terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Chá gelado, picolé, açaí… 8 alimentos para refrescar o calor


Eles prometem hidratá-lo mesmo nos dias mais quentes. Conheça as vantagens de cada um — e como aproveitá-los — para curtir o verão com saúde

Vem chegando o verão e, com ele, a necessidade de se hidratar mais. E é bom caprichar mesmo porque a temperatura promete subir muito em janeiro e fevereiro. Uma pesquisa realizada pela agência meteorológica do Reino Unido mostra que 2017 será um dos anos mais quentes de que se tem notícia. A razão para isso é a combinação entre os efeitos do El Niño — fenômeno atmosférico que aquece águas dos oceanos e altera o clima global — e os gases do efeito estufa.

Para ajudá-lo a encarar o sol e a praia que estão a caminho, selecionamos uma lista de bebidas e alimentos que hidratam, refrescam e espantam o calor. Você vai conhecer prós e contras de cada para fazer as suas escolhas.

Águas aromatizadas ou saborizadas
Elas chegaram com tudo. Estão na moda e marcam presença em restaurantes e bares, sendo apreciadas principalmente por quem acha a água sem graça. Mas são saudáveis? As versões naturais, que você prepara em casa, sim.
“Especiarias como a canela conferem um sabor delicioso à água”, aponta Ana Ceregatti, nutricionista especializada em alimentação natural e vegetariana. Ela destaca que uma excelente opção é adicionar galhos de hortelã limpos e frescos e um pedaço pequeno de gengibre à bebida. Se esses itens forem orgânicos, melhor ainda.

A hortelã favorece a digestão e o gengibre contém o ativo gingerol, um antisséptico e anti-inflamatório natural. “Quem gosta de ervas e especiarias pode fazer as próprias combinações”, afirma Ana. Cuidado mesmo exigem as frutas cítricas, que oxidam em temperatura ambiente e, aí, deixam a água com sabor amargo, além de perderem suas propriedades nutricionais.
As industrializadas, ao contrário, abusam dos corantes artificiais, conservantes e acidulantes (usados para intensificar o sabor dos alimentos e bebidas). Algumas têm ainda adoçante e sódio.
Além das versões saborizadas artificialmente, o mercado possui agora farta oferta de uma bebida vendida com vitaminas, minerais e energéticos em cápsulas – cujo conteúdo deve ser adicionados ao líquido da garrafa. É mais um desses modismos de academia. “Parece água, mas não é. A promessa é de que esses produtos aumentem a energia ou acalmem”, descreve Cynthia Antonaccio, da Consultoria Equilibrium, de São Paulo.
Essas bebidas contêm princípios ativos e extratos que até podem ser uma opção interessante. Porém, é imprescindível contemplar a presença de açúcar em sua composição e o preço (que chega a 100 reais a unidade) antes de optar por qualquer uma.

Chá gelado
Não dá para negar que um chá geladinho ajuda a driblar a sede. Mas, diante da variedade de produtos disponíveis, qual escolher? “A melhor opção será sempre a natural, sem açúcar e à base de ervas, flores e especiarias, como erva-mate, hibisco, camomila e gengibre”, explica Fernanda Gabriel, nutricionista da RG Nutri, consultoria de São Paulo.
Preparado com água e um ingrediente principal, esse tipo de bebida preserva antioxidantes e substâncias anti-inflamatórias. Cuidado apenas com a procedência da erva e com a quantidade de chá ingerida. Compre esses produtos em estabelecimentos de confiança, verifique se não estão mofados e se não apresentam sujidade.
“Essas ervas possuem princípios ativos que, se consumidos com frequência e em grande quantidade, podem fazer mal aos mais sensíveis. A dica é variar”, ensina Mariana Del Bosco, nutricionista e mestre em Ciências pela disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Já os chás industrializados, disponíveis em saquinhos, garrafas e até latas, são sem dúvida práticos. Porém, também são mais pobres do ponto de vista nutricional. A maioria tem pouca quantidade de polifenóis –compostos encontrados nos alimentos e que varrem as toxinas do organismo, por exemplo.
Tais compostos se perdem durante o processo de produção dessas bebidas, que têm sabor alterado com a adição de açúcar ou adoçantes. “Alguns chás industrializados contêm conservantes e corantes. Por isso, sempre indico os que são feitos com as ervas e, na ausência deles, os de saquinho”, receita Ana Ceregatti.
Caso você não deseje carregar por aí uma garrafinha com seu chá feito em casa, a nutricionista Cynthia Antonaccio dá uma dica importante: “Ao comprar as versões industrializadas, escolha pelo menos as que têm menos açúcar ou são light”.
Vale lembrar que a ingestão desse carboidrato não deve ultrapassar 10% do valor calórico total do dia, como recomendado pela Organização Mundial de Saúde. “Um adulto que consome em torno de 2 mil calorias ao dia pode ingerir, no máximo, 200 calorias provenientes do açúcar, que é algo em torno de 50 gramas”, exemplifica Fernanda Gabriel.

 O perigo da garrafa
De nada vale tomar todos os cuidados para escolher um chá natural e colocá-lo em uma garrafa qualquer de plástico. Certifique-se de que sua garrafa está livre de BPA, ou Bisfenol-A – composto presente na confecção de alguns tipos de policarbonato. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estudos preliminares mostram que esse composto pode causar problemas hormonais.

Água de coco
Um das deliciosas vantagens do verão é aproveitar praias, parques e praças — e se lambuzar com uma refrescante água de coco. Fernanda Gabriel, da RG Nutri, confirma que o líquido é naturalmente rico em água e minerais que auxiliam na hidratação. “Além da água da fruta, podemos consumir a carne do coco. Ela é gostosa e carrega fibras e gorduras que garantem a saciedade por mais tempo”, fala.
Em um copo de 200 mililitros dessa bebida há 93% de água. O restante é composto por açúcar, proteínas, sais minerais e fibras. Por isso, Ceregatti endossa o consumo do líquido in natura. Ela explica que o produto em caixinha contém frutose – adicionada na maioria dos industrializados (sucos etc) para destacar o sabor da bebida.
“É melhor comprar o coco fresco, abri-lo e fazer cubos de gelo com sua água”, diz. Esses cubos servirão para preparar sucos naturais e até smoothies, preservando as propriedades da fruta.
Fernanda Gabriel até admite o consumo da água em caixinha como alternativa para os dias de pressa e para quem não encontra a fruta com facilidade. Mesmo assim, a ingestão deve ser moderada – justamente pela presença de açúcar e conservantes nessa versão.

