quinta-feira, 28 de março de 2019

Mudanças na alimentação podem evitar o aparecimento das varizes


Conheça quais alimentos podem ajudar a combater o surgimento das veias e vasinhos dilatados.

Elas nem sempre são aparentes. E também não necessariamente causam dor e desconforto em quem as têm. As varizes, vasinhos e veias dilatados que comumente afetam os membros inferiores, são causadas por problemas circulatórios e, apesar de consideradas crônicas (ou seja, sem solução definitiva), podem muito bem ser evitadas e combatidas com hábitos mais saudáveis e uma alimentação equilibrada.

Fatores genéticos são os principais desencadeadores das varizes, mas hormônios desregulados (não é à toa que mulheres grávidas sofrem com inchaços nas pernas), pouca hidratação, sedentarismo, tabagismo e obesidade também contribuem para a má circulação do organismo. “Quando há sobrepeso, por exemplo, o maior volume abdominal faz com que haja um aumento na pressão dos membros inferiores, dificultando o retorno venoso”, explica a cirurgiã vascular Cláudia Fiorini, de São Paulo.

Sim, a gente sabe que ainda não existe um método milagroso que acabará com o problema de uma vez por todas. Mas fazer exercícios regularmente, tomar muita água e manter a dieta em dia são práticas de sucesso para adotar na rotina já. Ainda mais se seu cardápio estiver repleto destes alimentos aqui:

Fibras
Se o intestino não trabalha bem, parece que o corpo todo sente, não é? E o bom funcionamento do sistema digestivo ajuda a manter a circulação sanguínea em dia. “Além disso, a prisão de ventre causa um aumento da pressão abdominal, o que consequentemente prejudica nossas coxas e pernas”, diz Cláudia.
O segredo para isso não ocorrer é apostar nas fibras. “Vá nas folhas verdes-escuras e em muita água”, explica a nutricionista Maria Clara Pinheiro, do Rio de Janeiro. Aliar o consumo do líquido com as fibras é imprescindível, caso contrário, o efeito pode ser bem indesejado: ficar dias sem ir ao banheiro!
Alguns exemplos são: couve, grãos e farelos no geral (aveia, arroz integral, linhaça) e os cereais.

Alimentos anti-inflamatórios
A gente já sabe que sal em excesso contribui muito para a formação dos edemas (retenção de líquido) e, consequentemente, para o inchaço dos membros. Substituí-lo por especiarias na hora de temperar a comida pode ser uma boa opção para você. “A cúrcuma, além de saborosa, possui ações anti-inflamatórias”, diz Maria Clara.
E preferir as comidas que trazem esse benefício também é ótimo para combater as varizes. Elas promovem uma limpeza dos vasos sanguíneos e diminuem os riscos de inflamações. Valem os peixes ricos em ômega 3 (atum, salmão, sardinha), linhaça e cebola.

Alimentos antioxidantes
E para veias e vasos não dilatarem, nada melhor do que fortalecê-los. Esse é o papel dos antioxidantes. “Eles ajudam a proteger as paredes venosas”, explica a nutricionista. Você pode encontrar a propriedade as frutas vermelhas (morango, ameixa, framboesa), frutas ricas em vitamina C (laranja, acerola, kiwi) e aquelas com licopeno (melancia e tomate).

Potássio
Ele disputa com o sal na concentração sanguínea: quanto mais potássio presente no sangue, menos sal, e vice-versa. Portanto, nada melhor do que apostar na banana, damasco, abacate, melão e na beterraba para dizer adeus à retenção!

Fonte: https://boaforma.abril.com.br/nutricao/mudancas-na-alimentacao-podem-evitar-o-aparecimento-das-varizes/ - Por Amanda Panteri - Vasyl Dolmatov/Thinkstock/Getty Images

quarta-feira, 27 de março de 2019

Praticar exercício deixa a dieta mais saudável, diz estudo


Começar a fazer atividade física regularmente influenciaria, de forma involuntária, os hábitos alimentares

Quer melhorar sua alimentação? Então comece a se exercitar! É isso o que mostra um recente estudo da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Segundo os pesquisadores, quem inicia uma rotina de atividades físicas tende a comer de forma saudável involuntariamente.

Os cientistas recrutaram 2 680 universitários de 18 a 35 anos. Nenhum deles tinha uma rotina regular de malhação nem adotava uma dieta específica.

Por 15 semanas, os voluntários passaram a realizar meia hora de exercício aeróbico, três vezes por semana – sempre com sessões de aquecimento e descanso final. Eles podiam escolher entre diversas modalidades, como bicicleta ergométrica, esteira ou aparelhos elípticos.

Além de monitorar os batimentos cardíacos, os cientistas coletaram informações sobre a alimentação dos participantes por meio de questionários, preenchidos antes e depois dos treinos.

Apesar de os universitários não terem sido instruídos a alterar seu cardápio, constatou-se que isso aconteceu naturalmente durante o experimento. A atividade física foi associada a uma queda na preferência por petiscos, itens ricos em gorduras, açúcar e produtos refinados ou processados.

Além disso, esforços físicos intensos promoveram um consumo extra de alimentos saudáveis, como frutas, vegetais e carnes magras.

 “Uma das razões pelas quais devemos promover o exercício é que ele pode criar hábitos saudáveis em outras áreas”, aponta, em comunicado à imprensa, a geneticista Molly Bray, do departamento de Ciências da Nutrição da Universidade do Texas, que participou da pesquisa.

