimos produtos lançados pela indústria de saúde animal prometem proteção conjunta contra ácaros, carrapatos e pulgas. “São sprays e coleiras à base de acaricidas químicos”, explica o veterinário Gervásio Bechara.

Elas liberam as substâncias no pelo do animal conforme eles se movimentam. Mas, segundo o professor, mesmo esses métodos não são infalíveis. “Parasitas, especialmente os carrapatos, desenvolvem resistência aos produtos”, diz.

Assim, também vale a pena prezar a higiene nos locais onde o pet passa a maior parte do tempo, evitando a proliferação desses hóspedes indesejados.

Um verme para (não) chamar de seu
Geralmente, a cena é a mesma: o cão, ou o gato, sai para passear e, de repente, encontra fezes velhas alheias. Como quem não quer nada, se aproxima, cheira, sente o gosto e segue explorando o ambiente. Ou talvez nem chegue perto do cocô, mas a grama onde pisa já foi contaminada pelo excremento de outros animais. Nos dias seguintes, lá vêm diarreia, dores e outros sintomas digestivos. Assim funciona o modus operandi das verminoses, um grupo de doenças causadas por parasitas de diversas origens, tamanhos e formatos.

O principal meliante da lista é o Dipylidium, que começa a jornada parasitária usando a pulga como hospedeira intermediária. É por meio da ingestão acidental da pulga que cães e gatos liberam a entrada desse platelminto no seu trato gastrointestinal. Dentro do corpo, o verme achatado pode chegar a 50 cm de comprimento. Os sintomas são diarreia e coceira na região anal, que fazem o animal arrastar o ânus pelo chão.

Para o tratamento da parasitose, o indicado é administrar vermífugos e antipulgas em conjunto. “Dessa forma, evitamos que o ciclo do parasita se complete”, explica a veterinária Cristine Fischer, professora da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, no Rio Grande do Sul.

Os cuidadores também devem dedetizar os locais de descanso dos pets para eliminar as pulgas em estágios menos avançados. Para toda fase da vida dos bichos de estimação, parece que a natureza tem uma verminose feita sob medida.

Os nematódeos do gênero Toxocara, por exemplo, são frequentes em filhotes caninos e felinos de até 1 ano e encabeçam a segunda posição do ranking. Não raro, os bichos acabam infectados por meio da placenta e do leite materno. Cada verme cilíndrico desses pode chegar a 18 cm de comprimento e permanecer no intestino delgado por vários meses.

A toxocaríase provoca atrasos de crescimento, diarreia, barriga inchada e até morte por obstrução ou perfuração intestinal.

O Ancylostoma é outro nematódeo bem recorrente, mas em animais adultos. Esse verme se alimenta de sangue no intestino dos cães e, por isso, provoca diarreia e anemia. As fezes expostas de bichos acometidos podem desenvolver larvas em menos de 48 horas, se houver temperatura morna e alta umidade do ar.

A doença pode ser transmitida apenas pelo contato das patas do animal com o local contaminado. A ancilostomose — ou amarelão — também afeta os humanos.

O verme mais comum em bichos idosos é o Trichuris, que se instala no intestino grosso. Uma forma de identificar seu rastro característico são os pelos feios e quebradiços das vítimas. Os ovos desses nematódeos podem sobreviver em meio à sujeira externa por mais de quatro anos. Manter quintais limpos ajuda a evitar sua proliferação.

Como se defender?

A prevenção é simples, mas pede disciplina: recolha a sujeira deixada pelo seu bicho sempre. Seja no quintal de casa, seja na rua, o cocô exposto é a principal forma de espalhar vermes. Fazer sua parte evita, também, que outros animais sejam atacados.

Caso haja alguma suspeita, o veterinário deve fazer uma avaliação e pedir um exame de fezes.

Mosquitos e perigos no ar
É quando o tempo esquenta que esses insetos voadores fazem a festa. Assim como nos perturbam, trazem problemas para os animais. O mosquito Aedes aegypti, que espalha a dengue entre os humanos, transmite aos cães uma doença grave que afeta o coração, a dirofilariose.

“Se não for tratada, há risco de morte por insuficiência cardiorrespiratória”, alerta o veterinário Ricardo Cabral, da Virbac, farmacêutica especializada em saúde animal.

Os mosquitos anófele e cúlex também podem carregar as larvas da lombriga Dirofilaria immitis, conhecida como “verme do coração”.

Após a picada, as larvas se deslocam pelo sangue até o músculo cardíaco, e o cão começa a ficar ofegante — daí ele perde o pique e fica apático. À medida que a moléstia avança, despontam tosse, perda de peso e convulsões. Comum em regiões litorâneas e úmidas do país, a dirofilariose precisa ser tratada na fase inicial para evitar o colapso do coração.

Os animais que vivem em regiões mais próximas do mar e em algumas áreas rurais também estão mais suscetíveis a outro inimigo alado, o mosquito-palha. Esse inseto pequeno e amarelado — a bem da verdade, não é um mosquito, mas um flebotomíneo — é o vetor do protozoário causador da leishmaniose. De acordo com a Fiocruz, o Brasil é o país que mais concentra espécies de mosquitos-palha no mundo.

Endêmica no país, a doença vem migrando para as cidades com o avanço da urbanização e do desmatamento. “Após o animal ser picado, o protozoário se aloja no interior das células, especialmente nas responsáveis pelo sistema imunológico”, explica Cabral. Felizmente, há uma vacina, aplicada a cada ano e destinada apenas a animais não infectados: havendo contágio, ela impede que a doença se desenvolva.

Um dos grandes desafios hoje é detectar o problema cedo. Os primeiros sintomas são lesões na pele que se confundem com dermatites. Depois vêm vômitos, diarreias e sangramento nas fezes, também comuns a outras infecções. Na dúvida, é preciso procurar o veterinário e lançar mão de exames que flagram o dito-cujo. Quanto antes começar o tratamento, melhor.

Há apenas um remédio contra a doença disponível no Brasil. Além de controlar as manifestações do problema, a medicação evita a corrente de transmissão. A barreira, por ora, é o preço: o menor frasco, de 30 mililitros, custa em média 500 reais.

Até 2016, por causa da carência de um tratamento, os animais infectados eram todos sacrificados. O abate, alegava-se, era uma forma de reduzir a disseminação da leishmaniose nos seres humanos — os cães, porém, não passam a doença aos tutores, são apenas hospedeiros do protozoário.

Graças à ciência e à conscientização, as vítimas do mosquito-palha ganharam uma nova chance de viver — e ao lado da família.

A salvo dos mosquitos

Use repelentes em coleiras ou sprays vendidos em pet shops.
Telas nas janelas da casa evitam a entrada dos intrusos.
Fique alerta durante passeios em regiões úmidas e quentes.
Mantenha quintal, jardins e arredores limpos o ano todo.

Fonte: https://saude.abril.com.br/vida-animal/como-proteger-seu-bichinho-das-doencas-causadas-por-parasitas/ - Por Juan Ortiz, Maurício Brum, Sílvia Lisboa e Stéfani Fontanive - Ilustração: Ana Cossermelli/SAÚDE é Vital