Sucos naturais e industrializados
Mais uma vez, as nutricionistas preferem os naturais ou a versão integral em caixinha. “Por serem feitos com ingredientes frescos, eles mantêm os nutrientes”, ensina Fernanda. Ela reforça que, entre os industrializados, é bom ficar de olho na presença de açúcar e evitar os néctares e refrescos, que apresentam um percentual pequeno de fruta na composição.
Para ser considerada um suco, a bebida precisa ter pelo menos 50% de polpa da fruta e água (sem nenhuma substância estranha). Já o néctar deve conter até 30% de fruta, açúcar e aditivos químicos, como corantes. Nesse balaio, não dá pra negligenciar os refrescos (com 8% de fruta e muito açúcar) e o suco concentrado (ele tem menos açúcar que o néctar, é mais barato e leva corantes, aromatizantes e conservantes). Já o produto integral não carrega conservantes nem é adoçado artificialmente.
No entanto, se no momento de escolha você só tiver o néctar, não precisa se martirizar. E uma dica da nutricionista Cynthia Antonaccio: “Ao optar pelo néctar, escolha aqueles que seriam iguais ao que você prepara em casa”, diz. Como assim? “Por exemplo: dificilmente você fará um suco puro de maracujá ou de limão. Então, não tenha medo se, às vezes, recorrer a esses produtos. Mas analise para ver se vale a pena”, explica.

Picolé e sorvete de massa
Por mais tentadores que sejam, cabe lembrar que os sorvetes de massa possuem um monte de açúcar e, em boa parte dos potes, a famigerada gordura trans, criada pela indústria para melhorar o sabor e a durabilidade dos alimentos na gôndola. Acontece que estudos científicos comprovaram que essa molécula é muito prejudicial à saúde.
Por isso, a opção das nutricionistas é o picolé — em geral, preparado com suco da fruta e açúcar. “Se tiver que escolher, opte por um de frutas, mas não pense nele como lanche”, ensina Ceregatti. Nas refeições intermediárias, coma o vegetal in natura mesmo para matar a fome.
A nutricionista Cynthia Antonaccio admite a ingestão de sorvete de massa como uma indulgência à qual você recorre vez ou outra. “Sem peso ou culpa, mas consciente do que está ingerindo”, arremata.

Açaí na tigela
Não abre mão dessa delícia originária da Amazônia e está no grupo dos que precisam controlar a ingestão de açúcares? Então fique de olhos abertos: a maioria das versões vendidas nas ruas têm adição de xarope de milho, como esclarece Ana Ceregatti.
“Arriscaria que 99% dos que são vendidos têm esse ingrediente. Ele é pior que o açúcar refinado, porque sobrecarrega o organismo de forma geral”, explica. De acordo com ela, é importante checar o rótulo para adquirir os que contenham a polpa de açaí.
Fernanda Gabriel diz que nem por isso a fruta deve sair do cardápio. “Ela é rica em antioxidantes e proporciona saciedade. Mas a polpa congelada, na maioria das vezes, é adoçada. Assim, é melhor escolher acompanhamentos como frutas, coco ralado e opções sem açúcar”.
Garantimos: não é necessário adicionar xaropes como o de guaraná na tigela. As frutas e os cereais já dão um gosto especial. Mas se está sentindo falta de um docinho, considere o açúcar mascavo ou mesmo o de coco.

 Raspadinha
A procedência da água usada para fazer essa guloseima praiana é comumente negligenciada. Mas é aí que mora o perigo. Se não for potável, ela pode ser veículo de transmissão de várias doenças, ocasionando de diarreia à hepatite A.
“Também é importante saber que tipo de suco foi usado para prepará-la e se foi adicionado algum xarope”, acrescenta Ceregatti. A nutricionista explica que um suco natural é o ingrediente perfeito para uma raspadinha deliciosa. “Bata água de coco com suco de uva no liquidificador. Ponha em um saco e leve ao freezer até endurecer. Se preferir, use suco de maçã concentrado”, ensina.
Para os que não abrem mão das versões vendidas nas areias e ruas brasileiras, vale ficar atento às calorias. Isso porque ingredientes como leite condensado tornam essa opção bastante calórica. “Se forem feitas com esses produtos, as raspadinhas devem ser incluídas na alimentação com moderação”, pondera Fernanda Gabriel.

Água mineral
“A água deve ser ingerida pura e estar sempre disponível. Ela é a nossa principal fonte de hidratação”, atesta Del Bosco. “Uma dica para saber se você está bebendo a quantidade ideal é observar a cor da urina, que deve ser clara”, conclui.
Nas ruas, o principal cuidado é comprar uma água mineral de fonte ou empresa reconhecida. “Sempre a adquira em um comércio formal, que forneça nota fiscal. Nesses locais, o risco de levar um produto adulterado é menor”, afirma Antonaccio. Como as águas são extraídas de fontes naturais, pegue as que você já está acostumado — mais por uma questão de sabor do que por qualquer outro detalhe.
O sódio encontrado nas versões minerais é natural das fontes das quais ela são extraídas. Sua quantidade é muito pequena frente às recomendações diárias (um copo de água há 0,15% da indicação de consumo). “Sendo assim, não vai prejudicar o funcionamento do corpo”, afirma Fernanda Gabriel.
O consumo frequente de água mineral, ao contrário do que se fala, não causa danos ao organismo em pessoas saudáveis. Evite apenas ingeri-la durante as refeições.
Vale lembrar que nosso corpo precisa de aproximadamente 2 litros de água por dia para regular a temperatura, transportar minerais e vitaminas e por aí vai. E uma ótima notícia: o consumo adequado ajuda até a acabar com aquela falsa sensação de fome. Portanto, hidrate-se!


Aos parceiros do Blog Professor José Costa


Vocês foram importantes para o sucesso do Blog em 2019, e como agradecimento, quero desejar um Feliz Ano Novo repleto de paz, fé, esperança, otimismo e que 2020, seja o melhor ano para suas empresas. Que a nossa parceria continue firme para crescermos juntos.