Molly acredita que as mudanças nas preferências também têm a ver com a idade dos participantes. O final da adolescência e o começo da vida adulta são momentos críticos na consolidação de uma rotina equilibrada.

“Várias pessoas no estudo não sabiam que tinham esse ser ativo e saudável dentro de si. Muitos estão escolhendo pela primeira vez o que comer e quando se exercitar”, conclui a especialista.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/praticar-exercicio-deixa-a-dieta-mais-saudavel-diz-estudo/ - Por Maria Tereza Santos - Foto: Bruno Marçal/SAÚDE é Vital

terça-feira, 26 de março de 2019

O que são anabolizantes e quais seus efeitos na saúde?


Eles são vistos por aí como uma solução rápida para ficar forte e sarado. Mas fique atento: seu uso traz sérias consequências à saúde

Na busca por um corpo dentro do padrão vendido pela mídia, frequentadores de academia podem acabar investindo nos anabolizantes como uma forma rápida de aumentar os músculos. E sim: os músculos crescem mesmo depressa. Mas o uso sem indicação médica traz prejuízos para a saúde graves.

Antes de entender os riscos do consumo dessas drogas, veja como elas agem no organismo para que o corpo fique bombado:

Quais são os efeitos colaterais hormonais
Cabelos: o excesso de testosterona faz os fios caírem e a calvície dar as caras.

Pele: fica irritada, vermelha e cheia de espinhas, principalmente no rosto e nas costas.

Cordas vocais: as mulheres podem sofrer um engrossamento da voz, que fica masculinizada.

Pelos: surgem aos borbotões – um tormento especialmente para o público feminino.

Mama I: os homens têm aumento dos peitos, que muitas vezes carece de correção cirúrgica.

Mama II: nelas, o efeito é o oposto: os seios chegam a diminuir de tamanho.

Pênis: queda da libido e impotência sexual são outros desfechos bastante comuns.

Clitóris: Incha e cresce. Em casos extremos, se assemelha ao órgão sexual masculino.


E os outros efeitos adversos
Cérebro: agressividade exagerada se torna uma queixa recorrente.

Vírus: o compartilhamento de seringas eleva a probabilidade de pegar aids e hepatites.

Coração: com a expansão das fibras musculares, os batimentos entram em descompasso.

Vasos sanguíneos: a retenção de líquidos empaca a circulação e faz a pressão arterial subir um monte.

Fígado: não raro esse órgão entra em falência, o que abre alas para cirrose ou câncer.

Colesterol: sobe a concentração de gordura pelo sangue. Mais um perigo cardiovascular.

Esqueleto: tendões e articulações não aguentam o tranco e se rompem com maior facilidade.

Rins: também penam para filtrar o volume elevado de sangue e eliminar todas as impurezas.


Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/o-que-sao-anabolizantes-e-quais-seus-efeitos-na-saude/ - Por André Biernath - Foto: Christian Parente/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 25 de março de 2019

Glaucoma, até em estágio inicial, aumentaria risco de acidentes de carro


Pessoas com essa doença têm maior dificuldade em distinguir objetos, mesmo em quadros iniciais – e principalmente quando o celular entra na história

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo – ela acomete 1 milhão de pessoas só no Brasil. Apesar de relativamente comum, a doença é silenciosa: quando dá sinais claros, já está em estágio avançado. Antes disso, porém, o indivíduo já possui perdas imperceptíveis na visão periférica, que podem prejudicar a capacidade de dirigir.

Dois novos estudos trazem evidências de que o comprometimento visual dos estágios iniciais do glaucoma aumenta o risco de acidentes. O primeiro deles, conduzido por pesquisadores do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, mostra que portadores da enfermidade teriam dificuldades adicionais em distinguir objetos muito próximos.

Os 26 participantes – metade com glaucoma e metade sem – tinham que diferenciar a posição de um objeto em um monitor quando apresentado com outros itens ao redor. Os cientistas então analisaram as respostas e outros parâmetros, como exames que medem a sensibilidade e a espessura do nervo óptico, que transmite as imagens ao cérebro.

Nos acometidos pelo glaucoma, o efeito chamado de crowding, quando as imagens se misturam, foi bem mais pronunciado.

 “E notamos isso até nos estágios iniciais da doença, o que pode comprometer a realização de tarefas do dia a dia, como dirigir”, explica a oftalmologista Nara Ogata, uma das autoras do trabalho. “Quando a pessoa com a condição pega no volante, os objetos podem aparecer mais embaralhados: a placa em cima da árvore, outros carros, e por aí vai”, comenta.

Tempo de resposta também é abalado
Outro estudo, conduzido pela mesma equipe e com publicação prevista para abril no periódico científico Jama Network, colocou os pacientes com glaucoma em um simulador de direção de alta fidelidade. O objetivo era verificar a performance deles no volante com a presença de um elemento distrativo e popular, o celular.

A tarefa consistia em seguir na faixa correta em uma estrada sinuosa, enquanto o tempo de reação a estímulos visuais periféricos era analisado sem e com o uso do telefone. No segundo caso, os participantes deveriam ouvir frases emitidas pelo aparelho e relembrar a última palavra de cada sentença.

No final, a reação dos voluntários com glaucoma a objetos que surgiam na pista virtual ou outras intercorrências na paisagem foi significativamente mais lenta do que no grupo sem a doença. Pior: quando estavam com o telefone, as vítimas desse problema de visão tiveram um desempenho ao volante duas vezes pior.