Auto Peças Andrade, Barbosa Man, Big Estampa, Bio Ervas, By Brasil Ótica, Casa Barbosa, Churrascaria Recanto da Serra, Colégio O Saber, Credimóveis, Drogaria Preferencial, Duguay Signs, Galeria Jandrade, Ilognet, Jamsoft Informática, Joalheria O Garimpo, Lok Car Sergipe, Modinha Calçados, Modinha Fitness, Mundo dos Lubrificantes, Mundo dos Tecidos, O Boticário Itabaiana, PASP, Serrana Tintas, Supermercado Nunes Peixoto e Tec Bordados.

Feliz 2020!

Professor José Costa

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Alimentos altamente processados ​​ligados ao ganho de peso


No primeiro estudo desse tipo, cientistas mostraram que comer alimentos ultraprocessados ​​leva ao ganho de peso em voluntários humanos em apenas duas semanas.

Há uma abundância de estudos em camundongos ligando alimentos processados ​​a problemas como obesidade e inflamação intestinal.

Mas os ratos não são pessoas, como os críticos de tais estudos são rápidos em apontar.

Em humanos, pesquisadores relataram associações entre alimentos processados ​​e resultados de saúde, como um aumento do risco de desenvolver obesidade, câncer, condições autoimunes e até a morte.

Os alimentos ultraprocessados incluem refrigerantes, salgadinhos embalados, nuggets de carne, refeições congeladas e alimentos ricos em aditivos e pobres em ingredientes não processados.

“Estudos anteriores encontraram correlações entre o consumo de alimentos ultraprocessados ​​e a obesidade “, Kevin D. Hall, do Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais em Bethesda, MD, que faz parte do National Institutes of Health (NIH)

Hall e seus colegas agora apresentam os resultados de um ensaio clínico controlado, comparando os efeitos de alimentos não processados ​​versus ultraprocessados ​​em humanos no Journal Cell Metabolism.

‘Surpreendido pelos resultados’
A equipe de pesquisa recrutou 10 voluntários do sexo masculino e 10 do sexo feminino que permaneceram no NIH Clinical Center por 28 dias.

Metade dos participantes comeu alimentos ultraprocessados ​​nas primeiras 2 semanas, enquanto os outros receberam alimentos não processados. Após o período de 2 semanas, os grupos mudaram, permitindo que cada participante comesse os alimentos ultraprocessados ​​e os alimentos não processados ​​por duas semanas.

Na dieta altamente processada, as pessoas ingeriram mais calorias e ganharam uma média de 2 quilos. Na dieta não processada, eles ingeriram menos calorias e perderam cerca de 2 quilos.

Os resultados suportam os benefícios dos alimentos não processados. Mas os pesquisadores observam que os alimentos processados ​​podem ser difíceis de evitar.

“Apenas dizer às pessoas para comerem mais saudáveis ​​pode não ser eficaz para algumas pessoas sem melhorar o acesso a alimentos saudáveis”, diz o especialista em obesidade do NIH, Dr. Kevin Hall

Velocidade pode ser o problema
Há várias razões que Hall e seus colegas acham que podem ter levado os voluntários do grupo de estudos ultraprocessados ​​a ganhar peso.

Embora os participantes do estudo tenham avaliado o prazer e a familiaridade das dietas como iguais, eles comeram significativamente mais rápido no grupo ultraprocessado.

Na verdade, eles consumiram 17 calorias a mais, ou 7,4 gramas de comida por minuto, do que seus equivalentes no grupo de alimentos não processados.

“Pode haver algo sobre as propriedades texturais ou sensoriais dos alimentos que os fizeram comer mais rapidamente”, comenta Hall. “Se você está comendo muito rapidamente, talvez você não esteja dando ao seu trato gastrointestinal tempo suficiente para sinalizar ao seu cérebro que você está satisfeito. Quando isso acontece, você pode facilmente comer demais.”

Apesar de uma estreita correspondência na composição de macronutrientes das duas dietas, a dieta não processada continha um pouco mais de proteína. “Pode ser que as pessoas comessem mais porque estavam tentando atingir certos alvos de proteína”, comenta Hall.

No entanto, a equipe descobriu que o grupo de alimentos ultraprocessados ​​na verdade consumia mais carboidratos e gorduras do que o grupo de alimentos não processados, mas não as proteínas.

Finalmente, as refeições no grupo ultraprocessado tiveram uma densidade de energia mais alta do que no grupo não processado, o que Hall propõe “provavelmente contribuiu para o consumo excessivo de energia observado”.

Os alimentos ultraprocessados ​​são um problema social?
Os autores identificam várias limitações em seu estudo, que incluem que “o ambiente de internação da enfermaria metabólica dificulta a generalização de nossos resultados para condições de vida livre”.

Eles também reconhecem que não levaram em consideração como o custo, a conveniência e a habilidade influenciam os consumidores a escolher produtos ultraprocessados ​​sobre alimentos não processados.

“Os alimentos ultraprocessados ​​contribuem para mais da metade das calorias consumidas no mundo, e são opções baratas e convenientes”, comentou Hall à MNT .

“Portanto, acho que pode ser difícil reduzir substancialmente o consumo de alimentos ultraprocessados”, continuou ele, “especialmente para pessoas de níveis socioeconômicos mais baixos que podem não ter tempo, habilidades, equipamentos ou recursos para comprar e armazenar com segurança, sem processar os ingredientes alimentares e, em seguida, planejar e preparar com segurança refeições saborosas e não processadas “.

No artigo, Hall conclui: “No entanto, as políticas que desencorajam o consumo de alimentos ultraprocessados ​​devem ser sensíveis ao tempo, habilidade, despesa e esforço necessários para preparar refeições de alimentos minimamente processados ​​- recursos que muitas vezes são escassos para aqueles que não são membros das classes socioeconômicas superiores “.

Ele não é o primeiro a sugerir uma conexão entre a socioeconomia e as escolhas alimentares.

Um estudo recente e de grande escala na revista Nature sugere que, em países de alta renda, como os EUA, as populações rurais estão ganhando peso mais rapidamente do que suas contrapartes na cidade.

Os autores desse estudo comentam que isso pode, em parte, se dever a “desvantagens econômicas e sociais, incluindo menor escolaridade e renda, menor disponibilidade e maior preço da saúde [alimentos] e alimentos frescos”.


domingo, 29 de dezembro de 2019

Aprenda com os mestres como tirar do papel as resoluções de fim de ano


Estima-se que só 8% delas sejam cumpridas. Como mudar isso? Saiba o que prescrevem escritores, médicos, psicólogos e pensadores

Desde garoto, o escritor Luiz Fernando Veríssimo já gostava de fazer listas com resoluções de fim de ano. Na crônica Resoluções, publicada na edição de 2 de janeiro de 2011 do jornal O Estado de S. Paulo e incluída na antologia Ironias do Tempo (clique aqui para comprar), o criador de personagens famosos como o detetive Ed Mort, o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté cita algumas delas: “Usar fio dental depois de cada refeição”, “Comer mais verdura” e “Fazer exercício”. Aqui, no item seguinte da mesma lista, acrescenta, irônico, mais uma: “Encontrar maneiras originais de justificar a falta de exercício”.

De uns tempos pra cá, esse gaúcho de 83 anos deixou de fazer resoluções de fim de ano. Em vez disso, aproveita as festas de Natal e Réveillon para ouvir os boleros de Luís Miguel, dançar com os filhos e comer rabanadas, uma de suas iguarias natalinas favoritas. “Resoluções são promessas que fazemos à nossa consciência, em que nem a nossa consciência acredita mais”, faz graça.

Em 2011, o site americano 43 Things fez uma enquete para saber quais são as propostas de fim de ano mais populares que existem. Cerca de 8 mil internautas participaram da pesquisa. As três primeiras colocadas foram “perder peso”, “aprender algo novo” e “guardar dinheiro”. Outras bem votadas foram “arranjar um emprego”, “ler mais” e “parar de fumar”.

“Resoluções muito genéricas, como perder peso, por exemplo, tendem a não dar certo. O ideal é fazer resoluções mais específicas. Que tal se matricular numa academia de ginástica ou começar a correr na praia? Quanto mais específica, melhor. Isso aumenta as chances de sucesso”, afirma o psicólogo Ronald Fischer, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).


Fazer resolução de fim de ano é fácil. Todo mundo faz. Difícil é cumpri-la. Quase ninguém consegue. Um estudo da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos, apurou que apenas 8% dos americanos cumprem as decisões que tomam no fim do ano. Entre os britânicos, o percentual é um pouco melhor: 12%.

A exemplo de Veríssimo, o psiquiatra Luiz Alberto Py também é adepto das listas. “No ano seguinte, lá pelo finalzinho de dezembro, gosto de pegar a lista do ano anterior e checar quantas resoluções consegui cumprir. O que eu fiz e o que eu deixei de fazer? Faltou disciplina, organização? O que posso fazer para melhorar? À medida que cumpro umas, acrescento outras”, diz.

Tudo novo de novo
Mas, afinal, para que servem as determinações de fim de ano? Com a palavra, a escritora Martha Medeiros: “Resoluções são fundamentais o ano inteiro. Estamos sempre fazendo planos e tentando melhorar. Estão aí as segundas-feiras que não me deixam mentir. A segunda-feira é o dia mundial do começo da dieta, do começo da academia, do começo da vida sem cigarro. Mas o 1º de janeiro é o pai de todos os inícios. Por que não abraçar essa fantasia?”, indaga a autora de Divã e Felicidade Crônica.

Para Frei Betto, elas servem para “prometer a si mesmo que, no próximo ano, serei melhor do que no atual”. O escritor dá alguns exemplos: comer menos, fazer exercícios, atuar em uma causa social, ficar menos tempo nas redes sociais… “O problema é que muitos não passam das intenções às ações”, lamenta o autor de Fome de Deus e Minha Avó e Seus Mistérios.

O que fazer para, como diria o frade dominicano, “passar das intenções às ações”? Para começo de conversa, o historiador Leandro Karnal, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sugere traçar apenas três metas. “Melhor do que trinta”, frisa. Só que essas metas têm de ser exequíveis.

O filósofo Luiz Felipe Pondé, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e coautor de Felicidades – Modos de Usar, concorda e acrescenta: “Faça resoluções mais simples e menos audaciosas. Resoluções que levem em conta seu cotidiano real e não uma pessoa que não é você”.

No que diz respeito ao número de resoluções, o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é ainda mais econômico: “Escolha apenas uma, pelo critério de relevância, e foque nela”, recomenda o autor de O Oráculo da Noite: A História e a Ciência do Sonho.

Manual de instruções
Definidas as resoluções – ou resolução, no caso de Sidarta Ribeiro –, que tal partir para a ação? A dica de Ronald Fischer é estabelecer metas alcançáveis e, logo depois, estipular prazos realistas para persegui-las. “Metas inalcançáveis e prazos irrealistas podem gerar frustração. Fuja delas”, sugere.

Para Luiz Alberto Py, nenhuma meta é alcançável se não houver disciplina. “Você gosta de si mesmo? Então, demonstre que sim e procure melhorar”, provoca. Na opinião de Karnal, tão importante quanto a disciplina é a insistência. “Premie-se se atingir o objetivo proposto. E insista. Combine com um amigo ou amiga sobre atingir metas em comum. E insista. Reflita sobre o horizonte a ser alcançado. E insista. Não basta ter uma boa ideia, é preciso ter insistência”, prescreve o autor de O Dilema do Porco-Espinho.

O mais importante, ressalta Martha Medeiros, é não se estressar. A lista de resoluções, explica, é só um empurrão. Não pode virar angústia. O que importa, continua, é estar psicologicamente aberto a evoluir. “Pior é não ter plano nenhum, objetivo nenhum, motivação nenhuma. Isso, sim, é desolador. Faça sua lista. Se você cumprir dois entre dez itens, já é um movimento a ser comemorado”, incentiva.