“Notamos que não só a perda de visão periférica é afetada, mas o tempo que leva para o indivíduo reagir e processar a imagem é maior”, aponta Nara. “Se algum objeto entrar na frente dele, ele pode demorar mais para frear”, exemplifica.

E o mais preocupante: 59% dos participantes declararam se sentir capazes de dirigir enquanto manuseavam o telefone.

O que fazer
Quem tem glaucoma não está proibido de dirigir, mas com certeza deve discutir o assunto com o médico. “É preciso fazer uma avaliação individual e verificar o estágio da doença antes de tomar qualquer decisão”, ensina Nara.

Caso a autorização para conduzir seja dada, fica o alerta de nunca utilizar o telefone ao volante. “Na presença do glaucoma, o campo de visão já está mais restrito. Ao dividirmos a atenção com o celular, dependemos ainda mais da visão periférica, que é justamente a prejudicada pela doença”, raciocina a oftalmologista.

O pior é que muita gente tem o problema e nem sabe. Estima-se que 80% dos portadores não apresentem sintomas.

Como os estudos mostraram, mesmo na etapa mais silenciosa, os danos ao nervo óptico podem atrapalhar a rotina. Mas como flagrar cedo esse transtorno oftalmológico? “O maior desafio é conscientizar a população sobre a importância dos exames de rotina. Quanto antes o glaucoma for detectado, mais fácil será o controle”, afirma Nara.

Mesmo que não tenha cura, a condição pode ser freada com medicamentos e outros tratamentos. Os testes que a diagnosticam são simples, feitos no próprio consultório do oftalmologista. Pessoas com pressão alta ou histórico de glaucoma na família precisam fazer esse rastreamento mais vezes.

Vale checar com o médico. A visão agradece.


domingo, 24 de março de 2019

As vacinas aprovadas contra a gripe para 2019; campanha começa em abril


Conheça as vacinas que podem ser aplicadas nesse ano tanto na rede pública como na privada. E quais os grupos prioritários que podem recebê-las de graça

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta semana as vacinas aprovadas para prevenir a gripe em 2019. O governo refaz essa lista todo ano, porque as companhias precisam atualizar a composição dos imunizantes baseadas nas mutações constantes do vírus influenza e nos subtipos com maior probabilidade de circular pelo país nos próximos meses.

Os nomes das vacinas são:

– Fluarix Tetra, da GlaxoSmithKline Brasil Ltda
– Influvac, da Abbott Laboratórios do Brasil Ltda
– Influvac Tetra, da Abbott Laboratórios do Brasil Ltda
– Vacina Influenza trivalente (fragmentada e inativada), do Instituto Butantan
– Vacina Influenza Trivalente (subunitária, inativada), do Medstar Importação e Exportação Eireli
– Vaxigrip – Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda

Esse ano, a vacina trivalente ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos específicos (veja mais abaixo) protegerá contra os vírus H1N1, o H3N2 e o influenza do tipo B Victoria.

Já as versões tetravalentes, disponíveis apenas na rede particular, resguardam contra os subtipos mencionados logo acima e também o tipo B Yamagata.

Quem analisa os dados epidemiológicos e faz essa seleção é a Organização Mundial de Saúde (OMS), com o auxílio de instituições de todo o mundo, inclusive do Brasil.

Tomar a injeção anualmente é importante, porque a gripe pode ter consequências sérias, como pneumonia e infarto. Pra ter ideia, ela mata mais de 650 mil pessoas todos os anos segundo a OMS. A Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) recomenda a proteção para todas as pessoas a partir dos 6 meses de vida, principalmente as mais sujeitas a complicações graves.

Campanha de vacinação começa em abril
Ela vai ocorrer entre 10 de abril e 31 de maio. Só no Amazonas, que já registrou 28 mortes provocadas pelo vírus H1N1 em 2019, o mutirão foi antecipado e já ocorre desde o 20 de março.

O governo federal adquiriu 64 milhões de doses, com a meta de atender 59 milhões de pessoas.

A primeira fase nacional, que vai até 22 de abril, será focada em crianças, gestantes e puérperas (mulheres que tiveram filhos recentemente). A partir dessa data, todo o público-alvo pode se vacinar. A lista completa do grupo prioritário é essa:

● Gestantes e puérperas
● Crianças de 6 meses a 5 anos de idade
● Maiores de 60 anos
● Profissionais da saúde
● Pessoas de qualquer idade com doenças crônicas (diabetes, doenças cardíacas e respiratórias, distúrbios que comprometem a imunidade, como o câncer, e outras)
● População indígena
● Pessoas privadas de liberdade
● Professores da rede pública e privada
● Trabalhadores do sistema prisional

Indivíduos que não se encaixam nessa lista podem procurar a rede privada para se proteger. Os valores devem variar entre R$100 e 150 reais por dose.

Mas atenção: as novas versões da vacina chegarão nas clínicas no início de abril, segundo as previsões.


sábado, 23 de março de 2019

5 fatores que contribuem para o aparecimento de doenças vasculares


Você sente dores nos membros inferiores? Então isso pode ser indício de problemas vasculares

Varizes, inchaço, trombose e dor nas pernas são alguns dos problemas vasculares mais comuns – e muitas vezes a genética é responsável por isso. Segundo a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, muitas doenças vasculares aparecem por conta de uma predisposição genética, mas ficar de olho e evitar os maus hábitos é uma forma importante de se prevenir.

“Principalmente pacientes com predisposição a desenvolver doenças vasculares devem levar uma vida saudável, evitando a obesidade e praticando exercícios, pois isso diminui as chances de aparecerem as varizes hereditárias e outros problemas de circulação mais sérios, como a trombose”, afirma.

5 hábitos que contribuem para o surgimento de doenças vasculares:

SEDENTARISMO: a panturrilha é o coração das pernas. A cada contração muscular bombeamos o sangue e ativamos a nossa circulação. Situações onde essa musculatura fica parada muito tempo podem causar uma retenção de líquido nas pernas, levando a inchaço, peso e cansaço nas pernas. Além de aumentar a predisposição de desenvolver varizes. Para mudar esse quadro, exercícios de baixo impacto são os ideais, pois a contração da musculatura em caminhadas, por exemplo, entre outros benefícios, aumenta a velocidade do fluxo do sangue nas veias, melhorando o retorno do sangue ao coração.

TABAGISMO: o cigarro também pode causar problemas circulatórios como arteriosclerose (envolvendo as artérias da perna) e tromboangeite obliterante – distúrbio que afeta as extremidades do corpo. Em ambos os casos, há riscos de ter de amputar o membro (como pernas, pés e mãos), já que a nicotina está ligada à diminuição da espessura dos vasos sanguíneos. Todo esse processo pode causar complicações como entupimento dos vasos sanguíneos, trombose e cicatrização.

OBESIDADE: pessoas obesas têm maior disposição de desenvolver varizes por causa da quantidade de volume sanguíneo dentro das veias que se eleva. Além disso, a gordura acumulada dentro dos vasos sanguíneos também acarreta em uma má circulação. Além das varizes, outra complicação que pode surgir entre obesos é a trombose em decorrência do mau bombeamento do sangue para o corpo inteiro, gerando doenças ligadas ao sistema vascular.

TRAUMAS NOS MEMBROS INFERIORES: grandes traumatismos também são importantes fatores de risco para a trombose venosa profunda, não só pelo impacto nos vasos sanguíneos, mas também pelo tempo que o paciente fica imobilizado na cama depois do acidente.

PÍLULA ANTICONCEPCIONAL: a ligação entre a trombose e o anticoncepcional é que o hormônio dos anticoncepcionais alteram a circulação e aumenta o risco de formação de coágulos nas veias profundas, dentro dos músculos. Um estudo publicado na revista “The BMJ Today” mostrou que as mulheres que tomam contraceptivos orais combinados, que contêm drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona, têm um risco de trombose venosa quadruplicado em relação àquelas que não tomam pílula.

Fonte: https://sportlife.com.br/doencas-vasculares/ - Aline Lamaita - Foto: Getty Images

sexta-feira, 22 de março de 2019

5 mentiras sobre musculação


Todo mundo já ouviu um milhão de conselhos na hora de treinar. Veja quais não seguir

Ao menos uma dessas “verdades” universais de academia você já deve ter escutado: os joelhos não podem ultrapassar as pontas dos pés no agachamento, gravidez e atividade física não dão match, quanto mais repetições, mais você seca… E por aí vai. O problema é que a prática da musculação mudou com o passar do tempo e novos estudos foram surgindo, mas muita gente ainda segue os antigos boatos sem nem questionar. Fomos conversar com o personal trainer Philipp Ebert, da academia Les Cinq Gym, em São Paulo, para tirar a prova sobre quais conselhos estão desatualizados:

1. Os joelhos têm que ficar na linha das pontas dos pés durante o agachamento
Bumbum nas alturas até o carnaval? Corre para o agachamento, coleguinha. Apesar de ser um exercício adorado pelas mulheres, ele leva consigo muitos mitos. Um deles diz respeito à posição correta dos joelhos ao descer. “Antigamente, achávamos que agachar com eles muito para frente, ultrapassando a linha da ponta dos pés, sobrecarregava as articulações”, explica Philipp.
No entanto, para muita gente, a posição de 90º das pernas não é a que mais respeita a anatomia corpo e pode acabar lesionando outro lugar: a lombar, parte inferior das costas. “Temos que analisar o que fica mais confortável em cada situação. Se a pessoa não tem problemas nas articulações, é até melhor que ela ultrapasse a linha dos pés. Assim, ela preserva a coluna”, afirma o personal trainer.
Mais uma ideia que você precisa abandonar para ontem é que o exercício é proibido para quem sente dores nos joelhos. “Nada a ver. Aparelhos que trabalham os músculos isoladamente, como a cadeira extensora, depositam muito mais carga na região. O agachamento dissipa essa carga para outros lugares, como tornozelo e quadril”, revela.

2. Idosos, gestantes e crianças não podem treinar
Caiu por terra. Hoje em dia, a gente vê muito idoso dando um show de força. “Com o passar do tempo, vamos perdendo massas óssea e muscular. Realizar atividades que respeitam os limites do corpo, mas que ao mesmo tempo trabalham o fortalecimento dos músculos, é imprescindível para evitar que a perda ocorra nos mais velhos”, diz Philipp.
Observar as limitações do organismo também vale para as gestantes, que, mesmo assim estão liberadas para a musculação. Contudo, sempre com acompanhamento médico e visando mais a saúde da mãe e do bebê do que a hipertrofia.
Já as crianças costumam ser banidas da prática porque muita gente acredita que a musculação interrompe o crescimento. “Existe uma cartilagem chamada placa epifisária, localizada na ponta dos ossos mais longos, que é a responsável pelo crescimento. Quando há a realização de uma atividade física com alto impacto, podem ocorrer lesões nela e o retardamento do processo”, confirma o personal trainer. A musculação, no entanto, se pensada para a faixa etária e bem tutorada, dificilmente causa os traumas — os riscos são menores até do que em esportes iniciados na infância, como a ginástica artística.