Os conselhos dos mestres
“Faça uma lista de suas resoluções. Quando chegar dezembro, dê uma olhada nela e confira quantas resoluções você conseguiu cumprir. Daí, pergunte a si mesmo: o que eu me propus a fazer e não fiz? Por que eu não consegui fazer? Faltou disciplina, organização? O que eu posso fazer para melhorar?”
Luiz Alberto Py (psiquiatra)

“Em vez de fazer resoluções genéricas, como perder peso ou aprender mandarim, dê preferência a resoluções mais específicas, como matricular-se numa academia de ginástica ou em um curso de línguas. Além disso, estabeleça metas alcançáveis e estipule prazos realistas”.
Ronald Fischer (psicólogo)

“Escolha apenas uma resolução, pelo critério de relevância, e foque nela”.
Sidarta Ribeiro (neurocientista)

“Faça resoluções mais simples e menos audaciosas. Resoluções que levem em conta seu cotidiano real e não uma pessoa que não é você”.
Luiz Felipe Pondé (filósofo)

“Estabeleça três metas exequíveis (melhor do que trinta) e, todo dia 15, procure revisar suas resoluções. Reforce o motivo de sua meta. Premie-se se atingir o objetivo proposto. Combine com um amigo ou amiga sobre atingir metas em comum. Reflita sobre o horizonte desejado. E insista”.
Leandro Karnal (historiador)

“Não se estresse com resoluções de fim de ano. A lista é só um empurrão. Não pode virar angústia. O que importa é estar psicologicamente aberto a evoluir. Pior é não ter plano nenhum, objetivo nenhum, motivação nenhuma. Isso, sim, é desolador! Faça a sua lista. Se cumprir dois entre dez itens, já é um movimento a ser comemorado”.
Martha Medeiros (escritora)


sábado, 28 de dezembro de 2019

Estresse e tristeza podem literalmente partir seu coração


– A perda de um cônjuge. A perda de um animal de estimação.

Pesquisadores confirmaram nos últimos anos o que as pessoas suspeitam há muito tempo: o estresse extremo pode literalmente quebrar seu coração . E, à medida que aprendem mais sobre a condição relativamente rara, descobrem que isso não é causado apenas pela perda de um ente querido. Tratamentos médicos, perda de emprego e outros estressores importantes da vida têm sido associados à condição.

A síndrome, conhecida clinicamente como cardiomiopatia por takotsubo , afeta principalmente mulheres. Embora a literatura médica sobre a síndrome do coração partido seja escassa, mais casos estão surgindo, com informações adicionais sobre como isso acontece e quanto tempo os riscos são.

Durante um período de 6 anos, pesquisadores do MD Anderson Cancer Center, em Houston, encontraram 30 pacientes em tratamento contra o câncer de acordo com os critérios para a síndrome do coração partido. Felizmente, nenhum teve recorrência, mas os pesquisadores dizem que o diagnóstico deve ser considerado em pacientes com câncer que sofrem de dor no peito .

Em outro relatório, um médico apresentou histórias de casos de duas mulheres mais velhas, uma em tratamento de doença pulmonar crônica e outra que tartava de gastrite , que apresentavam síndrome do coração partido.

Quando o coração de um paciente “quebra”, a câmara principal de bombeamento, o ventrículo esquerdo, enfraquece, causando dor e falta de ar. A condição é reversível e temporária, mas pode levar a complicações semelhantes às após um ataque cardíaco . Especialistas acham que isso é causado por uma avalanche de hormônios (como adrenalina) produzidos durante uma situação estressante que atordoa o coração.

Mais de 6.200 casos de síndrome do coração partido foram relatados em 2012 nos Estados Unidos, contra cerca de 300 em 2006, diz Dhoble. A maioria dos pacientes são mulheres. O aumento, diz ele, é provável porque mais pessoas sabem sobre a doença.

Muitas vezes, um paciente tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo “, e alguma coisa as fazem tropeçar”, diz Dhoble. “Quase sempre há um estressor muito distinto. Se você perguntar aos pacientes com cuidado, eles dirão isso”.

A condição não acontece apenas após a morte de uma pessoa ou animal de estimação, diz Jeffrey Decker, MD, chefe da seção de cardiologia clínica do Frederik Meijer Heart & Vascular Institute of Spectrum Health em Grand Rapids, MI. Nem sempre está centrado em um problema de saúde.

“Eu tinha uma senhora que estava frustrada com a companhia de cabos presente com isso”, diz ele. Outra foi uma mulher que descobriu que a filha havia perdido o emprego, diz Decker, também professor assistente de medicina na Michigan State University.

Dor intensa pode desencadear a síndrome. O mesmo ocorre com um ataque de asma, uma discussão feroz, uma festa surpresa ou até mesmo falar em público.

Os sintomas imitam um ataque cardíaco – na maioria das vezes, dores no peito e falta de ar. Náuseas, vômitos e palpitações também podem acontecer. Mas apenas os testes podem mostrar o diagnóstico, diz Dhoble.

“Takotsubo” significa “pote de polvo” em japonês. Decker diz que recebeu esse nome porque, quando acontece, certas porções do músculo cardíaco não se movem bem. Outras partes compensam essa falta de movimento, fazendo o coração parecer um pote usado por pescadores japoneses para prender polvos.

Cerca de 95% dos pacientes se recuperam dentro de um mês ou dois. “Normalmente, o prognóstico é bastante favorável”, diz Decker. Os pacientes geralmente recebem os mesmos medicamentos usados ​​para tratar a insuficiência cardíaca congestiva para apoiar e fortalecer o coração. A morte é incomum em pessoas que não têm complicações, com menos de 3% de mortalidade.

Qual é o risco?
As notícias não são tão boas para as pessoas que sofrem de complicações, que afetam cerca de 1 em cada 10 casos. Um exemplo é o choque cardiogênico, que ocorre quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o corpo.

Uma equipe de pesquisadores estudou os registros de cerca de 198 pessoas com síndrome do coração partido que sofreram choque cardiogênico, comparando-as com 1.880 pessoas com a síndrome que não o fizeram. Davide Di Vece, MD, pesquisador do Hospital Universitário de Zurique, diz que, enquanto apenas 2,3% das pessoas sem a complicação morreram enquanto estavam no hospital, 23,5% das pessoas com ela morreram. Aqueles com a complicação também foram mais propensos a morrer dentro de 5 anos do que aqueles que não tiveram complicações, diz ele.

Não há diretrizes específicas para o tratamento desses pacientes, diz Di Vece, portanto cada um precisa ser avaliado individualmente e monitorado de perto a longo prazo.

Fonte: The American Journal of Cardiology: “Stress-Induced Cardiomyopathy in Cancer Patients.” / WebMD: Stress, Sadness Really Can Break Your Heart


sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

A exposição diária à luz azul pode acelerar o envelhecimento, mesmo que não atinja seus olhos


A exposição prolongada à luz azul, como a que emana do telefone, computador e utensílios domésticos, pode estar afetando sua longevidade, mesmo que não esteja brilhando nos seus olhos.

Novas pesquisas da Universidade Estadual de Oregon sugerem que os comprimentos de onda azuis produzidos pelos diodos emissores de luz danificam as células do cérebro e as retinas.

O estudo, publicado hoje no Envelhecimento e Mecanismos de Doenças, envolveu um organismo amplamente utilizado, Drosophila melanogaster, a mosca da fruta comum, um organismo modelo importante devido aos mecanismos celulares e de desenvolvimento que compartilha com outros animais e seres humanos.

Jaga Giebultowicz, pesquisadora da Faculdade de Ciências da OSU que estuda relógios biológicos, liderou uma colaboração de pesquisa que examinou como as moscas respondiam às exposições diárias de 12 horas à luz LED azul – semelhante ao comprimento de onda azul predominante em dispositivos como telefones e tablets – e descobriu que a luz acelerava o envelhecimento.

As moscas submetidas a ciclos diários de 12 horas na luz e 12 horas na escuridão tiveram vidas mais curtas em comparação com as moscas mantidas na escuridão total ou aquelas mantidas na luz com os comprimentos de onda azuis filtrados. As moscas expostas à luz azul mostravam danos às células da retina e neurônios cerebrais e tinham locomoção prejudicada – a capacidade das moscas de escalar as paredes de seus recintos, um comportamento comum, diminuía.

Algumas das moscas do experimento eram mutantes que não desenvolvem os olhos, e mesmo as moscas sem olhos exibiam danos cerebrais e problemas de locomoção, sugerindo que as moscas não precisavam ver a luz para ser prejudicada por ela.

“O fato de a luz estar acelerando o envelhecimento nas moscas nos surpreendeu a princípio”, disse Giebultowicz, professor de biologia integrativa. “Medimos a expressão de alguns genes em moscas velhas e descobrimos que os genes protetores de resposta ao estresse eram expressos se as moscas fossem mantidas à luz. Nossa hipótese foi que a luz estava regulando esses genes. Então começamos a perguntar, o que é isso à luz que é prejudicial a eles e analisamos o espectro da luz. Era claro que, embora a luz sem azul tenha diminuído levemente sua vida útil, apenas a luz azul diminuiu drasticamente sua vida útil. ”

A luz natural, observa Giebultowicz, é crucial para o ritmo circadiano do corpo – o ciclo de 24 horas de processos fisiológicos, como atividade das ondas cerebrais, produção de hormônios e regeneração celular, fatores importantes na alimentação e no sono.

“Mas há evidências sugerindo que o aumento da exposição à luz artificial é um fator de risco para distúrbios do sono e circadianos”, disse ela. “E com o uso predominante de iluminação LED e monitores de dispositivos, os seres humanos são submetidos a quantidades crescentes de luz no espectro azul, uma vez que os LEDs comumente usados ​​emitem uma fração alta de luz azul. Mas essa tecnologia, iluminação LED, mesmo na maioria dos países desenvolvidos, não foi usada por tempo suficiente para conhecer seus efeitos ao longo da vida humana. ”

Giebultowicz diz que as moscas, se for possível, evitam a luz azul.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Comer pimenta pode reduzir o risco de morte por ataque cardíaco e derrame


A pimenta é um ingrediente amado em muitos pratos ao redor do mundo. Quer você goste ou não do sabor, novas pesquisas sugerem que pode haver alguns benefícios médicos sérios para que você considere adicioná-la à sua próxima refeição.

O estudo, publicado no Journal of American College of Cardiology, examinou os efeitos do consumo regular de pimenta na mortalidade geral, revelando que aqueles que a incorporam em suas dietas têm menor risco de morte.

Realizado na Itália, onde a pimenta é um ingrediente comum, o estudo comparou o risco de morte entre 23.000 pessoas, algumas das quais comiam pimenta e outras não.

O estado de saúde e os hábitos alimentares dos participantes foram monitorados por oito anos, e os pesquisadores descobriram que o risco de morrer de um ataque cardíaco era 40% menor entre os que comem pimenta pelo menos quatro vezes por semana.

A morte por acidente vascular cerebral foi mais da metade, de acordo com resultados publicados segunda-feira no Journal of the American College of Cardiology.

“Um fato interessante é que a proteção contra o risco de mortalidade era independente do tipo de dieta seguida pelas pessoas”, disse Marialaura Bonaccio, autora do estudo, epidemiologista do Instituto Neurológico do Mediterrâneo (Neuromed).

“Em outras palavras, alguém pode seguir a dieta saudável do Mediterrâneo, alguém pode comer menos de maneira saudável, mas para todos eles a pimenta tem um efeito protetor”, disse ela.

A pesquisa utiliza dados do estudo Moli-Sani, que tem cerca de 25.000 participantes na região de Molise, no sul da Itália.

Licia Iacoviello, diretora do departamento de epidemiologia e prevenção da Neuromed e professora da Universidade de Insubria em Varese, explicou que as propriedades benéficas da pimenta foram passadas pela cultura alimentar italiana.

“E agora, como já observado na China e nos Estados Unidos, sabemos que as várias plantas da espécie capsicum, embora consumidas de maneiras diferentes em todo o mundo, podem exercer uma ação protetora em relação à nossa saúde”, afirmou Iacoviello.

A equipe agora planeja investigar os mecanismos bioquímicos que tornam a pimenta bom para a nossa saúde.

Especialistas externos elogiaram o estudo, apontando algumas limitações.

Duane Mellor, nutricionista e professora sênior da Aston Medical School no Reino Unido, disse que o artigo é “interessante”, mas “não mostra um nexo de causalidade” entre o consumo de pimenta e os benefícios à saúde.

Mellor disse que o efeito positivo do consumo de pimenta observado no estudo pode ser atribuído à maneira como as pimentas são usadas em uma dieta geral.

“São pessoas plausíveis que usam pimenta, pois os dados sugerem que também usaram mais ervas e especiarias e, como tal, provavelmente estão comendo mais alimentos frescos, incluindo vegetais”, disse ele.

“Portanto, embora a pimenta possa ser uma adição saborosa às nossas receitas e refeições, é provável que qualquer efeito direto seja pequeno e é mais provável que torne mais agradável o consumo de outros alimentos saudáveis”.

Ian Johnson, pesquisador de nutrição do Quadram Institute Bioscience em Norwich, Inglaterra, elogiou o “estudo observacional de alta qualidade” por seus “métodos robustos”.

No entanto, ele também apontou que nenhum mecanismo para o efeito protetor foi identificado, nem os cientistas descobriram que comer mais pimenta proporcionava benefícios adicionais à saúde.