3. Quanto mais repetições, mais você seca
E o contrário serve para a hipertrofia: você ainda acredita que um número mínimo de repetições por série (geralmente 8) vai fazer o músculo ficar maior. Na verdade, o que define a perda de gordura ou o aumento da massa magra tem muito mais a ver com o tipo de alimentação. Dietas muito calóricas e ricas em proteínas, por exemplo, visam o crescimento muscular. Já as com restrições de calorias garantem um corpo mais sequinho.

4. Não é preciso alongar
Mentira. Os músculos precisam relaxar depois do estímulo. E o ideal é que você faça exercícios de alongamento mais leves, sem trabalhar muito a flexibilidade. “Após o treino, o corpo estará mais tensionado e os músculos mais inchados devido ao aumento da circulação sanguínea. Se a pessoa pegar muito pesado no alongamento, pode lesioná-los”, adverte o personal.
Porém, isso não quer dizer que você deve abandonar as práticas como a yoga e o pilates. Apenas administrar a agenda para fazê-las antes do treino.

5. A dor que aparece dois dias depois é acúmulo de ácido lático
Quem nunca ficou sem ir para a academia por conta das dores do dia anterior, que atire a primeira pedra. O desconforto é real, mas as suas causas não passam de mito. “A dor tardia nada mais é do que uma inflamação nas fibras musculares, muito relacionadas com o crescimento”, explica Philipp.
Contudo, não precisa ficar dolorida todas as vezes para garantir os resultados. “Geralmente, isso ocorre quando há trocas de estímulos. Por exemplo, se a pessoa está sedentária e começa a musculação, se ela aumenta a carga ou troca os exercícios”, diz.

Fonte: https://boaforma.abril.com.br/fitness/5-mentiras-sobre-musculacao/ - Por Amanda Panteri - DragonImages/Thinkstock/Getty Images

quinta-feira, 21 de março de 2019

Ficar menos tempo sentado pode prolongar sua vida, diz estudo


Não precisa ficar horas na academia para melhorar sua saúde. Basta levantar-se e estar em movimento por 30 minutos diários

Passar muito tempo sentado já foi apontado como um fator que pode desencadear diversos problemas de saúde, como as doenças cardiovasculares. Porém, um novo estudo descobriu que, ao substituir 30 minutos em que estaria sentado por alguma atividade ou movimento de baixa intensidade, já é possível aumentar a expectativa de vida. Isso mesmo, esses poucos minutos diários podem ser capazes de te ajudar a viver mais (e melhor).

O estudo, publicado no American Journal of Epidemiology, mostrou que essa ação resulta em um risco 17% menor de morte prematura. Isso apenas considerando uma atividade de baixa intensidade, como andar um pouco. Se considerarmos um movimento de intensidade mais alta, o efeito também é maior: a mesma quantidade de exercício moderado ou vigoroso diário corresponde a um risco de mortalidade 35% menor.

O coautor do estudo Keith Diaz, professor assistente de medicina comportamental do Centro Médico Irving, da Universidade de Columbia, explica que "o exercício não precisa ser feito por horas a fio e é algo que qualquer um pode fazer. Apenas requer caminhar, mesmo por curtos períodos de tempo".

Mas é claro que, se você puder se dedicar mais à atividade física, melhor. Os pesquisadores descobriram que os benefícios da longevidade aumentavam à medida que a atividade física se acumulava: uma hora de exercícios traz duas vezes mais benefícios do que meia hora.

O estudo usou dados de quase 8 mil americanos saudáveis ??com mais de 45 anos e que usaram rastreadores de atividade física por pelo menos quatro dias como parte de um estudo separado. Os pesquisadores usaram esses dados para calcular quanto tempo as pessoas passaram sendo sedentárias em comparação com o período que estiveram ativas. Assim, eles rastrearam os dados de saúde e mortalidade das pessoas durante mais de cinco anos de acompanhamento. Então, criaram simulações para demonstrar como aumentar a quantia de movimento, reduzindo o tempo de sedentarismo, poderia afetar o risco de mortalidade.


quarta-feira, 20 de março de 2019

Você se sente enjoada durante os treinos? Conheça as causas e previna-se!


Desconforto pode fazer com que você tenha que parar o exercício, mas pode levar a desmaios e acidentes

Sentir enjoo durante o treino é uma condição relativamente normal. Ainda mais nessa época com tempo mais quente, abafado e úmido.

O desconforto pode fazer com que você tenha que parar o exercício. No entanto, no pior cenário, isso pode ser perigoso, levando a desmaios e acidentes.

Não sabe por que tem se sentindo assim? Conheça as causas e previna-se!

Desidratação e queda de pressão
Como falado no artigo da semana passada, o consumo insuficiente de líquidos e a incapacidade de repô-los de forma adequada, pode causar um quadro grave de desidratação, com sintomas como tonturas, náuseas, perda acentuada de eletrólitos, queda da pressão arterial e até morte, em casos muito severos.

Se alimentar muito próximo ao treino
Pode causar um quadro chamado hipoglicemia de rebote, ou seja, uma queda muito brusca na quantidade de açúcar no sangue, causada por um efeito combinado de dois fatores hipoglicemiantes: a insulina (secretada em resposta a ingestão de alimentos) + o início do exercício (que por si só é um fator que ajuda a diminuir o açúcar do sangue).