“Esse tipo de relação sugere que a pimenta pode ser apenas um marcador de algum outro fator alimentar ou de estilo de vida que não foi considerado, mas, para ser justo, esse tipo de incerteza geralmente está presente em estudos epidemiológicos, e os autores reconhecem isso “, disse Johnson.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Cientistas finalmente descobrem como o cérebro produz cognição


Um novo estudo do Laboratório Cold Spring Harbor (EUA) analisou como os neurônios do córtex orbitofrontal codificam variáveis mentais como motivação ou confiança, desvendando alguns dos maiores mistérios sobre a cognição humana.

Os achados poderiam levar ao desenvolvimento de melhores tratamentos para condições como transtorno obsessivo-compulsivo, vícios e outras doenças psiquiátricas.

Até podemos pensar que temos uma mente consciente, mas não temos

Córtex orbitofrontal
O córtex orbitofrontal é bem conhecido como uma área crítica para a tomada de decisões no cérebro de humanos e animais.

Um estudo de caso famoso mostrou a importância dessa região: Phineas Gage, um trabalhador ferroviário, sobreviveu a um acidente no qual uma barra de ferro perfurou seu crânio, mas sua personalidade e habilidades de tomada de decisão foram afetadas.

Para expor o funcionamento do mecanismo por trás dessa região cerebral, a equipe da nova pesquisa monitorou a atividade neuronal no cérebro de ratos enquanto eles tomavam decisões complexas, identificando uma estrutura desconhecida na organização funcional do córtex orbitofrontal.

O inconsciente na tomadas de decisão: não subestime os olhos da sua mente
O experimento
Os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos do comportamento de escolhas para determinar o que chamaram de “confiança de decisão”.



Essa abordagem levou a previsões específicas sobre a representação da confiança em termos de variáveis observáveis, como a dificuldade de tomar uma decisão.

O que os cientistas concluíram foi que muitos neurônios orbitofrontais eram consistentes com essas previsões, ou seja, sua atividade aumentava ou diminuía com a confiança de decisão.

Como o cérebro escolhe uma opção quando precisa fazer uma decisão rápida
Dando sentido à bagunça
Estudos anteriores do córtex orbitofrontal já haviam identificado variáveis mentais semelhantes. No entanto, essa região parece muito mais complexa do que outras, como o córtex visual; não há ordem nas respostas, por exemplo.

Para desembaraçar toda essa complexidade, a equipe do novo estudo usou técnicas de aprendizado de máquina avançadas a fim de entender os padrões de atividade de grandes populações de neurônios da região.

Os pesquisadores descobriram que eles se enquadravam em grupos funcionais distintos. Cada um desses grupos codificava diferentes variáveis mentais, como “confiança de decisão” ou “valor de recompensa”, revelando uma organização altamente estruturada.

Anatomia
O próximo passo da pesquisa foi tentar compreender se esses grupos funcionais eram apoiados por alguma estrutura anatômica especializada.

Para isso, a equipe utilizou vírus projetados para visar grupos específicos de neurônios – os que enviam conexões para o corpo estriado, uma parte do cérebro que desempenha um papel na escolha.

Os cientistas monitoraram a atividade desses neurônios e descobriram que eles codificam outra variável mental, o valor de recompensa, aumentando sua atividade quando a recompensa esperada era baixa.

Aplicações
Segundo os pesquisadores, a compreensão da relação lógica entre os neurônios, as diferentes tarefas que eles desempenham e como eles estão fisicamente estruturados no cérebro pode levar ao desenvolvimento de tratamentos para diversos distúrbios psiquiátricos.

Podemos até descobrir como estimular com mais precisão o cérebro de pacientes com depressão grave, Parkinson e outros tipos de doenças.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Nature. [MedicalXpress]


terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Qual o momento certo para terminar um relacionamento? A ciência dá a resposta


Se você está ou já esteve em um relacionamento sério, sabe que existem momentos em que é inevitável ter o pensamento de acabar com tudo. O que nos leva a pensar assim? E quando saber se devemos mesmo terminar tudo, ou se ainda vale a pena investir na relação?

Ciência desmente mitos sobre relacionamentos
Pesquisadores da Universidade de Utah (EUA) e da Universidade de Toronto (Canadá) decidiram analisar os motivos pelos quais as pessoas escolhem terminar um relacionamento. As conclusões podem te ajudar a resolver o seu próprio dilema.

Prós e contras
Segundo o novo estudo, pode até parecer bobo, mas fazer uma simples lista de prós e contras pode te ajudar a decidir.

Baseados em informações concedidas por 447 participantes, os pesquisadores descobriram 27 razões pelas quais as pessoas ficam em ou abandonam relacionamentos.

Os principais “prós” eram:

Satisfação da intimidade emocional e física;
Deveres familiares;
Benefícios financeiros de permanecer juntos.

Os principais “contras” eram:

Falta de confiança;
Vida sexual insatisfatória;
Muitas brigas;
Incompatibilidade;
Não gostar da personalidade do parceiro;
Encontrar alguém novo.

Mas o que decide a balança para um lado ou outro?

Lembrar desta atitude simples todos os dias pode salvar seu relacionamento

O modelo do investimento
Uma das teorias que os cientistas usaram para tentar entender o processo de decisão dos participantes se chama “modelo do investimento”. Nele, três fatores contribuem igualmente para a decisão de permanecer junto: satisfação no relacionamento, investimentos conjuntos e qualidade das alternativas.

A satisfação no relacionamento depende das experiências positivas (se são mais numerosas do que as negativas) que os parceiros têm juntos. Quando a satisfação é alta, as pessoas sentem que suas necessidades estão sendo atendidas.

Os investimentos conjuntos podem ser financeiros, como casa e conta bancária, ou emocionais, como filhos, amigos e parentes. Já a qualidade das alternativas inclui novos parceiros românticos, mas também amigos, família e até mesmo hobbies, ou seja, fontes de satisfação que provêm de fora do relacionamento.

Os dois primeiros fatores trabalham a favor do relacionamento, enquanto o terceiro trabalha contra. Em um cenário ideal, as pessoas estariam satisfeitas em seu relacionamento, teriam investido muito nele e acreditariam que as alternativas não são melhores do que ele.

Os problemas
Aqui entram os problemas: enquanto esse modelo é interessante para fazer um balanço do seu relacionamento, nossa vida pessoal não é nada como a matemática e as chances de errarmos nos cálculos são grandes.



Por exemplo, as pessoas podem pensar que terão muito tempo para se dedicar aos seus hobbies e que será fácil encontrar um novo parceiro romântico, mas depois se decepcionar com a realidade.

Outro grande problema é um dos principais motivos pelos quais os indivíduos permanecem em relacionamentos: medo de machucar ao outro ou a si mesmo. De fato, a ciência já mostrou que terminar uma relação de longo prazo vem acompanhado de certo estresse e até mesmo doenças, bem como uma sensação de perda de identidade.

15 perguntas que podem determinar se o seu relacionamento durará
E não podemos deixar de mencionar o estigma social de ser solteiro – mesmo que você goste de ficar sozinho, a sociedade pode te ver como solitário ou menos “adequado” do que as pessoas que estão em relacionamentos.

Por fim, há o medo do arrependimento, que cria nas pessoas um viés em direção ao status quo – isso significa que preferimos deixar as coisas como estão, mesmo que não estejamos felizes, do que descobrir como seria a alternativa.

Por que você não termina um relacionamento ruim? A resposta vai te surpreender
O que fazer, então?
Caso você esteja seriamente pensando em terminar um relacionamento, esforce-se para refletir objetivamente sobre o que é bom ou ruim nele, o que você tem investido nele e quais alternativas realistas você tem.

Também considere se o medo é um fator – não é justo permanecer em um relacionamento só por medo de magoar a outra pessoa ou de ficar sozinho.

Se sua decisão for de fato colocar um fim na relação, procure suporte e consolo junto à família e aos amigos. Também pense sobre tudo que você aprendeu enquanto esteve com a outra pessoa, porque esse tempo não foi perdido.

Finalmente, foque em você mesmo, sem a preocupação de começar um novo relacionamento. Como o próximo ano que está chegando, esse pode ser o momento de você se tornar uma pessoa nova.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Social Psychological and Personality Science. [ScienceAlert]


Mensagem de Natal aos leitores do Blog Professor José Costa


Vocês foram importantes para o sucesso do Blog em 2019 e como agradecimento quero desejar um Feliz Natal e que 2020 seja o melhor ano de suas vidas e de seus familiares, realizando os seus projetos e sonhos, transformando-os em alicerce na busca do Supremo Criador. Que haja em suas vidas novas oportunidades, muitos recomeços e principalmente: crescimento, paz, sucesso e amor!

São os meus sinceros votos

Professor José Costa

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Nós comemos microplásticos o tempo todo. O que isso faz com nossa saúde?


Você provavelmente tem noção do enorme problema ambiental que é o lixo plástico. O plástico que produzimos é em sua maior parte não biodegradável, mas isso não significa necessariamente que não se quebra.

Na verdade, seus fragmentos são carregados pelo vento, água e luz solar e espalhados por aí em pedaços cada vez menores, que sequer podemos enxergar. Mas podemos engolir.

Que impacto isso tem na nossa saúde?

Microplásticos
Algumas estimativas sugerem que uma casa gera em média seis quilos de pó plástico por ano, ou cerca de 700 bilhões de fragmentos conhecidos como microplásticos (qualquer coisa menor do que cinco milímetros).

Mais e mais deles são criados todos os dias e ficarão com a gente por séculos.

“Eles não estão apenas dentro de casa. Estão por toda parte. Na água, na comida, no ar – você está cercado por uma nuvem deles. Tudo está contaminado”, explica Dick Vethaak, toxicologista ambiental do centro de pesquisa Deltares em Delft, na Holanda.

Tá, mas quanto desses fragmentos nós ingerimos?
Um estudo publicado na revista científica Environmental Science and Technology concluiu que seres humanos podem consumir entre 39.000 e 52.000 partículas microplásticas por ano.

Nós comemos 50 mil partículas de plástico por ano
Se levarmos em conta quantas dessas partículas também podem ser inaladas, esse número é superior a 74.000.

A pesquisa chegou a esses números revisando dados existentes sobre microplásticos encontrados em cerveja, sal, frutos do mar, açúcar, álcool e mel. Para calcular com que frequência uma pessoa pode comer cada um desses itens em um ano, os cientistas levaram em conta as recomendações feitas pelo Departamento de Agricultura dos EUA.

A equipe ainda revisou estudos sobre a quantidade de microplásticos na água potável e no ar. Quem bebe água da torneira ingere 4.000 partículas adicionais de plástico por ano, enquanto os que bebem água engarrafada ingerem 90.000 partículas a mais.

Estamos bebendo água contaminada com microplástico
“E nem chegamos às camadas e camadas de embalagens plásticas. Provavelmente, estamos falando de mais plástico adicional do que imaginamos”, disse o principal autor do estudo, Kieran Cox.

Isso faz mal, certo?
Microplásticos não são uma coisa só; eles podem vir na forma de fragmentos, fibras e filme, entre outras, além de serem compostos de diferentes materiais com aditivos químicos diversos. Alguns podem ser tóxicos, enquanto outros podem fornecer o ambiente propício para a propagação de bactérias e parasitas.

No geral, os pesquisadores ainda estão tentando entender como o microplástico pode afetar nossa saúde. Da mesma maneira que a poluição e outros fatores ambientais, pessoas com maior exposição ou condições pré-existentes podem tolerar menos fragmentos.

Em outras palavras, não sabemos ainda qual a quantidade de microplástico que o corpo humano é capaz de tolerar sem gerar danos, mas estamos começando a ter uma ideia.

Um estudo britânico de 2017 sugeriu que a ingestão acumulada de fragmentos plásticos pode ser tóxica para o ser humano, já que alguns são feitos de substâncias como cloro, enquanto outros coletam produtos químicos do ambiente, como chumbo.

Outra pesquisa da Universidade Johns Hopkins (EUA), que analisou a quantidade de microplástico nos frutos do mar, descobriu que um acúmulo dessas partículas poderia causar danos ao sistema imune e desiquilibrar o intestino.

Ocean Cleanup faz história ao coletar sua primeira leva de plástico da ilha gigante de lixo do Pacífico
Infelizmente, não há como evitar totalmente a ingestão de microplásticos no mundo de hoje. Mas todos podemos fazer nossa parte – evitando água engarrafa, diminuindo o lixo plástico e comprando menos têxteis feitos de nylon e poliéster, que geram muitos fragmentos. [NatGeo, NewScientist]