Para refeições próximas ao treinos (30 minutos antes), escolha carboidratos de rápida absorção, evite muitas fibras, proteínas e gorduras. Para refeições com mais volume e mais densidade de nutrientes, garanta de três a quatro horas de intervalo.

Diminuição do aporte sanguíneo no trato gastro-intestinal
Durante o exercício físico, o fluxo sanguíneo se concentra nos músculos ativos, que estão sendo utilizados na prática, diminuindo o aporte de sangue no estômago e intestinos. O bolo alimentar (ou fecal, se já estiver no intestino grosso) não será metabolizado de forma eficiente, devido a essa baixa na irrigação sanguínea, associada a uma mudança na secreção hormonal durante o esforço. Podem ocorrer náuseas, azia, formação de gases, vômitos e, inclusive, diarreia. 

 Estar sem comer há muito tempo
Nesse caso é muito mesmo, por exemplo, mais de oito horas. Dependendo da sua condição metabólica, você pode experenciar mal-estar se for praticar exercícios físicos intensos em jejum de muitas horas. Podendo dar enjoo, tonturas e até desmaios.

Excesso de hidratação e hiponatremia
Pouca água faz mal e, por incrível que pareça, muita água pode fazer mal também! Consumir muitos litros de água durante o exercício, e/ou bebidas isotônicas ou hipotônicas em quantidade muito maior do que a perda de eletrólitos pelo suor e pela respiração, pode diminuir muito a concentração de sódio no sangue, (que fica muito diluído) causando o quadro de hiponatremia associada ao exercício físico. Os sintomas mais comuns são dor de cabeça, tontura, náusea, vômito, desorientação, agitação e estado de confusão mental.

Além dessa hiperhidratação, pode haver também a combinação com baixa concentração de sódio, que é bastante comum em dias quentes e úmidos, e esportes de longa duração, causando efeitos negativos no desempenho da prática e na saúde também.


terça-feira, 19 de março de 2019

A caça ao açúcar dos alimentos industrializados


O que está por trás do plano brasileiro de redução de açúcar em bebidas e alimentos processados. Ele é realmente efetivo ou mal trará benefícios?

Doze milhões de toneladas. Esse foi o total de açúcar consumido pelos brasileiros entre 2013 e 2014. Para ter ideia do tamanho da gulodice, basta dizer que daria para encher, até a arquibancada superior, 32 estádios do Morumbi, em São Paulo, o segundo maior do Brasil, com capacidade para 77 mil torcedores. Em um ranking elaborado pela Sucden, multinacional do ramo açucareiro, nosso país ocupa, hoje, o quarto lugar entre os maiores fãs da sacarose, o nome técnico do açúcar.

O abuso, como a ciência não cansa de mostrar, eleva o risco de obesidade e doenças crônicas como diabetes, hipertensão e câncer. Apenas Índia (26 milhões), União Europeia (18 milhões) e China (16 milhões) são mais sedentos por doçura que o Brasil.

“Não é proibido consumir açúcar. Pelo contrário. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária. Afinal, ele é uma fonte de energia. O problema está no excesso”, avalia Wilson Mello, presidente do conselho diretor da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).

De fato, a OMS libera um consumo diário, por pessoa, de 25 gramas, o equivalente a seis colheres de chá. E indica não ultrapassar 50 gramas, ou 12 colheres. Acontece que o brasileiro extrapola. E muito. Engole três vezes mais: 80 gramas, o correspondente a 18 colheres.

Assim, o total de calorias representadas por esse ingrediente, que, de acordo com a OMS, não deveria superar 10% por dia, chega a 16,3%. Isso ajuda a explicar por que a incidência de diabetes saltou, só na última década, 54% entre os homens e 28,5% entre as mulheres.

Por essas e outras, governo e indústria decidiram, em novembro do ano passado, firmar um pacto: reduzir a dose de açúcar na fórmula de bebidas e alimentos industrializados. O objetivo é retirar do mercado, de forma gradual e até 2022, 144 mil toneladas do ingrediente em algumas categorias — o que daria para forrar 68 piscinas olímpicas.

Comparando aos 12 milhões de toneladas consumidas em dois anos, parece pouco. A questão é que é difícil mensurar o impacto desses números. Como a quantidade total de açúcar empregada pela indústria não foi divulgada, não dá pra calcular exatamente o percentual que vai sumir dos alimentos — e avaliar quão significativo será o efeito da medida.

O acordo, que é voluntário, contempla 23 categorias de produtos. Elas podem ser divididas assim: bebidas açucaradas, biscoitos, bolos e misturas, achocolatados e lácteos.

É curioso que diversos itens, como balas, geleias, chocolates, sorvetes, gelatinas, refresco em pó, barrinhas e cereais matinais, ficaram de fora. “Somente as categorias que contribuem majoritariamente para o abuso de açúcar compuseram o termo de compromisso”, justifica Michele Lessa, coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.

Quanto às metas de redução, elas variam de 10,5% para achocolatados em pó a 62,4% para biscoitos recheados. De resto, a meta é baixar o teor de açúcar em até 32,4% nos bolos, 33,8% nas bebidas, 46,1% nas misturas para bolos e 53,9% nos lácteos.

“Em biscoitos, bolos e misturas, o açúcar confere doçura e interfere na textura, na crocância e no aroma. Além disso, seu custo é bastante competitivo”, explica Claudio Zanão, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Como o acordo proíbe os fabricantes de colocarem adoçantes ou gordura em seu lugar, o jeito é testar diferentes tecnologias, receitas e novos ingredientes.

Confira os detalhes de cada categoria logo abaixo – e, depois, as ponderações sobre o plano:

Bebidas açucaradas
Meta: até 33,8% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: ter 11 gramas de açúcar em 100 mililitros de produto
No fim de 2022: 10,6 gramas de açúcar em 100 mililitros
Uma latinha do refrigerante à base de cola mais vendido do mercado já apresenta 10,5 gramas de açúcar em 100 mililitros. Logo, escapa, por 0,1 grama, da meta estabelecida para refrigerantes em 2022, que é de 10,6 gramas. Das 207 bebidas açucaradas incluídas no acordo, 113 (55%) terão que reduzir o teor do ingrediente em sua fórmula. Ou seja, muito produto já está dentro dos parâmetros.

Achocolatados em pó
Meta: até 10,5% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 90,3 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 85 gramas de açúcar em 100 gramas
De todas as categorias, é a que apresenta o menor índice de redução. Alexandre Jobim, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas, explica que, devido ao consumo reduzido, os achocolatados líquidos não entraram no combo — só os em pó e similares de outros sabores. Detalhe: o produto líder do mercado já está dentro da meta, com 75 gramas de açúcar em 100 gramas.

Biscoitos
Meta: até 62,4% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 36,4 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: não divulgado
A categoria inclui rosquinhas e biscoitos com e sem recheio. O líder entre os recheados possui 36,3 gramas de açúcar por 100 gramas. Então, não precisará rever a fórmula até 2020. Claudio Zanão, presidente da Abimapi, avisa que os fabricantes já estão testando alternativas para se adequar ao trato. “A combinação de sabor, textura, crocância e custo oferecida pelo açúcar não é facilmente encontrada em outros produtos”, informa.

Iogurtes e leites fermentados
Meta: até 53,9% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 14,5 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 12,8 gramas de açúcar em 100 gramas
Segundo Cristina Mosquim, consultora de assuntos regulatórios da Viva Lácteos, há itens que já sofreram redução de 12% ou quase não levam açúcar. Usar mais leite é uma das soluções. O líder dentro de petit suisse tem, hoje, 12,2 gramas do ingrediente. O valor deverá ser de 13,9 gramas para essa categoria em 2022. Nada muda nesse caso, portanto.

Bolos prontos
Meta: até 32,4% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 31,2 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 29,5 gramas de açúcar em 100 gramas
Falamos de todas as versões: com e sem recheio ou cobertura. “Se a meta de redução fosse mais ambiciosa, não teríamos como garantir que sabor, textura, cor e outras características não seriam alterados”, admite Zanão, da Abimapi, uma das quatro associações a selarem o acordo. Juntas, representam 68 empresas, que respondem por 87% do mercado.

Misturas para bolos
Meta: até 46,1% menos açúcar
Isso representa no fim de 2020: 58,7 gramas de açúcar em 100 gramas
No fim de 2022: 57,9 gramas de açúcar em 100 gramas
Podem ser aeradas ou cremosas e permitem que o consumidor elabore as mais variadas receitas a partir delas. Assim como as categorias de bolos e biscoitos, a de misturas está sob o guarda-chuva da Abimapi. “Pretendemos, até 2022, ajustar, no mínimo, 50% de todos esses produtos”, calcula Zanão, presidente da entidade.

Elogios, críticas e ponderação ao plano de redução do açúcar
De maneira geral, entidades como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) encaram a iniciativa com bons olhos. Mesmo assim, sugerem ajustes.
Para o endocrinologista Fábio Trujilho, vice-presidente do Departamento de Obesidade da Sbem, falta discutir restrições de publicidade de alimentos para crianças, por exemplo. “É essencial ir muito além desse acordo e adotar medidas que conscientizem a população dos riscos do consumo exagerado de açúcar”, destaca.
Já a endocrinologista Maria Edna de Melo, presidente da Abeso, reivindica uma rotulagem nutricional adequada com a informação clara e compreensível sobre a presença de açúcar no produto. “Na hora da compra, o consumidor precisa saber o que está levando para casa. Por essa razão, ter um sinal de alerta seria muito eficiente”, afirma.
Ela se refere ao modelo conhecido como “triângulo preto”, que propõe um aviso frontal sobre o alto teor de ingredientes que, se consumidos demais, fazem mal à saúde. É o caso de sódio, gordura e açúcar. O modelo, em estudo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já foi adotado em países como Chile, Uruguai e Canadá, entre outros.
Na opinião da nutricionista Laís Amaral, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), também é necessário coibir a venda de produtos desbalanceados nas cantinas escolares. “Devemos facilitar as escolhas saudáveis e dificultar as não saudáveis”, resume.
As críticas ao pacto não param por aí. “Acordos voluntários são pouco eficazes porque as metas são baseadas no teor máximo de açúcar em cada categoria de alimento. Isso significa que haverá uma diminuição apenas nos itens com valores realmente excessivos”, explica Laís. “Na prática, é apenas um controle de danos com metas pouco ambiciosas”. Ela se alongou sobre o assunto em uma coluna para o nosso site, que você pode ler clicando aqui.
O acordo engloba 2 397 produtos — na conta da indústria, são 1 787 — de 68 empresas. Desse total, somente 1 147 (47,9%) de fato terão que adequar seus índices de sacarose. Os 1 250 restantes (52,1%) já estão dentro ou até mesmo abaixo das metas estabelecidas.
“Se os limites fossem mais bruscos ou o acordo englobasse uma quantidade maior de alimentos, o consumidor poderia deixar de levar para casa seu produto favorito e migrar para outro, com mais açúcar. Queremos dar tempo para as pessoas se adaptarem ao sabor”, defende Mello.
O presidente do conselho da Abia garante que o trabalho não termina em 2022. Daqui a quatro anos, governo e indústria pretendem se reunir para firmar outro pacto e estipular novas metas de redução.
Segundo o Ministério da Saúde, o açúcar presente nos alimentos industrializados responde por 36% do total consumido no Brasil. Os outros 64% seriam adicionados pelo próprio indivíduo ao café, aos sucos e às demais receitas. A indústria apresenta números diferentes: 19,2% do açúcar degustado seria incorporado pelas empresas, enquanto 80,8% viriam do açucareiro de casa.
Divergências à parte, não dá para negar que o paladar brasileiro precisa de um treino. “Até por uma herança cultural, gostamos muito de doces. Nosso paladar é semelhante ao do português”, compara Olga Amâncio, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban). “Até pouco tempo atrás, todo mundo adoçava suco de fruta. Hoje em dia, nem tanto. É preciso ensinar à população que muitos alimentos já são doces por natureza”, ressalta a nutricionista.
O educador físico Antonio Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e autor do livro O Fim das Dietas (Editora Abril), endossa as palavras de Olga. “Tem gente que coloca açúcar até em achocolatados”, conta.
E ele traça outra reflexão: hábitos alimentares não são mudados por decreto. “Por que as pessoas escovam os dentes todos os dias? Porque isso foi estimulado na infância”, exemplifica. “Mudança de comportamento passa por uma questão educacional. Muitas vezes, orientar uma criança é capaz de promover uma alteração no padrão familiar”, completa.
Além de maneirar na quantidade de açúcar à mesa, especialistas recomendam prudência na hora de substituir o ingrediente por adoçantes. O ideal é dar preferência a alimentos naturais ou minimamente processados.

História que se repete?
Não é a primeira vez que governo e indústria unem forças para estipular metas de redução de um ingrediente de produtos alimentícios. O primeiro documento foi assinado em 2007. Na ocasião, a indústria conseguiu baixar em 94,6% a concentração de gordura trans em alimentos. Com isso, 310 mil toneladas saíram das prateleiras entre 2008 e 2010.
Em 2011, o foco foi o sódio. Desde então, desapareceram do mercado 17,2 mil toneladas do mineral cujo excesso leva à hipertensão. O objetivo é chegar a 28,5 mil toneladas em 2020. Só que esse combinado também recebeu críticas.
O cientista político Marcello Fragano Baird, autor do relatório Redução de Sódio em Alimentos — Uma Análise dos Acordos Voluntários no Brasil, afirma que o trato foi muito tímido porque suas metas tiveram como base a média do mercado. “Isso significa que praticamente metade dos produtos já estava dentro dos limites. É um passo importante, mas seria possível ter sido muito mais ambicioso”, avalia.
Para o Ministério da Saúde, o acordo firmado em 2011 para redução de sódio pode ser considerado bem-sucedido. Só no primeiro biênio (2011-2013), 90% dos produtos bateram a meta estipulada, com uma redução média entre 5 e 21%.
Mas um estudo conduzido pela Universidade Federal Fluminense não enxergou motivo para tanto otimismo. Seus autores revelaram uma queda média de 1,5% no consumo de sódio.
Ou seja, é como se a ingestão tivesse passado de 3 163 miligramas diários para 3 116, valor ainda bem acima do limite aconselhado pela OMS, que é de 2 mil miligramas diários.

De volta ao pacto do açúcar – e ao fato de ser voluntário
Mais um ponto que incomoda os experts é o fato de o tratado do açúcar ser voluntário. “Quem estabelece os valores das metas e o tempo para cumpri-las é a própria indústria. Não há previsão de fiscalização, monitoramento ou punição para aqueles que não cumprirem o acordo”, observa Laís.
Mas Michele, do Ministério da Saúde, assegura que a Anvisa fará uma análise laboratorial para verificar a quantidade de sacarose nos produtos a cada dois anos. As empresas que não obedecerem o pacto serão notificadas e o Ministério cobrará providências.
Porém, como a adesão é opcional, realmente não ocorrerão ações punitivas ou sanções econômicas. Só que Mello acredita que medidas do tipo nem seriam necessárias. “Ninguém quer ser o patinho feio da história”, diz.
Para Baird, o ideal seria que o governo determinasse a redução obrigatória e as empresas fossem penalizadas caso não atingissem as metas. É o que já acontece em países como Argentina e Portugal. “Esse modelo tende a ser mais efetivo”, afirma.
Na falta de tal controle, cabe à gente ser mais vigilante — não só em relação aos produtos do mercado mas ao próprio paladar.

Açúcar, um inimigo oculto
Quantas vezes você viu a palavra “açúcar” no rótulo dos industrializados? Não é tão comum, né?
Isso porque os fabricantes não são obrigados a informar seu teor na tabela nutricional. Na maioria dos casos, ele surge como “carboidrato”.
Mas quanto dos carboidratos é açúcar e quanto são outros tipos, como fibras ou amido? Não há como saber. Para complicar, na lista de ingredientes a indústria prefere usar alguns dos muitos codinomes do açúcar, como mel, glicose, frutose, sacarose, xarope de malte e até maltodextrina.
Impossível decorar tanto apelido. Talvez uma atualização na rotulagem ajude nesse sentido.

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/a-caca-ao-acucar-dos-alimentos-industrializados/ - Por André Bernardo - Ilustração: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital